Mário Fernandez

Crescendo em Oração – Sem Palavras

“Da mesma forma o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza, pois não sabemos como orar, mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis.” (Romanos 8:26)

Precisamos urgentemente aprender que orar não é falar incessantemente e “atolar” os ouvidos de Deus com aquilo que queremos lhe dizer. É importante aprender a ouvir, aliás, a mim parece ser o aspecto mais importante a aprender na prática da oração. Nunca podemos resumir o diálogo da oração a um monólogo, principalmente se for só a gente que fala. É preciso deixar Deus falar.

Na vida de oração eu já experimentei falta de palavras. Não faltavam sentimentos, não faltava um recado a ser dado, não faltava objetivo e nem tampouco faltava nobreza ao objetivo. Mas faltaram palavras, eu simplesmente não sabia como dizer o que que eu queria. Acho que todo mundo já passou por isso, tem horas que um grito fala tudo. Assim é quando o Espírito de Deus intercede por nós – com gemidos – não cabe na linguagem das palavras, principalmente na linguagem humana, por isso gemidos.

Gemido representa num certo sentido um sofrimento, uma dor, uma angústia. Em outros momentos pode ser um sentimento prazeroso, como quando comemos algo que nos agrada muito. Quer me parecer que no caso deste versículo, por ser uma intercessão, deve ser apenas o primeiro sentido.

Se assim é, por que é que nós temos de falar o tempo todo? Não devemos! Precisamos aprender a orar com silêncio, com gemidos, com sussurros, com coisas que talvez nem façam sentido. Por que não? Se expressarmos melhor a ideia não falando, por que falar?

Note, Deus em Sua Onipotência é capaz de entender qualquer expressão que tenhamos, ainda mesmo antes da palavra nos vir aos lábios. Se inventarmos um idioma Ele entenderá. Ser inventarmos uma forma de comunicação Ele compreenderá.

Nosso desafio é falar menos e ouvir mais enquanto estivermos orando. Isso vai ser bem interessante…

“Senhor, perdoa a minha tagarelice. Eu quero aprender e Te ouvir mais do que eu falo. Ensina-me, por amor do Teu Nome.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Disciplinas Espirituais – Meditação

“Então lhes abriu o entendimento, para que pudessem compreender as Escrituras.” (Lucas 24:45)

Compreender as Escrituras é algo que pode ir além da simples capacidade de estudo de uma pessoa, pois como vemos neste versículo foi necessário que Jesus lhes abrisse o entendimento. Mas, independentemente do aspecto sobrenatural do entendimento em si, não consigo imaginar como será possível ter entendimento de algo com que nunca teve contato. Para Jesus abrir nosso entendimento, é preciso primeiro termos lido e meditado em algo. Eu posso até mesmo ler e não ter entendimento, mas jamais terei entendimento sem ler. E ler é apenas o primeiro passo, meditar é ir além.

Na medida em que eu me dedico a meditar na Palavra de Deus eu gero oportunidade para que Deus me abra o entendimento. Além disso, o Salmo 1 fala de uma bem-aventurança para os justos que meditam dia e noite. Tiago 1:25 relata algo muito similar a quem medita e pratica. Temos de abrir mão de parte do nosso tempo, dos nossos afazeres, do nosso interesse pessoal – dedicar tempo disciplinadamente para meditar na Palavra de Deus.

Pode-se começar com apenas a leitura de alguns versículos por dia, coisa que leva 3 ou 4 minutos. É evidente que o ideal é um tempo maior, que com a disciplina e a perseverança virá. No ano 2013 a igreja onde congrego está num propósito de ler a Bíblia toda ao longo do ano. Isso é gerar disciplina. Muitos que nunca tinha lido a Biblia inteira estão empolgados e já estão se habituando a separar um tempo diário de leitura.

Precisamos investir em separar tempo para meditar. Tenho certeza e convicção de que o Senhor nos abrirá o entendimento, se fizermos a nossa parte.

“Senhor, ajuda-me a ter força de vontade para começar a ler e continar lendo, aprender a meditar no que leio. Abre meu entendimento, para que eu conheça Tua vontade.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Disciplinas Espirituais – Confissão

“Quem esconde os seus pecados não prospera, mas quem os confessa e os abandona encontra misericórdia.” (Provérbios 28:13)

A confissão dos pecados é algo bem fora de moda no nosso tempo, na nossa geração. É uma prática e uma disciplina que precisam ser resgatadas pois não apenas este versículo mas também outros, especialmente no Novo Testamento, nos mostram o que ocorre na confissão. Veja Tiago 5:16, Romanos 10:10 e Atos 19:18.

