Mário Fernandez

Gratidão 2 – Vivendo o Evangelho

“Portanto, já que estamos recebendo um Reino inabalável, sejamos agradecidos e, assim, adoremos a Deus de modo aceitável, com reverência e temor” (Hebreus 12:28)

A gratidão deveria ser uma marca de quem vive o evangelho simples, autentico, legítimo, purinho. Decidi-me a escrever uma segunda meditação, depois de argumentar os motivos de ser grato, agora investindo em expôr algumas das muitas formas de ser agradecido. Em outras palavras, começamos falando sobre PORQUE ser agradecidos e agora vamos meditar em COMO.

Podemos começar a ser agradecidos do modo mais óbvio possível: falando. Dizer “obrigado Senhor” pode ser superficial, ou não. Mas precisa ser dito, nada é mais básico do que isso. É simples, é grátis, não humilha e não exige formação acadêmica. Funciona. Isso pode ser feito em voz alta, em silêncio, mentalmente, em oração. Precisa ser feito.

Podemos também agradecer retribuindo. No caso da nossa salvação por exemplo não existe uma forma de retribuir, mas pela natureza que desfrutamos (podemos preservá-la), pela família (podemos zelar por ela), pela saúde (cuidando dela), pelo dom da vida (preservando) e mesmo pela nossa igreja (podemos servir através dela). É uma retribuição singela, mas faz parte.

Podemos agradecer presenteando, mas Deus é dono de todas as coisas. O que pode lhe interessar que já não seja Dele? Talvez almas perdidas… Talvez alguma honraria que Lhe seja devida. Talvez seja o mais complicado,

Podemos agradecer elogiando, tanto com palavras diretas (direcionadas a Ele) como para outras pessoas. Se eu contar para todo mundo das maravilhas que Ele fez e tem feito, rasgar elogios sobre Suas obras, com isso estou agradecendo.

Claro, podemos agradecer honrando e amando, mas estamos falando de como fazer as coisas. Servir para mim é a forma mais clara de honrar e amar ao Senhor. Quando eu O sirvo fazendo qualquer coisa para o Seu Reino em detrimento de meus interesses individuais, estou mandando uma declaração à Ele de que sou propriedade Dele. Se Ele é meu dono eu posso servi-lo por obrigação, obediência, constrangimento, medo – ou por gratidão, que é o caso.

Mas na minha opinião nada é mais eficiente como agradecimento do que agradar (no sentido de fazer coisas do agrado). Quando meus filhos fazem as coisas que eu gosto me sinto agradecido por tê-los criado. Quando fazemos o que é do agrado de Deus, estamos agradecendo incontestavelmente a Ele.

Se você conhece ou entende outras formas de agradecer que sejam práticas, nos ajude com seus comentários. Estamos todos ansiosos por fazer mais para o nosso Dono.

“Senhor, obrigado pela herança de um Reino Inabalável. Agora quero te agradecer de forma prática e visível, aplicando aquilo que sei e Te honrado mais e mais.“

Mário Fernandez

Gratidão – Vivendo o Evangelho

“Portanto, já que estamos recebendo um Reino inabalável, sejamos agradecidos e, assim, adoremos a Deus de modo aceitável, com reverência e temor” (Hebreus 12:28)

A gratidão deveria ser uma marca de quem vive o evangelho simples, autêntico, legítimo, purinho. Os motivos são meio óbvios, mas como sempre o que é simples demais parece que nem é verdade ou não funciona. Durante muitos anos (muitos mesmo) havia uma fama de que software grátis não prestava, era necessário desembolsar muito dinheiro para ter algo decente. Veja o cenário de hoje com tanta coisa freeware no mercado e com qualidade. Claro, ainda cabem no mercado soluções de alto nível com custo, mas o conceito mudou gradualmente.

