Mário Fernandez

Paciência – Vivendo o Evangelho

“Alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração;” (Rm 12:12)

Viver uma vida centrada em Deus, com busca constante de santidade, fugindo do pecado, desenvolvendo dons, evangelizando, dedicando-se ao Reino – tudo isso é apenas mera e fraca retribuição pela salvação que recebemos. Ainda ssim, para alguns é um fardo ou um fanatismo inaceitável. Para mim é um prazer e uma satisfação. Mas, isso não nos insenta de passar tribulações neste mundo. Não estou afirmando que Deus tenha prazer em nos atribular, mas é necessário para nosso crescimento e aprendizado que Ele permita que passemos por certas coisas.

Ainda que nesta vida não possamos compreender determinadas situações desagradáveis, precisamos delas para aprender algo. Eu não sei o que é, mesmo porque talvez para mim a mesma prova ensine uma coisa diferente do que para outra pessoa. Mas a mesma doença que mata um fortalece outro. A mesma traição que a um foi quase indiferente ao outro foi mortalmente insuportável. A certeza é a de que tem algo para ser aprendido, desenvolvido, algum crescimento está encomendado e a prova ou tribulação é o mensageiro.

Para quem ler este texto pode parecer que foi escrito por alguém que nunca sofreu na vida, que vive num aquário protegido de tudo e de todos. Mas pode acreditar, nada é mais falso. Sou um homem que passou por muitas situações neste mundo que para outros seriam insuportáveis. Não passei por outras que para mim o seriam, é verdade. Mas a constante nisso tudo é sempre a mesma – se perseverarmos aprenderemos. Viver um evangelho verdadeiro é a busca constante e interminável pelo aperfeiçoamento. Ser perseverante é a chave. Este texto não diz para se alegrar na tribulação, não diz para agradecer por ela, não diz para comemorar a vitória depois dela, não diz nem para enfrentar de boa vontade – tudo isso tem seu papel, seu momento e sua atitude corretos, citados em outros textos. Aqui nossa admoestação é para ser paciente, perseverante, persistente, tenaz.

A paciênica é filha da espera com a disposição. Esperar é ter paciência, mas desde que com a disposição correta. Esperar murmurando ou amaldiçoando não é paciência. Ter boa vontade com pavio curto e atropelar, não é paciência. Ser paciente na tribulação é encarar a tribulação, esperar ela dar seu tempo, mas manter a alma na disposição ou inclinação correta. Vejo e convivo com muitas pessoas que esperam a tribulação passar se martirizando, murmurando ou mesmo se rebelando. Isso não é paciência e estica o tempo de tribulação, pode acreditar.

Dias atrás ouvi uma palavra que me marcou. Um jovem dizia “eu queria estudar medicina, mas quando penso que vai levar 8-10 anos para eu ser um médico eu desanimo”. O seu conselheiro, mais velho e sábio lhe disse “e se você não estudar medicina esses 10 anos não vão passar? Sabe qual a diferença entre fazer e não fazer? O resultado. O tempo vai passar igual, se fizer outra coisa daqui 10 anos você será 10 anos mais velho, médico ou não”. Estou digerindo esta palavra desde então. Se encaramos as tribulações com paciência podemos vencer e o sofrimento será certamente abreviado. Encarar de forma impaciente só vai piorar.

Vivamos um evangelho que nos anima e motiva a prosseguir, pacientemente, mesmo diante de tribulações. O evangelho não nos vacina nem nos blinda contra elas, mas nos ajuda a vencer.

