Mário Fernandez

Novidade de Vida – Foco

“Mas, visto que se trata de uma questão de palavras e nomes de sua própria lei, resolvam o problema vocês mesmos. Não serei juiz dessas coisas”.” (Atos 18:15)

Neste episódio tentaram prender o irmão Paulo mas o “juiz” de então, cidadão chamado Gálio, os expulsou do tribunal por entender ser algo sem gravidade e que não lhe cabia julgar. Este cidadão me ensinou uma lição importante sobre foco e determinação.

Nós, seguidores de Cristo, temos sofrido por falta de entendermos o que é foco e o que não é; principalmente quando se trata de algo que, aos olhos deste mundo, não tem nada de errado. Qual é o problema? Onde estou errando? Não é imoral, por que eu não posso? A lei dos homens permite, qual é o problema? A resposta a todos estes questionamentos é uma só: por que tudo que nos tira do alvo de Cristo para nossa vida, que nos desvia do foco, não nos convém e portanto é pecado.

Temos nos metido em questões que não nos dizem respeito enquanto milhões vão para o inferno sem a salvação oferecida graciosamente por um Deus tão amoroso quanto o nosso Pai Todo Poderoso. Não quero criticar ninguém especificamente, mas olhar para a realidade de nossos dias e de nossa geração. Aqui expresso meu pensamento e minha opinião.

Não sou contra a igreja ser, através de seus líderes e membros, politicamente ativa – desde que não perca o foco de ser igreja. Não sou contra fazer assistência e ação social – desde que isso não tome o lugar da pregação do evangelho. Não sou contra tratarmos de dependentes e viciados – desde que isso não submeta a igreja a um jugo de custos e empenhos que não permita fazer mais nada. Não sou contra ter gente de todo tipo dentro da congregação – se nos dispusermos a cuidar bem de todos eles.

Quando olhamos para decisão de Galio devemos aplaudir. Se o assunto não me diz respeito, está fora de meu escopo de atuação, se não devo me meter nisso – nada pode ser melhor nem mais apropriado do que não se meter nisso. Nem tanto pelo assunto em si, mas por que ao fazer isso eu terei mais tempo e atenção para fazer o que de fato EU devo fazer. Se eu tivesse tido esta atitude eu estaria mais atento à voz de Deus e teria poupado dissabores recentes.

Posso dizer sem medo de errar: nenhum de nós vai acertar todas as decisões que tomar. Mas será muito mais assertivo quem aprender a dizer não para o que está fora do foco, do que qualquer um que pretenda encarar tudo que aparece. Isso, meu querido leitor, também é vida transformada.

“Senhor, me ajuda a entender até onde devo e ir. Me dá força e firmeza para dizer não quando devo dizer não. Ilumina-me para eu ficar no foco do Senhor para minha vida.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Novidade de Vida – Sensibilidade

“Que a paz de Cristo seja o juiz em seus corações, visto que vocês foram chamados a viver em paz, como membros de um só corpo. E sejam agradecidos.” (Colossenses 3:15)

Visitei um amigo dias atrás em sua casa. Não é um amigo de longa data, na verdade de bem pouco tempo. Apresenta a esposa, o filho menor, convida para o café, fomos juntos ao culto em sua igreja. De modo quase litúrgico, no final do culto – comer em algum lugar, claro! No meio da conversa a pergunta “como treinar o ouvido para escutar a voz de Deus?”

Essa pergunta, talvez não tenha sido bem nestas palavras, me despertou uma santa curiosidade, sadia, de pensar a respeito e confesso que ainda estou com isso em mente. Mas a vida de um homem transformado por Jesus é assim mesmo, entre questões para meditar e desafios para vencer, as vitórias vêm vindo para edificar. Parece que não chegarei tão cedo a uma conclusão, mas algo Deus me tem falado.

Temos de aprender a diferenciar nossa empolgação e satisfação de alma daquilo que é a paz de Cristo. O juiz do nosso coração deve ser inconfundivelmente claro, pois as dúvidas no levam para o muro da indecisão e fica mais complicado para Deus agir, não por que Ele não possa ou não queira, mas por que nós resistiremos ainda mais a ouvir. Quando aprendemos a diferenciar a nossa paz da paz Dele, começamos a ouvir melhor a Sua voz.

