Vinicios Torres

Esperar

“Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu.” (Salmo 42:11)

Uma das coisas mais difíceis para o ser humano é esperar por alguma coisa, ainda mais nestes tempos modernos de soluções instantâneas.

É difícil esperar:

  • Pelo resultado do exame médico;
  • Pelo resultado da prova, para saber se passou ou não;
  • Pela resposta da entrevista de emprego;
  • Pelo tempo certo de negociar um aumento salarial;
  • Pelas mudanças da empresa terminarem de acontecer para você descobrir se ainda tem emprego.

Por não saber esperar muitas vezes acabamos por fazer o que não devemos:

  • Compramos aquele bem precipitadamente e logo em seguida um negócio melhor aparece;
  • Aceitamos uma oferta salarial inferior à nossa necessidade e no dia seguinte uma boa oferta se apresenta;
  • Casamos com uma pessoa para rapidamente descobrir que ela não tem as qualidades que parecia ter.

Davi enfrentou tempos de espera sabendo que estava ungido para ser rei de Israel. Ainda assim não tomou atalhos para tomar posse da promessa que era sua.

Isso não significa que ele não sofreu por causa da espera. Essa passagem demonstra justamente o tempo em que ele teve convencer a si mesmo a permanecer firme apesar do desânimo provocado pela espera prolongada.

O segredo de Davi está justamente expresso aqui: “Espera em Deus”. Descanse em Deus. Confie em Deus. Não nos homens, não no sistema, não nas riquezas. Mas confie que Deus, que está no controle de todas as coisas, o levará para o lugar e o tempo de cumprir cada promessa dada a você.

“Senhor, ajuda-me a aprender a descansar confiantemente em Ti.”

Vinicios Torres

Vinicios Torres

Sempre Gratos

“Ao entrar numa aldeia, saíram-lhe ao encontro dez leprosos, que ficaram de longe e lhe gritaram, dizendo: Jesus, Mestre, compadece-te de nós!
Ao vê-los, disse-lhes Jesus: Ide e mostrai-vos aos sacerdotes. Aconteceu que, indo eles, foram purificados.
Um dos dez, vendo que fora curado, voltou, dando glória a Deus em alta voz, e prostrou-se com o rosto em terra aos pés de Jesus, agradecendo-lhe; e este era samaritano.
Então, Jesus lhe perguntou: Não eram dez os que foram curados? Onde estão os nove? Não houve, porventura, quem voltasse para dar glória a Deus, senão este estrangeiro?”
Lucas 17:12-18

Os dez leprosos estavam impacientes para serem curados. Jesus mostrou misericórdia, curou-os e lhes disse para se apresentarem aos sacerdotes. Um dos leprosos correu de volta para Jesus, louvando a Deus e com o coração cheio de gratidão ao seu benfeitor. Os outros nove estavam mais interessados em seguir as prescrições religiosas – apresentar-se aos sacerdotes significava receber o “certificado de limpeza”, serem aceitos novamente na sinagoga, reentrar para a sociedade e ganhar de novo a aceitação da família e dos vizinhos. Era o equivalente social, religioso e médico de um “atestado de saúde”.

Em vez de procurar a aprovação e a aceitação do sacerdote e da sociedade, um leproso escolheu voltar para Jesus em um alegre abandono. Ele estava menos interessado em “ganhar sua vida” e mais preocupado em reconhecer as misericórdias de Deus e expressar gratidão ao seu salvador.

Deus não se impressiona com rigor religioso, ele está mais interessado em nossa gratidão espiritual. Deus está sempre à procura de corações que expressam gratidão pela suas grandes misericórdia. Romanos 1:21 adverte que Deus dá ao homem pecador mais da sua própria maldade pois “tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças”. Proponha hoje manifestar a sua gratidão a Deus por cada pequena ou grande misericórdia.

Obrigado, Senhor Jesus, pelas incontáveis bênçãos e inúmeras misericórdias que o senhor me dá a cada dia.