“Senhor, não consigo imaginar algum motivo para eu me alegar ou me motivar que não venha de Ti. Se o Senhor não me fortalecer qualquer desafio será grande demais para mim.“

Mário Fernandez

Mais Esperança – Vivendo o Evangelho

“Alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração;” (Romanos 12:12)

Viver o evangelho tem dessas coisas. Ter esperança já não é moleza, mas alegrar-se na esperança é sobrenatural. Esperar não é fácil, não conheço ninguém que goste de ficar esperando. As pessoas se submetem às esperas por falta de opção ou por necessidade. Basta olhar para uma gestante (em tempo, uma das coisas que mais me maravilha nesta vida) e ela suspira para que o bebê “saia logo”. Fila de posto de saúde, até caspa é emergência. Caixa de supermercado, 102% ali está atrasado. Quando eu era criança a gente tinha 5 canais na TV e só 3 eram coloridos. Ficava 15, 20, 30 minutos fora do ar, isso sem contar a madrugada inteira pois depois da meia noite nenhuma ficava no ar. Agora, 15 segundos é o limite dos pacientes.

Falar sobre esperança é lugar-comum, tem pregações no YouTube pra encher alguns muitos DVDs, não poucos. Falar sobre esperança é relativamente fácil, respeitosamente eu creio, pois nossa esperança tem uma base extremamente firme – nossa esperança vem do Senhor que fez o Céu e a Terra, isso não é nem nunca será pouca coisa. O Seu Reino é eterno e viveremos nele como herdeiros, colocados em lugar de honra imerecida, mas conquistada por alto preço e legada em forma de herança.

Mas falar sobre se alegrar é sobrenatural. Pense numa pessoa falida, doente, cansada, desiludida, envelhecida, desesperançada e com toda família contra. Pode ter esperança? SIM, deve. Pode ter alegria? SIM, só não sei como, ao menos não pelas vias naturais. Conheço duas pessoas nesta mesma situação: uma que não tira a própria vida por falta de coragem mas é o que gostaria de conseguir fazer; outra, está servindo na igreja e ocupando sua mente com a Palavra de Deus, embora seu desejo seja melhorar de vida. O que os diferencia? Um não tem esperança e não se alegra com mais nada, ou outro tem ambas as coisas.

Alegrar-se na esperança, no meu conceito e baseado na minha vivência, é elevar a esperança racional ao nível do sobrenatural. José estava preso no Egito e tinha esperança. Daniel estava subjugado num reino estranho mas tinha esperança. Abraão arrumou encrenca mas tinha esperança. Davi pecou mas não perdeu a esperança. Habacuque, um dos meus heróis, mesmo sem ver nada em meio a uma crise maluca, exaltou a esperança e se alegrou nela.

Alegrar-se na esperança e crer nela a ponto de se alegrar. É fazer dela motivo de alegria. É ter mais esperança na esperança que na própria vida. É loucura… É sobrenatural…

Somos desafiados a viver um evangelho que é um estilo de vida em si mesmo e não um conjunto de regras. Alegrar-se não se enquadra em regra nenhuma pois é algo interior. Mas, pode e deve fazer parte do estilo de vida que adotamos. Deus nos abençoe.

“Senhor, eu quero conhecer uma esperança viva que me leve a ter alegria nela. Me ensina Pai a andar de acordo com a Tua Palavra para eu ter esperança na Fonte verdadeira e me alegrar.“

Mário Fernandez

Esperança – Vivendo o Evangelho

“Alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração;” (Romanos 12:12)

Falar sobre esperança é algo que eu considero fácil e simples. Mas como se alegrar na esperança? Conhecendo o que conheço do meu Deus é pecado capital não ter esperança. Sei que meu redentor vive, sei que servirá uma mesa no deserto, mudará meu lamento em dança. Vai me levar morar com Ele pela eternidade como herdeiro! Esperança eu conheço de perto.

O que a maioria das pessoas nunca parou para meditar, e por isso mesmo não se alegra na esperança que tem, é que só temos esperança quando as coisas estão ruins. Milionários tem esperança? Sim, mas muito diferente de um pobre. Saudáveis tem esperança? Sim, mas não é a mesma de um enfermo ou deficiente. Amados e bem tratados tem esperança? Lógico, mas não como um abandonado solitário. O desesperado não é justamente aquele que perdeu ou teve abalada sua esperança? Nunca vi um desesperado alegre, embora como se diz “vou morrer sem ver de tudo”.

