“Vês a um homem perito na sua obra? Perante reis será posto; não entre a plebe.” (Pv 22:29 ARA)
Alguns anos atrás eu estava escutando uma conversa entre dois homens de negócios. Um deles estava perguntando se o outro conhecia um bom profissional de uma área para a qual a empresa dele tinha uma vaga.
Após pensar um pouco, o outro respondeu: “Conheço o Fulano de Tal, ele sabe fazer o trabalho, mas tem um problema. É crente, e você sabe como eles são, só fazem bem as coisas para a igreja, mas no trabalho são relapsos e preguiçosos.”
Eu me lembro que tive vontade de tentar rebater a acusação, mas me retraí lembrando das várias vezes que eu mesmo experimentei o serviço de alguns “irmãos” e me decepcionei com a atitude deles.
Vejo tantas pessoas na igreja reclamando como está difícil a situação financeira, como está difícil conquistar um emprego, como a concorrência dificulta conseguir trabalho. Enquanto isso, precisei de mais de 15 dias para conseguir encontrar uma pessoa para consertar uma máquina de lavar roupas que me demonstrasse que sabia qual era o problema e me passasse confiança de que o serviço seria bom.
Até que alguém me indicou o “seu” Francisco. Ligamos para ele e descobrimos que ele não poderia nos atender em menos de 7 dias. Estava com a agenda cheia. Esperamos, pois quem indicou nos garantiu que valeria a pena.
Ele veio num final de manhã de sábado. Ouviu minha esposa descrever o problema, pediu para que ela ligasse a máquina e mostrasse o que estava acontecendo. Enquanto examinava a máquina, conversávamos e ele nos contava a sua experiência de conversão e nos falava de como Jesus é maravilhoso; obviamente tentando nos evangelizar. Entabulamos uma boa conversa compartilhando o que Deus estava fazendo em nossas vidas.
Em 15 minutos ele descobriu que o problema que outros disseram que levaria 2 ou 3 dias para consertar, condenando partes do motor da máquina ou indicando a substituição de peças caras, não passava de um mal contato em um dos terminas do motor. Ele cobrou apenas o preço da visita.
No mundo as pessoas diriam que ele é bobo, já que não “arrancou” de nós, ignorantes dos segredos das máquinas de lavar, o que poderia ter arrancado. No entanto, sabe quem nós chamaremos quando precisarmos consertar outro eletrodoméstico em casa? Sabe quem nós indicaremos para os nossos amigos quando eles tiverem problemas semelhantes? O “seu” Francisco, com certeza.
É isso que faz com que a sua agenda esteja sempre cheia e lhe dá garantia de trabalho constante. Ele ouve as notícias de crise no mercado de trabalho e louva a Deus que recompensa a sua honestidade, sua disciplina e a excelência no trabalho e no atendimento aos seus clientes.
Quer experimentar algo semelhante, que lhe traga como benefícios a garantia de trabalho e de oportunidades de crescimento? Torne-se perito no que faz. Ou seja, dedique-se a conhecer profundamente a área em que trabalha e torne-se o melhor que você puder nela. Transforme-se na pessoa que todos procuram quando precisam resolver um problema naquela área ou quando precisam de alguma orientação.
Com persistência e paciência, em algum momento, o reconhecimento desta perícia começará a acontecer e a promoção virá.
Um pastor meu, costumava citar Sto. agostinho e dizer: “Pregue o evangelho, e se preciso, use palavras”. Nossa vida é nosso maior testemunho. Quando nos dedicamos ao nosso trabalho secular, e se o fazemos com excelência, os olhos se voltam para nós, e fica muito mais fácil falar do evangelho. Porque fazemos uma “diferença positiva” no mundo.
Por outro lado. se somos maus profissionais, o que isso faz com nossa imagem perante as pessoas? Como poderemos passar credibilidade suficiente para dar as boas novas para nossos colegas de trabalho e convencê-los da verdade, se somos tidos como maus profissionais, ou preguiçosos, ou coisa assim?
A mensagem do evangelho é uma mensagem difícil de ser “digerida” por algumas pessoas. E se essas pessoas não nos verem com bons olhos, torna-se impossível fazê-lo, agora e muito mais difícil por quem quer que seja, num futuro próximo.
Grandes verdades. Infelizmente alguns irmãos interpretam errado a questão do “ser forasteiro neste mundo”, como não se empenhar no trabalho secular. Acham (e já pensei assim também) que é errado dedicarmos tempo para se especializar, estudar, enfim, se tornar referencia naquilo que fazemos, mesmo em meio ao mundo.
Que bom seria se a declaração do homem de negócios citada no primeiro parágrafo pudesse ser assim: “Conheço o Fulano de Tal, ele sabe fazer o trabalho, e tem uma vantagem: É crente, e você sabe como eles são, fazem tudo bem feito como se estivessem fazendo para Deus!!.”
Daniel Gava – Campinas/SP