Mário Fernandez

Ministérios Múltiplos – A Noiva de Cristo

“E Ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres,” (Efésios 4:11)

Na dinâmica de Deus para a condução da noiva às bodas do Seu Filho, o Cordeiro, temos de considerar a infinita sabedoria que lhe é peculiar. Tempos atrás escrevi sobre a soma das imperfeições e a soma das virtudes, dentro da diversidade pessoal da igreja, como elemento de aperfeiçoamento do grupo – Perfeição Coletiva – Vivendo o Evangelho. Hoje quero meditar no lado oposto, ou seja, no fato de que justamente por não sermos iguais dependemos uns dos outros em amor.

Note que, se qualquer um de nós fosse completo ou auto-suficiente, por espiritual ou santo que seja, se tornaria soberbo cedo ou tarde. A Jesus de Nazaré não se aplica esta regra por um motivo bem simples: Ele não é nem nunca foi como nós sujeito ao pecado, ainda que foi exposto a ele e teve “oportunidade” para pecar. Mas isso lhe era contrário à natureza de Seu interior e essência. Seja eu ou seja você, o que nos mantem no nosso lugar é nossa incapacidade de resolver tudo sozinho.

Imagine uma igreja onde haja um cidadão hipotético que desempenhe estes ministério de forma igualmente hábil. Primeiro, tenho certeza que ele seria um chato (eu entendo de chato). Segundo, duvido sinceramente que desse oportunidade para os demais se desenvolverem. E mesmo que desse, o fato de ser liderado por alguém que não exponha qualquer limitação é intimidador; então, dificilmente o povo se animaria a tentar desempenhar algum papel relevante. Seria talvez uma congregação bem sucedida numericamente, estruturalmente, funcionalmente. Mas não pela edificação do corpo pela justa cooperação de cada parte.

Se nós olharmos para nós mesmos nos encontrando em nosso chamado ministerial, tendo convicção e foco naquilo que sabemos ser o que Deus tem para nós, abrindo mão daquilo que “queremos”, mas sabemos que não é nosso – teremos encontrado uma fórmula que será benéfica para todos. Se cada um souber o seu lugar, as coisas funcionarão melhor. Se cada um souber onde não deve estar, as coisas funcionarão melhor. Se cada um buscar se aperfeiçoar na coisa certa, as coisas funcionarão cada vez melhor. Precisamos e dependemos uns dos outros, não por outro motivo, mas porque este versículo nos ensina já no começo “ELE DESIGNOU”. Não é escolha humana, é divina.

O que talvez esteja escapando ao entendimento de alguns (talvez muitos) é que o grande prejuízo da atitude centralizadora e de tendência auto-suficiente, está para as almas. Os do Reino certamente terão algum prejuízo, mas nada comparado ao inferno destinado àqueles que deveriam ter recebido o evangelho mas foram prejudicados por igrejas locais que não fizeram seu papel. As bodas do Cordeiro não são para toda humanidade, é Bíblico, mas é para tantos mais quantos seja possível alcançar (Mateus 18:14).

Que Deus nos ajude a nos encontrarmos diante Dele no sentido funcional, e nos fortaleça para desenvolver o chamado que Dele recebemos. Imagine a cena da prestação de contas da Sua vida. Papai pergunta “fez o que mandei?” e voce responde “não… mas fiz um monte de outras coisas!“. Misericórdia.

“Senhor, me ajuda a entender e desenvolver meu chamado ministerial para ser, no Senhor, quem Tu queres que eu seja. Me mostra cada vez mais como dependo de meus irmãos e como devo depender de cada um deles.“

Mário Fernandez

Evangelho é o Poder – A Noiva de Cristo

“Não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê: primeiro do judeu, depois do grego.” (Romanos 1:16 )

Eu venho de uma linha eclesiástica mais tradicional, ou seja o contrário de pentecostal. Naquele tempo se falava e ensinava pouco a respeito do sobrenatural, não por maldade, mas por não ser a ênfase ou o foco. Depois, ao longo da caminhada, acabei indo para uma linha mais carismática, com manifestações de Deus diferentes do início da minha caminhada. Conheci muita gente e muitos grupos nesses 30 anos, alguns bastante extremistas em seus posicionamentos. Poucos e honrosos grupos cativaram meu respeito e minha amizade pelo equilíbrio. Aqui é onde vale a pena meditarmos.