Não sei explicar com palavras, mas quando Deus dá paz em algum assunto o tipo de certeza é diferente – Deus está falando. Às vezes é do lado bom, às vezes um alerta para o perigo, às vezes uma direção, uma confirmação. O importante é notarmos que isso tem um motivo que o apóstolo Paulo deixou claro – não fomos chamados para perder a paz.

Recentemente assuntos profissionais caminharam na direção de roubar a minha paz e por fraqueza eu acabei sendo abalado. Foram dezenas de noites mal dormidas (ou nem dormidas), angústia de alma no nível mais extremo e a paz se esvaiu. O resgate do Senhor veio ao clamar não para sair da encrenca, mas para restaurar minha paz. Quando o Senhor falou, o caminho se abriu, a estratégia apareceu e, como que por um milagre sobrenatural, tudo ficou nítido. É inconfundível. Bastou começar a tomar as atitudes do Senhor e tudo começou a mudar, começando pelas noites de sono.

Meu querido, para ser sensível à voz de Deus, precisamos, antes de tudo, conhecê-Lo. Depois, precisamos conviver com Ele. Depois, precisamos analisar tudo que ouvimos. Depois, aprender a treinar a diferenciar a paz comum da verdadeira paz. O resto é história sendo escrita.

“Senhor, quero viver Teus propósitos para minha vida ainda que isso implique em negar minha vontade e abrir mão de coisas. Me ensina a ouvir Tua doce voz para viver a Tua paz.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Novidade de Vida – Firmeza

“Seja o seu ‘sim’, ‘sim’, e o seu ‘não’, ‘não’; o que passar disso vem do Maligno”. (Mateus 5:37)

Tem custado extremamente caro na minha vida não manter o meu ‘sim’ sendo positivo, assim como meu ‘não’ negativo. Minhas negativas que são trêmulas e representam ‘talvez’ me colocaram em encrencas muito sérias este ano. Estou pagando caro, tanto financeiramente, quanto emocionalmente, em relacionamentos, ministerialmente, socialmente e até mesmo, porque não admitir, espiritualmente.

O Senhor me ensina nesse tempo de forma dura, amarga, severa, insistente, firme – mas muito amorosa. Quando minhas forças parecem exauridas, o Senhor vem em meu socorro. Quando a alma se angustia até a morte, eu lembro do nosso irmão mais velho que passou por isso e nos deixou exemplos para serem imitados.

A vida de um homem renovado, nascido de novo, em novidade de vida, precisa passar por tempos de forja, de aprimoramento, de aperfeiçoamento, de sofrimento. Sem isso por mais que tenha havido princípios e educação desde a base, o caráter sempre será incompleto. Se foi assim com Moisés, com Eliseu, com Elias, com Jeremias, até mesmo com o Senhor Jesus foi necessário um tempo de deserto.

Isso não pode ser evitado mas pode ser abrandado severamente com uma vida e uma conduta onde o sim é sim e o não é não. Não pode haver talvez na vida de homens renovados por Deus. A legalidade que se estabelece com alianças mal feitas, com acordos indevidos, com displicência e descaso, mesmo os mais simples atos de irreverência – tudo isso cobra seu preço mesmo que não consigamos perceber ou sentir seus efeitos.

Vivo dias em minha vida e minha família em que os preços subiram demais e as margens de erro diminuíram muitíssimo. Dá para entender, afinal na caminhada com Cristo ou crescemos ou caímos e pela graça e favor de Deus eu não caí. Crescimento faz o nível subir e o padrão aumentar. Quem entender isso vai pagar o preço do crescimento, quem não entender vai pagar o preço da estagnação ou pior – da queda.

São dias em nosso país e no mundo em que vivemos, onde não se estabelece quem fale a verdade mas quem seja mais convincente. Numa ação judicial são as provas que contam e não a verdade em si. O Reino de Deus é o único lugar onde a verdade é absoluta, onde há um Rei dos Reis e um Soberano.

Sejamos nós os esquisitos, diferentes, estranhos, pode chamar como quiser. Desde que mantenhamos um sim que significa sim e um não que significa não. Vamos manter nossa palavra para crescer diante Daquele que é o Único que dá valor à verdade como nenhum outro. A Ele seja o louvor, a glória a honra e a majestade pelos séculos dos séculos.