Por Joni Eareckson Tada, tradução Vinicios Torres

Joni and Friends

Vinicios Torres

Mentes Dispersas

“Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus;
sou exaltado entre as nações,
sou exaltado na terra.”
(Salmo 46:10 ARA)

Enquanto eu estava na Western Kentucky University, Eberhard Bethge, o grande biógrafo de Dietrich Bonhoeffer, compartilhou uma história conosco. Bonhoeffer estava discipulando um grupo de homens jovens em um porão secreto de um seminário durante a Segunda Guerra Mundial. O sistema exigia que os estudantes meditassem em uma passagem das escrituras durante duas horas todos os dias.

Depois de uns poucos dias, alguns daqueles homens reclamaram com Bonhoeffer que as suas mentes acabavam se dispersando. Era irracional, disseram eles ao distraído Bonhoeffer, exigir isso deles quando eles tinham tantas preocupações em casa.

Ele então lhes disse para que parassem de lutar contra essa situação. “Siga a sua mente para onde ela o levar”, ele disse. “Siga-a até que ela pare, e então quando ela parar, faça desta pessoa ou deste problema o objeto da sua oração. A resistência a essa tendência só trará mais ruído e confusão interior.”

Aplicação: Quando estiver lendo e meditando nas Escrituras, pratique o conselho de Bonhoeffer, siga a dispersão da sua mente para onde ela o levar. Ore a respeito desta pessoa ou deste problema. Depois volte para a Escritura.

Michael Card, Devotions From the Studio, July 2008, Show 327

Vinicios Torres

Coragem Para Obedecer

“Por volta da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam louvores a Deus, e os demais companheiros de prisão escutavam.” (Atos 16:25)

Sempre que ouvi mensagens e estudos acerca desta passagem (Atos 16:16-40) exaltou-se o livramento de Deus para com Paulo e Silas.

Hoje é tão comum ouvirmos o ensino de que devemos reinvindicar o que é nosso direito. Nos ensinam que devemos repreender o inimigo e declarar a nossa vitória nas situações de dificuldade, como se não fosse para nós passarmos por problemas nunca. Para essas pessoas passar por dificuldades representa a falta da presença ou da bênção de Deus em nossa vida.

No entanto esta passagem mostra Paulo nos dando um exemplo diferente. Curiosamente, esta passagem mostra Paulo exigindo seus direitos de cidadão romano, não durante a dificuldade, mas sim depois dela.

Perceba que o texto em momento algum mostra Paulo tentando se defender usando a prerrogativa da sua cidadania. Ao ser colocado no cárcere, tanto ele como Silas tomam a atitude de louvar a Deus. Não é estranho isso? Eles não fizeram nada para escapar ao sofrimento e à dificuldade. Apenas louvaram a Deus enquanto estavam passando por ele.

Esta atitude deles permitiu que Deus os usasse como Ele queria. Essa foi a maneira que Deus usou para que Paulo e Silas estivessem no lugar certo e na hora certa para anunciar o evangelho ao carcereiro e a todos os que estavam naquela prisão. Só após Deus ter realizado o seu propósito é que Paulo então foi atrás dos seus direitos.

Será que Paulo não sabia que podia passar por esses problemas? Com certeza que sabia. Pois na sua conversão foi lhe anunciado o propósito de Deus para a sua vida e também lhe foi avisado sobre os sofrimentos e dificuldades que haveria de passar por causa do nome de Jesus (Atos 9:15,16).

Paulo sabia que tudo o que fizesse para anunciar o evangelho e libertar as pessoas poderia desencadear problemas e dificuldades. Mas ainda assim optou por continuar sabendo que em cada dificuldade experimentaria a ação de Deus.

Vejo nessa atitude de Paulo o contrário da de muitas pessoas que decretam o fim das suas dificuldades sem nem mesmo perguntar a Deus se há algum propósito dEle nessas provações.

Quantas vezes nós mesmos deixamos de realizar aquilo que Deus está colocando em nosso coração, pois conseguimos enxergar que se tomarmos a atitude esperada por Deus enfrentaremos dificuldades?