Se o evangelho é o poder de Deus para salvação de quem crer, temos aqui dois lados a serem entendidos, respeitados e cultivados – de forma equilibrada. Temos o poder para salvação (aspecto sobrenatural) e temos o evangelho (anúncio de boas novas, portanto compreensível dentro do natural). O que tem roubado o equilíbrio destes dois lados é justamente a falta de uma compreensão muito simples: uma coisa não invalida a outra, mas complementa. O fato de Deus agir no natural não invalida o sobrenatural e vice-versa. Vemos claramente que, para ser salvo por este poder (evangelho), é preciso crer. Para crer, sabemos que é preciso começar com o entendimento da salvação, mesmo que não plenamente. Ou seja, entendemos na mente e depois isso desce ao coração.

Se assim é para salvação, que é o passo que nos torna legitimamente igreja do Senhor e portanto noiva do Cordeiro, não deve ser diferente em outras frentes do Reino de Deus. Do meu ponto de vista, devemos o tempo todo tratar as coisa de Deus de forma equilibrada, a exemplo da salvação que é totalmente sobrenatural ou espiritual, mas que tem base nas escrituras que são, fundamentalmente, intelectual, portanto, natural.

Quero dizer algo respeitosamente: não precisamos do Espírito Santo para ler a Bíblia, podemos perfeitamente fazer isso sem Ele, desde que sejamos alfabetizados no idioma a ser lido. Estou careca de ver incrédulos lendo e não mudando em nada, bem como imagino (ou suponho) que o diabo saiba mais textos escritos do que nós todos juntos. MAS, precisamos indispensavelmente do Espírito Santo para ter revelação das Escrituras, para que as letras se tornem vida, para que os ensinamentos ali escritos sejam transformados em prática, para que o papel e a tinta se tornem sementes vindas diretamente do trono de Deus, para fluam rios de água viva do nosso interior (João 7:38ss).

Deus age salvando pessoas completamente malucas, perdidas, esquisitas, tatuadas, viciadas, condenadas, amarguradas, rejeitadas. Mas tambem salva caretas, quadrados, comportados, racionais, eticamente retos. Para uns, a salvação se apresenta sobrenaturalmente, para outros racionalmente e isso não compromete em nada o lado natural (está escrito) nem o lado sobrenatural (é por fé). Aliás, a fé é a maior demonstração de equilíbrio que Deus nos ensinou a desenvolver. Temos de ter firme convicção do que não vemos, mas nossa fé se estimula e aumenta quanto mais temos evidências de sua realidade.

A noiva do Cordeiro é formada pelos salvos. O evangelho é o poder de Deus para salvação do que crer. A fé vem pelo ouvir a Palavra. Tudo tende ao equilíbrio entre o natural e o sobrenatural. Não precisa ser no centro ou no meio, mas uma coisa não pode invalidar a outra – isso poderia matar a noiva.

“Senhor, me ajude a encontrar a dose correta de natural x sobrenatural na minha vida, no meu ministério, na minha igreja local. Das coisas mais simples às mais complicadas, quero ser equilibrado.“

Vinicios Torres

Luta Contra o Pecado

“Na luta contra o pecado, vocês ainda não resistiram até o ponto de derramar o próprio sangue.” (Hebreus 12:4)

Todos nós, em algum momento da vida, enfrentamos a situação de lutar contra pecados que muitos convencionaram chamar de “pecados de estimação”. Aqueles que, por hábito, temperamento ou fraqueza de caráter, parecem ter vida própria e nos assaltam quando menos esperamos e nos fazem cair.

