Mário Fernandez

Princípios – A Noiva de Cristo

“Regozijemo-nos! Vamos nos alegrar e dar-lhe glória! Pois chegou a hora do casamento do Cordeiro, e a sua noiva já se aprontou.” (Apocalipse 19:7 )

A gente sempre aproveita o início de ano para revalidar as coisas. Eu não sou muito ligado nestas coisas, mas depois de escrever por dois anos sobre o verdadeiro evangelho como estilo de vida, me senti impelido a mudar o assunto. Eu estive recentemente ministrando a Palavra em um evento no qual meu tema foi “a noiva de Cristo”. A Palavra que Deus me deu mexeu tanto comigo e com os presentes, que entendi no meu espírito ser o tema para este ano. Eu lembro claramente do dia do meu casamento, como se fosse ontem, ainda que já tenha se passado quase 30 anos. Eu não sou mais o mesmo, a esposa também não, vieram os filhos, um dia virão os netos – mas o casamento, as bodas, a celebração, isso não muda na memória de todos que lá estiveram.

Há pontos em comum e pontos distintos, se compararmos as bodas do Cordeiro com um casamento tal como conhecemos. Quero meditar tanto em um como em outro aspecto. O que há de comum é fácil de entender, o que é diferente deve nos preparar. Note o que temos em comum:

  • Há um casal, composto por um noivo e uma noiva.
  • Depois do casamento não serão mais noivos, sua condição mudará.
  • É um momento festivo.
  • Todos acreditam ser “para sempre”.
  • Há convidados, testemunhas e há estranhos.
  • Grandes expectativas de ambas as famílias.

Contudo, há importantes diferenças:

  • A data não é divulgada, embora esteja marcada.
  • A noiva não é exatamente “uma mulher”.
  • O que vem depois não é bem “uma família”.

Mas nada me chama mais a atenção nisso tudo do que o noivo Jesus. Ele já está esperando pacientemente, investiu tudo pela noiva, está muito muito acima dos padrões da noiva, isso para nem comentar do Pai Dele. Temos de concordar que se fosse pela lógica, Ele teria escolhas melhores a fazer, mas pela Graça e favor do Pai, o amor supera a lógica, e a escolha não foi feita pelos critérios que algum de nós usaria.

Quero dedicar minhas próximas meditações a buscar o mais profundo entendimento que puder alcançar sobre este noivado, casamento e participantes. Quero compartilhar as maravilhas que recebi do Pai. Um dia, que creio será breve, não precisaremos mais ter dúvidas ou incertezas – mas quero chegar nele preparado, esclarecido, adequado.

E acima de tudo, mais importante do que qualquer outro aspecto a ser considerado, vamos manter em mente que estamos às portas das bodas. Seja qual for nossa linha teológica sobre arrebatamento, milênio, escatologia – não importa, temos de concordar que breve o noivo virá.

“Senhor, não me permita perder de vista e de foco o mais importante senso de urgência da minha vida neste mundo – o noivo vem, as bodas estão às vésperas.“

Mário Fernandez

Identidade – Vivendo o Evangelho

“Respondeu Maria: ‘Sou serva do Senhor; que aconteça comigo conforme a tua palavra’. Então o anjo a deixou.” (Lucas 1:38)

A maior e pior crise que podemos viver não é nem financeira, nem política, nem institucional – é de identidade. Quando o diabo foi tentar Jesus no deserto foi direto na identidade ao desafiar com “se és filho de Deus”. A carta de Paulo aos Efésios é praticamente um tratado sobre identidade. Esse texto contém uma declaração poderosa sobre identidade – eu sou!

Eu creio sinceramente que é chegado um tempo de deixar de lado os clichês, frases de efeito, repetecos de todo tipo. É tempo de olhar para a Palavra de Deus e ver o que de fato ela diz que somos, assumir nossa identidade e andar para frente como quem sabe quem é. Dias atrás eu vi um filme (coisa rara na minha vida) e o sujeito era herdeiro de uma fortuna mas não sabia, portanto vivia como pobre. Quando descobriu quem era, sua vida mudou. Percebe alguma analogia? Fui sutil demais?

