Mário Fernandez

Unção e Poder

“Sabem também como Deus derramou o Espírito Santo sobre Jesus de Nazaré e lhe deu poder. Jesus andou por toda parte fazendo o bem e curando todos os que eram dominados pelo Diabo, porque Deus estava com ele.” (Atos 10:38 NTLH)

Eu não sou dado a ficar de olho em coisas que somente os olhos humanos podem ver. Habitualmente procuro olhar para o que a Palavra aponta ou ensina, até porque nosso Deus tem demonstrando grande prazer em prometer e honrar suas promessas, ainda que muitas vezes nós como seres humanos não correpondamos aos Seus desejos. Não podemos negar que somos incompatíveis.

O que teologicamente chama a atenção aqui nesta citação, é que todas as ações, ministério, ensino, curas e exorcismos, são meros indícios da presença de Deus na vida de Jesus. Ele fazia estas coisas porque Deus estava com Ele e não o contrário. O que temos visto e ouvido muito nos últimos tempos é o inverso, no qual invoca-se a presença de Deus para que as coisas aconteçam.

Este entendimento corrobora o que temos ensinado há anos na igreja local, de que o caráter e a santidade vêm em primeiro lugar. Isso é o que aproxima ou afasta a manifestação de Deus em nossa vida. Sem fé é impossível agradar a Deus, sem crer é impossível ver, sem ser santo é impossível querer que Deus se manifeste. Unção vem de santidade e não o contrário. Não consigo encontrar base bíblica para que alguém peça para ser ungido por Deus e com isso se santifique. O que vejo é “santificai-vos hoje pois amanhã o Senhor fará maravilhas no vosso meio”.

Alguns dos ditos profetas dos nossos dias, preocupados com seu próprio ventre, colocam primeiro os sinais e depois a presença de Deus. Tem EU demais nas frases. Não me admiro que, de tempos em tempos, caiam um ou outro por aqui e ali. Não que santidade seja sinônimo de perfeição humana, mas caráter transformado mostra transformação – isso é que traz consigo os sinais de Deus.

“Pai, quero ser útil em Tuas mãos como fruto de santidade de vida e não para que algo do meu agrado aconteça.”

Vinicios Torres

Incertezas

“Semeia pela manhã a tua semente e à tarde não repouses a mão, porque não sabes qual prosperará; se esta, se aquela ou se ambas igualmente serão boas.” (Eclesiastes 11:6 ARA)

Não reposes a tua mãoA maioria de nós hoje trabalha por salário que é recebido periodicamente, a cada 15 dias ou uma vez por mês. O mais próximo da realidade agrária que temos hoje é o caso daqueles que trabalham com vendas e que tem parte ou todo o seu rendimento em comissões.

Estes sabem que não podem descançar na confiança da promessa de um único cliente. Eles precisam conquistar o maior número possível de clientes para que consigam bater suas metas de vendas e assim garantir comissão para formar o salário necessário naquele mês.

Há dois pontos a observar neste raciocínio, um externo e outro interno.

O externo refere-se à sua dependência para com os de fora. E se ele conseguir um só cliente e este desistir da compra? E se ele não pagar como prometido? A incerteza quanto àquilo que lhe foge ao controle o leva a não depositar toda sua esperança em um único cliente. No ambiente agrário, o agricultor geralmente não planta apenas uma cultura, mas divide o seu campo em várias culturas para ficar menos sujeito aos fatores imprevistos.

O interno refere-se à incerteza quanto à sua própria condição. O versículo nos incita a não repousar quando uma parte estiver feita, mas ter a disposição de continuar e fazer um pouco mais. Quem garante que depois de visitar um cliente hoje você estará disponível amanhã para visitar outro? E se ficar doente de hoje para amanhã? E se em vez de visitar o cliente, sai mais cedo e vai jogar bola com os amigos e torce o pé, impedindo-o de fazer a visita do dia seguinte? Visita essa que poderia ser a diferença entre ter salário este mês ou não.

Mesmo para os assalariados esse raciocínio é aplicável. Depois de trabalhar as oito horas normais, aplique-se a um curso ou a abrir um negócio que lhe forneça renda extra. Quem garante que terá seu emprego eternamente? De repente, no mês que vem aquele treinamento, aquela pessoa que você conheceu naquele evento, o professor do curso que você está participando podem ser a diferença entre um novo trabalho ou a fila dos desempregados.