Se por um lado, encontramos consolo de que Cristo é o nosso advogado e podemos receber o perdão e a purificação ao confessar os nossos pecados (1 João 1:9); por outro, questiono-me se estamos fadados a ser continuamente derrotados por esses pecados. Se assim for, penso que esse seria o estado de continuar escravo do pecado, o que não é consistente com a promessa de Cristo de que aquele “que o Filho libertar será verdadeiramente livre” (João 8:36).

O que me chamou a atenção nessa passagem foi a expressão “vocês ainda não resistiram”. O perdão dos pecados foi garantido por Cristo ao derramar o Seu sangue na cruz. Mas, resistir ao domínio do pecado sobre os nossos corpos e mentes é nossa responsabilidade. Foi isso que Deus disse a Caim: “O pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo” (Gênesis 4:7).

Essa reflexão me fez lembrar o testemunho de um homem que se converteu de uma vida de drogas, homossexualismo e protituição. Na época de sua conversão ele tinha um “amante”, um homem que frequentemente usava os seus “serviços”. Algumas semanas após a sua conversão, depois de ter parado com as atividades, ele foi procurado por esse homem que insistiu que queria continuar o relacionamento. Com a sua recusa, aquele homem tentou forçá-lo e ele resistiu dizendo que havia se convertido e que não mais faria aquilo. Os dois travaram uma luta corporal tão intensa que quando ele conseguiu se livrar e o homem desistindo, foi embora, ele estava muito ferido e com toda a roupa rasgada. Ele testemunhou que depois daquilo nunca teve que lutar com pensamentos de voltar àquelas práticas.

E você, já se dispôs a lutar contra o domínio de um pecado a ponto de poder dizer que derramou sangue para se ver livre dele? Ou quando esse lhe bateu a porta, não ofereceu resistência e deixou-o entrar e estragar seu relacionamento com Deus?

Não estamos sozinhos nessa luta, nem condenados a lutar só com nossas forças. Na ocasião em que Jesus subiu aos céus, ele prometeu aos discípulos que eles seriam revestidos de PODER. O Espírito Santo habita em você, portanto, o poder para resistir está dentro de você. Cumpre a ti, usar esse poder do Espírito Santo para lutar contra o domínio do pecado.

“Senhor, perdoe-me porque tantas vezes me deixei vencer por esses pecados recorrentes. Ajuda-me a confiar em ti e usar o teu poder para resistir, se necessário fisicamente, até conseguir a vitória.“

Mário Fernandez

Os Excluídos – A Noiva de Cristo

“Todos os anjos estavam de pé ao redor do trono, dos anciãos e dos quatro seres viventes. Eles se prostraram com o rosto em terra diante do trono e adoraram a Deus” (Apocalipse 7:11)

Eu comecei a ler este capítulo como se deve, ou seja, bem do começo. Gente selada para todos os lados, tribos se reunindo, a grande multidão incontável dos salvos – de todas as tribos, nações, povos e línguas. Anjos ao redor do trono, seres celestiais difíceis de descrever, trono. É o cenário do porvir, que nos está prometido e assegurado. Eu sou parte daquela multidão, isso me alegra e me motiva de formas que nem consigo explicar.

Mas o que eu não vi nesse grande encontro foi gente. Seres humanos, convidados, estrangeiros, autoridades, esse tipo de gente. Claro, eles não têm lugar nesse evento, pois é um evento especialmente criado pelo Pai Todo Poderoso para os Seus e não há convites. Não confunda o fato de ter uma multidão incontável com uma esculhambação ou uma dessas nossas festas em que entra qualquer um, mesmo sem ser convidado. Uma leitura, mesmo que rasa do restante do capítulo (principalmente verso 14), nos explica que essa multidão é especificamente de salvos e não de gente que veio para as bodas do Cordeiro como convidado, penetra, invasor, sem-convite, etc.