Sigamos o exemplo de Paulo, que mesmo sabendo que suas ações implicariam em lutas adiante, teve coragem de crer na promessa da presença de Deus em todo o tempo. Inclusive para livrá-lo das dificuldades decorrentes da sua obediência.

“Pai amado, livra-me de fazer parte desta geração covarde que foge de te obedecer para não ter que lutar, ajuda-me a crer na tua presença e no teu livramento.”

Vinicios Torres

Vinicios Torres

Tempos e Estações

“é ele quem muda o tempo e as estações, remove reis e estabelece reis; ele dá sabedoria aos sábios e entendimento aos inteligentes.” (Daniel 2:21)

Hoje foi um dia daqueles. Entreguei dezenas de demissões. Decididamente não é uma tarefa que se consiga fazer sem sentir um peso tremendo no coração. Observamos todo tipo de reação. Desde aqueles que recebem tranqüilamente como se fosse algo que se faz todo dia até aqueles que se recusam a acreditar mesmo com o papel na mão.

A impressão que dá é que a gente consegue diagnosticar a situação geral de cada pessoa. Aqueles que não têm dívidas e estão com tudo em ordem recebem mais tranqüilamente sabendo que têm como se agüentar pelos próximos dias de transição. Os que estão endividados ou com compromissos acima do seu nível de conforto recebem a notícia e demonstram claramente a preocupação com o futuro imediato e com a possibilidade de demorar para conseguirem uma recolocação.

Neste momento penso na minha própria situação e tento avaliar de que maneira eu receberia a notícia. Há algo que possa me fortalecer neste momento? Existe alguma certeza em que eu possa me agarrar nesses tempos de dificuldade e incerteza?

Existe sim! Jesus prometeu que estaria conosco em todo o tempo (Mateus 28:20) e não nos deixaria ou abandonaria (Hebreus 13:5). Por causa desta promessa sabemos que Ele passa conosco pela tribulação e pela angústia. Podemos enfrentar os tempos de dificuldade com coragem e ousadia, sabendo que não estamos sozinhos, mas contamos com a Sua presença e Seu poder.

Além disso há outra verdade que muitas vezes nos esquecemos: Ele está no controle de todas as coisas. A Sua Palavra afirma que é Ele quem determina as mudanças, Ele promove reis (autoridades) ou os remove.

O ser humano é avesso às mudanças, pois elas trazem a insegurança de como serão as coisas após as mudanças acontecerem. Mas quando entregamos a nossa vida e o nosso futuro a Deus, podemos descansar que toda a mudança em nossa vida é determinada por Ele e tem o propósito de nos abençoar (Romanos 8:28).

O que vai acontecer se o meu aviso prévio chegar? Bem, com certeza não preciso me desesperar pois foi apenas Deus dizendo que esta estação acabou e que outra deverá começar.

“Pai amado, peço que me dês a sabedoria para receber as mudanças que trazes a minha vida e agir de acordo com a Tua vontade em relação a elas.”

Vinicios Torres

Vinicios Torres

Medo do Futuro – 3/3

Alguns anos depois de parar de me preocupar com o medo da volta iminente de Jesus e com o arrebatamento secreto da igreja já tinha desenvolvido uma saudável visão de que devemos estar sempre prontos para prestarmos contas ao nosso Senhor em qualquer tempo. Quando amamos a Jesus nosso desejo é agradá-lo e viver todos os momentos da vida de acordo com o que Paulo nos ensinou, “tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como para o Senhor e não para homens” (Colossences 3:23). Este é o estilo de vida que está sempre pronto para a Sua volta.

Um dia pesquisando alguns livros sobre o Reino de Deus deparei-me com um livro em inglês que me chamou a atenção. Ele falava que o Reino de Deus foi inaugurado com a vinda de Jesus e que estava sendo estabelecido na Terra através da ação abençoadora da presença e da açao da igreja. Ele apresentava um cenário positivo de futuro, com o evangelho conquistando os corações dos homens através da pregação e do exemplo de vida dos seus seguidores. Esse exemplo de vida era uma forma de viver o evangelho e os ensinos de Jesus.

