Mário Fernandez

Reação – Vivendo O Evangelho

Aprendi uma coisa com um homem de Deus por quem guardo um respeito e admiração especiais. Neste versículo Jesus nos ensina algo como “humilde para agir; manso para reagir”. Atitude é importante, mas é a reação que demonstra quem somos por dentro, principalmente quando não temos tempo de ensaiar ou preparar nada. É nossa essência transbordante.

A verdadeira reação do evangelho, como estilo de vida e de caráter, vai se manifestar nas coisas pequenas do cotidiano. Se perguntar a meu respeito para meus colegas de trabalho terão uma impressão. Para meus superiores, talvez outra resposta surja. Para meu pastor, talvez ainda outra. Assim será com vizinhos, colegas de ministério, irmãos da igreja local, atendentes dos comércios que frequento, parentes que moram em outras cidades. Mas para saber quem eu sou realmente tem de perguntar para minha esposa, meus filhos e, pasme, minha sogra. Estes são os que verdadeiramente me conhecem pois presenciam minhas reações mais espontâneas.

Perceba que a forma como reajo com estranhos pode ser mais controlada, mas para aqueles com quem divido minha intimidade eu não consigo fingir por muito tempo. Por algum tempo com grande esforço, talvez. Viver o evangelho é ter dentro de si um espírito, uma disposição, uma inclinação moral, uma “pegada” de reagir de forma adequada, mansa e humilde. Afrontas grosseiras podem ser dribladas, mas tem momentos que nossa fraqueza nos denuncia quando não temos em nós a disposição correta.

Se vivemos um evangelho legítimo, denunciamos literalmente o poder de Deus para salvação do que crer. Quando o filho adolescente responde atravessado (de novo), quando a sogra pede aquilo (de novo), quando a esposa não corresponde ao esperado (de novo), quando a programação financeira estoura (de novo), quando as férias viram tormento (de novo), quando o patrão pede aquele “servicinho” (DE NOVO!)… Nem vou mencionar coisas como partida de futebol, dirigir no trânsito engaraffado ou fazer compras em véspera de feriado, pois acho que essas coisas só irritam a mim. Nossa reação nestas situações vai ser nosso testemunho público, exterior e visível – vai mostrar o que temos por dentro, interior e invisível. E vai mostrar imediatamente.

Talvez para você, meu querido leitor, estas coisas pareçam distantes ou ainda um discurso de pastor que nada mais faz do que comer, dormir e orar (alguns lêem a Bíblia também). Me permita dizer que trabalho e trabalho muito, como muitos pastores que conheço – ouso dizer a maioria, embora nem todos. Mas me permita ainda dizer que tropeçamos ou não conforme decidimos agir e reagir de forma adequada ou não. Isso se chama mansidão e domínio próprio, ambos constantes na lista dos dons espirituais elogiosos e produzidos pela vida de Deus em nós pela ação do Seu Espírito. Tudo começa com uma decisão do tipo “eu quero mais de Deus em mim a ponto de reagir mansamente”.

Lembre-se: evangelho é estilo.

Mário Fernandez

Atitude – Vivendo o Evangelho

Quero continuar meditando no aspecto mais prático possível do evangelho. O egoísmo pode ser claramente entendido como vontade, interesse ou desejo de me satisfazer (na minha vontade) antes ou acima de qualquer outro interesse. Nada é mais importante do que EU. Percebemos isso em coisas grosseiras e bem óbvias, mas para estas não precisamos de muita ajuda. Vamos olhar para as miudezas.

Quem pega o bife maior? O que acontece quando o vendedor cobra menos que o valor correto? Quem diz a última palavra numa discussão? Quem toma banho primeiro? Quem escolhe o almoço? Pequenos esforços, grandes resultados. Na lista dos pequenos egoísmos ainda temos coisas cotidianas como: sempre ter razão, não deixar os outros falarem (síndrome da idolatria da própria voz), isolar-se atrás de um “APP” e tantas “coisinhas”. Existe ainda um egoísmo disfarçado de humildade, incompatível com o evangelho de Cristo, que se manifesta, por exemplo, não assumindo responsabilidades, fugindo de acertos e ajustes, não encarando suas responsabilidades e pasme – deixando inacabado o que começou (egoísmo simples, na verdade, pois valoriza mais se sentir bem do que honrar o que começou).