Vivemos dias em que as pessoas em geral são realmente de pouca confiabilidade e isso dificulta muito, mas temos de crer no Deus sobrenatural que afirmamos que cremos. Pela graça de Deus eu tenho um discipulador confiável e que me ama, posso confessar minhas falhas a ele e pedir que ore por mim. Tenho colegas de ministério que merecem confiança e posso me abrir com eles sobre o que atormenta minha alma e me tira o sossego. Mas reconheço que nem sempre foi assim e para alguns ainda não é.

Ainda assim, temos nosso tempo a sós com Deus para chegar diante Dele e admitir tudo que fizemos que contraria Sua vontade expressa na Bíblia que é a Sua Palavra. Podemos chegar diante Dele e falar abertamente o que sabemos que não deveríamos ter feito. Podemos e devemos verbalizar aquilo que sabidamente é contrário ao que Ele já nos revelou. Se tivemos alguma direção específica Dele, também devemos obedecer e ao não fazê-lo pecamos – isso deve ser confessado. Aquele que sabe o bem que deve fazer e não o faz está pecando – isso deve ser confessado.

Não estou dizendo que seja fácil, mas é possível e portanto devemos tentar ao limite de nossas forças. Enquanto não começarmos não se tornará um hábito e enquanto não nos habituarmos não haverá disciplina. Se Deus não esperasse isso de nós, estaria dito e repetido na Bíblia. Até por que, como sempre, os maiores beneficiados somos nós mesmos.

“Senhor, eu quero aprender a derramar meu coração diante de Ti. Ensina-me, por favor. Ajuda-me, por Teu amor.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Crescendo em Oração – Bendizer

“Da mesma boca procedem bênção e maldição. Meus irmãos, não pode ser assim!” (Tiago 3:10)

Ainda que este texto esteja no contexto de um ensino sobre o uso da língua, gostaria de atentar ao aspecto de bendizer, de abençoar, de falar bem – mas em oração. Não vamos tirar do contexto, vamos apenas analisar do ponto de vista de que ao orar também falamos. Me parece que, na maioria das vezes, oramos em voz audível, mas mesmo quando pensamos, fazendo uma oração silenciosa, sem som, usamos palavras. São palavras da mesma forma, e a boca derrama aquilo de que o coração está cheio.

Devemos desenvolver uma atitude de oração na qual gastamos tempo bendizendo, abençoando. Eu tenho praticado isso pessoalmente e tenho experimentado um tempo muito agradável com Deus. Podemos bendizer pessoas – pais, amigos, pastores, colegas, discípulos, vizinhos… Podemos bendizer a igreja. Podemos bendizer as pessoas investidas de autoridade. Podemos bendizer o emprego que temos, ou qualquer outra fonte de renda que Deus nos tenha concedido.

Mas de tudo e de todos que merecem ser alvo de nossas palavras, eu creio realmente que devemos nos dedicar intensamente a bendizer a Deus, falar bem de Seu Santo Nome, de Sua Majestade, Sua Santidade, Sua Bondade, enfim, aquilo que Ele é. Bendizer é falar bem, e no caso de Deus não é difícil encontrar atributos inspiradores para bendizer.

Se isso fosse algo fácil e natural todos fariam, mas infelizmente está fora do foco das orações que tenho visto e ouvido. Ouvimos muita oração pedindo, pedindo e pedindo mais. Tenho total convicção de que se pedirmos menos e bendizermos mais, acabaremos recebendo mais. Crescer em oração diante de Deus implica em pedir menos e menos, adorando e bendizendo mais e mais.

É um desafio bem interessante, principalmente se começarmos bem agora, neste momento.

“Senhor, eu reconheço Tua Santidade, Teu Amor por mim e Tua Perfeição. Entendo e reconheço que só Tu és Deus e não há outro. Bendigo Teu Nome em toda Terra.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Crescendo em Oração – Tomando Posse

“Ele o fez a fim de que, justificados por sua graça, nos tornemos seus herdeiros, tendo a esperança da vida eterna.” (Tito 3:7)

A expressão “tomar posse” tem sido usada de uma forma meio complicada nos últimos anos e ficou parecendo que as pessoas querem mandar em Deus. Eu realmente não compactuo com isso, não me agrado desta posição e não creio assim. Mas é preciso que saibamos e nos posicionemos como quem de fato somos em Deus – coherdeiros, ou seja, herdeiros conjuntamente com Cristo.

