Mário Fernandez

Capazes – Vivendo o Evangelho

“Mas escolha dentre todo o povo homens capazes, tementes a Deus, dignos de confiança e inimigos de ganho desonesto. Estabeleça-os como chefes de mil, de cem, de cinqüenta e de dez.” (Êxodo 18:21)

Uma pessoa pode ser entendida como “capaz” quando ela dá conta de fazer aquilo para o qual seja incumbida, ou se ofereça para fazer, ou assuma como responsabilidade. Capacidade tem relação com preparo, com vontade, com habilidade – mas muito mais do que tudo isso, é uma relação direta com dar resultado para algo ou alguém. Ser capaz, portanto não precisa ser sinônimo de ser preparado, estudado, formado, experimentado – mas precisa ser sinônimo de dizer que faz, e fazer.

Eu tenho conhecido lideres eclesiásticos extremamente bem preparados. Formados por boas escolas, muito carismáticos, extremamente letrados, com mestrado, com doutorado, grandes leitores, bons escritores. Ttodas coisas boas, sem sombra de dúvida. Mas não demonstram resultado algum, são apenas enciclopédias com duas pernas. Será que são capazes? Devem ser, mas não se dispõe a tal. Não produzem nada além de palavras, palavras e mais palavras. Um dia perguntei a um destes famosos “doutor, a quanto tempo o irmão não ganha uma alma para Jesus pessoalmente, no um a um?” Imagine a resposta: “Veja bem…”

Líderes capazes são aqueles que usam o que tem, produzem o que der, dão conta do que sabem. Alguns sim, talvez até mesmo a maioria para eu ser justo, são bem preparados. Outros, menos preparados, produzem igual ou até mais. São igualmente capazes, portanto. Se nossa ótica for míope, só conseguiremos ver como capazes aqueles que poderiam fazer e não os que de fato fazem.

O maior dilema é saber o que deve ser considerado como produzir ou fazer, para que possamos entender alguém como capaz. A palavra aqui fala de separar homens capazes para liderar o povo, portanto não podemos nos esconder atrás do pretexto de “não quero ser juiz de ninguém”. Temos de analisar e decidir, de uma ou de outra forma, pois não participar também é uma decisão.

Quem de nós não pode produzir algo ou não seja capaz de fazê-lo? Mas quem de nós é capaz o suficiente para liderar o povo de Deus? Não se trata, neste contexto, de ser capaz de qualquer coisas mas de ser capaz de liderar. O evangelho simples e autêntico, que vai além de um mero conjunto de regras, permite que sejamos usados por Deus além de nossas capacidades. Mas temos de ter capacidade para ir além, não é mesmo?

“Senhor, eu quero me preparar e me capacitar para que um dia possa liderar Teu povo de maneira que Te agrade e Te sirva aos propósitos.“

Mário Fernandez

Liderança – Vivendo o Evangelho

“Mas escolha dentre todo o povo homens capazes, tementes a Deus, dignos de confiança e inimigos de ganho desonesto. Estabeleça-os como chefes de mil, de cem, de cinqüenta e de dez.” (Êxodo 18:21)

Eu não sou dos mais animados em fazer doutrina em cima de textos do Antigo Testamento, muito menos em narrativas históricas como esta. Contudo, aqui temos uma pérola que merece atenção. Eu vejo este texto sendo confirmado claramente em 1 Timóteo 3.

Eu fico olhando para nossas lideranças hoje, em pleno século XXI, e me parece que os critérios descritos aqui foram esquecidos. Sinto-me, inclusive, “injustiçado” num certo sentido – mas não tenho mágoa, estou em paz. Me refiro a momentos da minha vida no passado em que o fato de eu ser capaz não significou nada porque eu era amigo da pessoa errada. O fato de eu ser temente a Deus foi irrelevante pois eu O servia na denominação errada. Minha confiabilidade foi desprezada pois eu não tinha dado os números de crescimento esperados. Minha honestidade e idoneidade financeira não pesaram em nada pois o líder principal não era simpático a mim. É uma via de duas mãos, pois do mesmo modo como eu não fui reconhecido por atender a critérios bíblicos, outros foram colocados como líderes sem tê-los.