Precisamos aprender a cultivar alegria quando tudo está bem, ou pelo menos quando a maioria das coisas está bem, de modo que quando vierem os tempos maus tenhamos esperança. Estamos em uma caminhada repleta de altos e baixos. Isso não é defeito, é para ser assim mesmo, pois nas dificuldades aprendemos muito muito mais do que nos tempos de calmaria. Existe um princípio bíblico de que nem tentação, nem provação, nem qualquer desafio – nada – pode nos vencer se mantivermos foco e esperança. O foco nos ajuda a manter os olhos no autor e consumador de nossa fé. A esperança nos mantém animados e com atitude vitoriosa. A alegria vem com a esperança, desde que tenhamos esta esperança.

Outra forma importante e necessária de entender este texto bíblico maravilhoso, é de que quando temos esperança devemos aprender a nos alegrar nela – talvez somente nela. Há outro motivo de alegria? O cidadão está falido, doente, amargurado, endividado, moralmente desgastado, abandonado, solitário, depressivo… vai se alegrar em quê? Se não for na esperança, não resta mais em que se alegrar, mas ela deve bastar. Se não se alegrar, pouco resta para motivar a vencer.

Deus nos deu e nos dá esperança Nele. Ou acreditamos nisso, ou não estamos acreditando Nele. Viver um evangelho verdadeiro e genuíno tem dessas coisas: alegrar-se quando não há em que se alegrar, mas resta-nos a esperança. É suficiente.

“Senhor, eu quero conhecer uma esperança viva que me leve a ter alegria nela. Ensina-me, Pai, a andar de acordo com a Tua Palavra para eu ter esperança na Fonte verdadeira e me alegrar.“

Mário Fernandez

Armadura Orando – Vivendo o Evangelho

“Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos,” (Efésios 6:18-18)

Curiosamente, ou nem tanto, o único item dessa armadura descrita pelo apóstolo Paulo que menciona algo como “todo tempo” é a oração. Se isso faz parte da armadura, devemos então deduzir ou entender que seja um item que não pode ser retirado, não pode ser descartado, não pode ser removido – não é opcional. Ainda tem um reforço na segunda parte falando em “toda” perseverança.

A oração é mais do que um assessório da armadura, pois qualquer elemento que possa ser descartado tem de ser colocado em segundo plano diante dela. A oração é como algo que passa a fazer parte do soldado, torna-se integrante deste. É impressionante o que acontece quando uma pessoa ora com sinceridade diante de Deus.

Eu tenho dito há muitos anos que a Bíblia fala pouco sobre a oração em si, mas fala muito sobre o que acontece quando alguém ora. Há bons e profundos ensinos sobre a oração, sem dúvida. Mas nada mais didático e explicativo do que ler uma história dizendo “fulano orou e”. Todos os grandes homens e mulheres de Deus, em todo período narrado nas Escrituras, tinham na oração sua arma mais poderosa e seu recurso mais produtivo. Mesmo Jesus de Nazaré, na qualidade de filho de Deus encarnado, teve práticas de oração exemplares. Ele, que não precisaria.

Aprender a orar pode dar trabalho e pode levar tempo, de fato, mas é o que vai fazer toda diferença. É orando que recebemos de Deus discernimento, que aprendemos a ouvir a Sua voz e mais do que tudo, é como nos fortalecemos. Nesta descrição de uma armadura, Paulo dá foco e importância à oração que nos ensina, por si só, o quanto devemos levar esse tema a sério.

Orando em todo tempo é fácil de entender. Basta não parar de orar. Poucos conseguem ser mais ocupados que eu, creiam. Mas se é assim, não dá para ver televisão nem filme ruim no youtube, nem ficar de conversa jogada fora. Dá para orar dirigindo, viajando no ônibus, tomando banho, comendo… não estando dormindo… Em todo tempo. É fácil de entender.

