Mário Fernandez

Poder da Palavra – Vivendo o Evangelho

“Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade.” (João 17:17)

Muito negligenciado em nossos dias, o poder da Palavra de Deus é uma ferramenta extremamente poderosa na vida da Igreja de Cristo, por mais que alguns nem acreditem mais nisso. Veja que é muito trabalhoso separar o agir e o poder do Espírito Santo da Palavra de Deus. Temos na Bíblia base de texto suficiente para crermos que nada substitui a Palavra de Deus. Orar é fundamental, mas não substitui. Assim como boas obras, santidade, fugir do pecado, evangelismo – tudo isso são coisas boas em sua essência, coisas necessárias para nossa edificação mas não substituem a Palavra de Deus expressa no texto Bíblico.

Veja que alguns atributos são citados exclusivamente com relação à Palavra de Deus, lhe conferindo poderes (ou características) únicos, singulares:

  • Santifica em João 17:17
  • Discerne pensamentos e intenções em Hebreus 4:12
  • Ilumina o caminho Salmos 119:105
  • Traz esperança Salmos 119:81
  • Opera milagres Lucas 5:5
  • Faz crer em Deus João 17:20
  • Permanece para sempre 1 Pedro 1:25
  • É a espada em Efésios 6:17
  • Semeia fé Romanos 10:17
  • Alimenta em Mateus 4:4
  • É a boa semente Lucas 8:11
  • Agiu na criação Hebreus 11:3
  • Testifica do obreiro 2 Timóteo 2:15
  • Testifica da presença de Deus na vida 1 João 2:5
  • Anuncia Salvação Atos 13:26
  • Traz ação do Espírito Santo em Atos 10:44

E a lista poderia continuar…

O importante é notarmos que sem a Palavra de Deus abundante em nós, jamais seremos as pessoas que Deus espera que sejamos. Além dos argumentos bíblicos, temos de atentar para argumentos lógicos também. Se Deus se revela pela Palavra, como conhecê-lo de outra forma? Se a Palavra é de Deus, por que rejeitá-la? Sendo a Palavra de Deus fonte de poder, o que temos a perder?

Eu conheço pessoas que dizem que ler a Bíblia demais deixa a pessoa louca. No meu caso deixou mesmo. Outros dizem que é um livro velho, antigo, ultrapassado – mas nunca leram. Outros leram como quem lê um dicionário e nada encontraram de interessante – mas nem sabiam o que estavam procurando. Já outros fugiram dela com vigor e tudo que encontraram foi vazio, desânimo, falta de sentido. O que eu nunca encontrei na minha vida foi alguma pessoa que tenha se desapontado tentado ler a Bíblia de fato com a intenção de conhecer pessoalmente o Seu Autor, o Deus Todo Poderoso. Quem o fez, assim como eu e tantos outros, hoje são pessoas melhores, mais felizes, com sentido para suas vidas, com bom relacionamento com Deus, com um Pai Celestial em suas vidas, com certeza de sua vida eterna.

A Palavra de Deus é o poder de Deus expresso a nós de forma plena, completa, imaculada, perfeita. Negá-la é negar o próprio Deus. Não se dedicar a ela é negligenciar a amizade de Deus. Não tê-la no centro de sua vida é, pelo mínimo do mínimo, tentar viver sem poder (capacidade) de fazer o que o povo de Deus na Terra deveria fazer. Não me admira os doentes ainda doentes, os cegos ainda no escuro, os sofridos ainda a sofrer, bem como toda anarquia que vemos ao nosso redor. Nos falta, a todos nós, mais do poder transformador da Palavra de Deus. A uns falta um pouco, a outros falta bem mais, e a muitos falta tudo.

Sejamos anunciadores e ensinadores da Palavra de Deus, afinal ela nunca volta vazia.