Eu conheço muito gente que, mesmo sem admitir, pratica uma teologia excessivamente bondosa, na qual Deus, sendo tão amoroso, vai dar um jeito para que no último momento os perdidos tenham algum recurso. Eu sinceramente lamento dizer, e me permitam a clareza necessária, que essa teologia baseada na “lei de Gerson” na qual se precisa levar vantagem em tudo, o jeitinho brasileiro – veio do inferno. Forjado nas chamas da condenação eterna, o entendimento de que vai haver um “jeitinho” só pode sentenciar pessoas ao próprio inferno. É muito claro biblicamente, mesmo para os menos aprofundados, que a condenação é tão real quanto a salvação. As bodas do Cordeiro não tem platéia, não tem convidados, não tem penetras – tem a noiva, tem o noivo, tem os anjos, tem o Trono.

Um dia isso fez sentido na minha vida e me levou a mudar de atitude, em especial no que concerne a minha postura com as demais pessoas. Tento deixar respeitosamente claro, ainda que sem ser muito sutil, que só tem um “caminho, verdade e vida”. Ao afirmarmos e proclamarmos que só Jesus salva, estamos carimbando nosso ticket de ingresso para as bodas do Cordeiro, pois essa confissão (sendo autêntica) é tudo que se necessita para ser parte da noiva.

Por algum motivo que me escapa ao entendimento, pouco ou nada ouço falar sobre isso atualmente. Por onde eu olho vejo gente pregando a palavra, mas parece que a cada dia essa pregação é mais aguada, mais diluída, menos focada no noivo, menos centrada nas Escrituras. Abrir a Bíblia e falar qualquer besteira não conta. É ótimo ler a Bíblia, não me entendam mal. Porém, eu defendo que, ao reunir o povo de Deus, não podemos desperdiçar o silêncio do céu com falta de conteúdo, músicas mal escritas, orações que nada aproveitam, pregações que nada ensinam, coisas que juntas e somadas ainda resultam em zero. Zero para anunciar que as bodas se aproximam, que o noivo está “ansioso” pelo Encontro, que a noiva deve se preprar – e correndo.

Resgatemos o senso de urgência de pregar um evangelho genuíno no qual não se tem medo de falar da salvação – e portanto da condenação. Resgatemos o foco no noivo, nas bodas e nas Escrituras que sobre isso nos ensinam. O tempo está, literalmente, se exaurindo.

“Senhor, não me permita desviar do foco de olhar para Ti como autor e consumador da minha fé, que deve ser o firme fundamento do que não vejo ainda – as bodas do Cordeiro – mas verei, pessoalmente. Me fortalece neste propósito.“

Vinicios Torres

O Que Você Está Fazendo Pelo Brasil?

“E procurai a paz da cidade, … e orai por ela ao Senhor: porque na sua paz vós tereis paz.” (Jeremias 29:7)

Estamos vivendo tempos difíceis no nosso País e temo que estes tempos possam se tornar ainda mais difíceis se não forem tomadas as providências corretas. Mas, quem garante que as providências certas serão tomadas?

Dependendo de onde você vive, certamente está experimentando os efeitos devastadores das consequências das decisões tomadas apenas em interesse próprio e não no melhor interesse para a nação e para a construção de um bom futuro para nossos filhos e netos.

Temo que não compreendemos que, de nada adianta trabalharmos exaustivamente para construir um patrimônio e deixar uma boa herança para nossos descendentes, se a conjuntura em que eles são construídos foi formada para devorar tudo o que você lutou para deixar-lhes.

Vejo muitos cristãos viverem como se nada do que acontece no mundo fizesse diferença. Só para ouvi-los depois pedirem oração para Deus livrá-los das consequências daquilo que eles ignoraram.

As decisões (e indecisões) do governo afetam a todos, inclusive a nós, os cristãos. E por governo me refiro a todas as esferas, executivo, legislativo e judiciário.

Sim, eu estou consciente que Deus é maior que esse sistema mundano. Sim, eu sei que Deus cuida de nós, pois eu já experimentei esse cuidado muitas vezes, inclusive em questões relacionadas ao trato com o governo.