Nosso conceito de gratidão também precisa mudar. Temos de tirar da cabeça que devemos agradecer a Deus APENAS pelo que Ele nos fez ou ainda fará. É mais do que isso, vai além dos atos ou dos presentes (dons) que ganhamos Dele. Nossa gratidão tem por base nossa salvação imerecida, tem estrutura na fé da revelação dada pelo Espírito Santo diariamente e tem cobertura em nossa herança eterna. Aleluia, somos herdeiros. Co-herdeiros, para ser mais preciso, mas herdeiros.

O Reino que herdaremos não é para nós reinarmos, pois só tem um trono e este já tem dono, já está ocupado. Seremos alguma outra coisa lá. Também não seremos bobos da corte, ou copeiros, ou jardineiros, ou trabalhadores que tiram o lixo. Como eu sei disso? Somos irmãos adotivos do herdeiro principal de todas as coisas, de alguma forma que não sei qual é seremos tratados como nobreza. E mais – este Reino não apenas vai durar para sempre como nem treme – é isso que significa inabalável.

Agora, se herdar algo que não merece, de graça, altíssimo valor, para sempre, inabalável, com qualidade de nobreza; se isso não é motivo de gratidão, então…

Raciocine comigo: o evangelho é o poder de Deus para salvação de quem crer. Quem crer e for batizado será salvo. Quem for salvo é co-herdeiro com Cristo. Quem é herdeiro vai receber este reino inabalável. SEJA AGRADECIDO.

Talvez nem todos nós, mesmo na igreja local, tenhamos noção disso e por este motivo o nível de gratidão ainda é um pouco abaixo do que deveria. Mas nós podemos melhorar. Podemos ser mais agradecidos. Devemos ser mais agradecidos. Como? Bem, isso talvez mereceria uma meditação específica.

“Senhor, obrigado pela herança de um Reino Inabalável. Me ensina formas de mostrar e viver uma gratidão que seja adequada e compatível com Tua Vida em mim.“

Mário Fernandez

Influência – Vivendo o Evangelho

Muito se fala em relevância social, em agregar valor, em mandato cultural, diferencial ou fazer diferença, entre outros termos mais técnicos que nada verdade só expressam com mais elegância uma ideia e um conceito muito antigo do Reino de Deus: influenciar. Este termo até se tornou meio pejorativo.

Viver um evangelho como estilo de vida é influenciar e não tem como ser diferente. O evangelho é o poder de Deus e isso faz diferença, isso influencia. Note que o versículo escolhido para esta meditação é algo de extrema praticidade. Ele praticamente não teoriza nada, não “ensina” muita coisa, basicamente diz “faça”. Ao fazer, estará influenciando.

A palavra “exortar” também recebeu uma conotação equivocada nos nossos dias, pelo menos nas rodas que eu frequentei. Tomou o sentido de uma correção forte, de uma paulada muitas vezes. Ouço muito assim “pastor hoje pregou exortando”. O que ele fez? Chamou o povo à responsabilidade de algo. Isso meu querido, é admoestar e não exortar. Exortar significa encorajar, estimular – ajudar a manter e subir o ritmo. Admoestação segundo o dicionário é “reprimenda que se faz a alguém sobre incorreção ou inconveniência de seu comportamento”. Sejam encorajados então, irmãos, a fazer isso e aquilo.

Os ociosos, ou preguiçosos, ou sem vontade – devem ser advertidos. Mais do que simplesmente animados ou agitados, os que assim se encontram devem receber uma correção, uma advertência, uma reprimenda. Algo no tom do “não ajam assim”. Isso influencia.

Os desanimados do nosso tempo se chamam deprimidos. Precisam de conforto do Senhor, não de surra, ou de exorcismo, como tenho visto tantas vezes. Se tiver demônio expulse, ok. Mas os desanimados devem ser confortados, aconchegados, acolhidos, tratados. Isso influencia.

Os fracos são os que, mesmo tentanto, não conseguem, portanto precisam de ajuda. Esqueça empurrar, ajude. Esqueça tentar entender ou corrigir, ajude. Entenda depois, ajude agora. Alimente, fortaleça, tá tudo certo. Mas ajude. Isso influencia.