“Senhor, desperta em mim um desejo pela Tua Palavra que beire o desespero. Eu entendo que sem ela não posso andar contigo e não devo permitir que as correrias deste mundo me engulam. Ajuda-me.“

Mário Fernandez

Poder do Espírito – Vivendo o Evangelho

“E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam línguas, e profetizavam.” (Atos 19:6)

Nada no Universo é mais poderoso do que o Espírito Santo de Deus, nada, nada, nada. Por que? Simples: ELE É DEUS. Não podemos confundir O criador com UMA criatura e isso é mais comum do que admitimos, pelo menos na prática da vida de muitas pessoas. Dizer que o Espírito Santo é coisa do Novo Testamento é fazer com que Ele seja criado em algum momento – errado. Ele é o agente da criação de Deus, está de Gênesis a Apocalipse, estava lá no momento do HAJA LUZ e estará lá por toda eternidade com o Pai.

Na vida da Igreja (me refiro aqui ao povo escolhido de Deus que vive para honrá-lo e que legitimamente tem herança eterna) o Espírito Santo desempenha um papel único, em dois sentidos. Único no sentido de que outro não o poderia desempenhar. Único no sentido de que tem seu momento e depois na eternidade não terá mais sentido. Explico. Cabe ao Espírito Santo conduzir a igreja na Terra, os eleitos de Deus, em poder e autoridade, para “treinar” este povo a viver na Nova Jerusalém. Escatologias e demais teologias à parte, resumo dizendo que cabe ao Espírito Santo capacitar a igreja em sua caminhada.

Se lermos o texto escolhido para meditar podemos tirar deles pelo menos 5-6 pregações. Vou compartilhar meu pensamento favorito a respeito dele: O Espírito Santo de Deus age trazendo capacitação especial dos céus. Neste versículo as pessoas falavam e profetizavam. Em outros textos curavam, ressuscitavam mortos, expulsavam demônios, tinham discernimento, eram transportadas de onde estavam, falavam com autoridade. Ou seja, faziam o que nunca fizeram. Faziam o que não tinham capacidade de fazer anteriormente. Faziam o improvável. Faziam o impossível. FAZIAM.

Não consigo ver biblicamente nenhuma (no sentido de NEM UMA) maneira de ser povo de Deus, sem ter o Espírito de Deus no comando. É um enigma para a minha alma entender como podem alguns grupos negligenciar a pessoa e a atuação de Deus na pessoa do Seu Espírito. É mais ou menos como comprar um carro e não colocar gasolina no tanque – ser igreja (ou povo de Deus) negligenciando o Espírito Santo é tentar andar de tanque vazio. Minha escola eclesiástica e teológica foi bem tradicional, sei bem do que estou falando.

Mas o principal efeito dessa negligência é um evangelho resumido, aguado, sem poder algum. Gente que não pode dizer “não tenho ouro nem prata” para mim é circunstancial, mas não poder dizer “levanta e anda” é estrutural, é essencial, é na medula, é o que nos tornamos em nós mesmos. Se temos ou não temos recursos financeiros é discutível, é polêmico, mas é assunto de conversa. Para mim não ter o poder do Espírito Santo “bagunçando” nossa lógica, nossas teorias e nossa vida é inaceitável. O impossível e o sobrenatural PRECISAM fazer parte do nosso cotidiano, precisa ser o sinal que nos segue.

Minha oração por este povo que se chama pelo Seu Nome é que mereçamos o estandarte que carregamos, que ousemos e sejamos usados, que deixemos de lado o “faz sentido” em troca do “faz milagre”. Ou isso, ou esse mundo continuará nos confundindo com eles e seremos apenas os esquisitos que andam pela Terra.

“Senhor, perdoa minha negligência e me mostra claramente como devo agir para que Teu Espírito Santo tenha liberdade na minha vida, não quero ser confundido com os deste mundo.“

Mário Fernandez

Poder do Evangelho – Vivendo o Evangelho

“Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego.” (Romanos 1:16)

Ainda meditando sobre as várias expressões de Deus em forma de poder, me dediquei a avaliar o que é o evangelho em si. Neste texto, é rotulado pelo apóstolo Paulo como poder de Deus para salvação. Já meditamos neste texto com outros enfoques, mas a riqueza da Palavra de Deus não se esgota.

O lado de Deus no evangelho tem ficado esquecido nos púlpitos da nossa geração e precisa ser resgatado. O poder é Dele, para salvação de cada um de nós. Fique claro: Deus não precisa ser salvo, eu é que preciso. Eu não tenho poder algum, Ele é que tem. MAS ambas as coisas fazem sentido ao se encontrarem, pois o poder de Deus para salvar não serve de nada se não houver quem seja salvo, bem como de nada vale eu precisar de salvação e não ter o poder necessário para isso acontecer.

