Vinicios Torres

Liderando Com o Coração II

“Quando ouvi isso, eu me sentei e chorei. Durante alguns dias, eu fiquei chorando e não comi nada. E fiz a Deus esta oração:” (Neemias 1:4)

Ao saber das necessidades do seu povo, em Judá, e da situação da cidade, seu coração foi compungido a confessar o pecado do povo que levou a nação a este estado.

Neemias sabia quem era e que recursos tinha. Sabia que não tinha em si mesmo os recursos necessários para mudar a situação. Mas sabia que Deus tinha. E sabia que Deus é misericordioso para perdoar e restaurar o contrito.

Estes dias de quebrantamento, jejum e oração foram importantes para a preparação de Neemias para que ele se tornasse o líder que foi. Esse tempo ajudou-o a identificar as causas da situação e buscar em Deus a solução para elas. Com certeza, nestes dias de comunhão com Deus ele se concentrou muito em entender o cenário e buscou a Deus orientação para o que deveria ser feito. Neste tempo, começou a nascer uma ideia, uma estratégia para solucionar o problema que agora ele via como seu, a ponto de se sacrificar para buscar em Deus a solução.

Não vemos aqui um líder afoito, apressado. Não vemos um líder descontrolado emocionalmente. Não vemos alguém que sai fazendo as coisas sem pensar. Ao contrário disso, identificamos em Neemias a pessoa que dá o tempo necessário para que a visão da necessidade trabalhe o seu interior e crie dentro dele a convicção que será necessária para permanecer firme no propósito que está vislumbrando.

Não vemos aqui um líder que foge do desafio. Seria fácil para ele simplesmente dizer “que pena que nossos parentes estão passando por isso” e voltar a servir ao rei. Ele abraçou a causa e permaneceu com ela, permitindo que seus sentimentos se misturassem com ela.

Não vemos aqui um líder autossuficiente, que acha que pode tudo. A passagem diz que Neemias “fez esta oração”. Em todo o livro da sua história você verá que ele repetidamente busca a Deus em oração. A consciência de si mesmo o levou a buscar a Deus e pedir a Sua bênção para cada passo dado.

Nós também temos, da mesma maneira que Neemias, nos conscientizar que sem a mão poderosa de Deus a nos ajudar não seremos capazes de nos tornar plenamente aquilo que Ele nos criou para ser e fazer.

O verdadeiro desafio da liderança deve primeiro ser vencido na presença de Deus. Depois é só ir tornar realidade aquilo que foi conquistado em oração.

“Senhor, ajuda-nos a compreender que a verdadeira liderança virá da Tua visão implantada em nós e da Tua força agindo em nós.”

Vinicios Torres

Vinicios Torres

Liderando Com o Coração

“Quando ouvi isso, eu me sentei e chorei. Durante alguns dias, eu fiquei chorando e não comi nada. E fiz a Deus esta oração:” (Neemias 1:4)

Neemias era copeiro do rei da Babilônia quando seu irmão retorna de uma viagem voltando de Judá. Ele ouve as notícias sobre a terra e sobre os problemas que ela enfrenta, sobre o sofrimento do povo e a pobreza que assola a região. Ele compreendeu a realidade e percebeu que o que estava acontecendo era exatamente o contrário daquilo que Deus havia prometido ao seu povo, caso ele se mantivesse obediente.

Ao sentir o peso da situação, Neemias deu o primeiro passo na direção de se tornar um líder. O reconhecimento da situação e da necessidade de mudança é a matéria-prima para fazer nascer no coração do líder um sonho. No caso de Neemias, o sonho de ver a sua terra restaurada e o seu povo habitando nela brotou neste instante.

O verdadeiro líder tem a paixão por um sonho, uma causa que o motiva. Neemias, ao ouvir as notícias foi tocado em seu coração. Suas emoções se alinharam às necessidades e ao sofrimento. Ele se identificou. A partir deste momento o problema era dele, não apenas daqueles que estavam na distante Judá. Ele sofreu e passou a buscar a Deus, intercedendo pelo povo e pela terra.