Temos de olhar para dentro de nós mesmos e de nossas instituições eclesiásticas, fazendo uma reflexão seríssima a respeito de nossos líderes. Viver o evangelho é coisa séria e é para quem entendeu que é um estilo de vida. Este texto, ainda que lá pelos anos 1500 a.c. (não sou grande historiador mas a data em si é irrelevante), nos fala do caráter desses líderes. Quem nos autorizou a tomar a palavra de Deus pela metade? Podemos simplesmente elevar à posições de destaque pessoas que simplesmente tem um dos critérios mas não atendem aos demais?

Não sei se sou apenas eu, mas conheci líderes de todo tipo ao longo da minha vida. Conheci incapazes com muito temor de Deus, como também conheci tementes a Deus com vida financeira reprovável. Conheci homens destacados cuja palavra não valia nada portanto não eram dignos de confiança. Incrivelmente, conheci homens de pouco estudo e grande simplicidade que tiravam mais do que nota 7 nos 4 requisitos deste texto, portanto eram os verdadeiros “eleitos”. Meu Deus, como isso é sério.

Se quisermos viver um evangelho que mude o mundo, ele tem que ser mais do que um conjunto de regrinhas a serem seguidas, precisa ser necessariamente um estilo de vida. Mas, a não ser que o meu querido leitor seja um líder de alto nível hierárquico, sua preocupação deve ser como a minha – EU devo atender estes critérios para um dia ser digno de liderar. Se vou ser reconhecido ou não, se vai haver espaço ou não – são questões periféricas. Não posso é negligenciar o que sei ser o certo.

Precisamos meditar mais nesta palavra. Que Deus tenha piedade dos que escolhem mal, porque tenho certeza que ele vai pesar a mão nos que sabem o que fazer mas não o fazem. Quero ficar fora desta lista e te convido e vir comigo.

“Senhor, eu não vou aceitar uma vida que não seja de acordo com a Tua Palavra. Me ajuda a atender os Teus critérios e me tornar alguém digno de liderar o Teu povo, mesmo que nunca o faça.“

Mário Fernandez

Mente – Vivendo o Evangelho

“Tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos” (Efésios 1:18)

Confesso que esse versículo talvez não seja 100% focado no que eu tinha em mente, mas por “algum motivo” não consigo sair dele. O nosso entendimento reside na nossa mente, portanto na alma. Não é parte do nosso corpo físico, embora use nosso cérebro como instrumento ou ferramenta, talvez até como motor. Não é totalmente espiritual também, embora haja revelações espirituais que entrem em nosso entendimento. Mas meu foco nesta meditação é na iluminação dos olhos do entendimento.

Eu tenho me negado a ler, ver e ouvir tudo que for contrário à minha fé. Sejam livros, filmes, séries, músicas, apresentações, lugares, companhias, hábitos, comidas… tudo, tudo, tudo que tentar agredir o que Deus me revelou nestes quase 30 anos de caminhada com Ele, eu evito veementemente.

Alguns me chamam de quadrado, inflexível, dizendo que não tenho a mente aberta. Sabe de uma coisa? Eles tem razão. A Bíblia manda renovar a mente (Romanos 12) e não mantê-la aberta. Sou o único responsável, escolhido e capacitado pelo próprio Deus, para uma missão intransferível – preservar o que Dele recebi. Se eu ficar ofuscando os olhos da minha mente (entendimento) com luzes estranhas, vou ficar míope, vesgo, sei lá o quê. Perderei meu foco, minha capacidade de julgamento, minha visão.

Dou uma dica para os que acham isso radical e pensam ser impraticável: vai fundo. Assista TV, leia livros de outras doutrinas, veja filme ruim, ouça música mundana, se pendure na internet, vai fundo. MAS para cada minuto poluindo seu entendimento reponha com um minuto de leitura bíblica e meditação na Palavra de Deus. Um para um é justo, não é? Então, se o filme durar duas horas, leia a Bíblia por mais duas horas. Arrisque tentar para ver o que enche mais.

Deus me deu uma semente, uma boa semente, para ser preservada ao ponto de estar sadia no momento da semeadura. Se eu comê-la, peco. Se eu sufocá-la, peco. Se eu esquecer dela no meu depósito, peco. Tudo, qualquer coisa, que eu faça além de zelar por ela e semear no momento certo, peco. Não quero pecar, pelo menos não naquilo que posso evitar e naquilo que nitidmente será pecado.