O mistério que precisa ser desvendado é como acessar esse poder e obter seu resultado. Isso, nitidamente, é pela fé, e já tratamos disso anteriormente. Mas a fé vem pelo ouvir e ouvir a Palavra de Deus. Então é uma dedução relativamente simples que o poder de Deus vem da Palavra de Deus. Em miúdos, Ele se revela pela Bíblia para que tenhamos acesso ao Seu poder salvador.

Nesta linha é inseparável, indissociável. Qualquer tipo de evangelho que dispense a Bíblia ou a coloque em papel secundário, é inútil, pois dela vem a fé, pela fé vem a salvação. Círculo fechado. Tentar colocar algo ou alguém no lugar da Bíblia é anular o evangelho e com isso a salvação se vai. O poder do evangelho é o poder da Palavra e vice versa.

Precisamos resgatar urgentemente a simplicidade do evangelho, que não é um conjunto complicado de regras a serem seguidas. É mergulho e foco na Palavra de Deus que gera fé e traz o poder salvador de Deus. Só isso. Todo resto é complicação humana. O que vier “naturalmente” em decorrência do mergulho na Palavra, nunca vai gerar confusão nem dissidência. É só ler, meditar, ler de novo, meditar mais, encher e encharcar da Palavra de Deus.

Te desafio a tentar. Leia mais e mais e depois me conte. Suas orações vão mudar, suas atitudes vão mudar, sua conversa vai mudar, suas emoções vão mudar, seu pensamento vai mudar – mas principalmente seu destino eterno vai mudar. Conclusão: poder de Deus para salvação de todo aquele que crer.

“Senhor, eu entendi que preciso mudar, preciso reagir, preciso conhecer de perto o Teu poder salvador. Me ajuda a fluir em uma vida que transborda Tua Palavra em cada pensamento.“

Mário Fernandez

Poder do Sangue – Vivendo o Evangelho

“Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no santuário, pelo sangue de Jesus” (Hebreus 10:19)

Muita gente confunde o poder do nome de Jesus com o poder do sangue de Jesus. Veja os atributos que a Bíblia apresenta para o sangue derramado em nosso favor:

  • Remissão em Hebreus 9:22
  • Ousadia em Hebreus 10:19
  • Aliança em Hebreus 12:24
  • Santificação em Hebreus 13:12
  • Justificação em Romanos 5:9
  • Propiciação em Romanos 3:25
  • Intimidade em Efésios 2:13
  • Purifica do pecado em 1 João 1:7
  • Nos garante vida eterna em João 6:54
  • Nova Aliança em Mateus 26:28

A lista poderia continuar um bom tanto, mas nosso foco é deixar claro que há poder no sangue de Jesus e esse poder é distinto do poder do Seu Nome. Uma forma simples de entender essa diferença é analisar como se fossem duas ferramentas ou duas armas.

O Nome de Jesus é uma arma de ataque, uma ferramenta ativa, uma recurso que se usa para ir e fazer. Seu poder é para expulsar demônios, curar, etc. O sangue de Jesus é arma de defesa, ferramenta passiva, um remédio para cura. Teologias e teorias à parte, precisamos entender o que nos é prático. Entendamos que o sangue foi derramado voluntariamente em nosso lugar, tem conotação de sacrifício, é um abono para nossa dívida do pecado. Sem derramamento de sangue não há remissão de pecados.

O sacrifício de Jesus por nós, evidenciado pelo sangue derramado na cruz do Calvário, é um ato político – coroou Jesus como Rei dos Reis. É também um ato sacrificial – pagou o preço do nosso pecado. É ainda um ato sobrenatural – tirou a legalidade do inferno sobre a vida dos pecadores. Foi também um ato que abalou o mundo natural – o véu do Templo se rasgou de alto a baixo. É um ato de amor – foi em meu lugar e imerecido. Mas acima de tudo e com maior valor do que tudo – foi o cumprimento de uma promessa do Pai, nos trazendo livramento e perdão e anulando nosso débito com Deus (Colossenses 2:14).

