Luis Antonio Luize

A Fé Começa em Casa – Quando Erramos na Educação III

“Há uma geração que é pura aos seus olhos, e contudo nunca foi lavada da sua imundícia.” (Provérbios 30:12)

Este versículo nos salta aos olhos, pois o que faria uma pessoa que vive na sujeira pensar que está limpa?

Seria equivalente a quem vive nas ruas, abandonado, sem condições, sem comida e sem banho, como já vimos muitos destes, acharem-se limpos.

Naturalmente que isto não parece ser adequado nem certo. O fato é que a Palavra de Deus nos diz que há pessoas assim vivendo entre nós.

Uma das causas desta cegueira espiritual é o espírito de religiosidade. Uma experiência genuína com Jesus pode se deteriorar e se transformar em religiosidade quando a nossa motivação for fundamentada em carências e feridas que não foram tratadas.

A religiosidade tem a capacidade de disfarçar a verdade íntima em busca de reconhecimento. É como uma maquiagem usada para encobrir as derrotas e feridas da alma.

Esta maquiagem quando aplicada, ao invés de ajudar a pessoa, na verdade, retarda o processo de cura, pois esconde a ferida impedindo que o remédio seja aplicado e uma ferida sem tratamento pode estabelecer um estado infeccioso.

Há três posições que podemos adotar frente as feridas. O mais desejável é que a pessoa reconheça e aceite o tratamento para a ferida, mas também é o menos aceito pelas pessoas. Às vezes tratar a ferida dói, pois é necessário mexer dentro dela e colocar remédios lá.

Outros se tornam um espinheiro, envolvendo a ferida com uma atitude de proteção a si mesmo e que faz ofender e explodir com quem chega perto de suas emoções ou motivações. É o famoso ‘pavio curto’, alguns nem tem pavio mais. Parecem minas que quando tocadas explodem, tornando-se pessoas problemáticas que são normalmente evitadas pelos demais.

A terceira forma são as pessoas polidas religiosamente, mas que não vivem de acordo com a Palavra de Deus, é o famoso ‘faça o que eu digo mas não o que eu faço’. Neste grupo acontecem as maiores imoralidades que conhecemos. Tudo é encoberto e não revelado, há muita obscuridade mesclada com bastante religiosidade.

Isto ocorre porque as pessoas começam pela carência de paternidade ou de autoridade e buscam a religião como meio de abafar suas dores e, consequentemente, a comunhão com Deus também. Como as feridas não foram tratadas, fatalmente voltam aos pecados do passado, sendo a imoralidade um pecado mais comum.

Feridas não tratadas levam a religiosidade, tornando-nos vulneráveis à imoralidade, que é compensada com mais religiosidade. Este ciclo acaba em escândalo.

Certa vez aconselhamos um casal em que inicialmente a esposa havia traído o marido e posteriormente o marido a traiu também. Enquanto ministrávamos ao coração deles, perguntei a ela porque ela havia feito isto.

Ela me disse que havia sido criada numa família religiosa e que sabia que estava fazendo errado, pois ouviu uma voz que lhe falou para não fazer aquilo. Mas em pouco tempo esta voz foi silenciando dentro dela e ela passou a achar que aquele pecado era comum e aceito e portanto não estava fazendo nada de errado.

Ela estava ‘suja’ pelo pecado mas não enxergava mais isto.

Da mesma maneira muitos pais estão carregando feridas em suas almas e por não enxergarem acabam submetendo seus filhos a uma carga indevida, que muitas vezes vão reproduzir este ciclo de feridas e dores na próxima geração.

Trate as feridas com o remédio do perdão e alcançará a misericórdia de Deus Pai.

“Pai celestial, desejo perdoar meus pais, parentes e amigos por todas as atitudes que me feriram e marcaram minha alma. Também desejo pedir perdão por todas as vezes em que reproduzi este comportamento em meu cônjuge e filhos. Que o amor de Cristo Jesus possa me alcançar e mudar o meu coração. Amém!”

Luis Antonio Luize

One thought on “A Fé Começa em Casa – Quando Erramos na Educação III

  1. Avatar Airton disse:

    Pastor Luiz:

    Achar que está limpo quando se está sujo decorre do referencial. O parâmetro da pessoa impede de ela enxergar a própria sujeira. Falta confronto, o cara a cara com a verdade para conhecer a sujeira que há em si. A religiosidade impede tal confronto por criar uma casca. O que importam são as aparências. O conteúdo interior é algo que é secundário. Ocorre que a vida, em dado momento, desfaz toda a máscara. E aí a pessoa percebe, ainda que tardiamente, o quanto está suja. Olhar para dentro de si mesmo é o primeiro passo para a cura de feridas. Convém fazê-lo com equilíbrio, isenção, tendo como modelo a Palavra.

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