A mensagem da sabedoria neste versículo é que você não deve se acomodar após fazer o mínimo necessário. Faça mais para se prevenir das incertezas. Se a incerteza não acontecer e ambas as sementes produzirem, você pode usar o que sobrar para investir e prosperar.

Mário Fernandez

Zombaria

“dizendo: ‘Ele prometeu vir, não foi? Onde está ele? Os nossos pais morreram, e tudo continua do mesmo jeito que era desde a criação do mundo.'” (2 Pedro 3:4 NTLH)

Não me canso de repetir: o ser humano é inclinado para o erro, mas nenhum erro pode ser maior do que subestimar a obra de Deus. Aquilo que Deus fez, ou está fazendo, é inquestionavelmente mais elevado do que nossa mente possa alcançar.

Quando uma pessoa se dedica a zombar de Deus está semeando para si algo muito grave, de conseqüências eternas. Neste texto, Pedro nos mostra uma zombaria que agride frontalmente a essência santa e perfeita do Deus eterno. Se lermos o versículo repetidas vezes a idéia que ele passa e que fica na nossa mente é resumidamente: ‘Deus não está fazendo nada’.

O fato de não entendermos o que está acontecendo deve ser motivo de gratidão e não de questionamento. Imagine um mundo onde só pode acontecer o que eu posso compreender. Deus, neste caso, seria um demente ou incapaz. Mas, para Sua Glória e exaltação, Ele não é! Pelo contrário, suas maravilhas só são superadas pelas Suas promessas que haverão de se cumprir, ainda que alguns a tenham por tardia. Eu me alegro em saber que Ele cuida do melhor para mim, especialmente quando eu não compreendo.

E quanto à sua volta, fico ainda mais confiante e exultante ao não saber a data. Isso faria de mim um vagabundo até as épocas finais, e depois um desesperado no tempo que restasse. Ao me manter alerta pela ignorância dos tempos e das épocas, não posso me dar ao luxo de me tornar vagabundo ou preguiçoso. Ao não saber quanto tempo tenho, mantenho viva a esperança e nunca me desespero. Mas para que isso funcione, jamais posso duvidar da Sua palavra e das Suas promessas. Isso seria, sim, o maior erro de minha vida.

“Senhor, não permita que meus olhos dominem meu coração, pois nem sempre poderei ver o que sinto. Quero confiar em Ti somente.”

Mário Fernandez

Rebeldes

Surdo“Filho do homem, tu habitas no meio da casa rebelde, que tem olhos para ver e não vê, tem ouvidos para ouvir e não ouve, porque é casa rebelde.” (Ezequiel 12:2 ARA)

Em todo tempo que ando com Cristo, e lá se vão uns 20 anos, não me lembro de ter topado com coisa mais triste que a rebeldia. Ezequiel me inspira a dizer, como no texto acima, que a rebeldia é fonte de surdez, cegueira e tristeza, não apenas para o profeta, mas para todo povo.

Ser cego é triste, mas é muito pior ser cego sem saber que é. Me peguei tantas vezes tateando nos becos escuros da vida e no final, descobri que era claro mas eu não enxergava. Tanta coisa bonita pra ver ao meu redor, e eu cego por falta de perdão, por teimosia – e por rebeldia. Tanta coisa que poderia ter feito e desfrutado, e eu ali, ceguinho. Hoje sou partidário de que ninguém quer ser cego, portanto sempre que puder quero ajudar a sair da escuridão, valendo inclusive pra mim mesmo.

Ser surdo é muito triste. Uma vez aconteceu comigo de ficar temporariamente ensurdecido e percebi a agonia de saber e notar que havia sons, mas eu não podia distingui-los. Bocas se mechendo, coisas se batendo, objetos sendo arrastados – e nada. É bem melhor deixar de lado as práticas ensurdecedoras e valorizar aquilo que tem valor, e me refiro à voz de Deus.

Somos rebeldes todas vez que não fazemos o que Deus quer, fazemos o que Deus não quer, ou simplesmente bancamos o surdo/cego quando Ele fala. Somos rebeldes sempre que algo acontece onde não deveria e deixa de acontecer quando deveria. Somos rebeldes sempre que fazemos primeiro e pedimos que Deus nos abençoe depois. Somos rebeldes sempre que decidimos sozinhos. Somos rebeldes sempre que tomamos o lugar Dele. Aí ficamos cegos, ficamos surdos, ficamos até meio burros pois o pouco que vemos e ouvimos nos escapa ao entendimento. É mais triste ser rebelde do que possa parecer.