Mas quando eu vejo Deus falar através do profeta: “ore pela paz da sua cidade (ou estado, ou pais) porque se ele tiver paz VOCÊS terão paz” (ênfase minha) eu entendo que tem algo que se eu não fizer, então eu não vou desfrutar.

Por que orar pela paz? Simples. Se não houver esforço consciente para manter a paz, o sossego acaba. O pecado que está no coração ser humano (Mateus 15:19-20) se manifesta sem esforço, e se ele não for resistido ativamente, ele acabará por dominar a sociedade.

E a nossa luta pela paz em nosso País, na nossa sociedade, não é uma luta armada ou uma luta intelectual (no campo das ideologias). A nossa luta é espiritual, ela é contra as hostes da maldade que dominam as mentes dos homens em posição de comando, que os induzem a agir de maneira contrária ao que se esperaria de alguém que foi colocado em posição de autoridade para defender os interesses do povo que o elegeu para representá-lo.

Não adianta ouvir as notícias e entrar no coro dos que reclamam da falta de caráter dos outros. Devemos nos engajar na batalha pela paz do nosso país.

E essa batalha começa, como o próprio Deus afirmou pela boca de Jeremias, no nosso quarto, clamando a Deus que estabeleça o Seu Reino e nos traga a paz e prosperidade.

“Senhor, abra os meus olhos para enxergar a mudança que oração pode fazer pela minha cidade, pelo meu estado e pelo meu país.“

Mário Fernandez

Dedicação – A Noiva de Cristo

“Então, voltou aos seus discípulos e os encontrou dormindo. ‘Vocês não puderam vigiar comigo nem por uma hora?’, perguntou ele a Pedro.” (Mateus 26:40 )

Antes de mais nada, vamos alinhar o contexto deste versículo. Ele não tem qualquer relação com as bodas do Cordeiro, pois se refere a um episódio específico ocorrido na caminhada de Jesus na Terra. Não se faz doutrina em cima de uma coisa como esta, ao menos não sozinha, mas temos um princípio que precisamos aprender com o ocorrido.

Recentemente, ouvi uma palavra abençoada sobre amor e o pregador argumentou sabiamente que quem ama faz 3 investimentos: tempo, dinheiro e oração. Ou seja, aquilo que não merece meu tempo não tem o meu amor. Ao ver este versículo, entendi uma forte ligação com o que Jesus tentou ensinar aos seus então mais próximos. O problema não foi eles terem dormido, mas sim o fato deles não partilharem a importância do momento Dele. Tempo, meu querido, tempo.

Eu dedico tempo diariamente a conhecer melhor o noivo, a entender Seus critérios e desejos, a tentar desesperadamente ouvir Sua voz. O maior problema que vejo na nossa geração é justamente essa falta de dedicação de tempo ao Senhor, numa geração marcada pela pressa, pelo microondas, pela celeridade das coisas, pelos turbos, downloads, etc. Relacionamento não se apressa, tem ritmo próprio, tem exigência de foco e dedicação. E no caso de Jesus, como se dedica tempo?

Parece-me que nosso povo não tem mais o mesmo gosto pela coisa. Não estou dizendo que as gerações passadas eram melhores nisso, afinal se o fossem de fato, o mundo estaria todo evangelizado a estas alturas. Mas nós, nesse tempo, temos muito que aprender e é isso que me interessa. Tempo não se guarda, não se empresta, não se multiplica, nem se administra (seu uso sim). Para alguns é pouco interessante ficar orando, afinal assistir futebol é mais emocionante. Para outros um bom filme prende atenção por horas mas orar por 15 minutos é uma eternidade. O gosto pela coisa vem da prática, da persistência e dos resultados colhidos. Orar funciona, sou prova ambulante disso, minha família prova isso, minha igreja prova isso – tenho certeza absoluta que não sou o único.