Era um livro de escatologia pós-milenista. Através dele descobri que o que se ensina na maioria das igrejas evangélicas hoje no Brasil é chamado de Dispensacionalismo. É uma variação do pré-milenismo. O pré-milenismo acredita que o Reino de Deus será implantado na Terra somente na segunda vinda de Cristo, quando sua igreja será arrebatada para encontrá-lo nos ares e descer com Ele para inaugurar um reino que durará mil anos e depois disso todos serão julgados, os vivos e os mortos ressuscitados. O Dispensacionalismo acrescentou a esse sistema, a crença em um arrebatamento invisível da igreja, junto com a ressurreição dos justos, seguido de sete anos de muita tribulação, para só então Jesus retornar com os santos glorificados e inaugurar um reino terreno de mil anos, a partir de Jerusalém como capital. O Dispensacionalismo absorveu também a crença, elaborada nos anos de 1600 por um jesuíta, de que o anticristo seria um personagem que apareceria no futuro. Existe também o amilenismo, que se parece com o pré-milenismo na sua concepção pessimista do futuro, mas que crê que o milênio é apenas uma figura de linguagem, não existindo na verdade um reino milenar.

Fiquei pensando como é que doutrinas tão diferentes tinham sido completamente ignoradas por mim durante mais de vinte anos de vida cristã? Uma pessimista, que me leva a ficar olhando para todos os lados procurando sinais e, paranoicamente, tentando viver uma vida que me garanta não ser deixado para trás. Enquanto a outra, otimista, confiante na vitória final do evangelho e no triunfo do Reino de Deus, apesar de todas as dificuldades, lutas, tribulações e resistência do inimigo. Uma que dá tanta ênfase ao anticristo e à besta que parece que quem está amarrado é Jesus, enquanto outra dá ênfase à autoridade de Cristo e ao poder do Evangelho para transformar vidas que, por conseqüência, têm potencial para transformar a sociedade onde vivem, fazendo o Reino de Deus visível na Terra.

Mas, o que tem esses dois sistemas teológicos a ver com nossa vida no dia-a-dia?

Simples. Aquilo que você crê determina a sua atitude e a sua disposição para a ação. Aqueles que acreditam que tudo vai acabar logo e que as coisas vão ficar cada vez mais ruins antes do fim chegar vêem a escalada do mal como algo inevitável, contra a qual não é possível se fazer nada. Aqueles que crêem que o Reino de Deus sairá vencedor, sabe que isso é uma tentativa do inimigo de atrasar a manifestação plena do deste Reino, e que portanto, tem de ser confrontada com o poder de Deus e com a proclamação da Sua Palavra.

Não é apenas a escolha do sistema escatólogico que você crê que pode limitar as decisões que você toma para sua vida. Espero que você não esteja aceitando nenhuma crença que limite a ação de Deus e o coloque escravo de um sistema ou de uma pessoa. Não esqueça: “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou” (Gálatas 5:1).

Vinicios Torres

Medo do Futuro – 2/3

Depois de tomar a decisão de não mais me preocupar com o futuro e parar de ficar olhando para os tempos e eventos para ver se enxergava evidências de que a volta de Cristo estava próxima, comecei a crescer em entendimento em várias áreas da vida cristã que eu não conseguia ver por estar excessivamente preocupado em ficar descobrindo que passagem profética se ligava ao evento X ou ao acontecimento Y. Hoje olho para aquela época e vejo como é fácil ficarmos fixados em determinado assunto. Ficamos tentando associar tudo a esse assunto e passamos a ver tudo através deste assunto como se este fosse um filtro.

Um dos resultados desta fixação em um determinado assunto é que perdemos o significado real das coisas que não tenham relação com ele, ou exageramos o valor de determinados aspectos justamente por causa da relação com ele. Já contei aqui como uma das mais desastradas decisões financeiras da minha vida foi tomada por causa da compreensão inadequada da doutrina do arrebatamento.