Se você deseja ser um líder e fazer diferença, deve estar atento ao que está acontecendo a sua volta. Em qualquer momento Deus pode dirigir as circunstâncias e colocá-lo em uma situação em que você se identifique com o sofrimento e a necessidade das pessoas.

Quando você chorar pelo sofrimento de alguém, é nesse momento que está nascendo o líder em você.

“Senhor, ajuda-me a perceber quando estiveres falando comigo para levantar como líder e ajudar àqueles que estão em necessidade.”

Vinicios Torres

Vinicios Torres

Esclerocardia

Doenças são motivos de sofrimento da humanidade e algumas se destacam pela sua abrangência. Algumas atacam populações inteiras, outras são mais localizadas. Uma doença que tem sido bastante divulgada nos países desenvolvidos, até mesmo por causa dos hábitos alimentares e estilo de vida sedentário da sociedade moderna é a arteriosclerose.

Para compreendermos o que é a arteriosclerose, podemos começar pelo significado das palavras que formam o nome da doença. Ela tem origem em duas palavras gregas: arteros, que significa artérias ou veias e scleros, que significa endurecido, enrijecido. Assim, arteriosclerose é a doença que se manifesta pelo endurecimento dos vasos sanguíneos devido ao acúmulo em suas paredes de uma substância chamada colesterol. Este acúmulo pode causar o entupimento do vaso, impedindo o sangue de fluir e dimunindo ou obstruindo a chegada de alimento e oxigênio em certas partes do organismo. Outro sintoma é o enrijecimento das paredes do vaso sanguíneo fazendo com que ele fique menos flexível, e torne-se quebradiço. Se acontecer um aumento de pressão isso pode fazer com que as paredes do vaso se rompam provocando hemorragia. Se isso acontecer no coração você tem um infarto, se for no cérebro será um derrame. Ambas as doenças podem levar à morte, à invalidez ou deixar sequelas irreversíveis na pessoa afetada.

No entanto, a arteriosclerose é uma doença silenciosa. Muitos que sofrem dela só vêm a saber muito tarde, apenas quando seus sintomas se manifestam. Então pode não haver solução. Por isso, a sociedade moderna nutre uma paranóia com relação a hábitos alimentares, exames e checkups periódicos a fim de detectar a doença o mais rápido possível e evitar as suas consequências.

A Bíblia fala de outra doença muito parecida com a arteriosclerose. Ela não é mencionada pela medicina, mas é mais grave e tem causado a morte de mais pessoas que a própria arteriosclerose, já que as consequências dela vão além da própria pessoa afetada, trazendo consequências inclusive sociais. Da mesma maneira que arteriosclerose é uma doença silenciosa, as pessoas que a têm não se apercebem da sua existência, e quanto mais grave for o caso, menos a pessoa afetada será capaz de reconhecê-la.

Se formos dar um nome grego à essa doença seria: ESCLEROCARDIA, de scleros, endurecimento, e cardia, coração. é o endurecimento do coração. A doença do coração endurecido.

As pessoas com esta doença apresentam sintomas que são facilmente reconhecíveis por outros e em outros, mas ela própria é incapaz de reconhecer os sintomas em si mesma. Vejamos alguns sintomas desta doença:

A pessoa com esclerocardia perde a sensibilidade pelo direito e sofrimento alheio. Uma vez contaminada passa a achar que o mundo gira ao redor dela, que ninguém sofre tanto quanto ela e que ninguém é capaz de entender completamente o sofrimento pela qual esteja passando. Qualquer pessoa que chegue lhe falando de problemas ela tem a atitude de achar que “isto não é problema de verdade, imagine se ela passasse o que eu passo”.

Outro sintoma de uma pessoa com esclerocardia é que ela passa a fazer tudo pensando no seu proveito próprio. Todas as coisas são vistas pelo prisma de como ela irá levar vantagem, como aproveitar a situação para se promover. Ainda que as outras pessoas saiam machucadas, ela entende que ninguém sofrerá tanto como ela se não atingir seu objetivo.

A pessoa com esclerocardia torna-se cada vez mais egoísta, vendo o mundo girando ao seu redor para satisfazer-lhe as necessidades e os desejos e retaliando aqueles que não agem em seu benefício.