Posso gastar tempo com Jesus orando, e isso é fantástico. Aliás, mais do que “posso” eu “devo” fazer isso. Mas preciso cultivar minha santidade, sem a qual ninguém verá o Senhor, e posso fazer isso de várias formas, o que conta como tempo com Ele. Preciso meditar na Palavra Dele, para conhecê-lo, e isso conta como tempo com Ele. Posso abençoar Seus filhos e isso me abençoará também, e vai contar como tempo com Ele e para Ele. Acho que nem preciso continuar. Cada um de nós pode encontrar formas de conviver com Ele e menos com nosso próprio ego, que aliás, nem convidado é para as bodas.

“Senhor, me ensina a focar minha vida de modo que eu encontre tempo para Jesus, de forma que eu consiga mais e mais intimidade. Quero aplicar meu tempo de forma proporcional ao meu amor por Ele.”

Vinicios Torres

O Que o Masterchef Pode Nos Ensinar Sobre Amargura

“Cuidem que ninguém se exclua da graça de Deus; que nenhuma raiz de amargura brote e cause perturbação, contaminando muitos;” (Hebreus 12:15)

Acabo de assistir a um episódio do programa Masterchef e uma coisa me chamou a atenção. Neste episódio um dos candidatos, avaliado como um potencial candidato ao título já nas primeiras provas, teve um bom desempenho na primeira prova, mas foi excluído pela vencedora para se livrar da prova de eliminação. Ela deliberadamente o deixou dizendo que ele era um forte candidato e a ameaçava.

O candidato em questão ficou visivelmente chateado e questionou o critério usado pela concorrente na escolha. Ficou evidente que aquela rejeição provocou uma amargura naquele candidato.

Resumo da história: nas duas provas de eliminação seguintes este candidato não conseguiu se sair bem, apresentando nas duas oportunidades um dos piores pratos, e acabou eliminado do programa. Um dos companheiros comentou que a sua raiva afetou o seu desempenho, pois “nós passamos nossos sentimentos para o prato que estamos fazendo”.

Este é um exemplo muito prático do que o autor de Hebreus fala nesta passagem: cuide que nenhuma raiz de amargura brote, pois se isso acontecer o resultado será “perturbação”.

Quando estamos perturbados por alguma coisa, ela nos rouba a atenção daquilo que deveria ser nosso foco. A perturbação da amargura rouba a energia, a tranquilidade e a paz necessária para realizar o melhor que podemos na vida. Alguém perturbado está desfocado, agitado, com a atenção dividida.

Essa perturbação pode se tornar maior ainda se temos influência ou exercemos liderança, pois ela pode ser transmitida a outros. Como diz o autor de Hebreus, podemos contaminar a muitos com a nossa perturbação e o prejuízo que causamos se estende a outras pessoas.

Motivos para ficar amargurados podem acontecer sem que estejamos esperando. Podemos ser rejeitados, sujeitos à injustiça, deixados de lado numa promoção que achávamos que tínhamos direito, induzidos ao erro, descobrir que alguém tem um conceito a nosso respeito menor do que pensávamos… a lista se estende praticamente ao infinito.

Para dominarmos a amargura temos que manter a consciência de que nosso valor vem de Deus, que a nossa vida e o nosso futuro estão nas mãos dEle e que tudo que nos acontece, acontece para o nosso bem (Romanos 8:28). Mesmo aquilo que parece não ser o melhor para nós, Deus pode usar para bênção. Sendo assim, aquelas coisas que poderiam nos provocar amargura, lançadas sobre Cristo (1 Pedro 5:7) tornam-se motivos de ação de Graças (1 Tessalonicenses 5:18), deixando de ser causa de perturbação e transformando-se em testemunho da fé em Deus.

No Masterchef, um candidato sucumbiu à amargura e perdeu seu direito de lutar por um prêmio terreno. No nosso caso, a amargura pode nos fazer perder um prêmio eterno.