Eu termino essa meditação com foco no ponto que para mim é o mais crítico de todos: pelo sangue de Jesus somos mais devedores de gratidão a Deus do que podemos retribuir. Se desconsiderarmos tudo mais que Deus nos deu e nos fez, o que já seria basicamente ‘tudo’, o que se fez por aquele sangue derramado ainda supera tudo, é mais do que tudo, é além de tudo. Sejamos gratos por aquele sangue bendito. Não façamos parecer vão o sacrifício tão caro. Não desperdicemos o que temos de melhor que é a nossa intimidade com Deus. Sejamos gratos, muito gratos.

“Senhor, entendo que pelo sangue de Jesus eu sou transformado e não tenho como agradecer por isso. Me enche de gratidão em meu coração, me ensina a valorizar Teu sacrificio.“

Mário Fernandez

Poder do Nome – Vivendo o Evangelho

“E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.” (Atos 4:12)

Este é um dos textos mais marcantes do Novo Testamento, acredite em mim. Há muitos nomes, há muitas identidades, há muitas personalidades, e não somente na Bíblia. Não podemos negar que pessoas marcaram a nossa história tanto para o bem como para o mal. Podemos citar alguns apenas para ilustrar mas quem não sabe, pelo menos por alto, de Adolph Hitler, Nelson Mandela, Gandhi, Átila o Huno, Alexandre o Grande. Nenhum deles salva, nenhum deles é Filho de Deus, nenhum deles fez algo de sobrenatural por mim e por você. Não há debaixo do céu nenhum outro nome.

O poder do nome de Jesus é poder de salvação. Por causa do nome Dele somos salvos. Aqui o primeiro entendimento equivocado: o nome não é apenas a sequência de letrinhas que forma uma palavra, é muito mais do que isso. É uma identidade, uma forma pela qual somos conhecidos e identificados, uma maneira de sermos chamados, uma personalidade. O nome de Jesus, a identidade de Jesus, é muito mais do que cinco letrinhas. Ainda em tempo, o ‘nome’ de Jesus no idioma original nem era esse, nem o é em japonês ou russo ou sei lá mais qual idioma. Se a sequência de letras fosse o nome, todos nós teríamos de falar uma lingua só. Lembra quem foi que fez essa confusão de idiomas? Deduza o resto.

Ademais, o nome de Jesus é poder para autoridade espiritual como vemos em Lucas 10:17 – demônios se submetem. Não é o sangue de Jesus que expulsa demônios ou cura os enfermos, é o poder do Nome Santo do nosso Salvador. É ELE.

O nome de Jesus é o nome mais elevado do universo, como nos ensina Filipenses 2:9 – tão alto e acima dos demais que todo mundo, todas as pessoas, todos os seres vivente, todos, todos se curvarão diante Dele. Leia o texto e veja que não é diante da figura ou do trono ou da coroa. Todo joelho se dobrará diante do Nome de Jesus, ou seja, diante de Sua identidade, daquilo que Ele é como pessoa divina. Aleluia!

O nome de Jesus é fonte de cura como vemos em Atos 4:30, em meio a sinais e prodígios. Podemos elocubrar o que seriam estes sinais e estes prodígios mas para simplificar vamos apenas resumir dizendo que isso é bagunçar as leis da física, desafiar o equilíbrio do mundo natural, trazer o impossível ao nosso nível e mudar o rumo de tudo. É chover e secar, como Elias fez. É trazer mortos de volta à vida como Pedro fez. É colocar aleijados em pé como João fez. Antes de alguma estranheza, me permitam aclarar um ponto: Elias, Pedro, João, eu, você – operamos sinais e prodígios pela autoridade que nos é concedida pelo nome de Jesus. Eu posso curar um doente com o poder do Espírito Santo, em nome de Jesus, sendo e servindo de canal de Deus para isso.

_Por mim mesmo, nada posso fazer. Por Ele e através Dele, não tem nada que eu não possa fazer. _

Finalmente, o nome de Jesus é fonte de gratidão como nos ensina Efésios 5:20 – damos graças a Deus em todo tempo, em toda situação, em todo contexto. Mesmo que não tenhamos força para isso, motivação para isso ou ânimo para isso. Em nome de Jesus damos graças. Por causa do nome de Jesus damos graças. Através do nome de Jesus damos graças.