“Senhor, me ajuda a não vacilar quando meu sim tender a talvez e meu não seja um ‘quase’. Me fortalece para fechar as brechas que minhas palavras abrem no mundo espiritual. Preciso da Sua ajuda.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Novidade de Vida – Obediência

“Aquele que diz: ‘Eu o conheço’, mas não obedece aos seus mandamentos, é mentiroso, e a verdade não está nele.” (1 João 2:4)

Fico impressionado com os dias em que vivemos e com esta geração em que aprouve ao Senhor me colocar para conviver. Tempos de imediatismo, egoísmo, avareza, inverdades, frieza espiritual – em contraste com uma igreja de grande pluralidade, crescimento numérico expressivo, mas de pouca relevância. Isso é, no mínimo, curioso.

Penso eu que dentro da realidade natural, não há muito bons sinais à nossa frente. A desobediência aos princípios naturais está degradando o planeta, escasseando seus recursos, distribuindo renda de forma cada vez menos adequada e por aí adiante. O que pensar? Adianta ser alarmista? Dentro da realidade sobrenatural, o fim se aproxima e as profecias vão se cumprindo uma por uma. Os dias que foram preditos como os últimos se caracterizam ao nosso redor. Adianta ser alarmista?

De fato, o ponto em questão é que hoje até mesmo um ateu solta um “deus te abençoe” ou “deus me livre”, intencionalmente escritos com letra minúscula pois não creio que estes se refiram ao Deus a quem eu sirvo. Mas será que nós o conhecemos? Será que servimos tolamente a algo ou alguém que pouco ou nada se importa conosco? O questionamento não pode estar do lado errado. Deus é Deus e continuará sendo, tanto para os que Nele crerem como para os incrédulos, somos nós os mortais e o ponto fraco da relação. A expressão de conhecimento que João nos traz com relação ao Pai é pela obediência.

Quando pensamos em mandamentos, não podemos fugir de pensar num conjunto de regras e códigos de conduta, decisões, posturas e critérios. Sendo assim, temos também de considerar sua organização e hierarquia. Há mandamentos mais importantes e menos importantes, com consequências maiores e menores, tanto para obedecer como para desobedecer. Neste ponto, me dou à liberdade de estabelecer um paralelo e uma interpretação pessoal. Se os mandamentos têm ordem de grandeza e importância, isso provavelmente define também a profundidade do conhecimento. Ou seja, se eu cumprisse totalmente os mandamentos eu seria 100% conhecedor e conhecido Dele (mas apenas Jesus de Nazaré foi assim). Se eu cumpro fortemente o maior dos mandamentos, tenho mais conhecimento com Ele do que negligenciar o maior e cumprir os menores. Assim penso eu.

Se esta linha de raciocínio for válida, temos um problema. Olhando para o meu coração, não me é penoso não roubar, honrar meus pais, não cobiçar a vizinha… mas quanto a amar temos um problemão. Não basta amar a Deus, devo fazê-lo SOBRE ou ACIMA de todas as coisas, e isso vai incluir minha vontade e meu ego. Os dois mandamentos que resumem a lei são amar e amar. Isso não pode ser imposto por força, como os demais (com uma arma na cabeça qualquer um fala a verdade ou guarda o sábado ou não mata ou não adultera!).

Novidade de vida é viver a verdade, em verdade, pela verdade, repleto de verdade. Isso se consegue obedecendo Seus mandamentos, como expressão de conhecimento Dele.

“Senhor, me ajuda a desejar a obediência para a minha vida, de modo diferente do que fui até hoje. Quer ser verdadeiro diante de Ti e quero ser conhecido do Senhor. Me ajuda e me ensina.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Novidade de Vida – Gratidão

“Deem graças em todas as circunstâncias, pois esta é a vontade de Deus para vocês em Cristo Jesus.” (1Tessalonicenses 5:18-19)

Uma das coisas mais tristes que escuto as pessoas dizerem é que não sabem qual é a vontade de Deus para suas vidas. Isso me entristece, pois nada deveria ser mais importante na vida de uma pessoa, mas também me entristece porque eu tenho a mesma dúvida tantas vezes em situações específicas que me consolaria se fosse só comigo. Mas não é.

