Mário Fernandez

Importante – A Noiva de Cristo

“Nele, quando vocês ouviram e creram na palavra da verdade, o evangelho que os salvou, vocês foram selados com o Espírito Santo da promessa,” (Efésios 1:13)

Temos de resgatar a perspectiva correta das coisas quando o assunto é gratidão a Deus. O mais importante é o que Ele já fez por nós, não o que Ele ainda fará – não estou desmerecendo o valor das bodas do Cordeiro, da eternidade, da Nova Jerusalém. Mas nada disso faz qualquer sentido sem a salvação que já nos alcançou. Ou seja, o primeiro e mais importante passo no caminho da nossa vida eterna já foi dado e iniciado por Deus, o Pai. Aleluia.

A perda da perspectiva de quem é Jesus e o que já fez por nós decorre primeiramente da falta de conhecimento bíblico desta geração que aí está. Refiro-me, não apenas aos mais jovens, mas a todos que estão vivos neste tempo presente. Acho impressionante que pessoas com um pouco mais de conhecimento bíblico sejam tão salientes no meio de uma congregação, enquanto deveriam ser apenas “normais”. Por falta de conhecer a Palavra de Deus, desconhecem o Deus da Palavra e por conta disso, não valorizam o mais importante – a obra de Jesus.

Eu tenho me proposto a resgatar esse valor da Palavra em meio àqueles com os quais tenho algum convívio ou condições de influenciar. São anos e anos de esforço contínuo para conhecer as Escrituras – note, não me refiro a decorá-las mas a conhecê-las. Qual a diferença? Pois bem:

  • Quem decora sabe o que está escrito, quem conhece sabe para que serve
  • Quem decora repete, quem conhece pratica
  • Quem decora recita, quem conhece vive
  • Quem decora lembra, quem conhece aplica
  • Quem decora repete, quem conhece compartilha
  • Quem decora lê, quem conhece digere e se alimenta.

Percebe a diferença? É na simplicidade do evangelho que somos salvos, não na complicação das teologias, na dificuldade de interpretação, nas muitas letras. Entender que a salvação não vem de nós é fácil, basta olhar em volta, nada sugere que conseguiríamos sozinhos. Jesus é mais importante do que eu ter razão, sua obra é mais importante do que eu entendê-la. Eu preciso crer e obedecer pois é disso que se trata ser cidadão do Reino de Deus. Mas sem as Escrituras isso não aparece nem tem sentido.

Um adolescente algum tempo atrás me disse “o que importa é o que interessa”. Eu ri, depois me calei, acho que agora comecei a entender. Jesus é o que importa e sua obra é o que interessa – sou salvo por ela.

Ser a noiva do Cordeiro, sem dúvida nenhuma, implica conhecê-lo, reconhecê-lo e valorizá-lo. Dar importância ao que é importante – isso é mais do que sabedoria, é necessidade e é salvação.

“Senhor, me ajuda a valorizar o que Tu já fizeste por mim, mesmo porque ninguém mais poderia fazer por mim. Quero ser grato da forma correta e viver de modo compatível.“

Mário Fernandez

Conhecido – A Noiva de Cristo

“Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas; e elas me conhecem;” (João 10:14)

Até onde eu pude pesquisar, ainda existem casamentos arranjados., naquele conceito de que os pais escolhem os pares para seus filhos. Mas na contramão desta tradição, aliás muito muito antiga, tivemos em 2018 o casamento do príncipe inglês Harry com uma artista americana. A noiva tinha 36 anos, estrangeira, filha de uma mulher negra – e um ex-marido. Nada de errado com nada disso, mas tudo contra a tradição da nobreza britânica.

Em meio a tantas mudanças, uma coisa se mantêm a cada dia mais frequente e continua fazendo sentido: casar com uma pessoa conhecida. Seja há muito ou pouco tempo, seja profundamente ou superficialmente conhecida, é cada vez menos frequente conhecer seu cônjuge no altar. Isso me parece ser tendência em todos os países e culturas que pude pesquisar, ainda que se preservem culturas diferentes em lugares cada vez menos incidentes.