“Pai, ensina-me a não ser rebelde para que não pague o preço da surdez e da cegueira.”

Mário Fernandez

Amigo de Verdade

Amigos“Assim aconteceu o que as Escrituras Sagradas dizem: ‘Abraão creu em Deus, e por isso Deus o aceitou.’ E Abraão foi chamado de ‘amigo de Deus’.” (Tiago 2:23 NTLH)

Há alguns anos aprendi com um amigo muito amado que a amizade genuína não se baseia no que fazemos um para o outro e muito menos no potencial de tirar vantagem da outra parte. Há um outro nome para isso, mas nem vem ao caso. Amizade sincera e profunda não depende do que é dado, cedido, emprestado, feito ou deixado de fazer. É baseada no coração.

Abraão exemplifica isso de forma bastante interessente sendo citado aqui por Tiago. O fato dele crer em Deus foi considerado um ato de justiça e Deus aceitou isso como algo valioso, aceitando a Abraão como amigo. Evidentemente Abraão não foi o único que foi assim considerado por Deus ao longo da história, mas sua menção nas Escrituras Sagradas merece ser destacada.

O que Deus fez para Abraão para ele tirar vantagem? Ao que tudo indica, nada de muito grandioso até aquele momento. Fez sim, e fez muito, mas depois. O que fez Abraão para merecer a amizade de Deus? Certamente que nada de que Deus precisasse, portanto não foi por tirar vantagem que o processo aconteceu. Igualmente certo é que Deus aceitou sua submissão e obediência, coroados com uma fé robusta e consistente, como algo de grande valor. Nasce então uma amizade.

E as nossas amizades, como começam? Como são mantidas? A custa de quê nos consideramos amigos de alguém? A custa de quê somos considerados amigos de alguém? Sou amigo porque sou pastor? Ou porque posso influenciar alguma situação? Péssimo caminho, péssimo começo, péssimo indício de final.

Sou amigo porque isso brota em meu coração e sinto de Deus direção para isso, independente de nunca poder ter nada em troca. Ótima postura, ótimo caminho. Não é tão divertido, mas é muito mais abençoado. Talvez isso explique porque temos tanta gente se dizendo filho de Deus e tão poucos que demonstram uma vida de Abraão.

“Pai, não quero ser sangue-suga do Senhor porque tens poder para me abençoar. Quero ter um relacionamento contigo baseado em amor.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Sábias Palavras

Boca fechada“Até um tolo pode passar por sábio e inteligente se ficar calado.” (Provérbios 17:28 NTLH)

Recentemente vivemos situações distintas porém igualmente tristes, incendiadas pela mesma faísca – pessoas disseram coisas que causaram dor, feriram, magoaram, ofenderam, entristeceram. Parece ser constante a média que o ministério pastoral nos apresenta de que de cada 3 problemas de relacionamento interpessoal, dois são causados por palavras e apenas um por atitudes ou omissões.

Isso já não era novidade nos dias de Salomão, época em que o livro de Provérbios foi escrito. Palavras duras ou suaves, motivadoras ou corretivas, sensíveis ou imparciais. Sempre as palavras. Disse um filósofo que elas são como flecha lançada; não podem mais ser recolhidas ou retiradas. Por mais que o cristão conheça o perdão e se esforce para andar e olhar para frente, o ferimento aconteceu e se não for tratado infecciona a alma.

Não raras são as vezes em que casamentos, empregos, amizades, sociedades, relações familiares, ministérios e missionários – rolam por água abaixo por causa de palavras. Podem ser ofensas, mentiras, agressões, exageros, preconceitos. Mas geralmente o cenário é o mesmo: tudo ficaria melhor com silêncio do que com o que foi dito. Depois de falar, está falado.

A Bíblia nos ensina que a boca derrama aquilo de que o coração está cheio e mais cedo ou mais tarde deixamos escapar alguma coisa. A cura está em nosso coração e não em nossos lábios e nossa língua, que são meros instrumentos. Se nosso coração estiver repleto daquilo que produz vida e amor, será impraticável nossa boca transbordar outras coisas. Vamos aproveitar o tempo que nos resta de vida e ter uma nova disposição, uma virada – dentro e não fora – das nossas vidas.