Viver o evangelho não é seguir regras. É viver carregando Jesus de um lado para o outro até ser confundido com Ele, no caráter, nas atitudes, nos sinais e na fé. Talvez até mesmo ter o nome esquecido. Quem sabe não chegarão dias em que em vez de me chamarem de “fulano” me chamem de “servo de Jesus”.

“Senhor, me ajuda e me ensina a andar de acordo com o poder do nome do Teu filho Jesus Cristo, meu Salvador e meu Senhor. Nenhum outro nome é mais importante que o Dele.“

Mário Fernandez

Ofertar – Vivendo o Evangelho

“Pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo, dando Deus testemunho dos seus dons, e por ela, depois de morto, ainda fala.” (Hebreus 11:4)

Um dos assuntos mais polemizados nos nosso dias é o que diz respeito às coisas materiais, financeiras, dinheiro, riqueza, prosperidade, etc. Nesse tema, como dizia minha avó materna, qualquer pé de galinha faz uma sopa. Há os que dão mau testemunho de todo tipo, há os que ensinam bobagens e heresias, há os que simplesmente não sabem o que pensar, há os que querem enriquecer, há os que preferem manter a pobreza – e há os indecisos, claro. Meu foco aqui é falar sobre oferta (material ou financeira) do ponto de vista de um evangelho que é estilo de vida.

Poderíamos resumir ao dizer que é questão de obediência, mas isso está muito batido e é pouco convincente. Mesmo porque é isso que alimenta a polêmica, na medida em que um entende de uma forma e outro de outra. Meu ponto é fé. O que tem fé com ofertar?

Não coincidentemente, o primeiro “herói” da galeria da fé de Hebreus 11 é um ofertante. Pela fé Abel ofereceu um sacrifício aceitável a Deus. Não coincidentemente isso lhe deu testemunho de justiça, pelo que sua memória se preserva como a de um justo. Se lermos o texto original de Gênesis 4 quando a oferta foi entregue, esta mesma a que se refere Hebreus, é uma oferta como conhecemos. Algo material, que tinha custo, foi dado a Deus de forma irreversível, não reembolsável, sem chance de retribuição.

Hoje quando alçamos ofertas em nossas reuniões, seja qual for a reunião, pouco ou nada mencionamos sobre fé. Ao entregar uma oferta eu tenho de ter fé que Deus supre minhas necessidades, não apenas entender que é uma forma de obediência ou teste de fidelidade. Nada disso está errado, mas é pouco. Preciso ter fé de que Deus aceitará minha oferta, pois Caim deu uma oferta, ao que tudo indica equivalente, mas com a disposição de alma errada e por isso não achou graça diante de Deus. Quando oferto, preciso aplicar minha fé de que aquilo é muito mais em meu benefício do que de Deus, afinal Ele não precisa de nada.

Ter fé para ofertar não significa crer que receberá algo em troca, ainda que isso seja Bíblico. Semear sempre é um ato de fé, mas ninguém semeia com a certeza de que não vai colher. Eu posso dar testemunho de dezenas de vezes que ofertei e recebi muito. Mas posso testemunhar de centenas de vezes que ofertei e nada aconteceu. Dei meus últimos R$20 de oferta e adivinha – fiquei duro, nada mais. Dei um carro e fiquei a pé. Dei mantimento e tive de comprar comida a crédito. E daí? Nada. Mas por fé – pela fé, com fé, através da fé – eu vejo o invisível, eu creio no meu bom depósito na eternidade onde a traça não corrói, eu sei que meu Redentor vive e age em meu favor, eu posso sentir o cheiro do vento que traz a chuva para minha lavoura, eu vejo o que não pode ser visto – MAS EXISTE.

Ofertar é um ato de fé GRANDE. Com a disposição correta fará revoluções na sua vida. Por que é necessário? Por que Deus nos deve isso? Por que é a única forma? Não, não e não. Porque ofertando eu encho o céu de depósitos e esvazio o inferno de expectativas. Anulo a chance do diabo usar mal meus recursos.