Agora, quanto ao termos “todos” quando eu estudava teologia fiz um estudo exegético profundo no grego e cheguei a uma conclusão brilhante digna de um doutorado. Na Bíblia “todos” significa – todo mundo, sem excessão, ninguém de fora. Todos significa simplesmente todos. Isso mudou a minha vida, não pelo significado em si, mas para eu aprender a deixar de bancar o besta de nariz empinado e ler o que está escrito na simplicidade que Deus apresenta. Não preciso perguntar para Deus se devo ter paciência com alguém específico, Ele disse “todos”. Isso me influenciou.

Seja paciente com os que são fáceis de tolerar. Seja paciente com os chatos. Seja paciente com os inconstantes, com os fracos, com os traiçoeiros, com os incompetentes, com os mal intencionados, até mesmo comigo e meus colegas pastores. Seja paciente com os adolescentes, com as sogras, com as vovós, com os tiozinhos. Seja paciente com os operadores de telemarketing, com os carteiros, com os frentistas de posto, com os garçons. Seja paciente com seu filho, com seu pai. Seja paciente no trânsito, em nome de Jesus! Isso meu querido, influencia e muito.

Eu não estou dizendo que isso seja fácil ou que isso seja rápido de conseguir, mas é um ensino bíblico para ser obedecido e vai expressar ou testificar do evangelho que vivemos. Conjuntos de regras são fáceis de contestar. Um estilo de vida só pode se aplicado vivendo. Para mim não é fácil, nem um pouco. Confesso que, às vezes, sou eu que desamino e preciso de um ombro. Mas desistir não é para mim, eu não sei nem soletrar essa palavra. Deus nos abençoe.

Mário Fernandez

Palavreado – Vivendo o Evangelho

Vivemos dias complicados em relação ao que polui nossos ouvidos, compromete nossa santidade, contamina nossos pensamentos. Não sou pessimista, sou um homem de fé. Mas está piorando. Viver o evangelho é muito mais do que seguir uma lista de regras, é adotar um estilo de vida. Exemplifico a seguir.

Tentei assistir um filme categorizado por comédia, poucos dias atrás. Era um feriado, eu estava fora de casa e não tenho aparelho de TV. Selecionei o filme num site que sou assinante e tentei. Não deu. As insinuações sensuais eram abundantes mas toleráveis, mas o palavreado era o fim da picada. Nem eu na adolescência pagã ouvia tanta coisa pesada.

Também tentei assistir uma palestra na Câmara de Vereadores de um determinado município, como convidado de um secretário. Foi triste. Pouco palavrão, para ser sincero, mas o peso das farpas de um contra outro eram insuportáveis. Deveria ser uma palestra, virou debate que virou batalha verbal. Não deu.

E eu nas rodinhas? Sou o que ri das piadas que não convem ou sou o que fala o que ajuda? Sou o que não se nota ou aquele que “desmancha” as rodinhas quando chega pois sabidamente não participa? Sou mais um ou sou “o” fulano?

O versículo nos ensina que a boca derrama, transborda – portanto é uma questão de estar ou não preenchido com alguma coisa. A boca de um homem/mulher de Deus, focado em viver o evangelho como estilo de vida, só pode derramar benção. Para uns vai ser necessário um nível de isolamento ou blindagem diferente do que de outros. Eu consigo conviver com os desbocados do meu ambiente de trabalho e me manter limpo, mas seria mais fácil sem isso. Outros não conseguem e até precisam de ajuda. Cada um deve se conhecer e se respeitar para não perder o foco – derramar benção com aquilo que fala.

Independentemente da linguagem que usamos (e alguns grupos eclesiásticos tem palavreado próprio) temos de ser sadios. Insinuações sensuais, violentas, agressivas, pejorativas, depreciativas, inverídicas, tendenciosas – são coisas que não se deve ouvir de nossa boca. Nossa conversa deve ser motivadora, semear fé, amorosa, conciliadora, consoladora. Como num mundo desses? Se enchendo da Palavra de Deus de forma transbordante. Como? Lendo mais e mais da Bíblia, se expondo menos à contaminação externa, estudando mais.