Obviamente, algumas coisas são individuais, mas temos uma vontade de Deus geral para todos nós expressada neste versículo que deveria nos ajudar a nos orientar. Para vivermos em novidade de vida, em vez de perguntar “será que isso é da vontade de Deus?” poderíamos nos perguntar “será que isso me deixará grato a Deus?” É uma abordagem diferente que nos leva ao mesmo lugar mas por outro caminho, pois tendo gratidão daremos graças e isso sempre será da vontade de Deus em Cristo Jesus, para todos nós.

Nosso imediatismo nos leva na contramão e nos faz pensar que a vontade de Deus tem que ser o que eu quero, o que me interessa neste momento, o que me alegre imediatamente ou, o pior de tudo, algo que sei que vai contra as Escrituras mas me agrada. Vivemos uma vida corrida demais, atarefada demais, intensa demais. Nossos filhos mal nos conhecem, nossos casamentos não são firmados na rocha, nossos empregos são frágeis, nossa fé é superficial. Será esta a vontade de Deus? Não creio e, claro, estou falando em linhas gerais e há exceções.

Se tivermos uma mente renovada, pensaremos mais para frente, entendendo que os sacrifícios de hoje serão minha gratidão de amanhã, ser previdente semeia meu futuro, ser cauteloso me poupa de stress, ser obediente me dá proteção, ser generoso me enriquece, dar é melhor do que receber, dizer não para os desejos me abençoa…. hoje é semente, amanhã serão ações de graças. Se a sua carne deseja isso e para você funciona bem, me permita te dar os parabéns pois a minha só age contra isso. Meus instintos e desejos naturais vão na direção oposta e luto diariamente para dominá-los.

Quer saber a vontade de Deus para situações específicas de sua vida? Um negócio, um relacionamento, uma compra, um curso, uma carreira, uma decisão qualquer? Meça com sinceridade o quanto isso vai semear ações de graças no futuro e subtraia disso a imediata alegria no seu coração. O saldo é uma boa medida do que provavelmente acontecerá. Grande saldo = grande chance de ser de Deus. Baixo saldo = baixa chance. Saldo negativo, meu querido, prefiro nem comentar.

Deus nos abençoe a todos nós, vitoriosos pré-datados perambulando por um mundo perdido.

“Senhor, as ações de graças precisam passar a ser mais do que uma prática em minha vida, mas uma medida da Tua vontade para mim. Tem misericórdia de mim e me ensina a viver para Ti mais e mais.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Novidade de Vida – Adoração da Meia-Noite

“E, perto da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus, e os outros presos os escutavam.” (Atos 16:25)

Eu sou um adorador na essência de tudo que sou e que faço, portanto quero usar de muita liberdade nessa meditação. Adorar vai além de cantar, de declamar um poema, ou de qualquer expressão artística que aponte para Deus. Adorar é colocar Deus no lugar Dele e eu ir para o meu lugar. É reconhecer Sua Essência Divina, é se perder no tempo e no espaço para desfrutar da Face do Todo Poderoso, é esquecer de pedir, é sentir a Presença Dele de forma sobrenatural. Adorar é o mais perto que podemos chegar do Pai Celeste enquanto ainda nesta vida.

Podemos usar a ferramenta da música para adorar, mas é apenas um meio. Paulo e Silas foram presos, maltratados e ainda assim encontraram forças para orar e cantar ao Senhor em plena meia-noite. Talvez você, como eu, viva dias de meia-noite em sua vida, mas creia em mim: toda noite passa e, ao amanhecer, as misericórdias se renovam, a alegria vem, algo acontece. As madrugadas às vezes são longas, o choro dura mais do que as forças, mas nada, absolutamente nada, impede meu sentimento de adorar. É a prioridade. É o que faz acontecer.

Paulo e Silas poderiam estar gritando, lamentando, chamando anjo, criticando o governo ou, como eu e você geralmente fazemos a meia-noite, dormindo. A maioria de nós a essa hora estará dormindo, coisa normal, natural. Mas um adorador, esse não tem hora para isso, não tem cansaço que o vença.

