Vinicios Torres

Quem Lê a Bíblia para Você?

Parece estranha a pergunta? Tenho certeza que você vai dizer que é você mesmo. Talvez esteja pensando nos casos de pessoas doentes ou idosas que não conseguem ler e pedem para outros que leiam a Palavra de Deus para elas (ministério abençoado tanto para quem lê como para quem ouve).

Mas a minha pergunta tem outra conotação. Ela foi despertada por um e-mail que recebi como resposta a uma das mensagens sobre Jacó (ainda não terminei com ele, espere que logo vem mais). A pessoa comentava que era difícil entender como Deus abençoou pessoas com defeitos/problemas e destacou, por exemplo:

  • Jacó trapaceiro – abençoado
  • Abraão mentiroso – abençoado
  • Noé bêbado – abençoado
  • Moisés assassino – abençoado

Há duas coisas que precisamos entender sobre isso:

A primeira é que estamos sendo bombardeados por pregações superficiais que tem tido o propósito de nos motivar e movimentar e que usam estereótipos para facilitar a assimilação da mensagem. Assim, é mais fácil para o pregador caracterizar Abraão como mentiroso do que analisar cuidadosamente o caso (ele não mentiu, leia a história em Gênesis 20).

O problema dessa abordagem é que o estereótipo reduz a personagem a um conjunto simples de características e perde-se a riqueza do seu caráter e de sua história. Normalmente o contexto histórico também é ignorado, e ele explica muitas coisas a respeito da personagem ou dos fatos narrados.

Não há necessidade de ir a um seminário ou faculdade teológica. Basta ler com atenção, desligar-se de ideias pre-concebidas e interpretar o texto de acordo com as regras da língua. Pareço um professor de português falando, né? Pois é, mas se tivéssemos nos dedicado um tantinho mais nas aulas de língua portuguesa teríamos menos barbaridades sendo ensinadas nos púlpitos desse país.

Muitas igrejas reduziram seus ministérios de ensino ao processo de formatar os novos convertidos e, no nível mais avançado, aos treinamentos de como liderar grupos. Ficando, portanto, ao cargo da iniciativa dos seus membros buscar conhecer mais sobre a Bíblia, a história e como interpretá-la.

A segunda é que, mesmo no caso daqueles que erraram, por exemplo, a embriaguez de Noé ou o adultério de Davi, a Bíblia não CARACTERIZA as pessoas pelos seus erros. Ou seja, a Bíblia não esconde que Davi pecou, mas deixa claro que caráter de Davi não era de um adúltero contumaz. Pedro tinha rompantes de falar e fazer as coisas, mas a Bíblia destaca a fé, a confiança na Palavra de Jesus e a obediência irrestrita dele.

O fato da Bíblia registrar os erros e pecados de alguns demonstra a graça de Deus em perdoar os arrependidos e quebrantados e restaurá-los. Ou seja, exemplo do que pode acontecer conosco também. Se Davi, após seu arrependimento, continuou sendo um “homem segundo o coração de Deus”, eu também posso experimentar o mesmo arrependimento e ser restaurado à presença do Pai.

Geralmente, os esterótipos se fixam em coisas negativas, levando-nos a uma leitura preventiva e truncada.

Para ajudar a ler a Bíblia com mais riqueza:

  • Ao começar um texto, preste atenção no contexto. O que veio antes? Do que se trata?
  • Você conhece o contexto histórico? Costumes e regras da época que o texto retrata? Se não, procure pesquisar um pouco a respeito. Enriquecer seu conhecimento o ajudará a entender melhor o texto.
  • Procure imaginar a história. Coloque-se no lugar da personagem e imagine-se passando pela situação. Muitas vezes podemos imaginar os sentimentos e compreendemos melhor atitudes, reações e respostas.

Leia a Bíblia você mesmo, não leia a Bíblia apenas pelo que os outros lhe dizem.

Mário Fernandez

Fé – Vivendo o Evangelho

Quero dedicar algumas semanas meditando no aspecto mais prático possível do evangelho, naquelas coisas que normalmente saíram de moda ou perderam espaço nos grandes púlpitos. Em tempo, não sou contra igrejas grandes ou pregadores eloquentes, muito pelo contrário. Mas tenho andado muito por esta mundão e tenho percebido que quanto mais o povo cresce, mais perde a simplicidade de um evangelho que nunca deveria ter sido complicado.

Acho que não precisamos mais de palavras elucidativas e pensamentos elaborados sobre o que é fé. Sendo telegráfico de tão simples, fé é crer mesmo quando não dá. E a salvação que vem pelo evangelho é assim, ela nos coloca crendo quando não dá. Cremos que vamos morar no céu mesmo nunca tendo visto ou conversado com alguém que veio de lá, cremos num Deus invisível, cremos em palavras de um livro que tantos falam mal, cremos em milagres impossíveis.