A noiva do Cordeiro precisa aprender a conhecer a ouvir a voz do Seu Noivo, pois não vai funcionar tentar resolver isso na hora das bodas. Mateus 25:34ss corrobora esta afirmação de maneira inquestionável. Haverá um julgamento, precedendo as bodas, com clara separação entre ovelhas e bodes. Justamente por isso escolhi o verso acima, que fala das ovelhas que conhecem seu bom pastor. O conceito é simples: somos conhecidos Dele, mas isso não significa que O conheçamos ou reconheçamos sua presença.

Vamos nos dedicar a conhecer o Noivo enquanto não chega o dito julgamento. E isso é tão fácil que a maioria das pessoas nem acredita que funcione, esperando algo tão fantástico e sensacional que nem existe. Se conhece alguém de duas maneiras: buscando informações a respeito e gastando tempo junto.

Todas as informações que precisamos a respeito do Noivo estão reveladas nas Escrituras, a Bíblia, que é a Palavra de Deus revelada para nossa edificação, conhecimento, crescimento, correção, ensino – veja 2 Timóteo 3:16. Não tem atalho, não tem mágica, não tem moleza nem para mim nem para ninguém – o que tem é papel (ou tela) e olho aberto durante um tempo. Meus parabéns aos que tem por hábito uma leitura diária da Bíblia pois é exatamente disso que estou falando. Meu incentivo aos que não têm essa prática, pois nesse livro encontramos palavras que trazem vida. A letra mata, é verdade, mas o Espírito vivifica através da revelação espiritual do que está escrito. Mas não vem revelação onde não há conhecimento. Isso toma tempo meu irmão, toma tempo.

Passar tempo com o noivo é orando, meditando, cantando, adorando, servindo, no que entendo que seja um equilíbrio entre o individual e o coletivo. No individual eu passo tempo a sós meditando, orando, agradecendo, clamando, declarando meu amor por Ele, cantando e pasme – ouvindo Sua voz, afinal não é um discurso ou monólogo. No coletivo eu me reúno com os demais membros desse corpo que é a noiva e fazemos a mesma coisa. Passamos um tempo meditando, orando, agradecendo, clamando, declarando amor por Ele, cantando e pasme – ouvindo Sua voz… E mais, juntos podemos nos consolar, profetizar uns aos outros, animar, compartilhar o que já aprendemos, ensinar uns aos outros, cantar juntos, multiplicar os esforços e os talentos para conhecê-lo mais e melhor.

É a nossa vez e o nosso tempo. Façamos e façamos direito. Conheçamos Aquele que nos espera pois Ele já deu o primeiro passo e morreu por nós, ressuscitou por nós e Reinará eternamente.

“Senhor, me ensina a gastar tempo com a Tua Palavra e com a Tua presença, de modo que eu Te conheça mais e mais. Não permita que as distrações deste mundo tumultuado e barulhento me tirem do caminho de Te conhecer.“

Mário Fernandez

Canções de Amor – A Noiva de Cristo

“Habite ricamente em vocês a palavra de Cristo; ensinem e aconselhem-se uns aos outros com toda a sabedoria, e cantem salmos, hinos e cânticos espirituais com gratidão a Deus em seus corações” (Colossenses 3:16 )

Eu tenho uma impressão meio negativa dos dias atuais, em diversos sentidos e aspectos. A geração que aí está, incluindo os que têm a minha idade, estão desfocados, cada vez menos sabem de Bíblia, subestimam o poder de Deus, são confusos, cada dia menos humildes, valorizam pouco os valores familiares, não persistem… ou seja, são e estão como a Bíblia descreve que seriam nos últimos dias. Previsível, portanto.

Mas algo me incomoda nisso. Mesmo sendo os dias descritos em 2 Timóteo 3, portanto com as pessoas se enquadrando naquilo ali descrito, um povo deveria se sobressair nesse meio – esse deveria ser o povo de Deus. Eu sei que o tema é polêmico, mas nossa vida deveria aparecer nessa geração com “cânticos de gratidão”. Em vez disso temos nos dedicado a um pula-pula divertido, ou a uma choradeira comovente, ou a palavras que, as vezes, nem eu entendo ou mesmo a reuniões meio sem sentido nem conteúdo. Fico me perguntando onde foi parar a gratidão, afinal a noiva deve mais do que tudo ao noivo.

Gratidão é uma coisa engraçada. Às vezes parece um exagero, às vezes parece insuficiente, às vezes parece que não faz efeito. Mas uma coisa é constante na gratidão – ela representa algo para quem está agradecido. A gratidão raramente vem do futuro, mas geralmente está apoiada em algo que já recebemos ou já aconteceu. Portanto, ela faz parte da nossa memória. Mantendo uma mente sã teremos lembranças agradecidas e nossa vida poderá soar como uma canção agradecida, mesmo que o presente não inspire muita alegria.

Esse imediatismo é próprio do nosso tempo também, afinal tudo está tão conectado, rápido, divulgado, publicado, exposto – como nunca antes. Se hoje as coisas vão mal, tenho que continuar lembrando do que já recebi e me manter grato. Se hoje estou vivendo um bom momento, mais motivo ainda para ser agradecido. Mesmo não conhecendo meus leitores, posso afirmar com total segurança que todos nós temos motivos de sobra para sermos gratos a Deus e principalmente manifestar tal gratidão. Como sei? Estamos vivos.

Quero lançar um desafio aqui: vamos manifestar mais gratidão. Tire apenas 2 minutos, dois singelos minutinhos, e ore sem pedir nada. Apenas uma vez por dia, por breves dois minutos. Mesmo que no começo isso seja uma eternidade, persista. Levante sua voz em palavras de gratidão, elogie, reconheça, valorize, agradeça. Se conseguir fazer isso por uma semana, aumente para 3 minutos por mais uma semana. Depois quatro e depois cinco. Vá até onde conseguir, não tem limite nem será suficiente ou proporcional para agradecermos, nem mesmo pelo simples dom da vida – estamos vivos.

Uma noiva que não reconhece as qualidades e os feitos do noivo, talvez não seja digna no noivo. Não quero ser encontrado nessa condição. Venha comigo.

“Senhor, obrigado por tanta coisa que me proporcionaste a começar pela própria vida. Quero falar e cantas das maravilhas que encontro no Teu caráter, quero manifestar publicamente de todas as formas o quando sou grato por Teus atos.“

Mário Fernandez

Atitude – A Noiva de Cristo

“E no último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé, e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim, e beba.” (João 7:37)

Ainda que totalmente fora de um contexto especifico de ensino, este versículo traz consigo um ensino poderoso para nossas vidas. Era Jesus numa festividade, não era um momento na sinagoga ou especificamente ensinando seus discípulos, mas como se diz de onde venho, Jesus não dava ponto sem nó.

Note que se alguém tiver sede, mesmo estando em meio a uma festa, tem que se mexer e vir beber. Interessante isso, pois estamos sempre acostumados a ouvir que tudo se resolve orando, que Deus nos supre, que a fé move montanhas. Eu não tenho a menor duvida de que estas coisas são boas e verdadeiras, mas como tudo neste mundo temos de entender a aplicação.

Oração resolve tudo? Discordo. Sou um homem de oração, amo orar, conheço de perto o valor e o poder da oração. Mas veja este texto – quem tem sede, levante-se, mexa-se, mova-se – venha e beba. Orando ou sem orar? Não diz no texto, mas o que diz é que tem que se mexer. Uma coisa não anula a outra, se vamos orar sem cessar como a Palavra nos ensina, temos de aprender que não podemos parar de respirar para isso, assim como comer, trabalhar, descansar, adorar, estudar. Ao orar sem cessar, não vejo autorização bíblica para sermos desleixados, ou preguiçosos, ou vagabundos, ou parados. Se tiver sede, venha a mim e beba, sem parar de orar. Qual a dificuldade? Uma coisa não invalida a outra, ainda que para muitos nós pareça que sim.

A passividade do chamado povo de Deus no nosso tempo é preocupante, pois parece que só podemos fazer uma coisa de cada vez. Se vamos orar temos que parar tudo? Se vamos adorar paramos tudo? Se vamos evangelizar paramos de trabalhar? Eu sei que soa duro, mas estou cansado de ver pessoas querendo parar de trabalhar para “servir a Deus”, o que na verdade é um mero disfarce para o comodismo. Se Deus chamou, não se negue, mas se não chamou, não se meta. Há muito para ser feito e sempre houve. Jesus mesmo disse que a seara era grande demais para o tamanho do time. Sou totalmente favorável a dedicar totalmente seu tempo a servir ao Senhor, mas que seja por chamado e não por outro motivo qualquer.

Na mesma veia da passividade, me preocupa o fatalismo. É um tal de “Deus quer assim” ou “se for da vontade de Deus” empregados de forma que não posso concordar de forma alguma. Estamos muito condicionados ou adestrados no pensamento de que temos que pedir para um pastor orar para resolver tudo. Primeiro que todos temos o mesmo acesso a Deus. Segundo, que o que Deus já revelou na Sua Palavra não adianta orar que Ele não fará de outra forma. Tem sede? Mexa-se e venha beber. Aflito? É assim mesmo, mas tenha ânimo que a vitória vem. Sofrendo? Se for por amor a Cristo aguarde seu prêmio e se for por sem-vergonhice – bem feito… 1 Pedro 2:20, Mateus 5:10, 2 Timóteo 2:12, 1 Pedro 4:15 entre outros.

A noiva do Cordeiro carece de sabedoria e temor. Não pode usar uma responsabilidade ou mandamento para se liberar de outro. Se temos de orar sem cessar e se mexer para vir e beber – venhamos orando. Se temos de fazer tudo para a Glória de Deus, também temos de trabalhar pelo nosso pão. Se temos de fazer o evangelho conhecido, também temos de desenvolver nossa salvação com temor e tremor. Que Deus nos ajude.

“Senhor, me ensina a viver uma vida que reflita todas as coisas que Tu tens para mim e não apenas as que me interessam ou me convém. Fortalece-me para que eu consiga ir além dos meus próprios limites de entendimento.“

Mário Fernandez

Pedidos – A Noiva de Cristo

“Quando pedem, não recebem, pois pedem por motivos errados, para gastar em seus prazeres.” (Tiago 4:3 )

É comum dentro de um relacionamento que haja pedidos, de ambas as partes. Especialmente num relacionamento afetivo (namoro, noivado, casamento), mas também num relacionamento familiar (pai, filho, irmãos, tios, avós). No caso das bodas do Cordeiro, temos de entender que o noivo é plenamente perfeito e completo em si mesmo, não precisando portanto de nada – ainda que por opção Ele tenha decidido usar pessoas como nós, que são sua noiva, por exemplo para anunciar o evangelho, para abençoar pessoas de fora, etc.

Mas a posição da noiva é outra história. O mínimo de conhecimento a respeito do noivo, sendo Ele quem é, o que pode fazer e o que tem. Difícil até descrever alguém assim que pode todas as coisas, é dono legítimo de todas as coisas, sabe todas as coisas e mais – foi o motivo de tudo ter sido criado. Mas esse é O Noivo, Jesus de Nazaré, o Cristo, o Emanuel (Deus conosco), o verbo encarnado, a manifestação do Verbo Vivo de Deus. E a noiva? Bem, é outro nível, sou eu e é você, somos os remidos por Seu sacrifício portanto dependemos Dele para tudo e o tempo todo.

Quando precisamos de algo, temos como que “autorização” bíblica para procurá-lo e pedir, mesmo que isso para alguns possa soar como abuso ou indevida exploração do amor Dele por nós. Para outros, infelizmente, fazem parecer como obrigação Dele para conosco, o que não é nem sombra da verdade. O equilíbrio se encontra ao entender que Ele é Tudo e não somos nada. Na soma, na média, fica equilibrado. Mas e quanto aos pedidos?

Este é o ponto: temos de ter clareza de objetivo, senso de missão, alvo a atingir. Sem isso ficaremos pedindo sem parar, reclamando e maldizendo o que tivermos e, no pior caso, até mesmo desdenhando o que já recebemos. Por isso, pedir mal é uma prática tão comum. A maioria das pessoas que conheço pedem o que querem, o que acham que precisam e simplesmente se esquecem de que são totalmente dependentes Dele. O correto, biblicamente falando, seria primeiro conhecer a Sua vontade, depois disso entender o propósito específico para minha vida, depois pedir o que precisar. Baseado em missão, convicção, propósito – não desespero, necessidade ou materialismo.

Agradar o noivo é básico e é simples, desde que O conhecendo com intimidade suficiente para saber o que Lhe agrada e o que não, o que deseja e o que não – mas principalmente submete o crivo de seus desejos e pedidos à Palavra de Deus, que revela sua natureza, propósito e desejos. Somos como crianças pequenas. Eu tenho um sobrinho com pouco mais de 2 anos, fico impressionado. Agimos igualzinho. Pedimos o que nem queremos, tomamos conta do que não tem valor e de repente largamos tudo (importante ou não) por causa de uma ‘musiquinha’.

É tempo de amadurecermos, crescermos, conhecermos o noivo – e agirmos da forma mais correta e alinhada que a Palavra de Deus nos permita. Não tem nada de errado em contarmos com Ele, fazermos pedidos, expormos as nossas necessidades e anseios. Mas não baseado no nosso desejo, e sim no Dele.

“Senhor, me ensina a fazer certo, agir certo, pedir certo. Quero entender o que Tu desejas para minha vida e buscar o que me é necessário para cumprir Teus propósitos, planos, desejos, alvos para minha vida. Me ajuda.“

Mário Fernandez

O Canal – A Noiva de Cristo

“Portanto, irmãos, temos plena confiança para entrar no Santo dos Santos pelo sangue de Jesus, por um novo e vivo caminho que ele nos abriu por meio do véu, isto é, do seu corpo.” (Hebreus 10:19-20)

Quero começar dizendo que não sou fã de serviços do tipo 0800. Se você, meu querido leitor, trabalha num destes serviços, por favor leia até o final e entenda meu ponto de vista. E, por favor (por favor mesmo), não se ofenda enquanto não entender o que quero dizer.

Primeiro, o 0800 existe para que as pessoas realmente responsáveis pelas situações sejam isoladas de possíveis reclamações. Nunca ouvi falar do dono de coisa nenhuma atender uma linha dessas tipo tool-free. Um pessoal educado e que se expressa bem ao telefone fará a linha de frente. Nos casos em que são educados, o que infelizmente não corresponde a 100% das vezes. Com algum ou nenhum treinamento, com pouca ou quase nenhuma informação relevante, mas fará. Não é culpa deles, estão ali porque foram contratados para isso e fazem o que podem. Mas é raro quando efetivamente não dependem de uma liberação ou informação adicional de algum superior.

Os incontáveis números de protocolo de serviços solicitados algumas vezes vão se perder e o serviço só será executado depois de uma reclamação. Evidentemente, pois as pessoas com quem falamos no 0800 não são nem responsáveis pelo serviço, nem têm autoridade sobre as que o fazem. São atendentes, estão neste posto para atender e passar adiante – e o fazem. O bendito sistema é que falha, não registra, etc.

Nosso contato com Deus é direto, sem 0800. Falamos diretamente com o dono e Senhor de todas as coisas, que cria e que destrói, que faz e que desfaz, que não precisa pedir informação ou autorização a ninguém, nos atende pessoalmente em nossos anseios e nos dá desde o dom da vida até o menor dos benefícios. Claro, não posso deixar de mencionar, tão “sem custo de ligação” quanto um 0800 que conhecemos. Ele decidir fazer isso não é mérito nosso.

Da mesma maneira nós não colocamos atendentes de 0800 para atendê-lo. Seremos sempre confrontados, corrigidos, consolados e também beneficiados de forma muito direta. Não há como não atender ao chamado ou contato do Pai. Claro, para alguns de nós (se não a maioria) falar com Deus é mais fácil do que ouvi-lo e confesso que eu mesmo gastei anos da minha vida tagarelando, falando, pedindo, gritando, choramingando – até aprender a ouvir minimamente. Quando foi a última vez que a voz de Deus se fez ouvir? Será que seu coração não está impondo um 0800 para Deus falar contigo? Não será tempo de abrir uma linha direta?

Para quem tem consciência das bodas do Cordeiro, é inaceitável não reconhecer a voz do noivo. Inadmissível fazer parte de um Reino sem conhecer o Soberano. Sob pena de perdermos a vez por não entendermos o chamado, aprendamos a ouvir a Sua voz. Lembre-se que é um “novo e vivo caminho” e não um novo monólogo. É um caminho de mão dupla irmão, Deus também quer falar e ser ouvido.

“Senhor, me ensina a ouvir Tua voz, reconhecê-la, entendê-la, atendê-la. Não quero ser confundido por sons estranhos nem quero mais ficar em um monólogo ao som de minha própria voz. Ensina-me a Te ouvir.“

Mário Fernandez

A Aliança – A Noiva de Cristo

“Da mesma forma, depois da ceia, tomou o cálice, dizendo: “Este cálice é a nova aliança no meu sangue, derramado em favor de vocês.” (Lucas 22:20)

Neste texto a palavra “aliança” deve ser entendida ou traduzida como pacto, acordo, contrato, tratado, ligação, ajuste, combinação. Não se refere a um anel para ser colocado no dedo. Leia em paralelo Hebreus 8:6-13:

“Agora, porém, o ministério que Jesus recebeu é superior ao deles, assim como também a aliança da qual ele é mediador é superior à antiga, sendo baseada em promessas superiores. Pois se aquela primeira aliança fosse perfeita, não seria necessário procurar lugar para outra. Deus, porém, achou o povo em falta e disse: ‘Estão chegando os dias, declara o Senhor, quando farei uma nova aliança com a comunidade de Israel e com a comunidade de Judá. Não será como a aliança que fiz com os seus antepassados quando os tomei pela mão para tirá-los do Egito; visto que eles não permaneceram fiéis à minha aliança, eu me afastei deles’, diz o Senhor. ‘Esta é a aliança que farei com a comunidade de Israel depois daqueles dias, declara o Senhor. ‘Porei minhas leis em suas mentes e as escreverei em seus corações. Serei o Deus deles, e eles serão o meu povo. Ninguém mais ensinará ao seu próximo nem ao seu irmão, dizendo: ‘Conheça ao Senhor’, porque todos eles me conhecerão, desde o menor até o maior. Porque eu lhes perdoarei a maldade e não me lembrarei mais dos seus pecados’. Chamando ‘nova’ esta aliança, ele tornou antiquada a primeira; e o que se torna antiquado e envelhecido, está a ponto de desaparecer.”

É notável como este noivo, o Cordeiro, fez tão forte investimento em prol de sua noiva, me parece absolutamente incrível (ou seja, quase não dá para acreditar). Sem precisar dela, a amou ainda assim. O que talvez escape da percepção dos desavisados, é que Jesus não inventou a ceia. Leia o evangelho de Lucas, capítulo 22, desde o começo e veja que já no verso 1 o contexto é da celebração da Páscoa dos Hebreus, um celebração que foi instituída séculos antes, quando Deus tirou o povo do Egito com mão poderosa (veja Exodo 12). Ou seja, quando Jesus levanta o cálice e diz “é meu sangue”, o que Ele está dizendo é “eu sou o Cordeiro”. A morte vai passar por vocês. O Egito não será mais seu cativeiro. É o anúncio da salvação.

Mas isto, na esfera deste mundo material e passageiro nem teria tanto sentido, ou se tivesse, seria de benefício muito limitado. Não me entenda mal, ser tirado do Egito não foi pouca coisa – mas comparado com o que Jesus fez, nos livrando da morte eterna, me parece sinceramente pequeno. Se esta profundidade nos for clara, certamente daremos o devido valor à esta nova aliança. Isso nos afeta tão diretamente que Hebreus diz textualmente “porei as minhas leis em suas mentes e as escreverei em seus corações”. Não será um conjunto de regras ou ideias, mas um estilo de vida baseado em mente e coração recheados com aquilo que caracteriza o Reino de Deus – a revelação do Deus do Reino.

Ao afirmar que aquele vinho representava seu sangue, Jesus de Nazaré nos faz participantes da derradeira Páscoa que acontecerá em breve. Depois da última passada do anjo da morte, depois da última rodada deste mundo natural e toda sua criação, depois do fim de tudo isso – virão as bodas do Cordeiro. Não importa se sua crença for diferente da minha sobre arrebatamento, tribulação, milênio, etc. O que importa é que as bodas do Cordeiro nos esperam à frente. A certeza dela é tudo que precisamos, e esta certeza está baseada na palavra Daquele que nunca mentiu e nos afirmou que voltaria.

A noiva do Cordeiro precisa entender este conceito tão simples e se preparar para o grande Encontro. Não tenho dúvida de que se aproxima.

“Senhor, me faz entender o quanto foi abrangente e poderoso este ato de Jesus na Terra com seus discípulos naquela Páscoa. Me faz viver baseado nesta esperança e nesta certeza para que eu não perca meu foco.“

Mário Fernandez

Ministérios Múltiplos – A Noiva de Cristo

“E Ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres,” (Efésios 4:11)

Na dinâmica de Deus para a condução da noiva às bodas do Seu Filho, o Cordeiro, temos de considerar a infinita sabedoria que lhe é peculiar. Tempos atrás escrevi sobre a soma das imperfeições e a soma das virtudes, dentro da diversidade pessoal da igreja, como elemento de aperfeiçoamento do grupo – Perfeição Coletiva – Vivendo o Evangelho. Hoje quero meditar no lado oposto, ou seja, no fato de que justamente por não sermos iguais dependemos uns dos outros em amor.

Note que, se qualquer um de nós fosse completo ou auto-suficiente, por espiritual ou santo que seja, se tornaria soberbo cedo ou tarde. A Jesus de Nazaré não se aplica esta regra por um motivo bem simples: Ele não é nem nunca foi como nós sujeito ao pecado, ainda que foi exposto a ele e teve “oportunidade” para pecar. Mas isso lhe era contrário à natureza de Seu interior e essência. Seja eu ou seja você, o que nos mantem no nosso lugar é nossa incapacidade de resolver tudo sozinho.

Imagine uma igreja onde haja um cidadão hipotético que desempenhe estes ministério de forma igualmente hábil. Primeiro, tenho certeza que ele seria um chato (eu entendo de chato). Segundo, duvido sinceramente que desse oportunidade para os demais se desenvolverem. E mesmo que desse, o fato de ser liderado por alguém que não exponha qualquer limitação é intimidador; então, dificilmente o povo se animaria a tentar desempenhar algum papel relevante. Seria talvez uma congregação bem sucedida numericamente, estruturalmente, funcionalmente. Mas não pela edificação do corpo pela justa cooperação de cada parte.

Se nós olharmos para nós mesmos nos encontrando em nosso chamado ministerial, tendo convicção e foco naquilo que sabemos ser o que Deus tem para nós, abrindo mão daquilo que “queremos”, mas sabemos que não é nosso – teremos encontrado uma fórmula que será benéfica para todos. Se cada um souber o seu lugar, as coisas funcionarão melhor. Se cada um souber onde não deve estar, as coisas funcionarão melhor. Se cada um buscar se aperfeiçoar na coisa certa, as coisas funcionarão cada vez melhor. Precisamos e dependemos uns dos outros, não por outro motivo, mas porque este versículo nos ensina já no começo “ELE DESIGNOU”. Não é escolha humana, é divina.

O que talvez esteja escapando ao entendimento de alguns (talvez muitos) é que o grande prejuízo da atitude centralizadora e de tendência auto-suficiente, está para as almas. Os do Reino certamente terão algum prejuízo, mas nada comparado ao inferno destinado àqueles que deveriam ter recebido o evangelho mas foram prejudicados por igrejas locais que não fizeram seu papel. As bodas do Cordeiro não são para toda humanidade, é Bíblico, mas é para tantos mais quantos seja possível alcançar (Mateus 18:14).

Que Deus nos ajude a nos encontrarmos diante Dele no sentido funcional, e nos fortaleça para desenvolver o chamado que Dele recebemos. Imagine a cena da prestação de contas da Sua vida. Papai pergunta “fez o que mandei?” e voce responde “não… mas fiz um monte de outras coisas!“. Misericórdia.

“Senhor, me ajuda a entender e desenvolver meu chamado ministerial para ser, no Senhor, quem Tu queres que eu seja. Me mostra cada vez mais como dependo de meus irmãos e como devo depender de cada um deles.“