Meu querido e minha querida, chega de sermos o que dizem que devemos ser, de vivermos pela legenda de outros. Sejam nossos lideres sociais, nossos pais, nossos patrões, nossas autoridades e até mesmo nossos pastores. Todos eles podem estar certos ou errados sobre isso, mas não importa, pois não se trata de saber quem está certo e sim O QUE está certo – e sempre será a Palavra de Deus. Eu não estou incentivando rebelião, estou incentivando saber quem é em Deus. Não sugiro discordar de todos, sugiro concordar com Deus. Só que para isso só tem uma forma e trata-se do bom e velho (mas não antiquado) hábito da leitura e meditação na Bíblia.

Maria sabia claramente “sou serva”. Pedro disse claramente “Tu é o Cristo”. Jesus disse “Eu sou”. Paulo se apresentou “chamado para ser apóstolo”. Pedro chegou dizendo “servo e apóstolo”. Acho que não precisamos esticar muito mais isso, o recado está dado.

Mas vem com toda força no meu coração a pergunta “e eu, quem sou?“. Se eu não souber quem sou em Deus, minha vida será uma eterna enrolação sem sentido focada em absolutamente nada. Como se diz na minha terra “cor de burro quando foge não é cor”. Meu querido, em terra de cego que tem um olho só é CAOLHO… Não se deixe iludir, é indispensável saber claramente quem somos. Se for para ficar no genérico “sou servo” ótimo, vivamos como servos. Se for algo mais específico como “chamado para ser” então sejamos, seja lá o que for. Desde que seja de Deus, para Deus e por Deus, porque Dele, por Ele e para Ele são TODAS as coisas.

Eu me nego a conformar minha vida a um molde esquisito, molengo e indefinido que simplesmente não define nada. Quero saber exatamente o que Deus quer de mim e quem sou Nele. Até porque, geralmente sei o que quero Dele.

“Senhor, não aceito andar às escuras, preciso saber claramente minha identidade em Ti. Me ajuda a entender a Tua Palavra para saber e viver de modo alinhado como tudo que Tu queres de mim.“

Mário Fernandez

Enrosco – Vivendo o Evangelho

“Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês fecham o Reino dos céus diante dos homens! Vocês mesmos não entram, nem deixam entrar aqueles que gostariam de fazê-lo.” (Mateus 23:13)

Eu sempre li este texto com olhos críticos voltados para os líderes eclesiásticos, assim como esse era também o tom das pregações e mensagens que tenho ouvido sobre ele. O foco é sempre nos líderes que fazem mais mal do que bem, os “servos do inferno” ou “lobos em pele de ovelha”. Não que isso esteja errado ou desalinhado, mas como sempre eu quero mais. Comecei então a meditar e tentar entender como as coisas chegam a este ponto.

Uma pessoa se sente chamada por Deus para ministrar o evangelho, se prepara, faz curso, estuda, aprende, deixa de ter outra carreira, se incomoda cuidando de gente para cumprir seu propósito, na esmagadora maioria tem uma remuneração de medíocre para baixo (se comparado com uma carreira que poderia ter), dificilmente terá mais de uma centena de pessoas ao seu redor, pouquíssimos alcançam a mídia massiva além da Internet… mas afinal, o que deu nessa gente querendo ser “servo de Deus” e ganhar tão pouco? Como as coisas chegam ao ponto em que não entram no Reino nem deixam os outros entrar?

Eu teria de admitir que o espírito de engano é mais poderoso do que posso crer que seja, não vai rolar. Ou eu teria de aceitar que tem pessoas que têm tanta sede de poder que até um grupinho de 20-30 lhe bastam, mas me parece forçado. Ou ainda eu teria que admitir que as pessoas um pouco mais carismáticas consegue dominar sua pequena multidão a qualquer custo e que isso não tem remédio, mas resisto muito à essa ideia. Parecia ser um beco sem saída, quando me lembrei que no começo da minha fé me ensinaram que para estudar a Bíblia é preciso deixar um texto no seu contexto (sim), mas é preciso olhar globalmente à luz dos demais textos (também). Uma coisa não invalida a outra.