Se os pastores ou líderes da igreja usarem mal os recursos ofertados é problema deles. Se a organização eclesiástica não aplicar corretamente é problema dela. Eu ofertarei, eu terei fé, eu serei abençoado e meu depósito eterno está selado pela minha fé. Como se diz de onde venho “azar o deles, eu fiz minha parte”.

Viver o evangelho é mais do que seguir regras e o que faz toda diferença é justamente a fé. Se o primeiro herói da fé era um ofertante, algum dos demais nunca ofertou? Olhe bem. Todos eram generosos e desprendidos. Mas o primeiro, é sempre o primeiro.

“Senhor, eu quero aprender a desenvolver uma fé bíblica que vai além de obter favor de Ti. Quero ter fé suficiente para semear no meu futuro eterno ainda nesta vida. Me ensina a ver o invisível.“

Mário Fernandez

Oração Máxima – Vivendo o Evangelho

“Alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração;” (Romanos 12:12)

Não tem o menor sentido, não tem fundamento, não condiz, não tem nada a ver. Esse é meu conceito sobre tentar viver um evangelho mínimo, raso – sem uma vida de oração máxima e profunda. O apóstolo Paulo sabia perfeitamente bem o quanto é importante estar na busca constante de Deus através da oração, de forma persistente, perseverante.

Eu acho que nunca encontrei um “cristão” ou termo equivalente, que diga que simplesmente não ora nada. Mas a esmagadora maioria dos que conheço tem na oração uma prática distante, irregular, desprovida de satisfação e que não permeia sua vida, suas decisões, suas atitudes. Igualmente, não lembro de ter encontrado alguém que seja contra a oração, mas os persistentes são minoria.

O resultado disso é um completo afastamento das bênçãos que Deus tem para nós, pois neglicenciar a oração é como esvaziar o tanque do carro ao último gole e reclamar que não anda. Tudo que fazemos e deixamos de fazer tem consequências, diretas ou indiretas, imediatas ou tardias, pessoais ou coletivas. Orar e deixar de orar também. MAS a advertência ou ensino deste texto é mais forte do que isso – persista orando.

Perseverar, sinônimo de persistir, é mais do que não desistir. É gostar de tentar, é amar mais o resultado do que o processo em si, é desejar tanto conseguir terminar o que começou que não para, é desconsiderar a desistência como uma opção. Perseverar é saber o motivo e o resultado do que está fazendo, é enxergar o alvo mesmo que distante. Ou seja, é ter fé no fim da história.

Perseverar na oração é orar quando não faz sentido continuar, é orar quando o resultado é impossível, é orar quando ninguém mais está orando, é orar quando a circunstância deixa bem claro que o fracasso é garantido.

Não é preciso ter muita fé para orar pelo alimento com ele diante de si – ora pela refeição quando não tem o que comer e te direi que isso sim é fé. Ore agradecendo por uma cura que não tem chance de chegar. Ore pela conversão de um desgraçado (desprovido de graça) que não dá sinal de querer mudar de vida. Ore por um relacionamento que não tem mais cacos para juntar do chão. Isso, meu querido, é perseverar.

Tive grandes lições sobre isso na minha vida. Conheci uma senhora com quase 70 anos que acordava todas as madrugadas as 4h para orar. Um dia cruzei com ela orando, sou de pouco sono. Me juntei a ela. Orava pela conversão de seus irmãos. Pela manhã no desjejum lhe perguntei algumas coisas e fiquei envergonhado com as respostas. Já orava há mais de 40 anos, faltavam dois se converterem e um estava mal de saúde, mais velho que ela. Orava diariamente neste mesmo horário fazia mais de 25 anos e só falhava quando adoecia. Só ia parar ou com a conversão ou com a morte de seus irmãos. Isso é perseverar. Me senti um bolha.

Viver o evangelho, por mínimo que seja, exige uma vida de oração máxima. Se o evangelho fosse um mero conjunto de regras teria métricas de oração bem claras e numéricas. Mas não é, pois trata-se de um estilo de vida, portanto “tudo” é o mínimo.

“Senhor, me ensina a perseverar em oração, aplicando fé naquilo que não posso ver ou sentir, mesmo quando isso fuja da lógica. Me fortalece para eu crescer nisso ao ponto de te agradar.”