A pessoa com esclerocardia perde o interesse pelo que é eterno e põe seus olhos no imediato: lucro imediato, prazer imediato. Sucumbe à filosofia do mundo que diz que o importante é ser feliz agora e aproveitar a vida hoje.

A pessoa com esclerocardia perde a noção de fidelidade. Pois egoísta como é, se uma relação não está lhe rendendo o que é do seu interesse ele procurará outra que o faça. Com isso, casamentos são abalados ou mesmo desfeitos, empresas promissoras são fechadas por desentendimentos entre os sócios, projetos abandonados pelos envolvidos. A pessoa acometida de esclerocardia perde a noção de perseverança e de auto-sacrifício no presente para colher no futuro um resultado mais permanente e abundante.

Esta doença é tão velha que o profeta Isaías já denunciava que a sua nação estava sofrendo uma epidemia de esclerocardia. Ele, inclusive, demonstra que aqueles que sofriam desta doença ão se reconheciam doentes.

IS 58.

O profeta é usado por Deus para denunciar que mesmo aqueles que se diziam segui-lo não compreendiam, na verdade, o que estavam fazendo.

Vejam nesta passagem os sintomas de esclerocardia: não reconhecimento dos pecados, abandono da preocupação com os outros, culto vazio de entendimento. Até as atividades espirituais eram realizadas visando o interesse próprio. Mesmo aquilo que era feito para Deus estava contaminado pelo egoísmo.

O que causa a arteriosclerose? Qual o agente da doença e causador o entupimento e endurecimento das veias?

O colesterol.

Em Is 59:1-2 Deus nos mostra o causador da Esclerocardia: o pecado.

O pecado acumulado no coração provoca o seu endurecimento e a sua insensibilidade, impedindo-nos de compreender a vontade de Deus e experimentar o melhor que Ele tem para nós.

E sabe qual é a pior consequencia desta doença? O apóstolo Paulo escreveu aos cristãos romanos dizendo: “O salário do pecado é a morte” – Rm 6:23

Ora, se o pecado endurece o coração, ele perde a flexibilidade e deixa de funcionar, de bombear o sangue, de levar vida ao corpo: logo, a consequência disso é a morte. Todos aqueles que sofrem de alguma doença do coração sabem que têm a morte a espreitar-lhes permanentemente.

E para piorar a situação ele escreveu em Rm 3:23, “TODOS pecaram e destituídos estão da presença de Deus”. Todos nós estamos contaminados com o agente da esclerocardia, ele não deixou ninguém de fora. Todos estamos condenados a morrer.

Ninguém quer morrer certo? Eu não quero, você não quer, ninguém quer. Mas para evitar a morte por esclerocardia – morrer com o coração endurecido pelo pecado e ser condenado à eternidade separado de Deus – é preciso acontecer uma TRANSFORMAçãO: o nosso coração precisa deixar de ser duro e voltar a viver.

Um outro profeta, Ezequiel, falou a respeito deste mesmo assunto. Ezequiel viveu em um período em que a nação estava recebendo o castigo pela sua dureza de coração: o país fora invadido por estrangeiros e o povo havia sido levado cativo para outro país. Mas Deus dá a Ezequiel uma promessa: Ele trocaria o coração de pedra, o coração endurecido, doente de esclerocardia, por um coração de carne, vivo, sensível, palpitante, que bombearia o sangue levando vida ao corpo (Ez 36:26).

O que Deus está promentendo a Ezequiel é que Ele faria um transplante. Retiraria o nosso coração doente, e colocaria outro saudável. Com um coração novo nós precisaríamos ter medo de morrer de esclerocardia.

Mas isso nos leva a pensar em outro ponto: para ter um coração saudável disponível para transplante é necessário que alguém morra. Se nós não queremos morrer de esclerocardia, alguém tem que morrer em nosso lugar para que recebamos um novo coração e sejamos transformados.

Mas como Paulo diz que a humanidade toda está contaminada pelo pecado, não há um só homem na face da terra que possa servir. Se fizéssemos isso, estaríamos trocando o nosso coração de pedra pelo coração de pedra de outro. A nossa situação permaneceria a mesma. Na própria humanidade não há solução para este problema.