Viver o evangelho será cada vez mais dificil no mundo em que vivemos, pode ter certeza. Seguir regras não ficará mais fácil, e manter um estilo de vida ficará mais difícil. Mas temos de perseverar e nosso palavreado testificará disso.

Mário Fernandez

Misericórdia – Vivendo o Evangelho

Viver um evangelho que supera um mero conjunto de regras nos leva a ter mais conhecimento bíblico, pois não há como ignorar os princípios. Tais princípios podem ser ensinados ou aprendidos por tradição, por dedução, por lógica – mas nada disso supera o que a Bíblia diz, pois na qualidade de Revelação inerrante do Deus a quem servimos, amamos e adoramos, a Bíblia é plena e suficiente.

Mas isso contradiz a lógica dos nossos dias, a angústia da nossa sociedade, os noticiários, a realidade da vida cotidiana. Tudo isso vai ficando cada vez mais difícil, tal como a Bíblia anunciou, e basta olhar em volta. Queremos juízo, ansiamos por justiça, olhamos em volta e tudo está complicado. Politicamente o Brasil vive um momento tumultuado, a segurança pública está preocupante, a saúde vai mal, a economia agoniza. Não seria um bom momento para falar em misericórdia.

Mas o evangelho não tem nada relacionado com essas coisas, por que ele é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crer, é um estilo de vida e não um conjunto de regras, é algo para ser vivido e não apenas entendido. Desta perspectiva, e creia-me quando digo que tenho todos os elementos para julgar, não seria um bom momento para misericórdia.

Testemunhei pessoalmente dias (literalmente alguns dias) uma cena terrível – fui abastecer meu carro e vi um jovem sendo baleado no pátio do posto por um carro que passou e nem parou – atirou direto nele. Era dívida de droga? Vingança? Crime passional? Bala perdida? Sei lá. Não sei como foi o desfecho, a ambulância levou o rapaz ainda com vida. E daí, chama polícia, fica olhando, faz que não viu?

Quando olhamos ao nosso redor, como agentes do evangelho, deveríamos buscar nossos jovens na ida para o pátio do posto e não no hospital (ou coisa pior). Teríamos de dar um exemplo vivo que inspire os outros a não dar tiros. Deveríamos encarar aquele mendigo de sempre ao invés de “um traste humano” como “desperdício de um profeta”. Deveríamos nos dedicar mais à pregar a Palavra e menos a ter razão com os vizinhos. Fácil? De jeito nenhum. Viável? Quase que não, mas ainda é.

Não sei como era nos primeiros séculos pois a perseguição era mortal. Não sei como era na idade média, pois a perseguição era mortal. Não sei como era no inicio do “BOOM” das missões, pois qualquer iniciativa era mortal. Mas sei que hoje parece que tudo é mortal, tudo é difícil, tudo se complica a cada dia. Para onde vai a misericórdia? Onde estamos nós, agentes da misericórdia?

Estou convencido de que é chegado um tempo em que fazer diferença é exercer misericórdia. Deixei uma questão para o final intencionalmente: o que é misericórdia? É ter pena? É agir em interesse próprio? É perdoar? É dar suporte ao necessitado? A Bíblia diz que a misericórdia de Deus é a causa de não sermos consumidos, por isso creio que na nossa vez e no nosso papel, misericórdia é antes de tudo propagar a salvação enquanto forma de “não ser consumido”. Tudo que consome é inimigo da misericórdia. É tempo de despertarmos para isso.

Termino dizendo o óbvio: a igreja (povo de Deus na Terra, independente de organização ou denominação) é agente da misericórdia de Deus e portanto é tempo de nós (igreja) apregoarmos a salvação. Ou isso ou seremos consumidos.

Mário Fernandez

Passividade – Vivendo o Evangelho

Interessante observar como as pessoas ao nosso redor, dentro da nossa congreção (ou igreja local), encaram essa coisa de tomar a sua cruz. Já ouvi algumas barbaridades que nem vou reproduzir aqui, mas tem algumas ideias que merecem meditar.