Uns gritam, eu não me empolgo tanto. Uns dançam, eu não curto. Uns saltam, eu sou mais pacato. Uns se calam, eu falo. Uns se amedrontam, eu enfrento. Eu sou eu, não sou mais ninguém. O que Deus me deu é responsabilidade minha, quer tenha dado a milhões de outros ou não. Se eu for o único depositário de uma revelação maravilhosa ou só tenha entendido o que qualquer tonto já tenha entendido, ainda assim serei eu.

Aprendi há algum tempo que o fato de existirem notas falsas de R$50 não significa que todas o sejam. Pelo contrário, se há algo falso, inspirou-se no verdadeiro. O mover de Deus, as manifestações espirituais, a ação de Deus neste mundo, a revelação do Pai em Sua Palavra – tudo isso tem sido atropelado por manifestações fingidas, homens sem escrúpulos, doutrinas furadas, muita barra forçada. Ainda assim sirvo a um Deus que é Deus e não deus. Os ministros falsos não invalidam os legítimos, os milagres fingidos não invalidam os atos de Deus, a palavra falsa e torcida não invalida a verdadeira Palavra. Nego-me a crer nisso, Deus continuará sendo Deus.

Independentemente da forma doutrinária que crermos, o que não podemos fazer é tornar normal e natural o que não é – o sobrenatural de Deus. A conversão é o maior e mais incomparável milagre de todos os tempos na história do universo. Para mim é superior ao milagre da criação do universo. A decisão de Deus usar homens como eu, misericórdia, é um grande milagre de amor por parte Dele. O fato de ter lugar no céu por toda eternidade para um tonto com eu, Aleluia!, é milagre. Tudo isso é verdade, por mais que na vida de alguns seja falso. Para mim não é.

O pensamento é o seguinte: ainda que fosse necessário ir para o céu sozinho morar com Cristo (o que não é verdade, para Glória de Deus) AINDA ASSIM EU TERIA DE CRER NELE. Isso é o verdadeiro evangelho na minha vida. Não um conjunto de regras, mas o poder de Deus para transformação salvadora aos que crerem.

“Senhor, obrigado porque o os olhos do meu entendimento receberam a Tua luz. Agora cabe a mim preservar iluminado, mas não me é nada fácil. Por favor, me ajuda e me ensina a fazer isso.“

Mário Fernandez

Caráter – Vivendo o Evangelho

“E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção” (Efésios 4:30)

Nunca tive a curiosidade de comparar este texto acima com 1 Tessalonicenses 5:19 até que uma leitura de um livro, presente de um amado amigo e irmão em Cristo, me chamou a atenção a isso. Afinal, o Espírito Santo pode ser entristecido e apagado, mas o que é uma coisa e o que é outra?

Meditando sobre isso em uma manhã de domingo, num raro momento de folga dos meus afazeres, balançava na rede na sala e Deus falou comigo a este respeito. Aleluia. Eu jamais por mim mesmo entenderia algo sobre nada disso.

O texto da carta de Paulo aos Efésios está falando desde o inicio do capítulo sobre questões de caráter. Andar segundo a vocação (atitudes), guardar a unidade (relacionamentos), chamados para diferentes ministérios (vocação), não ser meninos (maturidade), não andar como gentio (santidade), renovar a mente (aperfeiçoamento), parar de furtar (mudança), palavras para edificação (testemunho) – tudo isso se refere ao caráter da pessoa, não necessariamente sendo uma questão “espiritual” por si mesma, ainda que penso ser tudo de fundo espiritual. Quero dizer com isso que esses aspectos todos são do nosso lado e não do lado de Deus, inclusive, afirmo eu, que mesmo pessoas sem Deus podem atingir, no todo ou em parte, este elevado padrão de conduta, ética, bom comportamento, relacionamentos, etc.

Já no texto de Tessalonicenses Paulo começa falando do dia do Senhor, sobre o qual não temos qualquer influência. Ele fala sim de atitudes, de unidade, de gratidão, de oração. Mas muito menos e seu foco é no Reino e não em nós. O que se pode ver é que há, sim, uma distinção do outro texto, embora não haja conflito mas complemento. Fiquei fascinado, admito. Evangelho de verdade é isso, é aprender de Deus o tempo todo, beber da fonte, viver ligado no Trono.