No entanto a Bíblia afirma, em Jo 3:16: “Deus amou ao mundo de tal maneira que deu seu filho unigênito para que todo o que nele crê não morra mas tenha a vida eterna”. Deus, na sua sabedoria, providenciou a saída.

Nós merecemos o castigo pelos nossos pecados. Devemos morrer como castigo por eles. Mas Deus se tornou homem, assumiu a nossa natureza mortal, a nossa fraqueza física, a nossa vulnerabilidade emocional, e como diz Hb 4:15 foi tentado em todas as coisas da mesma maneira que nós. Mas com uma diferença: não pecou.

Por ele não ter pecado, ele não estava contaminado pelo agente da esclerocardia, por isso, não precisava morrer. A morte, a separação eterna de Deus, é a recompensa do pecado; se Ele não pecou então não merecia morrer. Mas Ele ofereceu-se como sacrifício; morreu a morte que era nossa, minha, sua, a fim de que o nosso coração de pedra fosse retirado e recebêssemos o seu coração de carne.

Ezequiel disse que o coração que receberíamos teria as Suas leis escritas nele. Com o coração velho não tínhamos vontade de obedecer a Deus. Com o pecado agindo e endurecendo o nosso coração não tínhamos poder para fazer a vontade de Deus. Mas com este novo coração recebemos as leis de Deus interiormente.

Ezequiel também afirmou que com este coração receberíamos também um novo espírito: o Espírito Santo que nos dá o poder de obedecer e viver a vida que Deus deseja de nós.

Um coração novo, com um espírito novo, uma nova vida. é desta maneira Deus nos transforma de pecadores inveterados, desobedientes obstinados, com corações endurecidos e sem vida, em seus filhos amados, com um novo coração que tem prazer em dedicar suas vidas a servir aquele que tanto nos amou que se ofereceu para morrer em nosso lugar!

Essa é mais uma das maravilhas do mundo espiritual: Deus tem o poder de nos dar um novo coração e nos transformar, de fazer de nós novas criaturas.

Ele nos ama: nos ama tanto que se encarnou em Seu filho Jesus e morreu por nós a morte que era nossa.

Ele nos perdoa: perdoa os nossos pecados, a nossa desobediência, o sangue do Seu filho Jesus derramado na cruz foi o sacrifício final.

Ele nos transforma: por essa morte nós agora podemos receber o seu coração transplantado em nós e o seu espírito nos dando nova vida e nos fazendo novas criaturas.

Artigo publicado no ICHTUS em 20/06/2001.

Vinicios Torres

Vinicios Torres

Ouvindo a Voz de Deus – Circunstâncias

“Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija?” (Hebreus 12:7)

Além da Palavra de Deus e da nossa consciência, Deus usa as circunstâncias da vida para falar conosco. Aqui também precisamos estar atentos para reconhecer a voz de Deus. A maioria das pessoas não consegue perceber como Deus fala através das circunstâncias, tanto das boas como das más. Aliás, é normal as pessoas acharem que Deus usa apenas as circunstâncias ruins para falar conosco; talvez pelo fato de que estas sejam as circunstâncias que nos levam a clamar a ele buscando solução.

Para facilitar a compreensão vamos ver três circunstâncias da vida e entender como Deus nos fala nelas:

1. Circunstâncias que são resultado de nossas próprias decisões – decidimos gastar mais do que ganhamos, decidimos não estudar para a prova, decidimos dar tempo para a televisão em vez de para a família, decidimos não economizar ou investir para o futuro. Todas essas decisões, e outras como essas, são sementes lançadas na terra da vida que no futuro nos darão seus amargos frutos, ou não nos darão nada justamente no momento que precisarmos. A Bíblia (veja o livro de Provérbios) diz que devemos buscar a sabedoria para viver bem e tomar boas decisões. Muitas pessoas acham que Deus as castiga ou que o Diabo as oprime quando, na verdade, estão apenas colhendo o que elas mesmas semearam.