Pense comigo por um momento: esses mencionados por Jesus eram os “profissionais da fé” em sua época, tal como hoje temos, por exemplo, mas não exclusivamente os pastores e padres. Muitos absolutamente dignos e bem intencionados, sei disso, mas outros que realmente parecem se encaixar na descrição. Não são fariseus, são pastores. Vivem no século XXI, não no I. O que temos em comum então com os dias de hoje? O POVO. Calma, não vou colocar a culpa no povo, apenas entender o que acontece.

O povo padece por falta de entendimento, erra por não conhecer as Escrituras nem o Poder de Deus. Vemos hoje a cena dos dias de Jesus na Terra com outra roupagem porque o problema essencial é o mesmo. Sempre haverá no meio do povo pessoas, em proporções que podemos discutir, que não se aplicam o suficiente para conhecer a Bíblia, a vontade de Deus, a Revelação, as Escrituras – chame como quiser. Nossos melhores relatos são de quando perseveravam unânimes diariamente em torno da Palavra, ainda que mesmo naqueles dias surgiram problemas.

Minha única conclusão é que estes a quem Jesus repreendeu e os de hoje, correm soltos nas raias da sociedade porque o povo não tem suficiente de Bíblia no sangue, não conhece o Senhor o suficiente para evitar de ser enganado. De quem é a culpa? De ambos, claro. Não vamos eximir a culpa de um líder abusado, nem menosprezar o quanto alguém pode ser influenciado em seu desconhecimento.

A cura portanto, por mais óbvia e repetitiva que nos pareça, é ensinar o nosso povo a aprender. Mais do que pregar, ensinar a lerem a Bíblia. Mais do que consolar, ensinar a buscar consolo nas Escrituras. Mais do que ter razão, mostrar o certo. Isso nunca vai zerar a conta, mas vai permitir que pessoas como as descritas neste texto, sejam mal intencionadas ou apenas hipócritas se auto-iludindo, tenham que se contentar com meia dúzia de gatos pingados.

Aos líderes, e me incluo nisso, lembremos que tem Jeremias 23 em todas as Bíblias e por mais antigo que aquilo seja, os princípios permanecem pois Deus não muda de caráter.

“Senhor, abre meus olhos para eu estar o mais próximo possível de Ti por meio da Tua Palavra, sem engano e sem ser enganado. Eu sou co-herdeiro do Reino dos Céus juntamente com Cristo e quero levar comigo tantos quantos eu possa.“

Mário Fernandez

Memórias e Lembranças

“A memória deixada pelos justos será uma bênção, mas o nome dos ímpios apodrecerá.” (Provérbios 10:7)

Essa época do ano a gente se envolve com diversos memoriais, simbologias, festividades, feriados, viagens, cerimonias. Parece que a vida clica num “pause” esquisito. As pessoas ficam frenéticas se tiverem que trabalhar no dia 25/12 de qualquer ano, como se fossem morrer. Este ano resolvi me dedicar a meditar sobre isso e apontar o que penso, para edificação.

O Natal, sendo ou não sendo em 25/12, tanto faz. A gente não sabe a data, então se for pra comemorar em qualquer um dos 364 dias errados, não me importo que seja esse – principalmente porque creio que se Deus preferisse a data exata ela estaria nas Escrituras. Não gosto do Papai Noel, não curto pinheirinho, raramente compro peru nessa época – mas a data não me incomoda. Eu comemoro o fato, independente da data. Aliás, e em tempo, a única memória que Jesus ordenou foi com respeito a Sua morte e não Seu nascimento, mas vamos em frente.

Tem mito demais no dia 01 de janeiro, as pessoas fazem propósitos como se tivessem renascido, querem emagrecer/estudar/adquirir/prosperar/perdoar como se não houvesse amanhã. Para mim é pura perda de foco, o Senhor voltará como relâmpago, como ladrão, como dores de parto – não porque mudou o ano no calendário. Quem não der conta de ler a Bíblia em um ano que leia em dois, mas leia. Quem não perder os pretendidos quilos até dezembro que continue suando, nenhum dia é bom para infartar. Quem esperou para perdoar já pecou, corre lá e liquida de uma vez. Entenda, a única forma de ter um ano abençoado é vivendo na benção todos os dias do ano não apenas no primeiro de janeiro.