Minha mãe conseguiu uma oportunidade de comprar uma casa, mas teríamos que financiar o saldo em vários anos a frente. Quando ela me apresentou o plano eu, arrogantemente, disse a ela que não adiantava entrar nesse negócio pois não viveríamos para usufruí-lo, já que o arrebatamento da igreja iria acontecer a qualquer momento. Pois bem, o arrebatamento não aconteceu e até hoje vivemos pagando aluguel.

Um dos maiores problemas que este sistema doutrinário impõe sobre os que o adotam é o pessimismo em relação ao futuro. Olham para os textos e só conseguem ver neles catástrofes e destruições antes da volta de Jesus. Lembro-me da alegria desmensurada de uma pessoa quando ouviu a notícia do ataque de 11 de setembro, nos Estados Unidos. Seu rosto expressando uma satisfação, que para mim só pode ser insana, e ele dizendo: “Assim mesmo, quanto pior ficar mais próximo o fim!”

Este mesmo raciocínio multiplicado pelas igrejas faz com que elas não se envolvam em ação social efetiva, ignorando completamente a realidade do seu contexto social e geográfico. Os cristãos com essa mentalidade raramente se preocupam em melhorar o bairro onde moram, não se envolvem nas ações de cidadania em sua cidade e o máximo que fazem pela escola pública onde os filhos estudam é ficar longe dela para não atrapalhar (mas logicamente reclamam dos professores que faltam ou que ensinam aquelas coisas anti-bíblicas).

Por quê não se envolvem? Por quê não participam? Por quê não se preocupam? Porque foram ensinados que as coisas têm que ficar piores para configurar o cenário para a aparição do anticristo. Assim, com este raciocínio eles pensam que não devem lutar pela melhoria das coisas pois senão estariam atrapalhando o curso dos eventos.

Engraçado, eu leio que Jesus, aquele que nós esperamos ansiosamente a volta, ensinou:

  • Bem-aventurados os pacificadores, mas eu não vejo muitos cristãos envolvidos, ou mesmo orando, pela paz ou pelas negociações de paz entre árabes e israelenses, entre hindus e cristãos, entre sihks e paquistaneses, ou pelas muitas disputas tribais na África.
  • Bem-aventurados os pobres de espírito, o que mais vejo hoje é a reinvindicação de direitos, a busca desenfreada de riquezas sem objetivo e propósito justo e a ausência crônica da igreja nas ações de erradicação da pobreza, das doenças endêmicas, da desnutrição, ou seja, do esforço de mudança da realidade.
  • Bem-aventurados os que têm sede de justiça, e não vejo nada mais do que cristãos que o máximo que fazem ao saber das injustiças cometidas é soltar um sonoro “Oh! que pena para ele, ainda bem que não foi comigo!”

Quando leio Jesus ensinando essas coisas não consigo compreendê-las em um contexto de medo do futuro ou com a idéia de que não valerá a pena. Pelo contrário, ouço a voz de Paulo a dizer sonora e claramente “E não nos cansemos de fazer o bem, pois a seu tempo ceifaremos, SE NÃO DESFALECERMOS.”

Ou seja, permaneça FIEL até a morte, não importando as circunstâncias ou condições do futuro. A coroa da vida está a sua espera.

Vinicios Torres

Vinicios Torres

Medo do Futuro – 1/3

Eu me converti a Cristo no início da década de 80. Este foi um período marcado por muitas especulações acerca do fim do mundo e da volta de Jesus, embaladas pela popularidade do livro de Hal Lindsey, “Agonia do Grande Planeta Terra”, em que ele oferecia um cronograma detalhado dos últimos dias do mundo, o que segundo ele aconteceria em pouquíssimos anos.

Praticamente no país inteiro, o assunto mais popular nas igrejas era acerca do arrebatamento iminente da igreja. Discutia-se acerca dos sinais e das evidências que cada dia pareciam mais abundantes. Naqueles dias, se um pregador quisesse fazer sucesso, bastava incluir na sua agenda de pregações uma mensagem acerca do arrebatamento. Se ele tivesse um seminário de vários dias sobre os últimos tempos e o Apocalipse, seria reputado como especialista em escatologia.