Só pode ser do inferno o descrédito que temos na oração em nosso tempo. Funciona, é de graça, mesmo mal feito dá resultado, não exige formação, não distingue pessoas, não tem limite. E falando sério – é bom demais…

Temos de lembrar continuamente que Deus não precisa de nós, mas nós dependemos Dele. Ao orarmos nos aproximamos, ouvimos e sentimos Ele falar conosco, entendemos as coisas, crescemos e nos fortalecemos. E é bom demais… Eu tenho práticas de oração que não servem de regra, como acordar de madrugada, dirigir 14h quase sem parar, me trancar sozinho por um ou dois dias. Não precisa ir a tanto, basta fazer algo – desde que seja sem cessar.

Deus espera isso de nós, mas não precisa disso para nada. É um ato de amor de Sua parte, pois Ele sabe que isso é o melhor para nós.

Em tempo, me deem licença que vou parar de escrever para orar mais um pouco.

“Senhor, eu quero e preciso estar mais perto de Ti, sentir Tua Presença. Me ajuda a aumentar minha intensidade de oração até eu conseguir de fato orar em todo tempo, sem cessar.“

Mário Fernandez

Armadura/Paz – Vivendo

“E calçados os pés na preparação do evangelho da paz;” (Efésios 6:15-15)

A maioria das menções que podemos chamar de qualificadas se referem ao “evangelho de Cristo” ou citações equivalentes, embora um bom numero pode ser lido se referindo ao “evangelho do Reino”. Aqui particularmente Paulo se refere ao evangelho da paz.

Evangelho significa boas novas, literalmente no grego uma revelação (novidade) boa (agradável, festiva). Boas novas de paz faz muito sentido, ainda mais como calçado, pois formosos são os pés dos que anunciam boas novas e que transmitem paz (conforme Isaías 52:7). Caminhar pisando em paz pode parecer não ter muito a ver com a armadura de um guerreiro, mas me permita discordar disso e explicar.

O meu conceito de paz não é ausência de problemas, mas o menosprezo a eles. Embora com problemas, menosprezar os problemas, tirar sua importância, não valorizá-los, tê-los como coisa pequena – isso é paz. Pense comigo: em meio a uma tempestade uma gaivota pousa numa pedra, se encolhe e espera a chuva parar – está em paz. Em meio a um tiroteio um mendigo se coloca no seu buraco e fica ali até tudo sossegar – está em paz. Condenado por uma doença terrível um paciente segue para o centro cirúrgico calma e serenamente – está e paz. No pronto-socorro chega uma meia dúzia de pessoas arrebentadas e o médico experiente começa a atender um por um fazendo sua triagem e dando os primeiros atendimentos, apressadamente mas com serenidade – está em paz. São conceitos pouco convencionais de paz.

Claro, não vamos menosprezar. Um dia ensolarado na chácara com um bom chimarrão e a família ao redor é paz. Ir dormir de noite com o corpo cansado de um dia de trabalho, com a família em casa, todos saudáveis, as contas em dia – também é paz. Orar com alguém e ver a cura de Deus fluir com aquele alívio sobrenatural – é paz. Só não podemos bitolar nosso conceito achando que paz é sinônimo de sossego ou ausência de problemas, pois pode não ser.

Andar pisando boas novas de paz é papel de guerreiro sim, mas quando ele volta vitorioso. Vencemos a batalha, o inimigo foi derrotado, agora teremos paz. Se o inimigo me vir aparamentado para a batalha, motivado, preparado, seguro, demonstrando superioridade de combate ele pode decidir recuar e teremos paz. Um guerreiro da época desta carta, com certeza, proporia um acordo antes de iniciar a batalha, semeando paz.

Nossa luta hoje não é contra carne nem contra sangue, somos guerreiros espirituais. Nosso inimigo não recua, respeita poucas regras e trapaceia sem parar, nunca desiste, deu a vida pela sua causa, qualquer prejuízo que nos causar para ele é lucro – e tudo isso apesar de uma derrota decretada. E a paz?