O Carnaval é um feriado bizarro, enorme e mal localizado no calendário, atrapalha tudo e o Brasil só acorda depois do Carnaval da ressaca do reveillon (aliás, eita palavrinha complicada). Se a gente parasse de criticar as barbaridades que acontecem e investisse os demais 360 dias do ano falando do amor de Deus e apresentando um evangelho sincero e verdadeiro, não precisaria combater nada, pois as pessoas entenderiam o princípio.

Os feriados chamados “católicos” tipo “dia de finados” são meramente comemorativos, eu não tenho nada contra eles por si mesmo. Se isso ajuda lembrar de alguma coisa ótimo, memórias ajudam a viver. Desde que o motivo seja biblicamente legal, estou junto, vamos pro feriado. Mas repito – o evangelho verdadeiro se vive todos os dias, as pessoas que amamos tem que ser amadas todos os dias, as pessoas que morrem estão mortas todos os dias. Deus nos ama todos os dias e devemos a Ele um compromisso de santidade – todos os dias.

Os feriados comerciais “dia dos pais” ou “dia das mães” são igualmente legais e importantes para mim, tanto quanto podem ser insuportáveis ou sem nenhuma importância pois trata-se de 1/365 do evangelho que devo viver. Se for para me lembrar da minha mãe somente neste dia fiz uma coisa boa e 364 pecados, o que na minha avaliação é um resultado bem ruim.

O versículo que escolhi para meditar fala da memória do justo. Isso para mim é tudo. No dia em que o Senhor me levar para junto Dele de vez, muito provavelmente haverá um sepultamento e pessoas estarão entristecidas com a notícia. Há possibilidades de arrebatamento coletivo, etc – mas deixemos isso de lado por enquanto. A memória a meu respeito não será marcada pelos Natais, dias de Ano Novo, feriados – nada. Nenhuma data vai influenciar minha memória pois o versículo fala em “justo”, o que não tem relação com data nenhuma mas sim com um caráter, um comportamento, um estilo de vida. Estou investindo em ser lembrado como homem de Deus, faz uns bons anos. Tenho sido abençoado por Deus com 365 oportunidades anuais de fazer isso, as vezes até 366.

Meu querido, se quiser comemorar o Natal e isso não agredir a sua fé, divirta-se. Se isso for contra sua fé, não faça isso, pule a data. Se o tal do Ano Novo te ajuda a viver melhor, faça da melhor maneira. Mas lembre-se dos demais 364. Não sou juiz sobre a vida de ninguém nem tenho autoridade para ficar condenando datas, embora tenho posição e ensino claro sobre as motivações de coisas como “Halloween”, por exemplo.

Te convido, aproveitando esse início de ano, já que para tantas pessoas isso importa. Te convido, a quê? A seguir em frente, a viver para Deus 365 dias por ano, a se santificar um pouco mais, a orar um pouco mais, a meditar na Bíblia um pouco mais, a olhar pelos aflitos, a viver um evangelho digno do Deus que nos chamou – vem aí o noivo!!!

“Senhor, obrigado por cada um dos dias do ano que posso viver contando com Tua Presença, Teu Amor, Tua Glória, Tua Provisão, Teu Cuidado, Tua Salvação… Vai faltar espaço então – OBRIGADO!“

Mário Fernandez

Impossível – Vivendo o Evangelho

“O anjo respondeu: “O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Altíssimo a cobrirá com a sua sombra. Assim, aquele que há de nascer será chamado santo, Filho de Deus.” (Lucas 1:35)

Ouvi alguns há alguns domingos uma palavra muito edificante sobre este episódio do anjo dialogando com Maria. Mas, como sempre, Deus tem mais para quem está sedento e me fez perceber algo que para mim é novo, é alimento puro. Por trás da resposta daquele anjo existe uma lição poderosa que precisamos aprender. A pergunta de Maria foi “como é possível” a resposta do anjo foi “não é possível, é sobrenatural”.

Toda vez que esbarramos em algo que não temos capacidade de resolver nossa atitude é sempre indagativa tipo “como isso é possível?“. Olhamos para os fatores, olhamos para a circunstâncias, nos atemos aos fatos, somos objetivos, somos realistas, somos razoáveis, somos racionais e por mais espirituais que tentemos ser, por mais que nos esforcemos, o clamor da natureza é simples e direto dizendo “não dá, é impossível”. Mas anjo nenhum vai concordar com isso, porque no Reino de Deus a resposta é sempre “aqui não tem impossível, tudo aqui é sobrenatural”. Entenda SOBRE – Natural.