Mas na prática do cotidiano, viver o evangelho é ter fé para salvação. É, sim, ter noção clara de que o mundo está perdido, jaz no maligno, vai de mal a pior, não vai ter moleza nem grandes melhoras, tudo está ruindo e bem rápido, por sinal. Mas em meio a este caos eu estou a salvo. Mesmo que tudo esteja afundando, eu tenha problemas a resolver, não esteja isento de sofrimentos, mas estou a salvo. Mesmo que eu não compreenda claramente todas as coisas, que tenha um monte de conceitos que não estão claros, que precise aprender muito, eu estou a salvo. Em meio a pessoas que não honram sua palavra, que agem mal, que mentem, que desapontam, que perdem a linha, muitas vezes até no grupo eclsiástico (igreja, comunidade, etc) ainda assim eu sei que estou a salvo.

O evangelho é o poder de Deus para salvação. Talvez eu não prospere, talvez eu não seja curado, talvez meu milagre não chegue em tempo, talvez eu não consiga me sentir muito melhor, talvez eu não consiga nem crer em mais muita coisa. Mas se eu crer que estou salvo para a eternidade, o poder do evangelho deu certo em mim e me alcançou, fez efeito. Estou salvo.

Viver assim é viver diferente dos demais em vários aspectos, mas quero apenas destacar duas coisas que me chamam a atenção nesse nosso tempo: o egoísmo tem de dar lugar ao altruísmo; a fé tem de tomar o lugar do materialismo. Tem muito pano para manga nisso, mas vamos chegar lá, com fé.

Quero terminar enfatizando: o evangelho não é uma ação ou conjunto de regras, é um estilo de vida.

Vinicios Torres

Resgatando a Personalidade de Jacó

Continuando a falar sobre a minha recente descoberta deste personagem, não que nunca tivesse lido, mas que agora leio com outros olhos, veja o que o texto nos descreve acerca de Jacó e seu irmão Esaú.

“Cresceram os meninos. Esaú saiu perito caçador, homem do campo; Jacó, porém, homem pacato/sossegado/simples, habitava em tendas.” (Gênesis 25:27)

Jacó tinha um temperamento pacífico, e gostava de uma vida sossegada e pastoril, bem diferente do irmão, dotado de caráter altivo e impetuoso, e que amava caçar. Esaú era o agitado, Jacó o tranquilo. Esaú, o esportista, Jacó preferiria ler um livro. Esaú gostava do desafio de acampar e caçar, Jacó preferia o conforto de casa e de uma cozinha equipada. Esaú seria o extrovertido enquanto Jacó, o introvertido. Nos tempos de hoje, Esaú seria o capitão do time da escola e Jacó, o líder dos nerds.

Mas tem um detalhe que a concisão do texto deixa escapar. O texto está fazendo um contraste de personalidades, colocando características de Esaú de um lado e de Jacó do outro. E isso tem razão de ser, pois essa descrição explica várias situações futuras na vida desses homens.

A palavra que nossas versões em português traduzem como “pacato/simples/sossegado” é “tawm” e tem os seguintes significados: perfeito, completo, aquele a quem não falta nada em termos de força física e beleza; moralmente inocente, íntegro, aquele que é puro moralmente e eticamente; tranquilo, pessoa de personalidade quieta.

A palavra escolhida pelo autor do Gênesis demonstra não apenas o aspecto externo da personalidade mas também o caráter de cada um deles. No caso de Jacó, a palavra para descrevê-lo é totalmente positiva e a história mostra evidências disso.

Jacó demonstra integridade ao questionar a mãe, quando ela lhe propõe o plano de enganar o pai se fazendo passar pelo irmão para receber a bênção do primogênito. Ele diz que não quer correr o risco de ser desmascarado e acabar amaldiçoado pelo pai em vez de abençoado. Ele só o faz em obediência à ordem da mãe depois de ela invocar que, se isso acontecer, a maldição caia sobre ela. Jacó demonstra integridade ao trabalhar todos os anos prometidos pelas esposas. Demonstra honestidade ao trabalhar corretamente apesar do sogro lhe mudar o salário tantas vezes.

É por isso que, depois de abençoado pelo seu pai, quando Jacó sai em busca de uma esposa, Deus se revela a ele em Betel. Ele tem o caráter, comprou o direito da primogenitura, recebeu a bênção do pai, agora só faltava a aliança com Deus.

Ao vermos a personagem bíblica com os olhos corretos podemos aprender mais facilmente as lições e exemplos que Deus quer passar através delas e de suas vidas.