Outra atitude que denota o poder transformador do evangelho é o materialismo. Coisas enormes, de novo, são fáceis de notar, mas nem tudo é tão grande. Perder dinheiro estressa mais do que ficar doente? Quando bate o carro fica preocupado com os feridos ou com os danos no carro? Se alguém passar mal fica doido por que vomitou no tapete? Quando suja uma roupa cara fica estressado? Briga por moedas de troco? Sinais de um materialismo enrustido, ou nem tanto, que denotam que esse mundo pesa na escala de valores. Para alguém que está de passagem para uma morada eterna em outro mundo, isso não deveria ter espaço. Isso também é certeza de salvação.

A cura para isso e outras mazelas mal disfarçadas se chama atitude. É acordar cedo, respirar fundo, louvar a Deus por ter acordado (vivo), agradecer pelos desafios que virão e pelas vitórias que trarão e enfrentá-los. Atitude, decisão, força de vontade (popularmente chamamos de pegada). Ingredientes esquecidos num mundo isolado, digitalizado, de relacionamentos esfriando. Quem liga para um espirro? Pois saiba que nossa vida neste mundo por longa que pareça, perto da eternidade, é menos do que um espirro, menos que um suspiro, menos uma piscada. Viver o evangelho é entender isso e tomar atitude nessa direção. É se livrar desses egoísmos aloprados e desenvolver um dos dons espirituais menos valorizados na nossa geração: domínio próprio.

Quero terminar relembrando: o evangelho não é uma ação ou conjunto de regras, é um estilo.

Mário Fernandez

Fé – Vivendo o Evangelho

Quero dedicar algumas semanas meditando no aspecto mais prático possível do evangelho, naquelas coisas que normalmente saíram de moda ou perderam espaço nos grandes púlpitos. Em tempo, não sou contra igrejas grandes ou pregadores eloquentes, muito pelo contrário. Mas tenho andado muito por esta mundão e tenho percebido que quanto mais o povo cresce, mais perde a simplicidade de um evangelho que nunca deveria ter sido complicado.

Acho que não precisamos mais de palavras elucidativas e pensamentos elaborados sobre o que é fé. Sendo telegráfico de tão simples, fé é crer mesmo quando não dá. E a salvação que vem pelo evangelho é assim, ela nos coloca crendo quando não dá. Cremos que vamos morar no céu mesmo nunca tendo visto ou conversado com alguém que veio de lá, cremos num Deus invisível, cremos em palavras de um livro que tantos falam mal, cremos em milagres impossíveis.

Mas na prática do cotidiano, viver o evangelho é ter fé para salvação. É, sim, ter noção clara de que o mundo está perdido, jaz no maligno, vai de mal a pior, não vai ter moleza nem grandes melhoras, tudo está ruindo e bem rápido, por sinal. Mas em meio a este caos eu estou a salvo. Mesmo que tudo esteja afundando, eu tenha problemas a resolver, não esteja isento de sofrimentos, mas estou a salvo. Mesmo que eu não compreenda claramente todas as coisas, que tenha um monte de conceitos que não estão claros, que precise aprender muito, eu estou a salvo. Em meio a pessoas que não honram sua palavra, que agem mal, que mentem, que desapontam, que perdem a linha, muitas vezes até no grupo eclsiástico (igreja, comunidade, etc) ainda assim eu sei que estou a salvo.