Tomar posse da posição de herdeiro não é requisitar riquezas deste mundo, luxo, poder, autoridade, etc. Ainda que estas coisas possam vir, Deus não as prometeu a todos. O que Ele prometeu foi, como aprendemos neste versículo, algumas coisas mais nobres:

  • Justificados: nenhum de nós é justo por si mesmo mas somos tornados justos em Cristo Jesus;
  • Pela graça: não merecemos a justificação que recebemos;
  • Tornados herdeiros: não somos herdeiros legítimos, somos transformados em herdeiros;
  • Esperança: não precisamos viver sem rumo, algo nos espera;
  • Vida Eterna: sem comentários…

Meu querido, orar como herdeiro é muito diferente de orar como um perdido sem rumo desnorteado. Eu sei que tenho vida eterna, não preciso temer a dureza dessa vida. Sei que tem algo melhor para mim logo adiante. Tenho herança eterna com Cristo, portanto para mim isso é como carregar um cheque bilionário no bolso – até chegar no caixa para descontá-lo não tem importância eu estar sem dinheiro. Sou justificado, o juiz não vai me condenar.

Orar como herdeiro é orar tomando posso dessas verdades e tirar do caminho o que impede, atrasa, desvia ou atrapalha. Foco no alvo. Tome posse de sua herança em Deus e busque andar na direção do seu alvo eterno. Orar diariamente agradecendo pela herança eterna, imensurável e interminável, pela vida que vale a pena, esbajando gratidão – é tomar posse da herança.

Nosso desafio é crescer na oração e entender que tomar posso da herança de Deus é acima de tudo ser grato.

“Senhor, ensina-me a ser grato na proporção do que Tu me deste e não do que eu compreendo da minha herança. Ajuda-me, por favor.”

Vinicios Torres

Mário Fernandez

Disciplinas Espirituais – Renovação

“Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” (Romanos 12:2)

Um famoso professor era conhecido pela arrogância que seus títulos lhe conferiam e pela indelicadeza de trato com as pessoas. Depois de tantos dissabores, decidiu ir ao Oriente aconselhar-se com um grande mestre. Lá chegando, adentrou a casa do mestre e nem o deixou falar, elencando seus títulos, graduações, especialidades, cursos que participou, livros que leu, livros que escreveu, alunos que teve, teses que desenvolveu… Enfim, metralhou o mestre com informações que o enalteciam.

O mestre, velho e sábio, em silêncio, ouvia atentamente ao professor famoso quando, de repente, apanhou um bule e duas xícaras que estavam sobre a mesinha de centro. Começou, então, a encher a primeira xícara, sempre olhando para o professor e balançando a cabeça para sinalizar que estava prestando atenção. Obviamente, a xícara começou a derramar e a ensopou a toalha da mesa. Quando o professor se deu conta levou um susto e gritou “você não está vendo que não cabe mais?” O mestre então levantou-se e disse “assim está sua mente. Você enche, enche e enche sem avaliar o que ainda cabe. Nada mais entra na sua cabeça, tal como esta xícara. Seu destino é derramar e molhar todos ao seu redor. Pode ir embora.” O famoso professor voltou para sua terra desconsolado, mas convicto de que deveria permitir espaço em sua mente para novas ideias, novos conceitos e, principalmente, novas opiniões.

Se nós cristãos agirmos como este professor e não renovarmos nossa mente, permaneceremos amoldados ao conhecimento deste mundo e estamos destinados também a ser apenas uma fonte que derrama do que recebe sem reter nada. Devemos ser firmes em nossas convições e valores como firme é o corpo da xícara, mas devemos permitir ser cheios do que vem do Reino de Deus.

Renovar a mente é também uma disciplina.

“Senhor, ensina-me a renovar minha mente dentro da Tua vontade, da Tua Palavra e dos valores do Teu Reino.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Disciplinas Espirituais – Adoração

“No entanto, está chegando a hora, e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão ao Pai em Espírito e em Verdade. São estes os adoradores que o Pai procura.” (João 4:23)

Não encontrei nenhum versículo na Bíblia que fale que Deus procura adoração. Nenhum. Econtrei alguns que falam que Ele recebe adoração, mas não que Ele “procura”. Mas este versículo diz que Ele procura adoradores. Adoração não, adoradores sim.