Como novo convertido e ávido por aprender as coisas de Deus, eu comia e bebia abundantemente de qualquer fonte que pudesse me esclarecer os mistérios da Palavra de Deus. Cheguei a decorar nomes de povos e de lugares, detalhes históricos; sabia de cor os nomes dos dez países que fariam parte do Mercado Comum Europeu, que seria a sede do governo da besta e do seu anticristo.

Mas havia algo que não me dava paz. Cada vez que um pregador falava sobre o arrebatamento, ele sempre terminava com um apelo manipulador, induzindo medo nas pessoas, colocando sobre elas o peso de que se elas não estivessem perfeitas no momento do arrebatamento elas seriam deixadas para trás. Consigo lembrar claramente as muitas vezes em que ouvi nesses apelos a pergunta: “Se Cristo voltar esta noite, você está preparado?” (Engraçado, para estes pregadores Cristo sempre volta a noite…)

Eu sempre ia dormir com o coração pesado, pois tinha a desagradável sensação de não ser suficientemente perfeito para ser arrebatado. Após essas pregações passava dias sobressaltado com medo de ser deixado para sofrer nas mãos do Anticristo. Eu orava pedindo a Jesus que adiasse a sua volta até que eu conseguisse me aperfeiçoar.

O tempo foi passando, aquela sensação de inadequação persistindo, mas eu fui percebendo que algumas coisas que eu a acreditava que deveriam acontecer não estavam acontecendo. Quando o Mercado Comum Europeu chegou a 12 países, e havia planos de aumentar transformado-se em Comunidade Européia, eu percebi que alguma coisa estava errada naquilo que eu cria. Comecei a perceber que havia fundamentado a minha fé em um sistema imperfeito. Durante algum tempo fiquei sinceramente perdido sobre o que eu deveria crer em relação aos últimos tempos.

Um dia, lendo o Apocalipse, observei uma frase que Jesus disse para uma das igrejas. Ele terminou seu discurso dizendo: “Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida” (Apocalipse 2:10). Neste dia eu tomei a decisão de não mais me preocupar com o futuro, no sentido de ficar olhando por sinais que me avisassem se a volta de Jesus está próxima ou não. Eu orei pedindo a Deus que me capacitasse a permanecer fiel independentemente das circunstâncias. Depois disso fiquei anos sem ler ou estudar qualquer coisa que se referisse a escatologia. Saiu de meus ombros o peso que sentia pela sensação de não estar pronto. Sabia que o que eu precisava fazer era andar em santidade e procurar crescer a cada dia em comunhão com Deus.

Ontem, lendo Atos dos Apóstolos percebi que essa foi justamente a atitude que o Senhor Jesus esperava dos seus discípulos (Atos 1:4-6). Ao ordenar aos discípulos que fossem para Jerusalém e lá esperassem a descida do Espírito Santo, estes lhe perguntaram se nesta oportunidade ele restauraria o reino político de Israel. Jesus, porém, diz aos seus discípulos que não competia a eles se preocuparem com os tempos que estavam reservados a Deus. Ou seja, os discípulos deveriam preocupar-se em obedecer a Deus e deixar a cargo de Deus a responsabilidade de administrar o tempo em que as coisas deveriam acontecer.

Em relação ao futuro, a nossa única responsabilidade, como discípulos de Jesus, é a de obedecer ao seu último e expresso mandamento, que nós chamamos de a Grande Comissão: “Ide por todo mundo e fazei discípulos de todas as nações, ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ensinado”. Ponto.

Ainda hoje eu vejo muitas pessoas, igrejas inteiras até, escravizadas pelo medo de serem surpreendidas em um momento em que elas não estão prontas. Uma das tarefas do Espírito Santo é, justamente, a da santificação. Se nós permitirmos, ele agirá em nós transformando-nos cada vez mais a imagem de Cristo, e nos preparando para o grande dia quando nós veremos o nosso Senhor face a face.

Não precisamos temer este dia, pelo contrário, devemos desejar ardentemente que este dia chegue o mais rápido possível.

Vinicios Torres