Uma vez uma senhora comentou que seu marido alcoólatra era sua cruz a carregar. O pastor perguntou “e quando ele se converter, a irmão não terá mais cruz?“. Outra vez uma pessoa, muito simples no seu jeito, comentou que cruz era qualquer coisa que Deus desse e ela não gostasse. Eu perguntei “como faz pra saber se foi Deus que deu?“. Entre essas e outras tantas, precisamos entender que o verso escolhido nos fala claramente sobre “tomar” sua cruz, portanto independente do que seja seu conceito de cruz – é preciso ter atitude e andar em frente.

Em um dicionário li o seguinte “Passividade é acreditar que tudo o que está posto é como deveria ser e nada pode ser feito para alterar.” Isso meu querido leitor, é exatamente o que eu chamaria de contrário, inverso ou antônimo de tomar a sua cruz.

Tomar uma atitude é deixar a passividade de lado, coisa que está faltando para boa parte dos cristãos/evangélicos do nosso tempo, independente de qual seja sua opção teológica, denominação ou região onde vive. Dentro e fora do Brasil, um número enorme de membros de igreja congregam debaixo da liderança de homens que, preparados ou não, são praticamente tudo que estas pessoas têm de Deus em suas vidas. Por quê? Porque estão apassivadas, sentadas, acomodadas, alienadas, conformadas. A religiosidade não é uma virtude, é um vício. A espiritualidade não é sinônimo de religiosidade, por mais que para alguns possa parecer que sim.

A intimidade com Deus vem com esforço, dedicação, foco, busca, renúncia (muita renúncia) e sacrifício. Já parou para pensar que se não sangra nem queima, talvez não seja sacrifício? Já parou para pensar que a necessidade de esforço foi determinada por Deus em Gênesis 3, quando ele disse que o homem teria de trabalhar, nem tudo daria certo? mundo, aflições… lembra?

Deixar a passividade é tomar atitude positiva, é fazer (contrário de não fazer), é agir (contrário de não agir) e abençoar (contrário de só querer ser abençoado). Deixar a passividade é buscar uma forma de ser canal de Deus no mover sobre a Terra, independente de suas limitações. Viver um evangelho autêntico, genuíno, sem ser “aguado” exige uma atitude sem passividade.

Ser passivo é aceitar o que vem de Deus e reagir ao que vem contra Ele. Passividade portanto é semente de mornidão e isso é muito muito mau para qualquer um. O evangelho não é um conjunto de regras, portanto mais do que tudo é necessário olhar para a Palavra de Deus como sendo mais do que um conjunto de códigos a serem seguidos – é uma riqueza de princípios, histórias, palavras de consolo, incentivos, exemplos (bons e maus), referências, enfim é um tesouro ilimitado. Por isso mesmo, ficar passivo (ou fatalista) não pode nos aproximar de Deus em nada, pois todo tesouro precisa ser explorado.

Para viver o evangelho é preciso agir e reagir. Sair do quadradinho, ir além do mínimo, fazer algo mais, surpreender. Estas coisas são limitadas pelas regras. O evangelho é o Poder de Deus portanto não pode ser limitado.

Deus nos abençoe.

Mário Fernandez

Coerência – Vivendo o Evangelho

Independentemente de nosso estilo, gosto, preferência ou maneira de agir. Indepentendemente daquilo que pensamos e que, por conseguinte, nos leva a agir. Mesmo independentemente de nosso posicionamento teológico. Temos de ser coerentes com aquilo que cremos e com a fé que professamos. Viver o evangelho é ser coerente, pois o evangelho não é uma ação ou conjunto de regras, é um estilo de vida a ser vivido.

Se no nosso código de entendimento (alguns chamam de ‘doutrina’, outros de ‘fé e ordem’) temos de ter clareza sobre aquilo que cremos e devemos manter nossa caminhada alinhada com esse código. Se, por exemplo, congregamos em uma igreja mais pentecostal, com manifestações mais acaloradas e ‘barulhentas’ isso deve nos satisfazer diante de Deus e deve nos manter nutridos espiritualmente. Se por, outro lado, a situação for de um comportamento mais comedido e formal, com menos manifestações externas/visíveis, desde que isso alimente e mantenha na linha – tudo certo, nada errado.