Quando falamos do caráter estamos falando do lado humano da criação de Deus, daquilo que carregamos como pessoas, sejam estas dedicadas a Deus ou não. Então é possível mesmo tendo uma alma renovada e salva, uma conduta cristã, uma vida para o Senhor – sim é possível que no meu deslize, na minha fraqueza, na minha limitação eu o entristeça. Provoco nele um sentimento negativo, causo uma reação contrária Naquele que devia “se orgulhar” de mim. É triste, mas é fato. Minha alma pode então entristecer a Deus com alguma coisa que faço ou deixo de fazer (chamava-se isso de pecado, agora parece ter outros nomes).

Quando falamos de apagar o Espírito (ou extinguir em outras traduções) estamos falando do lado espiritual, não da alma. O Espírito Santo de Deus não pode ser morto, ou destruído. O sentido de apagado ou “extinto” se refere ao seu manifestar, sua movimentação, sua atuação. Neste sentido a tradução por apagar me soa mais fiel ao original. O Espírito Santo é uma pessoa, tem percepção e atuação. Nós podemos apagá-lo tal como podemos apagar uma fogueira, mas Ele pode reacender-se quando e como quiser pois Ele é Deus. Ainda assim, essa brincadeira sem graça de apaga-acende-apaga não é o que Deus deseja de nós.

Temos de encontrar, seja a forma como crermos nisso, um meio pelo qual o Espírito Santo de Deus possa fluir e agir com mais liberdade, rumo à total liberdade. Isso se dará na nossa alma e no nosso espírito. Nossa alma não pode mais entristecê-lo e nosso espirito não pode apagá-lo.

Como já aprendemos que o evangelho não é um mero conjunto de regras e sim um estilo de vida, nada me parece mais apropriado que abraçar, neste estilo de vida, atitudes que conspirem a favor e não contra estas duas coisas.

Como fazer isso? Eu não sei se encontro uma fórmula, mas sugiro começar lendo o Efésios 4 inteiro e 1 Tessalonicenses 5 inteiro. Colocando aquilo em prática na totalidade, quero crer que se faltar algo será pouco. É um belo desafio.

“Senhor, perdoa-me por Te entristecer e por Te fazer cessar de fluir em minha vida. Ensina-me o que devo fazer e deixar de fazer para viver mais de acordo com Tua Vontade para mim.“

Mário Fernandez

Obediência – Vivendo o Evangelho

“Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém.” (Mateus 28:19,20)

Fiz questão de tomar este texto, das diferentes narrativas que a Bíblia oferece, pois além de ser o mais conhecido oferece também o caráter mais impositivo de todos, ou seja, é o que mais se parece com uma ordem. Não vou discutir a exegese e evocar os termos gregos, quero ficar no básico, ou o que está aos olhos.

Jesus em seu ministério fez muitas coisas. Nem todas foram registradas por escrito, como bem disse o apóstolo João no final de seu evangelho. Mas de tudo que Jesus fez, podemos resumir em poucos pontos para entender mais facilmente:

  • Ensinou as Escrituras (aqui incluímos falar sobre o Reino de Deus, sobre o Pai, etc)
  • Orou por enfermos (inclusive ressuscitou mortos)
  • Expulsou demônios
  • Operou milagres e maravilhas (multiplicou pães, acalmou tempestade, etc)

No texto paralelo de Marcos temos a afirmação de que sinais seguiriam os que cressem e são os mesmos 4 pontos. Em Mateus 5 em diante no chamado “sermão do monte” vemos os mesmos pontos. Neste texto de Mateus 28 temos basicamente a mesma coisa.

De onde tiramos a ideia de que é preciso uma preparação ou um ensaio ou uma qualificação para cumprir uma ordem dada por Deus? Se a ordem é “ide” ou “fazei discípulos” é discussão semântica, temos uma ordem a cumprir. Quem nos dá o direito de decidir por nós mesmos quando estamos prontos para obedecer???