Nos cabe, como diz o texto, a preparação do anúncio das boas novas de paz em Jesus Cristo. Podemos semear paz aos cansados e oprimidos. Podemos levar essa notícia adiante em pleno campo de batalha pois “inocentes” estão sendo atingidos. Se quisermos viver um evangelho que é estilo de vida, as boas novas devem ser de paz. Faz parte da armadura e não é por acaso.

“Senhor, me ajuda a andar pisando em sementes de paz, me ensina a anunciar boas novas de paz, me capacita a ser um agente de paz. Preciso ser relevante na minha geração atribulada.“

Mário Fernandez

Humildade – Vivendo o Evangelho

“Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal.” (1 Timóteo 1:15-15)

Ter noção de sua própria condição é humildade. Saber que não é melhor do que os outros, ainda que possa fazer algumas coisas que os outros não podem, é humildade. Não pensar de si mesmo acima do que precisa é humildade. Não ter soberba ou orgulho pretensioso é humildade. Na minha juventude creio ter conhecido a pessoa mais soberba de todos os tempos – ele dizia que vinha de uma familha “humilde”, mas era mentira, ele era de infância pobre mesmo pois ali de humildade não tinha nem traço.

O apóstolo Paulo nos escreve esse trecho dizendo ser dos pecadores o principal. O que ele fez de tão grave? Adão não foi pior do que ele, por ter sido o primeiro? Judas não foi pior traindo Jesus por umas moedas? Será que ele pensava isso por perseguir os filhos de Deus, ou porque tinha noção mais clara da Santidade do Pai, ou porque não conseguia sentir que compensava a perseguição, ou será que tinha algum pecado oculto? Não sei, realmente. Mas isso denota que ele se achava de fato pior do que realmente era, basta ler seus escritos e medir o nível de revelação que Deus lhe concedeu. Ainda que sendo alguém de grande valor, de grande initimidade com Deus, de grande desempenho, isso nitidamente não lhe subia à cabeça.

A nós, em pleno século XXI, resta seguir o exemplo ainda que cenário e condições gerais sejam diferentes. Não precisamos dizer ou fazer parecer que sejamos os piores mortais da Terra, mas bastará não se achar os melhores. Ouvi de um pregador, alguns anos atrás, que o povo da igreja parecia mais ter o rei na barriga do que o Rei no coração. Não gosto de generalizar, mas a muitos isso soa verdadeiro. A humildade faz parte de um evangelho que é estilo de vida, que é mais do que regras, que nos leva além e adiante. A verdade é que independentemente de outros aspectos teológicos, práticos, psicológicos, sociológicos, emocionais, eclesiásticos – independente de tudo – sem a graça de Deus não somos nada, nada, nada. Ou menos.

Viver atualmente uma vida de humildade é relativamente fácil. Não precisa passar fome ou dormir na chuva. Eu vivo no sul do Brasil, aqui faz um frio constrangedor e alguns invernos dentro de casa é mais frio do que dentro da geladeira no verão. Fica negativo algumas noites, literalmente abaixo de zero. Sei bem o que é viver com o mínimo e sei ter um pouco de conforto, mas posso dizer que para glória de Deus isso não me afetou. Preguei para milhares de pessoas e preguei para 4 pessoas. Nunca me afetou. Fui subalterno de baixo nível e hoje sou chefe, mas isso não me afetou. Eu trabalho de forma diferente, tomo decisões diferentes, mas nunca bato no peito nem “cacarejo” como vejo alguns fazendo. Sou apenas um homem limitado e carente da graça de Deus.