“Deus querido, embora limitado e fraco como sou, quero ser diferente neste novo ano que inicia. Ensina-me a ser perfeito com a Tua perfeição e não com a minha.”

Mário Fernandez 

Mário Fernandez

Notoriedade

“E nenhum cuidado tinha o carcereiro de todas as coisas que estavam nas mãos de José, porquanto o SENHOR era com ele, e tudo o que ele fazia o SENHOR prosperava.” (Gênesis 39:23 ARA)

A gente pode dizer o que quiser, mas homens como José são uma preciosidade naquilo que Deus quer fazer na história humana. Não no sentido de que alguém seja favorito ou privilegiado por Deus, que a todos trata de forma equilibrada, mas porque se entregam a ser exatamente o que poderiam ser.

Ser de confiança de uma ou de algumas pessoas é algo cada dia mais raro. Imagine um empregado, vizinho, sócio, prestador de serviço, colega de trabalho ou estudo, parente – a quem podemos confiar tudo sem qualquer cuidado. Já são poucos os nomes que nos vêm a mente. Agora imagine um criminoso condenado, como José estava, na sua lista. Se a condenação era justa não importa, pois o trabalho do carcereiro não incluia simpatia ou julgamento, apenas cuidar para que os presos continuassem presos.

Fica saliente a quem olha de fora o quanto Deus faz prosperar nossos projetos, nosso trabalho, nossas investidas. Nem sempre funciona, mas em 100% das vezes em que não deu certo eu me lembro de ter pisado na bola em alguma coisa. Uma vez eu quis ficar rico, de dei mal. Outra vez eu comecei um negócio com uma grande mentira, me dei mal. Outra vez eu tentei bancar o durão e me quebrei. Ainda bem que me converti e deixei destas coisas, porque até mesmo a paciência vai se exaurindo ao longo dos anos.

Quem me dera eu tenha forças pra fazer a minha parte dentro daquilo que eu sei que é certo e longe daquilo que eu sei ser errado. Se meus erros se resumirem apenas à minha ignorância com certeza causarei nas pessoas a mesma impressão que José no carcereiro – de que o Senhor faz prosperar tudo.

“Senhor, longe de mim de te desagradar. Me ensina a persistir nos acertos para colher a Tua prosperidade em minha vida.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Satisfação

“Comerás, e te fartarás, e louvarás o SENHOR, teu Deus, pela boa terra que te deu.” (Deuteronômio 8:10 ARA)

Em alguns momentos eu tenho a impressão que o povo de Deus perdeu a alegria de celebrar. O povo que deveria ser o mais feliz da Terra, às vezes fica meio ‘sem sal’. Celebrar, comemorar e até mesmo encher a barriga com fartura é um dos elementos neste texto associado com gratidão, provavelmente porque Deus nos conhece e sabe que nossa alegria não é igual a dEle.

Às vezes eu fico com a impressão de que alguns cristãos pensam que alegria é pecado. Eu particularmente sou bastante festivo, gosto de celebrar, gosto de cultivar a alegria da gratidão pelo que Deus fez e tem feito – e gosto de comer com fartura também. Ao ler este texto, temos de manter em mente que Deuteronômio é um livro escrito para disciplina do povo, é um código de leis. Se Deus se importou de ter uma recomendação como esta num livro destes, a mim significa que Deus também se importa que nos alegremos e celebremos para demonstrar a ele nossa gratidão.

Não nos faltam motivos para celebrar, nem coisas para serem lembradas a respeito do que Deus fez para os Seus amados – nós em especial. Cada um de nós recebeu sua ‘boa terra’, seja ela em propriedades e bens deste mundo, saúde e cura, relacionamentos, amor, perdão e tantas outras coisas. Mas cabe lembrar que mesmo para aqueles que se julgarem desafortunados ou pouco abençoados, só o fato de termos a oportunidade de entregar nosso coração a Cristo e herdarmos a vida eterna, já poderíamos celebrar por todos os dias que nos restam.

Somos povo escolhido, raça eleita e sacerdócio real. Não precisamos nem devemos ser arrogantes ou soberbos, mas temos sim mais motivos de alegria que qualquer outro povo. Isso deve nortear nossos dias, até mesmo em obediência a Deus.

“Pai, obrigado pelas tantas coisas que o Senhor fez por mim. Ensina-me a ser grato e a ter uma atitude grata.”