Eu tenho em minhas mãos uma Bíblia cheia de referências, textos, ensinos, histórias e mandamentos que me apresentam claramente o que devo fazer. Não encontrei nenhuma referência do tipo “quando se sentir pronto”. No livro de Josué não tem nada como “vai aquecendo que vamos invadir Jericó”, pelo contrário, é mais como “santificai-vos [agora] pois amanhã [data marcada sem opção] o Senhor fará maravilhas”. É como se o trem do mover de Deus fosse passar e a opção que temos é embarcar ou não, nada mais. Se embarcar arque com as consequências e se não embarcar preste contas disso ao dono do trem.

Meu querido, ao ler esta meditação pense no seguinte: Deus só te pedirá o que te é impossível se Ele mesmo te capacitar para tal de forma sobrenatural. Nem mais, nem menos. O impossível para nós é normal para Ele. O nosso normal para Ele é nojento, é carnal, é desse mundo, é imundo. A decisão NUNCA deve ser se estou pronto para orar com os doentes ou para ensinar o Evangelho, mas sim se quero obedecer ou não pois o demais vem dele. Simples assim? Sim, simples assim!

Deus sempre pediu para pessoas fazerem mais do que eram capazes e muitas delas de fato fugiram disso. Outras disseram “se o Senhor não for conosco então não nos tire daqui” o que em outras palavras seria “o que Senhor está pedindo é impossível então faça porque eu não conseguirei”. Mas obedeceram. Fizeram. E não me refiro a Jesus, estou falando de um Davi adolescente matando um gigante experiente, de um Gideão amedrontado liderando exércitos, de um Pedro iletrado curando com a sombra, de um Elias sozinho e desarmado derrotando 850 profetas, de um Felipe pregando a um eunuco sobre batismo no meio de um deserto.

Eu creio sinceramente que é chegado um tempo de pararmos de teorizar e tomarmos uma decisão sincera se queremos [desejamos] ou não obedecer o que Deus já ordenou claramente. Sem profetadas, sem revelações e revelamentos, sem chão tremer, sem ventania, sem nada disso – apenas porque está na Bíblia e não estou fazendo, mas sei que deveria fazer. Eu creio que a hora é agora para abrirmos a porta do templo e deixar aberto enquanto tiver um doente para orarmos. De acordarmos mais cedo para orar, de dormir mais tarde para ler a Palavra, de olhar menos filme e escrever mais da história da nossa geração.

“Senhor, perdoe por resistir aos Teus chamados. Inúmeras vezes eu poderia ter obedecido e não o fiz. Fortalece-me para que eu seja obediente pois isso é melhor do que adorar.“

Mário Fernandez

Fé Funcional – vivendo o Evangelho

“Pois as boas novas foram pregadas também a nós, tanto quanto a eles; mas a mensagem que eles ouviram de nada lhes valeu, pois não foi acompanhada de fé por aqueles que a ouviram” (Hebreus 4:2)

Eu acredito que não preciso mais explicar que “boas novas” é a tradução do termo “evangelho”. Ou seja, o versículo começa dizendo que nos foi pregado o evangelho, portanto as expressões “tanto quanto a eles” inclui os judeus e os gentios – o que em termos bíblicos representa todos nós que nos achegamos ao Reino de Deus independentemente de nossa origem. Aleluia, teve espaço para mim.

Mas este versículo declara que o evangelho foi de forma absolutamente ineficiente, ineficaz, impotente, incapaz, desprovido de efeito, inócuo – diante de um “poder” maior que ele. Sim, estou afirmando que existe algo mais poderoso que o próprio evangelho adequadamente pregado, ainda que alguns o tenham por irresistível. A incredulidade, ou falta de fé, é algo que merece meditarmos pois tem poder de anular até o que Deus pretenderia fazer se não respeitasse nossa vontade.

A Palavra de Deus nos coloca frequentemente em vários cenários, da antiga e da nova aliança, como donos da nossa decisão. Por vezes não temos capacidade, nos falta força, mas somos nós que decidimos pela bênção ou pela maldição, pela salvação ou perdição, enfim por Deus ou não. A salvação vem pela fé e a fé pelo ouvir a Palavra de Deus, portanto precisamos ouvir. Mas este versículo nos ensina que ouvir sem fé não produz o resultado do evangelho – salvação em Jesus Cristo. Portanto, só podemos concluir que a falta de fé (incredulidade aqui no meu vocabulário) congela, engessa, prende.