Viver com humildade hoje é cumprir seu papel, exercer seus direitos, desempenhar suas funções. Excelência, capricho, resultados mais do que desculpas (quem dá um não dá o outro). Menos barulho e mais resultado, menos foco em mim e mais foco Nele. Testemunhos objetivos do que Deus fez por mim e não do que EU me tornei. Palavras amigáveis e tolerantes ao invés de “dedadas” nos narizes. Ter mais misericórdia do que ter razão. Ser liderado com objetividade e buscar sucesso. Liderar pelo exemplo e desempenho não por imposição. Coisas relativamente simples, principalmente considerando que o padrão do mundo não é esse, portanto pouca coisa já destaca.

Viver um evangelho autêntico, genuíno, vivido e não fingido, é um estilo de vida em que a humildade será uma marca e não um objeto de orgulho. Podemos começar agora mesmo. É um desafio.

“Senhor, se sou algo ou se tenho alguma coisa é por Tua causa. Me ensina a viver sabendo meu lugar e meu papel, para viver em humildade e te glorificar com isso.“

Mário Fernandez

Armadura Espada – Vivendo o Evangelho

“Tomai também o capacete da salvação, e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus” (Efésios 6:17-17)

Eu acho que, exceto algum brinquedo, eu nunca peguei uma espada na mão, pelo menos não uma de verdade. O que eu conheço bem é facão. Perceba que o princípio é o mesmo, lâmina longa, feita de aço, cabo chato, afiado, geralmente tem uma bainha, etc. Mas meditemos juntos numa coisa significativamente importante: facão não é espada.

Facão se usa para abrir picada no mato, cortar galhos, poder árvores. É portanto um instrumento pacífico que se usa para trabalhar e produzir algo útil. Mas é uma lâmina longa com cabo. Espada é uma instrumento de combate, de ataque mais do que de defesa e nem precisa estar tão afiada para ser intimidadora. Tamanho é documento, precisa aguentar pancada. É arma.

Muitas pessoas vivem uma vidinha abaixo de mais ou menos com Deus porque pensam que podem viver sem a Espada do Espirito que é a Palavra de Deus, e ficam improvisando com um facão. Alguns, pior ainda, estão com faquinha de mesa. Não é uma espada, embora possa até parecer e siga os mesmos princípios básicos. Só a espada faz serviço de espada E ainda mais neste caso tem de ser a espada certa para dar o resultado certo.

  • Toda vez que trocamos a palavra de Deus por um “livrinho” saímos à batalha de facão e não de espada.
  • Toda vez que trocamos um culto coletivo onde a Palavra de Deus é pregada por uma gravação de seja-o-que-for…
  • Toda vez que buscamos ensino e aprendizado em qualquer outra fonte que não seja a Bíblia…
  • Toda vez que enfrentamos o inimigo das nossas almas com argumentos humanos, psicológicos, teológicos, filosóficos, qualquer coisa que não seja a Palavra de Deus…
  • Saímos às ruas pelos nossos direitos mas paramos de subir o monte para amolar nossa Espada…
  • Discutimos todos os assuntos com todo tipo de pessoa, fazemos carreiras, empilhamos títulos e diplomas…
  • Toda vez que usamos qualquer outra lâmina que nos parece grande o suficiente, deixamos a espada guardada e usamos outra coisa.

Pode parecer que isso seja algo sem importância e, embora certamente algumas batalhas seriam vencidas aqui e ali, jamais venceremos no final sem a Espada. Quanto mais eu olho para a igreja do Senhor, no sentido de povo que se intitula ser de Deus, mais vejo gente carregando canivetes e faquinhas ao invés da Espada. Conheci um homem que era conhecido como “Bíblia-andando”. Aquilo me marcou, ele parecia saber tudo de cor. Ele não era um homem perfeito, mas ele era muito íntimo de Deus e com certeza um homem muito abençoado. Venceu facilmente em coisas que fracassei. Me marcou e a tantos outros.

Onde estão esses homens e mulheres que impressionam pelo que sabem das Escrituras? Onde estão os que combatem o bom combate com a Espada na mão? Onde estão os que não cortam os dedos com a ferramenta errada e são vitoriosos?