“Senhor, ajuda-nos a estar alertas para não permitirmos que a amargura se instale em nosso coração, antes que sejamos submissos à Tua vontade e enfrentemos todas as lutas com fé em Ti.“

Mário Fernandez

O Padrinho – A Noiva de Cristo

“E eu pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Conselheiro para estar com vocês para sempre,” (João 14:16 )

Na nossa cultura ocidental, a cerimônia de casamento tem um certo formato e como parte disso tanto noivo como noiva têm pessoas especiais que são convidadas a participar, não apenas da cerimônia, mas de sua nova vida de casados. Estou me referindo aos “padrinhos”. Sua origem, pelo que pesquisei, remonta ao Concílio de Trento, realizado entre 1545 e 1563. Nesta ocasião, o clero se reuniu para emitir inúmeros decretos dogmáticos sobre a fé e a disciplina da Igreja Católica e, entre outras coisas, criaram o sacramento do matrimônio. Até aquele momento, não havia necessidade de testemunhas para o casamento, o que obviamente gerava uma série de situações. Com o tempo os padrinhos assumiram papeis de preparar cerimônia, escolher presentes, arrumar a noiva. Mas isso é apenas história.

Pense no texto bíblico que escolhi. Mas preste atenção: vou parafrasear, explicar e contar uma história. O noivo precisa se ausentar por um tempo e, em um dos últimos momentos com a noiva, Ele não apenas avisa que vai e volta, mas ainda faz uma promessa. O Pai Dele tomará conta da noiva nesse tempo, para que nada lhe aconteça, para que os preparativos não sejam comprometidos, mas principalmente para que a noiva não se esqueça Dele. Esse “guardador” designado pelo Pai do noivo tem todas as características, conhecimento e capacidades para cumprir esta missão. Não é um guarda-cortas, mas toma conta. Não é um professor, mas ensina. Não é um psicólogo, mas consola. Não é um consultor, mas aconselha. Acho que deu para entender a analogia, não?

Neste caso, imagine o dia do Encontro, da celebração das bodas. O noivo manda chamar Sua noiva, o designado a traz e lhe apresenta. O Pai está presente, o noivo está presente, a noiva se apresenta. Quem traz a noiva, neste caso, cumpre o papel de testemunha, não apenas da celebração mas também do caráter da noiva. Imagine a cena: Ele chega, trazendo a noiva pela mão, apresenta-a ao noivo e faz os maiores elogios, ressaltando seu caráter, santidade, retidão, dedicação, tenacidade, paixão pelo noivo, méritos de comportamento, conta de milhares de situações em que poderia ter desistido e não o fez. Entrega-a ao noivo, como se fosse quem lhes apresentou. Gente, é a cena do padrinho de casamento cumprindo seu papel.

Mais do que uma analogia, quero ressaltar o papel fundamental do Espírito Santo, nosso Conselheiro e Consolador, pois Ele foi designado por Cristo para estar conosco até o dia do Encontro. Ele não é o noivo, mas sim algo como “melhor amigo” ou alguma coisa neste sentido. Partilha da essência dividida do noivo e Seu Pai. Suas ilimitadas capacidades permitem cumprir seu papel. Devemos conhecê-lo, amá-lo, respeitá-lo, obedecê-lo, ouvi-lo, ter um relacionamento amoroso com Ele. Sem trocar de papel com o noivo, mas sem negligenciá-lo.

Sou de uma geração de opostos extremos. Grupos se auto-denominam movidos por Ele como se Jesus nem fosse importante, é a chamada “turma do fogo”. Outros grupos, embora não neguem sua existência, agem como se ele fosse apenas um dos móveis da casa. Sejamos dos que o conhecem e compreendem Seu papel, equilibradamente e focando no alvo. As bodas se aproximam e o “padrinho”, por assim dizer, está agindo poderosa e intensamente para preparar a noiva. Isso é para quem crê, para quem espera e para quem vai chegar lá.

“Senhor, quero compreender e viver em conformidade com a Tua expectativa sobre mim, principalmente na relação com Teu Santo Espírito. Me ensina o equilíbrio, o foco nas bodas, a esperança eterna e principalmente me ensina a Te amar na totalidade daquilo que tens pra mim.“