O que realmente é problemático, e talvez isso ajude a entender o momento em que vivemos, é atacarmos o que não conhecemos, ou ficar ‘babando’ com algumas coisas que acontecem no prédio ao lado mas não tendo coragem de embarcar junto – e o pior de tudo, se somos daqueles que mudam de discurso dependendo de com quem estamos conversando.

O evangelho não é a igreja, nem a denominação, nem o pastor, nem o estilo, nem a teologia, nem a religião. O evangelho é o PODER DE DEUS, e Deus não cabe em nada disso nem junto nem separado. Eu procuro viver de modo coerente com o que creio, independentemente de ser isso o ‘estilo A’ ou o ‘estilo B’. Praticar aquilo que cremos, do modo que cremos, pelos motivos que cremos (ou pelo menos professamos crer) é uma obrigação nossa como servos de Deus. Viver o evangelho é viver de modo coerente. Veja que o versículo escolhido fala em conciliar o espírito com o entendimento. Seja isso 50-50 ou não, é imprescindível que seja coerente, equilibrado ao nosso paladar, mas principalmente – levado a sério e não com leviandade.

Pode até parecer que isso não dá resultado, mas me permita discordar. Recentemente ouvi um testemunho comovente de uma pessoa que entregou seu coração à Cristo e referiu-se a uma pessoa que “não desistiu de mim, sempre andou certinho e nunca falou besteira”. Creia-me, o testemunho da coerência impressiona e faz bem para todos.

Deus nos abençoe.

Mário Fernandez

Armadura/Fé – Vivendo o Evangelho

Eu nunca fui militar e não sei se seria muito bom estrategista, mas tem algumas coisas que são patentes. Uma delas é o conceito de ataque e defesa, que para mim parece ser de senso comum. A mim parece que um escudo seja pouco proveitoso como arma de ataque, mas muito importante como item de defesa. Se assim é de fato, nossa fé está aqui para nos proteger e defender, não para atacar.

Viver um tipo de evangelho barato, superficial, sem tutano algum, pode ser que seja algo fácil e conveniente. Mas um estilo de vida que está acima de um conjunto de regras e comportamentos, vai nos colocar em apuros – talvez até de forma frequente. O motivo é simples: existe uma tensão permanente (e crescente) entre o bem e o mal, o céu e o inferno, a luz e as trevas, Deus e o diabo. Não tem como ficar no meio nem agradar a ambos. Portanto, meu querido, seremos atacados. Quem optar por servir ao diabo explicitamente, eu temo, será vítima do chamado “fogo amigo”.

Servir a Deus exige atitude, coragem, determinação e claro, muita fé. Essa fé atuante e relevante vai nos proteger como um escudo. O inimigo lança dardos inflamados de enfermidade e precisamos crer na cura que foi comprada na cruz – com fé. Lança dardos de amargor e temos de ter fé para encontrar doçura no perdão. Lança dardos de crise de relacionamentos e sem fé acabaremos solitários e amargurados. Lança dardos de desesperança e somente com fé ficaremos abrigados na doce esperança da justiça divina. Lança dardos de tristeza e depressão, dos quais só estamos protegidos pela fé na redenção vindoura.

Em resumo meu precioso leitor, para cada dardo flamejante, podemos nos defender tendo fé ou costurar cortes e buracos depois – só que na nossa pele. As pessoas andam deprimidas, desanimadas e com pouco motivo para viver. A fé no Filho Unigênito de Deus é a cura para isso e proteção contra recaídas. É um item de proteção da armadura que devemos vestir diariamente.

No meu conceito, pastoral e cristão, viver um evangelho autêntico é viver protegido (escudado) pela fé e tornar isso conhecido de tantos quantos tenhamos contato. Menos que isso, temo ser pouco.