No mundo do sobrenatural, o natural fica por baixo, fica inferior, fica menor – isso explica porque sem fé é impossível agradar a Deus. Ele é sobrenatural, sem fé não se vê o invisível, portanto não é possível ter intimidade com Ele sem fé, não é possível viver como cidadão do Reino de Deus sem fé – simplesmente porque nada Nele é natural.

Ao perguntar “como” a resposta de Deus sempre será “sobrenatural”. Isso contorna o impossível, porque para Ele nada é impossível, claro, pois tudo é sobrenatural. Viver um evangelho sólido (não aguado), legítimo (não mundano), pleno (não cheio de falhas), profundo (não meramente intelectual) – significa necessariamente pisar em solo sobrenatural e conviver com o impossível. Se fosse um conjunto de regras, bastaria a gente fazer uma lista e seguir com ela. Mas não é, pois trata-se de um estilo de vida. Fé se desenvolve, cresce, se alimenta, precisa de exercício como um músculo. Sem ela, não se anda nessas terras.

Precisamos aprender isso urgentemente. Somos muito apegados ao impossível e limitados pelo nosso “como”. Precisamos aprender a ouvir a voz de Deus, seja por qual anjo Ele enviar. Essa voz nunca vai dizer “esqueça” pois ela sempre dirá algo como “sobrenatural, meu filho”. Talvez, por isso tantos de nós ficam para trás na caminhada, não entendem, não crescem, não frutificam, não fazem mais do que respirar e se acham vivos. No meu conceito, menos do que isso nem chega para ser mediocridade, é pior. Te convido a andar com fé neste caminho, com esforço é claro, para entender quando a resposta vier. Maria entendeu, veja no que deu.

“Senhor, não permita que eu desanime diante do impossível nem me ensurdeça diante da Tua resposta aos meus anseios. Me ensina a andar e viver com um pé no Teu sobrenatural, porque eu sei que isso é o Teu Reino.“

Mário Fernandez

Simplicidade – Vivendo o Evangelho

“E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração, Louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar.” (Atos 2:46,47)

Devem ter sido dias muito legais. Sem formato, sem protocolo, sem liturgia, sem energia para pagar, sem salário para ninguém, sem complicação. Devem ter sido dias de muita incerteza sobre como fazer as coisas, daí simplesmente faziam. Devem também ter sido dias em que muitos erros eram cometidos, mas ainda assim as coisas aconteciam, o perdão rolava solto. Devem ter sido dias em que o ensino era um pouco mais incerto, mas muito mais simples. Devem ter sido dias muito legais.

Hoje a gente sabe tudo. Sabe como se cumprimentar, como se vestir, como se comportar. Hoje a gente sabe a Bíblia no idioma que quiser inclusive aqueles que não sabe falar, basta ter um smartphone. A gente sabe tudo sobre Deus, o Reino, a Salvação, todas as doutrinas – mas tudo pela assinatura de outros que publicaram em algum site qualquer.

Hoje a gente tem tudo. Tem música para cantar e se não gostar um de nós faz outra. Temos microfones, guitarra, violão, contrabaixo, teclado, bateria, back vocal, projetor e dá para tocar todo culto pela Internet. Temos maquininha de cartão para receber dizimo, temos envelope bonitinho, conta em banco, CNPJ, site na internet, Facebook, Twiter e WhatsApp.

Mas, hoje os dias não são tão legais. A gente perdeu muito do “levanta e anda”, salvo algumas exceções, claro. Perdemos o “perseverando unânimes todos os dias”, afinal temos tanta coisa para fazer. Perdemos a “singeleza de coração” e somos hoje donos da verdade, mesmo quando discordamos. E perdemos completamente o “caindo na graça de todo o povo”, pois quando muito caímos na graça e na simpatia das denominações que nos rodeiam. Às vezes, muito às vezes, da vizinhança.