Tudo começou porque uma pessoa me questionou sobre o poder da fé e eu como entusiasta do assunto fiz descrições e declarações quase que exageradas a respeito do que é a fé e o que ela pode operar na vida de pessoas e grupos, lugares e situações. A fé é o poder que por meio da palavra move montanhas, que traz salvação, que cura enfermos, que expulsa demônios, que opera milagres. Daí me dei conta que o poder da fé faz falta!!! Sem ela é impossível agradar a Deus então… Sobrenaturalmente, a ausência da fé é tão poderosa quanto a própria fé.

Veja bem, não estou dizendo que tem algo mais poderoso que o Deus Todo Poderoso. Não estou dizendo que falta de fé tem mais poder que a fé em si. O que estou dizendo sim, é que a fé não apenas faz falta como tem efeitos para bem e para mal. Sem ela nem o evangelho tem efeito. Sem ela nada funciona.

Talvez mereça um exame minucioso sobre o que é uma fé funcional (no sentido de que funciona, tem função). Mas a parte fácil de entender é que por falta de fé o evangelho secou na vida de alguns como a semente lançada sobre pedras.

Está achando difícil viver o evangelho? Invista mais na fé. Está difícil anunciar o evangelho? Aplique mais fé. Está complicado encarar o cotidiano com princípios do evangelho? Use mais fé. Está se sentindo cansado, abandonado, esquecido, desamparado? FÉ.

“Senhor, me ajuda a desenvolver minha fé e ter um fundamento firme do que não posso ver. Ensina-me a andar em fé, crescer em fé e aplicar fé em tudo que tu me deste.“

Mário Fernandez

Poder do Reino – Vivendo o Evangelho

“Pois o Reino de Deus não consiste de palavras, mas de poder.” (1 Coríntios 4:20)

Eu não poderia deixar de falar do poder do Reino, depois de ter meditado em tantas formas e fontes de poder. Afinal, há poder no nome de Jesus, no sangue de Jesus, no Espírito Santo, no Pai, na igreja. Mas o Reino de Deus consiste de poder, é feito de poder, é baseado em poder. Aqui precisamos de um claro entendimento do que isso significa.

Poder é uma capacidade, uma habilidade, uma disponibilidade. Não é necessariamente uma vontade ou um desejo. Poder (substantivo) tem relação direta com o que pode (verbo) ser feito ou realizado. Então se eu consigo levantar um galão de água de 20 litros do chão, eu tenho poder para isso. Se eu tenho capacidade para escrever este texto, eu tenho poder para isso. Que tipo de poder então constitui o Reino de Deus?

Isso não chega a ser um mistério, mas a compreensão está reservada para os que vivem um evangelho verdadeiro e puro, descontaminado de coisas humanas. O poder do Reino é o poder de Deus, o Rei deste Reino. Como assim? Pense num reino medieval, como vemos nos filmes. O Reino A tem um exército de 1.000 homens, mas o reino B tem um exército de 2.000 homens. Ainda assim, o Reino A derrota o Reino B na batalha e toma seus despojos, seu território, seu patrimônio. Como? Por quê? Porque seu rei é mais valente, portanto mais ‘poderoso’. Coragem é uma forma de poder, número de soldados também, armamento também, treinamento também. No Reino de Deus o Rei é tudo. É a fonte do poder, é a fonte da sabedoria, é a fonte de tudo.

Quando se decide ser cidadão do Reino de Deus, não necessariamente tomaremos posse deste poder pois este é intrínseco ao Reino. Mas sendo cidadãos temos direitos e um dos nossos direitos é de usufruir das riquezas e proteções do reino ao qual pertencemos. Deus tem toda riqueza para nós, ainda que alguns não compreendam isso pois associam riqueza com dinheiro deste mundo. As riquezas espirituais alcançam o que o dinheiro não compra. A proteção de ser cidadão do Reino de Deus é total e eterna, a proteção do nosso exército terreno é falha e passageira. Não dá para comparar.

Entender o que significa o poder do Reino de Deus é entender que “posso todas as coisas naquele que me fortalece” não significa fazer o que tem vontade – mas cumprir uma missão. É entender que “somos mais que vencedores” não implica fazer o que quer, mas cumprir uma missão. Pasme, viver um evangelho verdadeiro é mais do que um conjunto de regras, é assumir uma cidadania – é assumir ser cidadão do Reino dos Céus. Suas próprias leis, idioma, costumes, moeda, Rei. E ser um estrangeiro nessa Terra, sendo cidadão do Reino, é um desafio interessante pois só há um tipo de cidadão do Reino de Deus fora de lá – o embaixador. Estes somos todos nós, ainda que alguns não o façam.