O evangelho é o poder de Deus para salvação. Talvez eu não prospere, talvez eu não seja curado, talvez meu milagre não chegue em tempo, talvez eu não consiga me sentir muito melhor, talvez eu não consiga nem crer em mais muita coisa. Mas se eu crer que estou salvo para a eternidade, o poder do evangelho deu certo em mim e me alcançou, fez efeito. Estou salvo.

Viver assim é viver diferente dos demais em vários aspectos, mas quero apenas destacar duas coisas que me chamam a atenção nesse nosso tempo: o egoísmo tem de dar lugar ao altruísmo; a fé tem de tomar o lugar do materialismo. Tem muito pano para manga nisso, mas vamos chegar lá, com fé.

Quero terminar enfatizando: o evangelho não é uma ação ou conjunto de regras, é um estilo de vida.

Mário Fernandez

Cruz – Intercessor II

Interceder é buscar o interesse de outro, eventualmente até em detrimento do interesse próprio. Ato ou efeito de exercer influência em determinada situação na tentativa de alterar o seu resultado. É a pessoa que paga uma dívida que não era sua, ou que conversa com o líder de outro para aliviar uma punição, ou até mesmo quem fala com o juiz para reduzir uma pena ou atenuar uma culpa – essa pessoa é o intercessor. Já vi a mãe interceder em favor do filho levado junto ao pai severo, para que não exagere na punição. Já vi pastores intercedendo junto ao marido para que perdoe a esposa e vice-versa.

No contexto de igreja contemporânea, costumamos chamar de intercessores as pessoas que se dedicam à oração. Ainda que não esteja necessariamente errado é uma verdade incompleta, pois interceder é muito mais do que orar e orar é muito mais do que “somente” seja o que for. Intercessão nesse contexto deve ser uma dedicação de combate, de luta, de guerra – nunca em favor de si mesmo mas de outros. Interceder junto a Deus, em nome do Filho e na unção do Espírito Santo – isso muda a história. Podemos e devemos interceder pelos nossos líderes, pastores, ovelhas, discípulos, amigos, parentes, familiares, colegas. Não adianta interceder pelos mortos (tema polêmico), não adianta pedir salvação (é individual e pessoal), não adianta interceder por si mesmo (nem é intercessão). MAS adianta interceder sim, adianta orar sim.

Jesus de Nazaré, Filho de Deus em totalidade de essência e Espírito, morreu em nosso lugar e, por isso, por este único motivo, pode exercer influência em nosso favor – interceder. Ele e somente Ele tem essa prerrogativa, pois biblicamente falando não temos qualquer outro personagem que reúna suas características. Ainda que outro(s) tenham morrido da forma que for, mesmo que dando sua vida em favor de outros, somente Jesus é relatado nas Sagradas Escrituras como Filho de Deus, desprovido de qualquer tipo ou forma de pecado, totalmente ungido por Deus.

Isso significa que Jesus é muito mais do que nosso fiador quando formos prestar contas diante do Pai. Ele vai “falar bem da gente” para o Juiz Todo Poderoso, cujo trono está fundamentado em justiça e juízo (Salmos 89:14). Ou seja, numa linguagem bem popular e simples, Jesus além de pagar nossa conta ainda vai quebrar o galho com o credor. Só Ele mesmo. Lembremos que justiça consiste em dar a cada um o que é merecido/devido, o que no meu caso seria simplesmente o inferno.

Quanto mais eu estudo esses assuntos e mais me aprofundo no entendimento do que Jesus fez naquela cruz, mais fico impressionado e agradecido. É fascinante não ter o que dizer a alguém pelo tanto que fez por mim. Só me resta agradecer, me curvar e ceder à Sua vontade devolvendo a Ele o que me deu – tudo. Minha vida – tudo.

Mário Fernandez

Procrastinação

Conversava poucos dias atrás com um amigo de longa data (coisa de 20 anos ou mais) quando tocamos neste assunto, referindo-se a uma situação envolvendo outro irmão em fé. Sempre fica para depois, sempre tem algo a dizer, o resultado demora.