Eu sou meio cético para algumas coisas e creio que os dias legais não vão voltar, quem vai voltar é Jesus. O verdadeiro evangelho é para ser mais amado e vivido do que entendido – esse já foi. Cabe atualmente a cada um de nós despertar para a realidade do que é o Reino de Deus e vivê-lo da melhor maneira que puder. Cabe a cada um de nós congregar da maneira mais intensa que puder, fazendo de cada encontro um tempo que valha a pena. Cabe a cada um de nós conquistar uma fatia da simpatia de todo povo, no alcance que tiver.

Eu perdi a capacidade de acreditar que possamos viver como viveram esses irmãos no passado. Peço perdão a todos vocês por isso, pois acho que eu deveria ainda acreditar. Mas não consigo. O que vejo diante de mim é fácil de descrever – é o cumprimento das Escrituras quando dizem que os últimos dias seriam ruins, com pessoas ruins dominando o cenário. Mas não perdi a capacidade de crer na essência do evangelho e no que ela pode fazer pelas pessoas. Não perdi a fé no meu Jesus que salva, que cura, que batiza e que voltará. Não perdi um milimetro da minha intenção de gastar cada um dos meus dias sendo esquisito, chato, diferente – desde que seja bíblico. Não perdi a fé em dias melhores, pois creio na eternidade.

Mas que aqueles dias devem ter sido dias muito legais, isso eu creio sim.

“Senhor, eu não posso viver na minha geração querendo reproduzir o que aconteceu no passado. Tenho que ser abençoador na minha época e viver para Ti com entendimento. Por favor me fortalece para isso.“

Mário Fernandez

Um de Nós – Vivendo o Evangelho

“Não é este o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, José, Judas e Simão? Não estão aqui conosco as suas irmãs? E ficavam escandalizados por causa dele.” (Marcos 6:3)

Eu já devo ter lido este texto umas 300 vezes, sei lá. Mas hoje me chamou a atenção algo que nunca tinha percebido – parece que o fato de Jesus ser “um de nós” era motivo suficiente para que Ele não pudesse realizar os milagres ou operar sinais maravilhosos. É escandaloso um de nós fazer algo extraordinário? Não consigo ver motivo para isso.

Se já era assim nos dias de Jesus em Israel, hoje talvez (provavelmente) ainda o seja. Parece que tendemos fortemente a não dar crédito para aqueles que estão mais próximos de nós, ou que conhecemos desde há muito tempo, ou que não são, digamos, “famosos”. Eu tenho participado de encontros e eventos cristão ao longo de meus 30 anos de fé e posso afirmar com segurança e confiança – Deus fala poderosamente e age de maneira sobrenatural, porque Ele é Deus! Não importa se o pregador é um badalado ou desconhecido, um experiente ou novato, um bem preparado ou curioso. Tudo que é necessário é Deus falar. por meio de quem, realmente não parece fazer diferença.

Mas isso nos remete ao tema central: o evangelho verdadeiro não é um conjunto de regras, mas um estilo de vida. Uma vida que reflete o verdadeiro evangelho não necessariamente terá sucesso, reconhecimento, ou mesmo aceitação. Veja o texto que escolhemos, no qual Jesus em pessoa era motivo de escândalo por ser o “filho do seu José e da dona Maria”. Mas a pergunta central é: isso fez Dele menos? Menos qualquer coisa: menos Filho de Deus, menos Messias, menos profeta, menos Rei dos Reis, menos Mestre? NÃO. A opinião das pessoas pode nos afetar mas não muda quem somos de fato. Portanto, podemos decidir se agiremos pelo que somos, como Jesus fez, ou pelo que dizem que somos.

Costumo dizer que só importa o que o Senhor diz de mim e não o que as pessoas dizem, ainda que eu possa ouvir a voz da multidão para entender algo. Às vezes será a voz de Deus, às vezes, não. É importante e é bíblico ter bom testemunho, ter paz com todos, cair na simpatia do povo – mas isso não pode me limitar naquilo que Deus espera de mim.

Se talvez sua vida hoje seja limitada pelo conceito das pessoas a seu respeito, assim como a minha foi por muito tempo, talvez seja a hora de avaliar se o conceito de Deus a seu respeito não é mais elevado. Isso talvez desentoque alguns profetas de suas grutas ou faça com que alguns grandes homens e mulheres de Deus se manifestem como tal. O verdadeiro evangelho é de liberdade e não de limitações, é ir além de si mesmo e não aquém.