2. Circunstâncias que Deus provoca para nos corrigir – Jesus nos ensinou que o relacionamento que Deus quer ter conosco é o relacionamento de pai e filho. Em todos os lugares em que este propósito é mencionado fica claro que Deus quer ter um relacionamento de amor cuidado paternal para conosco. Ele quer cuidar de nós e nos proteger. Mas Ele deixa claro que devemos obedecer-lhe e almejar o crescimento e a maturidade em Cristo.

Quando nos desviamos do propósito de Deus, ele, muitas vezes, faz uso das circunstâncias para nos corrigir. O salmista afirmou “Foi-me bom ter sido afligido, para que aprendesse os teus estatutos.” (Salmos 119:71) A correção de Deus tem o propósito de nos fazer voltar a Ele e ao Seu caminho. Esse é um ato de amor dEle por nós.

3. Circunstâncias que Deus nos envolve para Sua glória – Existem circunstâncias em nossa vida que não são fruto de nossa semeadura e não são consequência de nosso pecado, mas mesmo assim nós acabamos sofrendo. Muitos cristãos não conseguem aceitar esse fato, mas Deus pode nos colocar em situações onde o único propósito é que a Sua glória seja manifesta através da nossa vida. Em João 9:1-3, os discípulos questionam a Jesus o motivo para uma pessoa ter nascido cega. Na sua limitada compreensão eles acharam que aquilo só podia ser resultado de pecado. Mas Jesus lhes ensinou que nem tudo na vida se resume a causa e consequência, existe também propósito de Deus. E nesse caso, Jesus afirmou que aquele homem nasceu assim para que o poder de Deus se manifestasse e Ele fosse glorificado.

Está você passando por algo que, apesar de toda análise, você ainda não encontrou motivo para estar passando? Então, pare um pouco e ouça a Deus. Será que Ele não está chamando você para um novo nível de dependência, um aprofundamento na comunhão e a uma maior confiança, a fim de que Ele seja exaltado e glorificado como Deus que é em sua vida?

“Senhor, dá-me sabedoria para viver bem. Ajuda-me a entender a sua correção. Mas, principalmente, glorifica a Ti mesmo em minha vida.”

Vinicios Torres

Vinicios Torres

Oração e Atitude

“Se eu no coração contemplara a vaidade, o Senhor não me teria ouvido.” (Salmos 66:18 ARA)

A tradução da Bíblia em português Almeida Revista e Atualizada diz, neste versículo, “contemplara a vaidade”; outras traduções dizem “acalentasse o pecado” (NVI), “guardado iniquidade” (Revisada IB), “intentasse o mal” (Católica). Todas falam dessa atitude no coração.

A passagem fala de uma atitude cultivada no interior que, mais dia menos dia, gerará ações. Jesus diz que é do coração que procedem as más ações do ser humano (Mateus 5:19), por isso Provérbios 4:23 nos adverte para guardarmos o coração, pois dele depende toda a nossa vida.

Acalentar, contemplar e guardar são verbos que nos remetem à atitude de manter o pecado escondido no interior. É sobre eles que Jesus advertiu no Sermão do Monte quando lembrou aos que o ouviam a lei que lhes era ensinada pelos religiosos. Enquanto o adultério é o pecado em ação, o desejo impuro é o pecado “acalentado” no coração. Enquanto o assassinato é o pecado em ação, o ódio é o pecado “guardado” no coração.

O salmista nos adverte que a quem tem maus pensamentos Deus não ouve, ou seja, não precisa chegar à ação de fato, basta intenções de maldade para termos nossas orações interrompidas!

Houve uma pessoa que nos prejudicou alguns anos atrás e várias vezes eu afirmei que a havia perdoado. Porém, recentemente, ao ouvir falar sobre o indivíduo e seu sucesso no ministério, senti que algo azedou dentro de mim. Demorei uns dias para ter coragem de reconhecer que não achava justo Deus abençoá-lo se o prejuízo não tinha sido restituído. Percebi que, no meu coração, ainda que não verbalizasse isso, queria que ele sofresse o mesmo prejuízo que nós passáramos. Essa foi uma “intenção de maldade” como o salmista falou. Tive um tempo de oração quando confessei a Deus minha dificuldade com o assunto e disse, com sinceridade, que desejava perdoar de fato, de tal maneira que não mais me doesse lembrar da pessoa ou do acontecido.