Jesus não ficou enrolando para ir para a cruz em meu lugar, não retardou seu sofrimento, não remarcou o tempo de tentação no deserto, não disse para esperar quando sua missão deveria começar, não esperou pelo próximo batismo. E nem mesmo para o traidor ensinou a protelar – vai e faz depressa.

Estamos nos primeiros dias de mais um ano e vejo milhares de pessoas fazendo planos e mudando coisas em suas vidas. Me pergunto o motivo disso, mas não encontro. É puramente psicológico, coisa de clima de virada de ano. Deus nos tem chamado diariamente, sua misericórdia se renova a cada manhã, devemos tomar nossa cruz a cada dia, basta a cada dia o seu mal, devemos renovar a mente de forma constante e por aí vai. Por que esperar o ano virar?

Repare que aquela dieta vai começar depois das festas, a troca do carro no início do ano, a pintura da parede, a mudança de hábito ou de atitude, até mesmo o propósito de orar mais.

Povo de Deus não precisa disso, precisa é de atitude e de assumir um estilo de vida de renovação, de novidade de vida, de simplicidade no viver e no agir, sem ficar protelando. Me permita uma reflexão: qual o melhor dia para um infarto? Ou para bater o carro? Ou para perder um ente querido? Se para estas coisas a resposta é que “nunca” é uma data boa, você pensa como eu.

Coisa boa não tem hora ruim e coisa ruim não tem hora boa. Busque a Deus hoje, ore hoje, leia a Bíblia hoje, peça perdão hoje, perdoe hoje, cante louvores hoje, muda de atitude hoje. Não precisa ser imediatista, pense no futuro, mas comece hoje. Não marque outra data que não seja hoje. Afinal, Aquele que diz “eis que estou à porta” não nos revela suas datas, podemos não poder contar com o amanhã ou com o ano vindouro.

Se hoje ouvir a minha voz, não endureça teu coração.

Mário Fernandez

Cruz – Trevas

“E desde a hora sexta houve trevas sobre toda a terra, até à hora nona.” (Mateus 27:45)

Eu fico fascinado ao ver o que Deus faz, por vezes em meio a um contexto maior ou mais complexo. Meu Deus é o Senhor dos detalhes, das miudezas, das coisas simples. Por que raios, pergunto eu, ficaria escuro ao meio dia? Isso é a descrição de um eclipse solar em plena hora do almoço, no oriente médio, com sol a pino… Durante 3 horas!!!

O foco era Jesus morrer na cruz, levar nossos pecados, cumprir as profecias, consumar o antigo pacto – o que tem o eclipse a ver com isso? Será que a duração de 3 horas tem significado especial ou é apenas mais um número?

Especulações e curiosidades de lado, sendo bem objetivo, parece-me que simplesmente Deus precisava chamar a atenção de toda humanidade para o que aconteceria logo a seguir. Por mais tentador que seja meditar sobre o significado do numero 3 em tantos cenários biblicos, temos de atentar primariamente à escuridão em si.

Quando lidamos com crianças, por exemplo, é mais eficiente falar baixo do que gritar – prende mais sua atenção. Apagar a luz é uma forma de chamar a atenção também e parece que foi o que Deus fez com o sol neste momento. Ao pensar na escuridão também lembramos de um tempo difícil, de algo pesado, de algo tenebroso, de algo que precisa ser resolvido. No fundo todos nós ansiamos pelo clarear do dia, pois a noite tem instrinsecamente um ar de pendência ou transitoriedade. O salmista demonstra esse aspecto no Salmo 30 – O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã – dizendo que o choro passa e sugerindo que a alegria será duradoura.

Não consigo evitar de lembrar que Apocalipse 21 descreve a Nova Jerusalém, cidade celestial, como um lugar onde nem o sol precisa brilhar pois a glória do Senhor resplandece de forma suficiente para não existir mais noite. Outra sugestão fortíssima de que a noite passa (escuridão) mas a luz é duradoura com todas as suas benécies.

