Mário Fernandez

Cruz – Fiança

“e cancelou a escrita de dívida, que consistia em ordenanças, e que nos era contrária. Ele a removeu, pregando-a na cruz, e, tendo despojado os poderes e as autoridades, fez deles um espetáculo público, triunfando sobre eles na cruz.” (Colossenses 2:14-15)

Um aspecto colateral dessa “fiança” trazida por Jesus à nos na cruz, se refere nitidamente ao senso de endividamento. Na minha geração que aí está, fica muito claro que a corrupção, o senso de impunidade, o descaso com as leis, a incompetência, o descontentamento com as políticas públicas – para não ir além – são fatores comuns e da grande maioria, não apenas no Brasil mas em diversos países. Vivemos um momento histórico de instabilidade social e emocional generalizada. Isso, meu querido, me deixa claro que perdemos o senso de dívida com Deus.

Por conta destes e outros tantos fatores, nossa humanidade pós-moderna do século XXI está se achando auto-suficiente e evoluída, mas estou seguro de que aos olhos de Deus não passa de um povo “pobre, cego e nú”. Obviamente estou generalizando, pois há sim aqueles cujo mover de Deus em suas vidas faz toda diferença, para eles e para seus próximos. Mas estou certo e convicto de ser uma minoria.

Tudo isso me remete à cruz de uma forma clara e direta, no sentido dela ser o lembrete, a marca, o sinal, o referencial e até mesmo, se preferir, o símbolo. De quê? De que fomos, estivemos e continuaremos eternamente endividados. Me permita explicar.

Primeiro éramos devedores a Deus pelo nosso pecado, ou melhor, pela nossa natureza pecaminosa. Dívida impagável, sentença de morte. Esta dívida, para todos aqueles que Nele crerem, nos ensina a Bíblia, está paga. Mas não podemos esquecer que existia essa dívida; ignorá-la não é sinônimo de eliminá-la.

Depois, por conta da fiança ter sido executada, passamos a dever ao fiador, Jesus Cristo o Justo, em outra moeda. Se antes era sentença de morte, agora é uma sentença de vida – mas ainda há uma dívida a ser saldada. Uma dívida de gratidão a ser paga em liberdade e fé, para que eu faça por merecer, não a minha salvação da morte pois esta não se compra com merecimento, mas minha identidade de salvo, meu nome de salvo, meu legado e herança de salvo.

Resumo este entendimento de uma forma bem simples: Endividado? Sempre! Condenado? Nunca mais!

Deus nos ensine a viver assim, pois se a Ele entregamos nossa vida, nossa alma e nosso coração, por que ainda ficamos esperneando para usá-la como queremos?

“Senhor, obrigado por ‘trocar’ minha dívida de morte por uma dívida de gratidão. Esse preço foi muito alto, mas eu não alcanço compreende-lo. Quero apenas te pedir para me levar além em gratidão, ainda que eu não mereça.”

Mário Fernandez

3 thoughts on “Cruz – Fiança

  1. Avatar Airton disse:

    Pastor:

    embora a graça de Deus seja de graça, ela deve incentivar as pessoas a viver graciosamente. E não libertiginosamente. A remissão dos pecados exigiu altíssimo preço do Filho. É por tal razão que se deve viver de forma a saldar a segunda dívida, a inda que seja impagável.

  2. Avatar Airton disse:

    Pastor:

    A nova dívida consiste em gratidão. É um nível bem elevado de amadurecimento, de comunhão com o Pai. Agradecer por palavras. Fazê-lo por meio de ação. Independente da estação do ano. Ou da estação da vida. Que seja assim.

  3. Avatar Eliene Souza Reis disse:

    Só nos resta agradecer todos os dias pela dívida paga pelo Senhor Jesus. Amém!

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *