Mário Fernandez

Canções de Amor – A Noiva de Cristo

“Habite ricamente em vocês a palavra de Cristo; ensinem e aconselhem-se uns aos outros com toda a sabedoria, e cantem salmos, hinos e cânticos espirituais com gratidão a Deus em seus corações” (Colossenses 3:16 )

Eu tenho uma impressão meio negativa dos dias atuais, em diversos sentidos e aspectos. A geração que aí está, incluindo os que têm a minha idade, estão desfocados, cada vez menos sabem de Bíblia, subestimam o poder de Deus, são confusos, cada dia menos humildes, valorizam pouco os valores familiares, não persistem… ou seja, são e estão como a Bíblia descreve que seriam nos últimos dias. Previsível, portanto.

Mas algo me incomoda nisso. Mesmo sendo os dias descritos em 2 Timóteo 3, portanto com as pessoas se enquadrando naquilo ali descrito, um povo deveria se sobressair nesse meio – esse deveria ser o povo de Deus. Eu sei que o tema é polêmico, mas nossa vida deveria aparecer nessa geração com “cânticos de gratidão”. Em vez disso temos nos dedicado a um pula-pula divertido, ou a uma choradeira comovente, ou a palavras que, as vezes, nem eu entendo ou mesmo a reuniões meio sem sentido nem conteúdo. Fico me perguntando onde foi parar a gratidão, afinal a noiva deve mais do que tudo ao noivo.

Gratidão é uma coisa engraçada. Às vezes parece um exagero, às vezes parece insuficiente, às vezes parece que não faz efeito. Mas uma coisa é constante na gratidão – ela representa algo para quem está agradecido. A gratidão raramente vem do futuro, mas geralmente está apoiada em algo que já recebemos ou já aconteceu. Portanto, ela faz parte da nossa memória. Mantendo uma mente sã teremos lembranças agradecidas e nossa vida poderá soar como uma canção agradecida, mesmo que o presente não inspire muita alegria.

Esse imediatismo é próprio do nosso tempo também, afinal tudo está tão conectado, rápido, divulgado, publicado, exposto – como nunca antes. Se hoje as coisas vão mal, tenho que continuar lembrando do que já recebi e me manter grato. Se hoje estou vivendo um bom momento, mais motivo ainda para ser agradecido. Mesmo não conhecendo meus leitores, posso afirmar com total segurança que todos nós temos motivos de sobra para sermos gratos a Deus e principalmente manifestar tal gratidão. Como sei? Estamos vivos.

Quero lançar um desafio aqui: vamos manifestar mais gratidão. Tire apenas 2 minutos, dois singelos minutinhos, e ore sem pedir nada. Apenas uma vez por dia, por breves dois minutos. Mesmo que no começo isso seja uma eternidade, persista. Levante sua voz em palavras de gratidão, elogie, reconheça, valorize, agradeça. Se conseguir fazer isso por uma semana, aumente para 3 minutos por mais uma semana. Depois quatro e depois cinco. Vá até onde conseguir, não tem limite nem será suficiente ou proporcional para agradecermos, nem mesmo pelo simples dom da vida – estamos vivos.

Uma noiva que não reconhece as qualidades e os feitos do noivo, talvez não seja digna no noivo. Não quero ser encontrado nessa condição. Venha comigo.

“Senhor, obrigado por tanta coisa que me proporcionaste a começar pela própria vida. Quero falar e cantas das maravilhas que encontro no Teu caráter, quero manifestar publicamente de todas as formas o quando sou grato por Teus atos.“

Mário Fernandez

Atitude – A Noiva de Cristo

“E no último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé, e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim, e beba.” (João 7:37)

Ainda que totalmente fora de um contexto especifico de ensino, este versículo traz consigo um ensino poderoso para nossas vidas. Era Jesus numa festividade, não era um momento na sinagoga ou especificamente ensinando seus discípulos, mas como se diz de onde venho, Jesus não dava ponto sem nó.

Note que se alguém tiver sede, mesmo estando em meio a uma festa, tem que se mexer e vir beber. Interessante isso, pois estamos sempre acostumados a ouvir que tudo se resolve orando, que Deus nos supre, que a fé move montanhas. Eu não tenho a menor duvida de que estas coisas são boas e verdadeiras, mas como tudo neste mundo temos de entender a aplicação.

Oração resolve tudo? Discordo. Sou um homem de oração, amo orar, conheço de perto o valor e o poder da oração. Mas veja este texto – quem tem sede, levante-se, mexa-se, mova-se – venha e beba. Orando ou sem orar? Não diz no texto, mas o que diz é que tem que se mexer. Uma coisa não anula a outra, se vamos orar sem cessar como a Palavra nos ensina, temos de aprender que não podemos parar de respirar para isso, assim como comer, trabalhar, descansar, adorar, estudar. Ao orar sem cessar, não vejo autorização bíblica para sermos desleixados, ou preguiçosos, ou vagabundos, ou parados. Se tiver sede, venha a mim e beba, sem parar de orar. Qual a dificuldade? Uma coisa não invalida a outra, ainda que para muitos nós pareça que sim.

A passividade do chamado povo de Deus no nosso tempo é preocupante, pois parece que só podemos fazer uma coisa de cada vez. Se vamos orar temos que parar tudo? Se vamos adorar paramos tudo? Se vamos evangelizar paramos de trabalhar? Eu sei que soa duro, mas estou cansado de ver pessoas querendo parar de trabalhar para “servir a Deus”, o que na verdade é um mero disfarce para o comodismo. Se Deus chamou, não se negue, mas se não chamou, não se meta. Há muito para ser feito e sempre houve. Jesus mesmo disse que a seara era grande demais para o tamanho do time. Sou totalmente favorável a dedicar totalmente seu tempo a servir ao Senhor, mas que seja por chamado e não por outro motivo qualquer.

Na mesma veia da passividade, me preocupa o fatalismo. É um tal de “Deus quer assim” ou “se for da vontade de Deus” empregados de forma que não posso concordar de forma alguma. Estamos muito condicionados ou adestrados no pensamento de que temos que pedir para um pastor orar para resolver tudo. Primeiro que todos temos o mesmo acesso a Deus. Segundo, que o que Deus já revelou na Sua Palavra não adianta orar que Ele não fará de outra forma. Tem sede? Mexa-se e venha beber. Aflito? É assim mesmo, mas tenha ânimo que a vitória vem. Sofrendo? Se for por amor a Cristo aguarde seu prêmio e se for por sem-vergonhice – bem feito… 1 Pedro 2:20, Mateus 5:10, 2 Timóteo 2:12, 1 Pedro 4:15 entre outros.

A noiva do Cordeiro carece de sabedoria e temor. Não pode usar uma responsabilidade ou mandamento para se liberar de outro. Se temos de orar sem cessar e se mexer para vir e beber – venhamos orando. Se temos de fazer tudo para a Glória de Deus, também temos de trabalhar pelo nosso pão. Se temos de fazer o evangelho conhecido, também temos de desenvolver nossa salvação com temor e tremor. Que Deus nos ajude.

“Senhor, me ensina a viver uma vida que reflita todas as coisas que Tu tens para mim e não apenas as que me interessam ou me convém. Fortalece-me para que eu consiga ir além dos meus próprios limites de entendimento.“

Mário Fernandez

Pedidos – A Noiva de Cristo

“Quando pedem, não recebem, pois pedem por motivos errados, para gastar em seus prazeres.” (Tiago 4:3 )

É comum dentro de um relacionamento que haja pedidos, de ambas as partes. Especialmente num relacionamento afetivo (namoro, noivado, casamento), mas também num relacionamento familiar (pai, filho, irmãos, tios, avós). No caso das bodas do Cordeiro, temos de entender que o noivo é plenamente perfeito e completo em si mesmo, não precisando portanto de nada – ainda que por opção Ele tenha decidido usar pessoas como nós, que são sua noiva, por exemplo para anunciar o evangelho, para abençoar pessoas de fora, etc.

Mas a posição da noiva é outra história. O mínimo de conhecimento a respeito do noivo, sendo Ele quem é, o que pode fazer e o que tem. Difícil até descrever alguém assim que pode todas as coisas, é dono legítimo de todas as coisas, sabe todas as coisas e mais – foi o motivo de tudo ter sido criado. Mas esse é O Noivo, Jesus de Nazaré, o Cristo, o Emanuel (Deus conosco), o verbo encarnado, a manifestação do Verbo Vivo de Deus. E a noiva? Bem, é outro nível, sou eu e é você, somos os remidos por Seu sacrifício portanto dependemos Dele para tudo e o tempo todo.

Quando precisamos de algo, temos como que “autorização” bíblica para procurá-lo e pedir, mesmo que isso para alguns possa soar como abuso ou indevida exploração do amor Dele por nós. Para outros, infelizmente, fazem parecer como obrigação Dele para conosco, o que não é nem sombra da verdade. O equilíbrio se encontra ao entender que Ele é Tudo e não somos nada. Na soma, na média, fica equilibrado. Mas e quanto aos pedidos?

Este é o ponto: temos de ter clareza de objetivo, senso de missão, alvo a atingir. Sem isso ficaremos pedindo sem parar, reclamando e maldizendo o que tivermos e, no pior caso, até mesmo desdenhando o que já recebemos. Por isso, pedir mal é uma prática tão comum. A maioria das pessoas que conheço pedem o que querem, o que acham que precisam e simplesmente se esquecem de que são totalmente dependentes Dele. O correto, biblicamente falando, seria primeiro conhecer a Sua vontade, depois disso entender o propósito específico para minha vida, depois pedir o que precisar. Baseado em missão, convicção, propósito – não desespero, necessidade ou materialismo.

Agradar o noivo é básico e é simples, desde que O conhecendo com intimidade suficiente para saber o que Lhe agrada e o que não, o que deseja e o que não – mas principalmente submete o crivo de seus desejos e pedidos à Palavra de Deus, que revela sua natureza, propósito e desejos. Somos como crianças pequenas. Eu tenho um sobrinho com pouco mais de 2 anos, fico impressionado. Agimos igualzinho. Pedimos o que nem queremos, tomamos conta do que não tem valor e de repente largamos tudo (importante ou não) por causa de uma ‘musiquinha’.

É tempo de amadurecermos, crescermos, conhecermos o noivo – e agirmos da forma mais correta e alinhada que a Palavra de Deus nos permita. Não tem nada de errado em contarmos com Ele, fazermos pedidos, expormos as nossas necessidades e anseios. Mas não baseado no nosso desejo, e sim no Dele.

“Senhor, me ensina a fazer certo, agir certo, pedir certo. Quero entender o que Tu desejas para minha vida e buscar o que me é necessário para cumprir Teus propósitos, planos, desejos, alvos para minha vida. Me ajuda.“

Mário Fernandez

O Canal – A Noiva de Cristo

“Portanto, irmãos, temos plena confiança para entrar no Santo dos Santos pelo sangue de Jesus, por um novo e vivo caminho que ele nos abriu por meio do véu, isto é, do seu corpo.” (Hebreus 10:19-20)

Quero começar dizendo que não sou fã de serviços do tipo 0800. Se você, meu querido leitor, trabalha num destes serviços, por favor leia até o final e entenda meu ponto de vista. E, por favor (por favor mesmo), não se ofenda enquanto não entender o que quero dizer.

Primeiro, o 0800 existe para que as pessoas realmente responsáveis pelas situações sejam isoladas de possíveis reclamações. Nunca ouvi falar do dono de coisa nenhuma atender uma linha dessas tipo tool-free. Um pessoal educado e que se expressa bem ao telefone fará a linha de frente. Nos casos em que são educados, o que infelizmente não corresponde a 100% das vezes. Com algum ou nenhum treinamento, com pouca ou quase nenhuma informação relevante, mas fará. Não é culpa deles, estão ali porque foram contratados para isso e fazem o que podem. Mas é raro quando efetivamente não dependem de uma liberação ou informação adicional de algum superior.

Os incontáveis números de protocolo de serviços solicitados algumas vezes vão se perder e o serviço só será executado depois de uma reclamação. Evidentemente, pois as pessoas com quem falamos no 0800 não são nem responsáveis pelo serviço, nem têm autoridade sobre as que o fazem. São atendentes, estão neste posto para atender e passar adiante – e o fazem. O bendito sistema é que falha, não registra, etc.

Nosso contato com Deus é direto, sem 0800. Falamos diretamente com o dono e Senhor de todas as coisas, que cria e que destrói, que faz e que desfaz, que não precisa pedir informação ou autorização a ninguém, nos atende pessoalmente em nossos anseios e nos dá desde o dom da vida até o menor dos benefícios. Claro, não posso deixar de mencionar, tão “sem custo de ligação” quanto um 0800 que conhecemos. Ele decidir fazer isso não é mérito nosso.

Da mesma maneira nós não colocamos atendentes de 0800 para atendê-lo. Seremos sempre confrontados, corrigidos, consolados e também beneficiados de forma muito direta. Não há como não atender ao chamado ou contato do Pai. Claro, para alguns de nós (se não a maioria) falar com Deus é mais fácil do que ouvi-lo e confesso que eu mesmo gastei anos da minha vida tagarelando, falando, pedindo, gritando, choramingando – até aprender a ouvir minimamente. Quando foi a última vez que a voz de Deus se fez ouvir? Será que seu coração não está impondo um 0800 para Deus falar contigo? Não será tempo de abrir uma linha direta?

Para quem tem consciência das bodas do Cordeiro, é inaceitável não reconhecer a voz do noivo. Inadmissível fazer parte de um Reino sem conhecer o Soberano. Sob pena de perdermos a vez por não entendermos o chamado, aprendamos a ouvir a Sua voz. Lembre-se que é um “novo e vivo caminho” e não um novo monólogo. É um caminho de mão dupla irmão, Deus também quer falar e ser ouvido.

“Senhor, me ensina a ouvir Tua voz, reconhecê-la, entendê-la, atendê-la. Não quero ser confundido por sons estranhos nem quero mais ficar em um monólogo ao som de minha própria voz. Ensina-me a Te ouvir.“

Mário Fernandez

A Aliança – A Noiva de Cristo

“Da mesma forma, depois da ceia, tomou o cálice, dizendo: “Este cálice é a nova aliança no meu sangue, derramado em favor de vocês.” (Lucas 22:20)

Neste texto a palavra “aliança” deve ser entendida ou traduzida como pacto, acordo, contrato, tratado, ligação, ajuste, combinação. Não se refere a um anel para ser colocado no dedo. Leia em paralelo Hebreus 8:6-13:

“Agora, porém, o ministério que Jesus recebeu é superior ao deles, assim como também a aliança da qual ele é mediador é superior à antiga, sendo baseada em promessas superiores. Pois se aquela primeira aliança fosse perfeita, não seria necessário procurar lugar para outra. Deus, porém, achou o povo em falta e disse: ‘Estão chegando os dias, declara o Senhor, quando farei uma nova aliança com a comunidade de Israel e com a comunidade de Judá. Não será como a aliança que fiz com os seus antepassados quando os tomei pela mão para tirá-los do Egito; visto que eles não permaneceram fiéis à minha aliança, eu me afastei deles’, diz o Senhor. ‘Esta é a aliança que farei com a comunidade de Israel depois daqueles dias, declara o Senhor. ‘Porei minhas leis em suas mentes e as escreverei em seus corações. Serei o Deus deles, e eles serão o meu povo. Ninguém mais ensinará ao seu próximo nem ao seu irmão, dizendo: ‘Conheça ao Senhor’, porque todos eles me conhecerão, desde o menor até o maior. Porque eu lhes perdoarei a maldade e não me lembrarei mais dos seus pecados’. Chamando ‘nova’ esta aliança, ele tornou antiquada a primeira; e o que se torna antiquado e envelhecido, está a ponto de desaparecer.”

É notável como este noivo, o Cordeiro, fez tão forte investimento em prol de sua noiva, me parece absolutamente incrível (ou seja, quase não dá para acreditar). Sem precisar dela, a amou ainda assim. O que talvez escape da percepção dos desavisados, é que Jesus não inventou a ceia. Leia o evangelho de Lucas, capítulo 22, desde o começo e veja que já no verso 1 o contexto é da celebração da Páscoa dos Hebreus, um celebração que foi instituída séculos antes, quando Deus tirou o povo do Egito com mão poderosa (veja Exodo 12). Ou seja, quando Jesus levanta o cálice e diz “é meu sangue”, o que Ele está dizendo é “eu sou o Cordeiro”. A morte vai passar por vocês. O Egito não será mais seu cativeiro. É o anúncio da salvação.

Mas isto, na esfera deste mundo material e passageiro nem teria tanto sentido, ou se tivesse, seria de benefício muito limitado. Não me entenda mal, ser tirado do Egito não foi pouca coisa – mas comparado com o que Jesus fez, nos livrando da morte eterna, me parece sinceramente pequeno. Se esta profundidade nos for clara, certamente daremos o devido valor à esta nova aliança. Isso nos afeta tão diretamente que Hebreus diz textualmente “porei as minhas leis em suas mentes e as escreverei em seus corações”. Não será um conjunto de regras ou ideias, mas um estilo de vida baseado em mente e coração recheados com aquilo que caracteriza o Reino de Deus – a revelação do Deus do Reino.

Ao afirmar que aquele vinho representava seu sangue, Jesus de Nazaré nos faz participantes da derradeira Páscoa que acontecerá em breve. Depois da última passada do anjo da morte, depois da última rodada deste mundo natural e toda sua criação, depois do fim de tudo isso – virão as bodas do Cordeiro. Não importa se sua crença for diferente da minha sobre arrebatamento, tribulação, milênio, etc. O que importa é que as bodas do Cordeiro nos esperam à frente. A certeza dela é tudo que precisamos, e esta certeza está baseada na palavra Daquele que nunca mentiu e nos afirmou que voltaria.

A noiva do Cordeiro precisa entender este conceito tão simples e se preparar para o grande Encontro. Não tenho dúvida de que se aproxima.

“Senhor, me faz entender o quanto foi abrangente e poderoso este ato de Jesus na Terra com seus discípulos naquela Páscoa. Me faz viver baseado nesta esperança e nesta certeza para que eu não perca meu foco.“

Mário Fernandez

Ministérios Múltiplos – A Noiva de Cristo

“E Ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres,” (Efésios 4:11)

Na dinâmica de Deus para a condução da noiva às bodas do Seu Filho, o Cordeiro, temos de considerar a infinita sabedoria que lhe é peculiar. Tempos atrás escrevi sobre a soma das imperfeições e a soma das virtudes, dentro da diversidade pessoal da igreja, como elemento de aperfeiçoamento do grupo – Perfeição Coletiva – Vivendo o Evangelho. Hoje quero meditar no lado oposto, ou seja, no fato de que justamente por não sermos iguais dependemos uns dos outros em amor.

Note que, se qualquer um de nós fosse completo ou auto-suficiente, por espiritual ou santo que seja, se tornaria soberbo cedo ou tarde. A Jesus de Nazaré não se aplica esta regra por um motivo bem simples: Ele não é nem nunca foi como nós sujeito ao pecado, ainda que foi exposto a ele e teve “oportunidade” para pecar. Mas isso lhe era contrário à natureza de Seu interior e essência. Seja eu ou seja você, o que nos mantem no nosso lugar é nossa incapacidade de resolver tudo sozinho.

Imagine uma igreja onde haja um cidadão hipotético que desempenhe estes ministério de forma igualmente hábil. Primeiro, tenho certeza que ele seria um chato (eu entendo de chato). Segundo, duvido sinceramente que desse oportunidade para os demais se desenvolverem. E mesmo que desse, o fato de ser liderado por alguém que não exponha qualquer limitação é intimidador; então, dificilmente o povo se animaria a tentar desempenhar algum papel relevante. Seria talvez uma congregação bem sucedida numericamente, estruturalmente, funcionalmente. Mas não pela edificação do corpo pela justa cooperação de cada parte.

Se nós olharmos para nós mesmos nos encontrando em nosso chamado ministerial, tendo convicção e foco naquilo que sabemos ser o que Deus tem para nós, abrindo mão daquilo que “queremos”, mas sabemos que não é nosso – teremos encontrado uma fórmula que será benéfica para todos. Se cada um souber o seu lugar, as coisas funcionarão melhor. Se cada um souber onde não deve estar, as coisas funcionarão melhor. Se cada um buscar se aperfeiçoar na coisa certa, as coisas funcionarão cada vez melhor. Precisamos e dependemos uns dos outros, não por outro motivo, mas porque este versículo nos ensina já no começo “ELE DESIGNOU”. Não é escolha humana, é divina.

O que talvez esteja escapando ao entendimento de alguns (talvez muitos) é que o grande prejuízo da atitude centralizadora e de tendência auto-suficiente, está para as almas. Os do Reino certamente terão algum prejuízo, mas nada comparado ao inferno destinado àqueles que deveriam ter recebido o evangelho mas foram prejudicados por igrejas locais que não fizeram seu papel. As bodas do Cordeiro não são para toda humanidade, é Bíblico, mas é para tantos mais quantos seja possível alcançar (Mateus 18:14).

Que Deus nos ajude a nos encontrarmos diante Dele no sentido funcional, e nos fortaleça para desenvolver o chamado que Dele recebemos. Imagine a cena da prestação de contas da Sua vida. Papai pergunta “fez o que mandei?” e voce responde “não… mas fiz um monte de outras coisas!“. Misericórdia.

“Senhor, me ajuda a entender e desenvolver meu chamado ministerial para ser, no Senhor, quem Tu queres que eu seja. Me mostra cada vez mais como dependo de meus irmãos e como devo depender de cada um deles.“

Mário Fernandez

Evangelho é o Poder – A Noiva de Cristo

“Não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê: primeiro do judeu, depois do grego.” (Romanos 1:16 )

Eu venho de uma linha eclesiástica mais tradicional, ou seja o contrário de pentecostal. Naquele tempo se falava e ensinava pouco a respeito do sobrenatural, não por maldade, mas por não ser a ênfase ou o foco. Depois, ao longo da caminhada, acabei indo para uma linha mais carismática, com manifestações de Deus diferentes do início da minha caminhada. Conheci muita gente e muitos grupos nesses 30 anos, alguns bastante extremistas em seus posicionamentos. Poucos e honrosos grupos cativaram meu respeito e minha amizade pelo equilíbrio. Aqui é onde vale a pena meditarmos.

Se o evangelho é o poder de Deus para salvação de quem crer, temos aqui dois lados a serem entendidos, respeitados e cultivados – de forma equilibrada. Temos o poder para salvação (aspecto sobrenatural) e temos o evangelho (anúncio de boas novas, portanto compreensível dentro do natural). O que tem roubado o equilíbrio destes dois lados é justamente a falta de uma compreensão muito simples: uma coisa não invalida a outra, mas complementa. O fato de Deus agir no natural não invalida o sobrenatural e vice-versa. Vemos claramente que, para ser salvo por este poder (evangelho), é preciso crer. Para crer, sabemos que é preciso começar com o entendimento da salvação, mesmo que não plenamente. Ou seja, entendemos na mente e depois isso desce ao coração.

Se assim é para salvação, que é o passo que nos torna legitimamente igreja do Senhor e portanto noiva do Cordeiro, não deve ser diferente em outras frentes do Reino de Deus. Do meu ponto de vista, devemos o tempo todo tratar as coisa de Deus de forma equilibrada, a exemplo da salvação que é totalmente sobrenatural ou espiritual, mas que tem base nas escrituras que são, fundamentalmente, intelectual, portanto, natural.

Quero dizer algo respeitosamente: não precisamos do Espírito Santo para ler a Bíblia, podemos perfeitamente fazer isso sem Ele, desde que sejamos alfabetizados no idioma a ser lido. Estou careca de ver incrédulos lendo e não mudando em nada, bem como imagino (ou suponho) que o diabo saiba mais textos escritos do que nós todos juntos. MAS, precisamos indispensavelmente do Espírito Santo para ter revelação das Escrituras, para que as letras se tornem vida, para que os ensinamentos ali escritos sejam transformados em prática, para que o papel e a tinta se tornem sementes vindas diretamente do trono de Deus, para fluam rios de água viva do nosso interior (João 7:38ss).

Deus age salvando pessoas completamente malucas, perdidas, esquisitas, tatuadas, viciadas, condenadas, amarguradas, rejeitadas. Mas tambem salva caretas, quadrados, comportados, racionais, eticamente retos. Para uns, a salvação se apresenta sobrenaturalmente, para outros racionalmente e isso não compromete em nada o lado natural (está escrito) nem o lado sobrenatural (é por fé). Aliás, a fé é a maior demonstração de equilíbrio que Deus nos ensinou a desenvolver. Temos de ter firme convicção do que não vemos, mas nossa fé se estimula e aumenta quanto mais temos evidências de sua realidade.

A noiva do Cordeiro é formada pelos salvos. O evangelho é o poder de Deus para salvação do que crer. A fé vem pelo ouvir a Palavra. Tudo tende ao equilíbrio entre o natural e o sobrenatural. Não precisa ser no centro ou no meio, mas uma coisa não pode invalidar a outra – isso poderia matar a noiva.

“Senhor, me ajude a encontrar a dose correta de natural x sobrenatural na minha vida, no meu ministério, na minha igreja local. Das coisas mais simples às mais complicadas, quero ser equilibrado.“

Mário Fernandez

Os Excluídos – A Noiva de Cristo

“Todos os anjos estavam de pé ao redor do trono, dos anciãos e dos quatro seres viventes. Eles se prostraram com o rosto em terra diante do trono e adoraram a Deus” (Apocalipse 7:11)

Eu comecei a ler este capítulo como se deve, ou seja, bem do começo. Gente selada para todos os lados, tribos se reunindo, a grande multidão incontável dos salvos – de todas as tribos, nações, povos e línguas. Anjos ao redor do trono, seres celestiais difíceis de descrever, trono. É o cenário do porvir, que nos está prometido e assegurado. Eu sou parte daquela multidão, isso me alegra e me motiva de formas que nem consigo explicar.

Mas o que eu não vi nesse grande encontro foi gente. Seres humanos, convidados, estrangeiros, autoridades, esse tipo de gente. Claro, eles não têm lugar nesse evento, pois é um evento especialmente criado pelo Pai Todo Poderoso para os Seus e não há convites. Não confunda o fato de ter uma multidão incontável com uma esculhambação ou uma dessas nossas festas em que entra qualquer um, mesmo sem ser convidado. Uma leitura, mesmo que rasa do restante do capítulo (principalmente verso 14), nos explica que essa multidão é especificamente de salvos e não de gente que veio para as bodas do Cordeiro como convidado, penetra, invasor, sem-convite, etc.

Eu conheço muito gente que, mesmo sem admitir, pratica uma teologia excessivamente bondosa, na qual Deus, sendo tão amoroso, vai dar um jeito para que no último momento os perdidos tenham algum recurso. Eu sinceramente lamento dizer, e me permitam a clareza necessária, que essa teologia baseada na “lei de Gerson” na qual se precisa levar vantagem em tudo, o jeitinho brasileiro – veio do inferno. Forjado nas chamas da condenação eterna, o entendimento de que vai haver um “jeitinho” só pode sentenciar pessoas ao próprio inferno. É muito claro biblicamente, mesmo para os menos aprofundados, que a condenação é tão real quanto a salvação. As bodas do Cordeiro não tem platéia, não tem convidados, não tem penetras – tem a noiva, tem o noivo, tem os anjos, tem o Trono.

Um dia isso fez sentido na minha vida e me levou a mudar de atitude, em especial no que concerne a minha postura com as demais pessoas. Tento deixar respeitosamente claro, ainda que sem ser muito sutil, que só tem um “caminho, verdade e vida”. Ao afirmarmos e proclamarmos que só Jesus salva, estamos carimbando nosso ticket de ingresso para as bodas do Cordeiro, pois essa confissão (sendo autêntica) é tudo que se necessita para ser parte da noiva.

Por algum motivo que me escapa ao entendimento, pouco ou nada ouço falar sobre isso atualmente. Por onde eu olho vejo gente pregando a palavra, mas parece que a cada dia essa pregação é mais aguada, mais diluída, menos focada no noivo, menos centrada nas Escrituras. Abrir a Bíblia e falar qualquer besteira não conta. É ótimo ler a Bíblia, não me entendam mal. Porém, eu defendo que, ao reunir o povo de Deus, não podemos desperdiçar o silêncio do céu com falta de conteúdo, músicas mal escritas, orações que nada aproveitam, pregações que nada ensinam, coisas que juntas e somadas ainda resultam em zero. Zero para anunciar que as bodas se aproximam, que o noivo está “ansioso” pelo Encontro, que a noiva deve se preprar – e correndo.

Resgatemos o senso de urgência de pregar um evangelho genuíno no qual não se tem medo de falar da salvação – e portanto da condenação. Resgatemos o foco no noivo, nas bodas e nas Escrituras que sobre isso nos ensinam. O tempo está, literalmente, se exaurindo.

“Senhor, não me permita desviar do foco de olhar para Ti como autor e consumador da minha fé, que deve ser o firme fundamento do que não vejo ainda – as bodas do Cordeiro – mas verei, pessoalmente. Me fortalece neste propósito.“