“Senhor, me ajuda a entender e viver como cidadão do Teu Reino e não deste mundo. Eu quero aprender a ser um visitante nesta Terra para me preparar para viver contigo eternamente.“

Mário Fernandez

Poder da Igreja – Vivendo o Evangelho

“E o Deus de paz esmagará em breve Satanás debaixo dos vossos pés. A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja convosco. Amém.” (Romanos 16:20)

Eu não sou igrejista nem igrejeiro, o que significa dizer que eu não coloco a igreja acima do Reino de Deus, muito menos acima de Deus, e também significa que eu não espiritualizo o que não é espiritual. Igreja é um treco complicado, cheio de gente complicada, funciona mal, não faz tudo que tinha que fazer, acaba perdendo gente por falta de “jogo de cintura”, escandaliza uns, desagrada outros, erra nas prioridades – enfim, o que não tem na igreja é perfeição. Estou ciente disso, convivo com isso. Igreja tem Deus, tem, mas tem pessoas e estas são falhas ambulantes.

Por outro lado, não posso me furtar de dizer que creio na Bíblia e esta ensina que a igreja é projeto de Deus. Há um poder intrínseco no povo que se reúne em torno da Palavra de Deus para orar, adorar, aprender, pedir e agradecer. Podemos até discutir o que é o que não é igreja, as expressões atuais corretas e desviadas, bizarras ou não. Mas não podemos discutir uma coisa: há sim um povo que, reunido ou não, é sincero diante de Deus e busca santificação (sem a qual não se verá o Senhor), usa a fé (sem a qual é impossível agradá-lo) e tem na Palavra de Deus sua luz e estrado. Esse povo, reunido ou não, é a igreja verdadeira do Senhor na Terra e será reunido na eternidade para lá permanecer com o Deus Todo Poderoso. Aleluia, me deu arrepio aqui só de escrever isso.

Debaixo dos pés de pessoas assim, que vivem para o Senhor, há uma promessa poderosa de pintar o chão com a cara do diabo. Há poder na igreja sim, desde que seja igreja. Não na instituição, mas nas pessoas. Há poder a ponto de servir para emprestar os pés para esmagar a Satanás. Note que o texto não diz que Deus esmagará com o Seu pé, ou com os anjos. Em um texto unanimemente dirigido a uma igreja, Paulo diz “debaixo dos seus pés”. Isso é demonstração de poder e de autoridade. Sim, está no futuro, ainda não é hoje, eu sei de tudo isso. Mas nada no Reino de Deus acontece do nada ou de um minuto para o outro, veja que já somos esse povo e portanto esse poder já deveria estar fluindo.

Sonho (literalmente) com dias de culto sem hora para acabar mas sem anarquia. Com reuniões onde as pessoas ao chegarem se sentem péssimas, horríveis, um trapo – por consciência do pecado. Mas vão embora regozijantes, curadas, saradas, restauradas, libertas – e contrariadas, pois queriam ficar. Sonho com um tempo quando as pessoas contribuem voluntariamente com tudo que tem e o uso é absolutamente adequado – como era no começo. Sonho com pessoas que se convertem hoje, são batizadas amanhã, e daqui dois dias já começam a trazer os próximos. E na semana que vem já estão atazanando médicos orando com doentes. Sonho com uma igreja que lê a Bíblia e ora mais do que faz qualquer outra coisa. Será que verei este sonho? Não sei. Mas eu e minha casa estamos lutando para fazê-lo realidade.

Será que é sonho ou é um vislumbre de alguma promessa? Também não sei responder, mas tenho certeza de que é possível, atingível, palpável. Se eu não fizer, meus descendentes o farão. Junte-se a mim e vamos acelerar essa coisa.

“Senhor, ensina-me a ser igreja no meu tempo, na minha geração, na sociedade onde vivo, nos lugares onde frequento. Ensina-me a dar um passo de cada vez para chegar no Teu alvo para mim.“