Minhas maiores experiências de sentir a Presença de Deus, sem dúvida, foram adorando – às vezes entre lágrimas sofridas por dificuldade financeira, enfermidade, desapontamento, traições, fracasso em cima de fracasso, desânimo, cansaço, lutas e mais lutas. Mas Aquele que Era, que É e que Há de Vir, sempre veio em meu socorro, nunca me deixou na mão, jamais me abandonou nem me desamparou. A Ele meu fôlego, minha vida, minha voz e minha força até que venha o Senhor. Outras vezes era tanta satisfação e alegria, tanta vitória, tanto o que agradecer, que eu nem conseguia fazer isso, era só reconhecer a Santidade Dele, a Santidade Dele, a Santidade Dele. A Ele minha adoração, meu reconhecimento, minha gratidão, todo meu fôlego e todo meu vigor, até que venha o Senhor.

Uma vida renovada por Cristo encontra forças para adorar, ainda que esteja falido, com câncer, solitário, decepcionado, traído, encurralado – por que tudo isso passará, mas O Senhor Todo Poderoso nos deixou uma Palavra que jamais passará, ainda que os montes sejam abalados e os céus deixem de existir, que evaporem os mares e desabem as estrelas, que o sol se enegreça e a lua se torne em sangue. Nada importa, Ele é e Ele continuará sendo e eu vou morar com Ele para sempre.

Que sentido há nessa fumacinha de vida passageira, se não me servir de ensaio para a eternidade? Agora pense comigo: o que fazemos aqui e continuaremos fazendo lá? Será que vamos pregar, evangelizar, curar enfermos, usar dons? Duvido. O que vejo é adoração eterna e ininterrupta.

Aliás, ainda em tempo: Santo, Santo, Santo é o Cordeiro!

“Senhor, minha prioridade é Te adorar diante dos desafios ou em meio às vitórias. Não há outro Deus além de Ti, nem em cima no céu nem embaixo na Terra e nem debaixo da terra. Aleluia!”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Novidade de Vida – Reflexo

“de modo que o povo também levava os doentes às ruas e os colocava em camas e macas, para que pelo menos a sombra de Pedro se projetasse sobre alguns, enquanto ele passava.”(Atos 5:15-16)

Eu, pobre de mim, sempre pensava que a sombra de Pedro curava os enfermos por causa da unção da vida daquele apóstolo. Dias atrás eu ouvia um homem de Deus a quem muito respeito falando sobre isso e dei-me conta de que era uma visão míope das coisas. Vamos ao que aprendi, para edificação de todos nós.

Primeiro, sombra não cura. O poder de Deus é que cura e, para isso, Ele pode usar qualquer instrumento, seja óleo, medicamento, palavras de ordem, sombra, o que quiser. Segundo, sombra, a rigor, nem existe, é meramente uma luz interrompida ou encoberta – é aí que eu precisava chegar.

A luz que Pedro interrompeu com seu corpo formando uma sombra, não era o sol, mas era o brilho da Glória do Deus Todo Poderoso a quem ele servia naqueles dias de forma tão intensa, marcante, contundente, relevante, transformadora. Se fosse o sol, nada feito. Se fosse o brilho de Pedro, nada feito. Era com certeza o brilho da Glória do Pai.

Agora meu querido e minha querida, medite comigo no ponto que coloca este que vos escreve em crise: por que isso não volta a acontecer em nossos dias se Deus continua sendo o mesmo? Terá se desvanecido a Sua glória? Ou não há mais enfermos para serem curados? Ou de fato vivemos outro tempo com outras manifestações? Sei lá, mas tem algo na minha cabeça que não para de martelar. Seja qual for a resposta, Deus é o mesmo e eu não sou Pedro. Fato: o brilho da Glória do Altíssimo deveria ser o mesmo, com ou sem sombra promovendo curas.

Parece que em nossos dias inventou-se uma intimidade com Deus de um tipo transitório, efêmero, volátil. Num momento parece que a pessoa tocou nas vestes do Senhor e uma hora depois está brigando com a esposa. Não sou contra ficar doidão, chorar, rolar no chão, pirar, viajar – chame como quiser, sou adepto desde que seja entre eu e Deus, sem tropas de seguidores e sem “micos de auditório”. Mas isso tem que durar. Quando eu entro num estado tão profundo de conexão e intimidade, geralmente sofro um apagão que nem lembro o que fiz, e passo pelo menos alguns dias no mesmo mover. Não consigo entender esse mesmo Pedro cuja sombra era instrumento de cura, alguns minutos depois brigando com o frentista porque pingou gasolina na lata do seu carro…

Se queremos empunhar a Bíblia como nosso escudo, alegando ser ela nosso código de fé e prática, não podemos nos afastar do brilho que provoca a sombra que provoca a cura. Ainda que ninguém seja curado dessa forma, devemos ter anseio pelo brilho. Ainda que nada de fantástico aconteça deveríamos continuar ansiosos pela Presença Dele.