Enquanto não vem o Senhor, empunhar a Espada que é a Palavra saiu de moda, mas precisa voltar. O melhor jogador de tênis de todos os tempos numa quadra de basquete provavelmente seria medíocre. Um medalhista olímpico de natação provavelmente jogando tênis seria fraquinho. Qualquer de um nós empunhando a Espada é um guerreiro, mas como um facão na mão não passa de um jardineiro.

Nosso desafio para esse tempo é tomar a Espada do Espírito, que é a Palavra de Deus, para com ela combater o bom combate. Retomemos nossas leituras, estudos e meditações. Evangelho é estilo ode vida. Avancemos.

“Senhor, me ajuda a recuperar a habilidade de manusear esta Espada e ser um guerreiro preparado e produtivo. Me perdoa pela perda de foco e pelo desvio de foco na batalha.“

Mário Fernandez

Armadura/Justiça – Vivendo o Evangelho

“Assim, mantenham-se firmes, cingindo-se com o cinto da verdade, vestindo a couraça da justiça” (Efésios 6:14)

Muito interessante tentar compreender o senso de justiça das pessoas. É no mínimo fascinante. É justo pedir desconto quando está comprando e também é justo tentar vender por mais. É justo reclamar mas não é justo ouvir reclamação. É justo copiar uma obra literária sem autorização mas não é justo trabalhar sem receber. É interessante, não?

A justiça é algo muito simples: o justo não é frouxo nem apertado. Se para uma das partes envolvidas a coisa apertar, não está justo. Se ficou tudo frouxo, não é justo. Quando a Bíblia fala de justiça, preconiza um senso equilibrado entre dar e receber, entre pedir e ofertar, entre ir e vir, perdoar e ser perdoado, e assim por diante. A Bíblia ensina a obedecer aos pais, sujeitar-se aos governantes, a pagar impostos e a trabalhar para ter riqueza – tudo isso é reputado por justo.

Se é uma couraça, é algo para proteção e defesa, não para ataque. Ainda que eu nunca tenha sido militar ou combatente de algum tipo no sentido físico, dificilmente concordo com a colocação de que a melhor defesa é o ataque. A couraça era um pedaço da roupa dos lutadores da época que visava basicamente proteger o peito do soldado. Curiosamente, as costas ficavam descobertas. Esta couraça da justiça portanto, deve nos ensinar a agir de forma justa para proteger nosso peito.

O peito representa nossos sentimentos, nosso coração, nossas emoções. Ainda que seja uma mera comparação, ou simbologia, ou analogia, ou alegoria. Entendamos: a justiça protege nosso coração. Temos que sempre ter em mente o que é justiça, como se aplica justiça, as consequências da aplicação da justiça. Mas tudo que é justo protege nosso coração.

Agora, me permitam espiritualizar um pouco. Nada, mas nada mesmo, será mais justo que a Palavra de Deus expressa ou revelada na Bíblia. Nenhum princípio, conceito ou ensino bíblico será injusto. Se algo parecer injusto ou inadequado, por favor estude um pouco mais as Escrituras pois não é nela que está o erro. Pode ser o contexto, pode ser o idioma, pode ser o entendimento – mas não será a vontade expressa de Deus.

Concluindo, vamos juntar todos esses conceitos e formular um entendimento final – O conhecimento Bíblico protege nosso coração. Na Palavra de Deus há cura para a alma, para os sentimentos, emoções, quadros depressivos, para os ataques do inferno que não são físicos. Podemos usar todas as ferramentas da medicina, da psicologia, de toda as ciências que a humanidade disponha. Mas nada vai nos proteger mais, para ter um estilo de vida que reflete o evangelho, do que a Palavra de Deus que contêm Sua Justiça. Deus é absolutamente justo. Couraça de justiça é uma “casca” formada pela Palavra de Deus para proteger nosso peito.

“Senhor, obrigado por que a Tua revelação é completa o suficiente para eu me proteger através do conhecimento da Tua justiça. Me ensina a viver de forma mais justa possível.“