Em um conjunto de regras é simples, basta olhar a regra e ver como se aplica. No Reino de Deus é necessário entender a vontade do Rei Soberano e cumpri-la, ainda que as vezes isso nos exponha à opinião pública de modo desfavorável. Sejamos nós mesmos, mas façamos o que Deus espera de nós.

“Senhor, não posso permitir que minha fama ou meu histórico limite meu serviço a Ti neste mundo. Me ensina e me fortalece para que eu cumpra Teu propósito para a minha vida, independentemente de quem eu fui até então.“

Mário Fernandez

Admiração – Vivendo o Evangelho

“Então, aquele homem se foi e começou a anunciar em Decápolis quanto Jesus tinha feito por ele. Todos ficavam admirados.” (Marcos 5:20)

É muito entristecedor ver o evangelho e seus ministros caindo em descrédito como temos visto em nossa geração. Li recentemente uma pesquisa Datafolha (cito o nome por ser uma instituição renomada e estar tudo publicado) que dizia que os pastores eram a terceira “profissão” tida por mais confiável. Fiquei animado, mas depois li que 15% das pessoas entrevistadas consideram os pastores como confiáveis. Daí desanimei de vez, pois esse numero significa que arredondando, uma de cada seis pessoas está com boa impressão dos pastores. Mas, e o resto?

Hoje não faltam anúncios de milagres, seja na televisão, nas ruas, nas reuniões, nos livros. Também não faltam oportunidades para as pessoas encontrarem uma igreja que lhes agrade em essência, em estilo, seja ele o tradicional, ou o tatuado, ou o skatista, ou o surfista, ou o erudito, ou o surdo, ou o pensador, o bem pentecostal, o nada pentecostal, o que gosta do anonimato, o que se mistura, o que se envolve, o que quer ir embora logo, o da música e o do silêncio. Esse não é o problema de mais ninguém. Então o que falta?

Falta o que o texto diz tão claramente e poucos atentam – falta o homem curado testemunhar do milagre de forma clara e sincera. Falta menos propaganda e mais resultado. Falta as pessoas que são abençoadas anunciarem o que Jesus fez e não o “milagreiro” na mídia. Note que está cada dia mais difícil as pessoas ficarem admiradas com o que quer que seja, tanto para o bom como para o ruim. Precisamos encontrar urgentemente uma forma de fazer com que as pessoas sejam abençoadas, porque quem abençoa é Deus, e que isso faça com que estas pessoas sejam testemunhas do seu milagre.

Ao meditar muito tempo no assunto, algo me ocorreu. Vivemos em outra época e temo (no sentido de ter temor mesmo) que os parâmetros bíblicos não sirvam mais de referência para nós, no sentido de como fazer as coisas. Os princípios sim, são imutáveis. Os ensinos valem. Mas o MODO não se aplica mais, temos que fazer a mesma coisa de outra forma. Por quê? Simples. Jesus curava e ensinava direito, deixava as pessoas com entendimento do que havia acontecido. Eram menos pessoas. Havia menos “opção”. Hoje é tudo tão diversificado e complicado, que as pessoas, mesmo sendo curadas (ou alcançadas por outra forma de favor Divino), não entendem o que aconteceu. Entram doentes, saem curadas; entram ignorantes do Reino de Deus, saem igualmente ignorantes.

Vou ter de ser chato e repetitivo: nos falta Palavra Viva, Escritura Sagrada, Revelação de Deus – BÍBLIA. Falta saber mais, estudar mais, entender mais e ensinar mais. Eu creio com todo meu coração que se ensinássemos sobre o Reino com a mesma qualidade que Jesus ensinou, os paralíticos andariam e sairiam dizendo o que aconteceu – e as pessoas ficariam admiradas. Te convido a embarcar comigo, vamos tentar mudar isso. Vamos ensinar mais sem deixar de investir na ministração da cura, da libertação, do milagre, do sinal – chame como chamar.

“Senhor, me sinto constrangido quando vejo o evangelho aguado dos meus dias, com pouco impacto na minha geração. Dá-me discernimento para agir de forma que as pessoas Te conheçam através das Tuas maravilhas.“