Muitas vezes cultivamos atitudes incorretas escondidas na ideia de justiça ou de direito. Se foram injustos comigo ou violaram o meu direito, então eu posso me sentir assim. Posso ficar contemplado o meu desejo de vingança, guardando o meu rancor, acalentando meu mau desejo e intentando o prejuízo do outro, afinal fui eu o prejudicado.

Mas se fizer isso, a única oração que Deus lhe responderá é a do coração quebrantado e contrito, quando você se chegar a Ele reconhecendo seu erro.

“Senhor, quebranta-me já. Mostra-me já o estado do meu coração para que o arrependimento e a contrição aconteçam logo e a nossa comunhão possa ser restabelecida.”

Vinicios Torres

Vinicios Torres

Ouvindo a Voz de Deus II

“Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão e, depois, vem e apresenta a tua oferta.” (Mateus 5:23-24)

Muitas vezes não queremos reconhecer a voz de Deus na nossa vida, pois ela vem em situações as mais estranhas. Ele muitas vezes usa a voz da consciência para falar conosco. A consciência é aquela voz interior que nos avisa que estamos errados, em perigo de tomar uma decisão errada ou a ponto de realizar algo prejudicial. Infelizmente, o sistema mundano tende a tirar-nos a sensibilidade à nossa consciência e, com isso, perdemos a sensibilidade de ouvir Deus em muitas circunstâncias.

A passagem bíblica acima demonstra a situação: o sujeito está vivendo a vida normalmente e em um dado momento sua consciência se desperta e ele percebe que algo não está bem. Neste caso, a pessoa tem a oportunidade de decidir o que fará com este sentimento. Ele pode reconhecer aquele pensamento/sentimento como sendo a voz de Deus a dirigi-lo ao arrependimento, à confissão e ao acerto, ou pode recusar-se a dar-lhe atenção.

Interessante que a passagem diz que a pessoa, sensibilizada, interrompe o que está fazendo, pois a sua atitude não está compatível com as suas ações, e vai acertar o que for necessário. Só daí, com o coração purificado e mente alinhada, ele pode dar continuidade à oferta que está fazendo.

Aquele que percebe Deus falando pela sua consciência e toma atitudes de acordo com ela se tornará cada vez mais sensível a ela. Será cada vez mais fácil reconhecer Deus falando se você obedecê-lo. Mas o contrário também é verdadeiro. Paulo fala a Timóteo que a consciência do homem pode ser cauterizada, ou endurecida (1 Timóteo 4:1-2). Isso acontece com aqueles que, ouvindo Deus falar pela sua consciência não agem de acordo com ela, tornam-se hipócritas, agem de um jeito mas em seus corações pensam de outra maneira e se tornam enganadores, primeiro de si mesmo depois dos outros.

“Senhor, ajuda-me a perceber a Tua voz em minha consciência. Que eu me torne exemplo de obedecer-Te.”

Vinicios Torres

Vinicios Torres

Ouvindo a Voz de Deus

“As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem.” (Jo 10:27)

Muitas pessoas gostariam de saber como podem ouvir a Deus. Algumas acham que isso não é possível, mas Jesus falou que suas ovelhas ouvem a Sua voz e conhecem a voz do seu pastor. Se Jesus disse que é possível então devemos aprender como ouvi-lo e conhecê-lo.

Certa vez o pregador inglês Charles Studd, que foi atleta de sucesso e abandonou a carreira para ser missionário ficou hospedado na casa de um amigo. O amigo notava que todas as noites Charles se levantava, ia à escrivaninha que havia no quarto, folheava a Bíblia várias vezes e depois voltava para a cama. Ele fazia isso várias vezes durante a noite.

Movido pela curiosidade o amigo resolveu perguntar a Charles o que ele tanto procurava na Bíblia aquelas horas da noite. A resposta foi simples e direta: “Estou procurando mandamentos para obedecer durante o dia”.