Aquele escurecer está me ensinando algo maravilhoso: sempre que eu me sentir no escuro, nas trevas, na espera do amanhecer – algo pode ressuscitar logo a seguir. Pode ser que leve uns 3 dias, mas depois da noite sempre vem a alvorada. Depois da morte sempre virá a vida. Depois do escuro sempre virá a luz. Deus me ensina, claramente, que vale a pena esperar Nele e com Ele seja para o que for, pois isso é fé. Esperar pelo que não se vê por causa do escuro, isso é fé. Esperar pelo que não tem mais chance de vir, como uma vida brotando da morte, isso é fé. Eu creio de coração que na última hora daquele “eclipse” muitos já nem acreditavam mais que a luz voltaria. Aos que creram, Deus presenteou com a luz – e com a fé.

A cruz de Cristo mais uma vez me ensina que esperar no Senhor vale a pena sim, mesmo que pareça tudo tão escuro ao meu redor.

“Senhor, não me permita esmorecer ou desanimar apenas por que ao meu redor tudo está escuro. O Senhor fará brotar luz de onde não há, basta eu andar nos Teus Propósitos.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Cruz – Fins

“E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras; E abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos que dormiam foram ressuscitados” (Mateus 27:51,52)

Este trecho das Escrituras me fascina, pois me imagino na hora e lugar onde aconteceu. Fico pensando que ao testemunhar esses eventos cataclísmicos, pareceria que o mundo iria acabar. Um véu espesso como uma cortina de cordas se rasga, o céu escurece, a terra treme, um bando de mortos sai andando pela cidade. Cenas de filme, certamente. Sim, era o fim. Mas não de tudo.

Era o fim da separação entre o santo e o santíssimo. Note bem, o profano continuou do lado de fora, mas aquilo que é santo (representando a humanidade) e o santíssimo (representando o Senhor Deus Todo Poderoso) deixaram de ter uma cortina, uma separação, uma divisória, um bloqueio. Abre-se um novo e vivo caminho direto ao santíssimo, inaugura-se um novo tempo de comunicação clara e direta junto ao Senhor, faz-se tudo de outra forma e de outro modo. O sumo sacerdote não precisa mais entrar ali anualmente, eu posso ir sozinho. Não preciso mais temer a presença do Senhor (e morrer) pois o véu rasgado é um convite à intimidade. Não tem mais segredo, o véu está rasgado. E mais: rasgou-se sozinho, em dois pedaços, de alto a baixo.

Era também o fim da firmeza da terra, que todos acreditavam ser a base firme e sólida para o homem estabelecer seu reinozinho patético, frágil e mais dependente do que admite. A terra firme tremeu. A força do homem foi abalada. Não adianta correr, não há onde se esconder. Foi o fim do que poderia ser razoável e fazer sentido, Deus não quer mais isso, agora ele quer intimidade. Foi uma declaração de poder supremo, de uma força descomunal incompreensível, foi um abalo de fundações e fundamentos, a ponto de rochas se fenderem. Nada mais precisa ser firmado em solo. Agora podemos voar, nada mais nos impede, Ele nos convida à Ele e nos dá o empurrão que faltava declarando que não somos nem podemos nada.

Era ainda o fim do império da morte, pois os mortos começam a voltar, a prisão deles foi revogada. Aquilo que nunca teve remédio agora tem. Mesmo que até os nossos dias há os que creiam que “pode-se dar jeito em tudo menos na morte” EU DISCORDO. Jesus deu jeito nela sim, não precisamos temer uma derrota com ela, não precisamos fugir como quem não pode vencer. A morte de Jesus matou a morte de dentro para fora. Foi o “cavalo de troia” mais poderoso, sobrenatural, intempestivo e irreversível de toda história da humanidade. Nunca mais olharemos para a morte com os mesmos olhos.