Vida renovada, novidade de vida é, acima de tudo, uma vida de intimidade crescente com o Pai. Creio que o maior desserviço prestado ao Corpo de Cristo na Terra ao longo dos séculos foi a religiosidade, que no meu conceito consiste em colocar procedimentos no lugar de princípios, modos no lugar de essências, moldes em vez de resultados e, principalmente, conceitos no lugar de intimidade. Levantemo-nos e busquemos ao Senhor.

“Senhor, não quero ser religioso, nem carnal, nem distante de Ti. Tua Palavra diz para me aproximar de Ti e quero isso. Ajuda-me a aprender Contigo como buscar Tua Intimidade.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Novidade de Vida – Julgamento

“Pois a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais afiada que qualquer espada de dois gumes; ela penetra ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e julga os pensamentos e intenções do coração.” (Hebreus 4:12-13)

Este versículo é muito conhecido e tem falado aos corações do povo de Deus por séculos. Talvez (não quero exagerar) eu em 100% das vezes ouvi esta citação falando sobre a Palavra de Deus. Levou-me o Senhor a meditar em outro aspecto.

Tenho convivido nos últimos anos com algumas pessoas que, falando pelo natural, eu preferia não ter nem conhecido. Não quero escandalizar ninguém nem parecer insensível a um mundo perdido e gente pecadora, mas algumas figuras são intoleráveis. Caráter completamente podre, picaretagem descontrolada, adultério como estilo de vida, mentira como prática constante, arrogância como marca registrada, abusos desmedidos, avareza extrema. Mas quem sou eu para julgá-los? Estou pecando.

Quem julga os pensamentos e intenções do coração? Sou eu por acaso um tipo de procurador da Palavra de Deus para assumir este julgamento? Misericórdia. Quero ser mais útil para Deus do que para mim mesmo.

Ao me deparar com este dilema moral, fico a pensar quantas vezes eu devo ter me colocado no papel de um deus matusquela, desqualificado e sem a menor condição de reinar. Devo ter emitido algum juízo correto, em meio a tantos equívocos. Na prática, isso me levou a um certo deserto. O deserto de não ganhar todas as almas que poderia, pois as que aparecem diante de mim são julgadas em vez de serem amadas. O deserto de perder oportunidades espirituais e receptividade das pessoas, apenas por que eu as evito e julgo em vez de amar e ajudar. O deserto de carregar um peso para o qual não fui chamado e, portanto, não fui capacitado e equipado para carregar.

Neste momento busco em meu coração uma forma prática, simples e direta de reverter este quadro. Preciso urgentemente de um meio de mudar meu coração de tal modo que a Palavra de Deus passe a ser em mim, interiormente, algo superior à minha opinião e vontade. Ela separa alma e espírito e, portanto, é ela que vai separar o natural (alma) do sobrenatural (espírito).

Novidade de vida é viver em busca de uma vida que agrade mais a Deus hoje do que agradou ontem, o que certamente implica mudar de atitude diante da Palavra de Deus. Pela Palavra de Deus eu posso discernir as coisas, portanto devo admitir que preciso dela mais do que pensava. Dependo dela de forma mais prática do que imaginava. Devo ser mudado por ela mais do que admito.

O desafio imediato consiste em parar de julgar e começar a aprender com Deus pela Sua Palavra. Falar que ela é minha única fonte e regra é uma coisa, viver assim é bem outra. Se queremos levar Deus a sério, precisamos levar Sua Palavra a sério.

“Senhor, me perdoe pela arrogância de colocar Tua Palavra abaixo da minha opinião e dos meus desejos. Muda minha disposição para que eu seja mais conforme os Teus padrões.”

Mário Fernandez