Este é um estilo de vida que faz diferença! Não apenas obedecer circunstancialmente, mas ativamente procurar ser obediente a Deus. Certamente este foi o segredo da produtividade espiritual deste homem que ficou conhecido como o “homem que obedecia”.

A Palavra de Deus é o meio mais direto com que podemos “ouvir” a Sua voz. Deus registrou nas Escrituras a Sua vontade, o Seu propósito, e através delas podemos receber orientação de como devemos viver. O segredo da Bíblia não está em decifrar significados ocultos dos seus textos e trazer revelações mirabolantes. Mas como Jesus ensinou em Mateus 7:24-27 o segredo é colocar em prática o que se lê.

Não é difícil, basta uma pequena mudança de atitude. Veja só: a próxima vez que você for ler a Bíblia, antes de começar, pare um momento, feche seus olhos e ore a Deus pedindo que Ele fale com você através da leitura que você vai fazer. Então abra a Bíblia no texto pretendendido e comece a ler. Imagine que você está lendo Colossences e chegue ao verso 9 que diz “Não mintais uns aos outros, uma vez que vos despistes do velho homem com os seus feitos”. Se você tem o hábito de mentir, certamente você se sentirá incomodado, pois reconhecerá que não está vivendo de acordo com a imagem de Cristo.

Neste momento você está ouvindo Deus falar com você através da Sua Palavra. Ele o está desafiando a colocar em prática o que você está lendo. Então você pode tomar a decisão (ou não) de parar de mentir. Na primeira oportunidade do dia, em que você normalmente mentiria, você então se lembrará do compromisso que fez e poderá mudar de atitude.

No começo não é fácil. Nossos hábitos e estilo de vida atrapalham e os outros podem olhar para nós como se estivessem olhando um marciano. Mas se você perseverar, à medida que a prática se estabelece vai ficando cada vez mais fácil e prazeroso “ouvir” a Deus através da Sua Palavra.

“Senhor, assim com fizeste aos teus discípulos logo após a sua ressurreição abre-me o entendimento da Tua Palavra,e ajuda-me a colocá-la em prática todos os dias da minha vida.”

Vinicios Torres

Vinicios Torres

Solidão

“Volta-te para mim e tem compaixão, porque estou sozinho e aflito.” (Sl 25:16)

Meditando sobre a última mensagem do Mário (Amigo) me perguntei por que algumas vezes dá a impressão que os amigos somem. Algumas vezes, quando os problemas nos assaltam, outras vezes, parece não haver motivo. Algumas vezes, por um curto tempo, outras vezes, parece que você fica anos sem experimentar um relacionamento que você possa classificar de amizade verdadeira.

Questionando a Deus o por quê dessa experiência, sabendo que nada que nos acontece se perde em vão, mas pode ser usado por Deus e transformado em bem (Romanos 8:28), recebi o esclarecimento ao ler esse salmo.

O salmista está clamando pela presença e auxílio de Deus.

Períodos de solidão devem ser transformados em oportunidades de experimentar a presença e o auxílio de Deus. Momentos de receber diretamente dEle ao gastar o tempo em oração e súplica. Momentos em que a nossa alma compreende e se convence que não foi ajuda humana que nos sustentou mas foi o próprio amor de Deus. Momentos que a fome de significado e companheirismo são satisfeitos pelo próprio Senhor. Que a aflição, a angústia e a depressão são curadas e dissipadas ao experimentar a presença e o amor de Deus.

Nestes momentos, como a aflição e a solidão tiram qualquer emoção frívola, a teoria se torna prática, a Palavra se torna vida, o louvor é real e a adoração verdadeira. O coração se quebranta e o espírito aprende o que é o temor de Deus.

É nesses momentos que temos a oportunidade de ver nascer em nós a amizade mais significativa da nossa vida, pois, como o salmista diz no versículo 14, a intimidade (amizade profunda e verdadeira) do Senhor é para os que o temem.

“Senhor, ajuda-me a não desperdiçar esses momentos de solidão, mas a te buscar com coração sincero.”

Vinicios Torres