Uma disciplina é tudo que fazemos repetidamente, da mesma forma. Uma disciplina espiritual essencial para nossa vida é a adoração, genuína, sincera, íntima, espontânea. Precisamos quebrar o paradigma de que adorar é cantar. Adorar é reconhecer e elogiar a essência de Deus, do Seu Ser, de Seu Caráter, aquilo que Ele é.

Minhas palavras precisam expressar que eu reconheço o quanto Deus é Santo, Maravilhoso, Poderoso, Excelso, Soberano… Minhas atitudes precisam ser compatíveis com isso, igualmente expressando o que penso e sinto a respeito Dele. Pensa comigo meu irmão: se você trata com frieza e indiferença sua namorada, noiva, esposa – dançou! É questão de tempo e vai ficar sozinho. O que precisamos aprender com isso é que as pessoas que amamos precisam ser tratadas como pessoas que amamos.

Com o nosso grande Deus não é diferente. Se nós não nos disciplinamos para dizer (e não apenas com palavras) o quanto amamos o que Ele é, realmente não compreendemos de fato o que significa amá-lo. O grande desafio, aliás, nem são as palavras mas as atitudes. Como posso dizer que amo a Deus sem usar palavras?

As formas de adoração prática que eu consigo elencar aqui sem muito esforço são sempre as mesmas: obediência, foco na missão, amor pelos perdidos, santidade, testemunho público irrepreensível, cuidado e serviço para com os demais…

Nada impede que tenhamos uma vida de adoração, a não ser a nossa própria comodidade, preguiça e conforto. Tenho aprendido que estes são os verdadeiros inimigos do amor e portanto da adoração.

“Senhor, não me permita perder o foco na disciplina da adoração – quero Te adorar continuamente e disciplinadamente.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Crescendo em Oração – Mãos Limpas

“Quando vocês estenderem as mãos em oração, esconderei de vocês os meus olhos; mesmo que multipliquem as suas orações, não as escutarei! As suas mãos estão cheias de sangue!” (Isaías 1:15)

A Bíblia ensina que um dos motivos que impede nossas orações é estar com as mãos sujas de sangue. No contexto do Antigo Testamento havia sangue no sentido literal, guerra, sacrifício com sangue. No Novo Testamento, precisamos entender o que significa.

Sangue representa vida. Ser nenhum permanece vivo tendo seu sangue drenado. Em nossos dias, especialmente na realidade brasileira do século XXI, pouco ou nada manipulamos de sangue, pelo menos a maioria de nós. Compramos carne no açougue, não matamos o animal. Não estamos em guerras territoriais ou militares, não estamos nos sujando de sangue humano neste sentido.

MAS, somos responsáveis pela vida dos que nos cercam, principalmente no sentido espiritual e de eternidade. Quando permitimos que nosso egoísmo e senso de conforto supere o amor pelo próximo, ao invés de compartilhar com ele nossa fé nós ignoramos ou nos tornamos indiferentes. O maior inimigo do amor não é o ódio, mas a indiferença casada com o egoísmo. Portanto, no sentido da Nova Aliança, podemos estar com as mãos cheias de sangue inocente. Basta negligenciarmos a vida de nossos parentes, amigos, vizinhos, colegas. Basta que apresentemos desculpas ao invés de apresentar resultados.

Não sou partidário de que devamos todos ser evangelistas do tipo que sai na rua, que bate nas portas, que prega nas praças. Para alguns, sim. Mas nossa VIDA deve pregar mais que nossas palavras. Nem por isso devemos nos calar. TUDO em nós deve testificar de nossa fé, da vida de Jesus em nós. Se nos é pesado falar, se não temos coragem, se temos vergonha…

Será que não é essa mão suja que impede nossas orações? Será que não é esse sangue que suja nossas mãos? No mínimo, mas no mínimo, a reflexão é merecida e apropriada.

“Senhor, me perdoe a indiferença, o conforto pernicioso, o egoísmo. Muda meu caráter e me faz sentir compaixão, me importar com meu próximo. Limpa minhas mãos para minha oração ser ouvida.”

Mário Fernandez