Mário Fernandez

Mudança – Vivendo o Evangelho

“Você sabe muito bem que ele é bom e que quer fazer com que você mude de vida.” (Romanos 2.4, NTLH)

Estou pasmo, admito. Sou um crítico confesso e convicto de pessoas que dizem ter se convertido, recebido a Jesus, se vinculado à uma igreja, etc – mas a vida e as atitudes não mudaram, não mudam e não dão sinal de mudança. Sempre fui e sempre serei crítico disso. Mas agora estou pasmo, pensei que tinha visto de tudo… Agora eu vi gente defendendo abertamente que mudar de vida não é necessário, ou não faz parte da vida cristã. Não posso concordar com isso. Para ser sincero, me revolta ouvir isso.

O texto de Romanos que escolhi para esta meditação não tem como ser mais claro. Dois conceitos estão ali interligados visceralmente – Deus é bom e quer mudar nossa vida. Faz parte da sua bondade ou é demonstração de bondade? Não faz diferença. Quer nos mudar por causa da bondade ou é bom porque quer nossa mudança? Indifere.

São duas coisas, são dois fatos. Fato 1 = Deus é bom. Fato 2 = Ele quer mudar nossa vida.

Mudança de vida é sinônimo de evangelho, é inseparável do conceito de boas novas, de salvação e de novo nascimento. Se Deus quer isso, não querermos isso é pecado. Não tem outro nome para ser colocado. Eu leio a Bíblia quase que diariamente faz praticamente 30 anos e nunca encontrei nada que sugira que eu posso mudar de vida se eu quiser ou não. Pelo contrário, vejo listas enormes de recomendações acerca de mudanças. Aquele que mentia mão minta mais, o que roubava não roube mais, amem os inimigos, quem está em Cristo é nova criatura, renovai a vossa mente, transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, não vos conformeis a este mundo. Evangelho é mundança.

Mesmo me restringindo a uma análise lógica e racional, temos que mudar de vida. Pense comigo. Se eu ganhar na loteria e ficar milionário vou continuar vivendo igualzinho? Se um jovem se casa vai continuar vivendo igual? Se um senhor de idade fica viúvo continua vivendo igual? Ao se formar na faculdade nada muda? Se trocar de emprego ou se mudar de casa nada muda? Se alguém fizer um transplante ou for curado de uma doença séria, nada muda? TUDO muda o tempo todo, dizem que a única constante deste mundo são as mudanças. Agora, me responda com sinceridade: como é que receber a Cristo ou conhecer o evangelho não vai mudar minha vida?

As mudanças podem ser para melhor ou para pior, mas precisam acontecer. No caso específico do evangelho as mudanças devem ser para melhor, ao menos na maioria dos aspectos. Nossa falha de caráter ou nosso pecado pode nos piorar em alguma coisa, mas a culpa não é do evangelho e sim do pecado em nós. E nem isso é desculpa para não melhorarmos a pessoa que somos.

Mudemos irmãos, mudemos. Mudemos para melhor, sejamos transformados por Deus em algo e alguém que Ele aprova, deseja e recomenda. Deixemos de mentir, façamos o bem, estendamos nossas orações a todos, aprendamos a perdoar, melhoremos o trato com as pessoas, sejamos empregados melhores, purifiquemos nossas conversas, escolhamos melhor o que vemos e ouvimos, santifiquemos nossos relacionamentos, sejamos mais leais e mais fiéis, oremos mais, meditemos mais na Palavra de Deus, ajudemos mais aos pobres do que temos ajudado, anunciemos a salvação a todos que conosco convivem, tratemos melhor nossos filhos e cônjuges, sejamos menos materialistas, aprendamos a entregar nossos anseios ao Senhor, sejamos mais mansos e pacientes… preciso continuar? Acho que não. Já ficou bem claro que tem muito para ser mudado.

Viver o evangelho não é um conjunto de regras, mas SE fosse, provavelmente a primeira regra seria algo assim “Ame a Deus acima de tudo” e a segunda seria “MUDE, por favor, mude para melhor”.

“Senhor, eu não quero me conformar a este mundo, mas quero mudar de vida e me tornar mais e mais semelhante a Jesus em caráter e bondade. Me ensina e me fortalece pois sozinho não vou conseguir.“