Rasgou-se tudo: a separação, a terra e a morte. O que resta para ser rasgado? Talvez o véu do meu ou do seu coração, talvez os fundamentos da minha e da sua alma.

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Cruz – Único

“E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.” (Atos 4:12)

Procuro sempre compartilhar a minha fé, em meio ao desempenho de minhas tarefas cotidianas. Esta semana entreguei 8 Biblias e levei um rapaz para comer uma pizza, a bem de compartilhar da minha fé. Em meio às muitas dúvidas e resistências que as pessoas com relação ao Evangelho, uma sempre me chamou a atenção: por que todas as religiões estão certas? Por que não podemos ter mais de uma fé em ação ao mesmo tempo? Por que para um estar certo, outro tem de estar equivocado?

Eu mesmo vivi essa dúvida na juventude, não censuro as pessoas que querem entender Deus e Seus Princípios. Mas, felizmente ou infelizmente, as coisas são como são independentemente de crermos nelas. Sempre me refiro ao exemplo mais gritante que aprendi na minha vida: se eu decidir não crer mais na lei da gravidade vou parar de cair? Se eu renegar o poder da gravidade posso voar? Certamente que não é tão simples.

A vida espiritual é relativamente simples, como simples é o evangelho (boas novas) em Cristo Jesus. Nele há salvação, e somente Nele. Por que? Porque Ele fez o que ninguém mais fez, morrendo sem merecer, no lugar dos que merecem, voltou da morte para nos confirmar a promessa e vai voltar para nos buscar. Costumo responder que a exclusividade “religiosa” vem da exclusividade da cruz. Tem algum outro que fez isso?

Precisamos entender que nossa verdade sempre pode estar equivocada pela nossa percepção falha, pois somos humanos. Podemos ter entendido errado. Podemos não estar no caminho certo. Para isso pensamos, estudamos, meditamos e fazemos provas (no sentidos de testes e validações). Jesus passa em qualquer verificação que façamos, por causa da cruz. Por isso, o versículo desta meditação merece credibilidade e atenção – só há um que salva e é Ele. Jesus é sinônimo de salvação.

Aos 2015 da nossa era, tenho ouvido notícias de igrejas, congregações, comunidades, grupos de todo o tipo, que professam um Jesus meio estranho, meio parcial, meio pela metade. Tenho ouvido de pastores cujas práticas são abertamente contrárias ao que leio nas Escrituras, liderando um povo que mais parece um gueto pois só pode fazer parte quem é isso ou aquilo. Ouvi no rádio sobre pastores traficantes de drogas ungindo as armas de seus fiéis e orando para eles não serem presos. Ouvi de combates facciosos entre denominações que depredaram o patrimônio de seus rivais. Tenho ouvido sobre um crescimento numério expressivo em grupos cuja verdade não liberta e não aponta para a cruz. Recebo notícias de pessoas que se declaram “crentes” com cargos em suas igrejas locais mas têm amantes, sonegam seus impostos e não pagam seus fornecedores. Ouço de gente preconceituosa e que maltrata os desfavorecidos. A estes meu recado pacifista é simples e direto: entendam-se com Deus, mas eu não quero ser um de vocês. Não vim condená-los, apenas não quero fazer parte disso.

A todos os demais, que se esforçam para fazer o que Bíblia ensina, para orar e meditar na Palavra de Deus, para corrigir suas falhas e melhorar seu caráter, aos que prezam pela paz, aos que acolhem para sarar ao invés de condenar, aos que perdem no imediato para ganhar na eternidade, aos que reconhecem suas limitações e como eu choram por perdão – meu recado igualmente simples e pacifista: não desistamos, Deus tem algo para nós. Isso é cruz, isso é um recado que (me perdoem ser tão direto) incompatibiliza as coisas.

“Senhor, eu só quero viver segundo Teus princípios. Só o que quero é Te agradar e sei, entendo, reconheço e agradeço pelo que Jesus fez por mim. Não tem como aceitar outra divindade em minha vida.”

Mário Fernandez