Mário Fernandez

Cruz – Intercessor II

Interceder é buscar o interesse de outro, eventualmente até em detrimento do interesse próprio. Ato ou efeito de exercer influência em determinada situação na tentativa de alterar o seu resultado. É a pessoa que paga uma dívida que não era sua, ou que conversa com o líder de outro para aliviar uma punição, ou até mesmo quem fala com o juiz para reduzir uma pena ou atenuar uma culpa – essa pessoa é o intercessor. Já vi a mãe interceder em favor do filho levado junto ao pai severo, para que não exagere na punição. Já vi pastores intercedendo junto ao marido para que perdoe a esposa e vice-versa.

No contexto de igreja contemporânea, costumamos chamar de intercessores as pessoas que se dedicam à oração. Ainda que não esteja necessariamente errado é uma verdade incompleta, pois interceder é muito mais do que orar e orar é muito mais do que “somente” seja o que for. Intercessão nesse contexto deve ser uma dedicação de combate, de luta, de guerra – nunca em favor de si mesmo mas de outros. Interceder junto a Deus, em nome do Filho e na unção do Espírito Santo – isso muda a história. Podemos e devemos interceder pelos nossos líderes, pastores, ovelhas, discípulos, amigos, parentes, familiares, colegas. Não adianta interceder pelos mortos (tema polêmico), não adianta pedir salvação (é individual e pessoal), não adianta interceder por si mesmo (nem é intercessão). MAS adianta interceder sim, adianta orar sim.

Jesus de Nazaré, Filho de Deus em totalidade de essência e Espírito, morreu em nosso lugar e, por isso, por este único motivo, pode exercer influência em nosso favor – interceder. Ele e somente Ele tem essa prerrogativa, pois biblicamente falando não temos qualquer outro personagem que reúna suas características. Ainda que outro(s) tenham morrido da forma que for, mesmo que dando sua vida em favor de outros, somente Jesus é relatado nas Sagradas Escrituras como Filho de Deus, desprovido de qualquer tipo ou forma de pecado, totalmente ungido por Deus.

Isso significa que Jesus é muito mais do que nosso fiador quando formos prestar contas diante do Pai. Ele vai “falar bem da gente” para o Juiz Todo Poderoso, cujo trono está fundamentado em justiça e juízo (Salmos 89:14). Ou seja, numa linguagem bem popular e simples, Jesus além de pagar nossa conta ainda vai quebrar o galho com o credor. Só Ele mesmo. Lembremos que justiça consiste em dar a cada um o que é merecido/devido, o que no meu caso seria simplesmente o inferno.

Quanto mais eu estudo esses assuntos e mais me aprofundo no entendimento do que Jesus fez naquela cruz, mais fico impressionado e agradecido. É fascinante não ter o que dizer a alguém pelo tanto que fez por mim. Só me resta agradecer, me curvar e ceder à Sua vontade devolvendo a Ele o que me deu – tudo. Minha vida – tudo.

Vinicios Torres

3 Mentiras Sobre Jacó Que Sempre nos Contaram

Toda história que lemos é grandemente influenciada pelo conhecimento prévio que temos acerca dela ou dos seus personagens. Conforme as características que conhecemos das personagens envolvidas interpretaremos suas intenções e reações. Por isso, uma das coisas que os amantes de cinema mais detestam são os famosos “spoilers”, aqueles comentários que revelam detalhes do filme ou o destino das personagens.

Quando lemos uma história com uma ideia preconcebida podemos perder detalhes dela, ou interpretá-la erroneamente, principalmente quando o preconceito for negativo. Ele pode fazer com que fiquemos bloqueados para as palavras e intenções da personagem que perdeu nossa simpatia por causa do preconceito.

Percebi isso nesta semana ao ser despertado por um comentário sobre a vida de Jacó, filho de Isaque e neto de Abraão. Nestes anos de vida cristã não tem como saber quantas vezes li a história de Jacó lá no Gênesis, nem quantas mensagens ouvi baseadas nele. Nunca esteve entre meus personagens favoritos, nem tinha nada em sua trajetória que me servisse de exemplo. Diferente de seu filho José, decididamente o personagem mais fascinante do Antigo Testamento, na minha opinião.

Mas, hoje, confesso que descobri que tinha preconceitos para com ele. Preconceitos esses alimentados pelos comentários lidos e ouvidos a seu respeito que, depois de uma análise mais cuidadosa da história, se provaram equivocados.

Vejamos então três ideias que se ouvem muito sobre Jacó e que influenciam a maneira como interpretamos a sua história, podendo nos fazer perder as riquezas que Deus quer nos passar através dela.

Que o nome de Jacó significa “enganador”.

Quantas vezes você já ouviu isso? Eu ouvi a vida toda. Mas o significado do nome literalmente é “aquele que segura o calcanhar”, porque ele nasceu agarrado ao calcanhar do irmão que nasceu primeiro. O outro significado do nome é “suplantador”. Suplantador é aquele que toma o lugar de ou substitui a outro, seja pela incapacidade/inadequação do outro ou pela conquista do direito ao lugar. Uma boa comparação é o jogador de futebol reserva, ou suplente, que aguarda a oportunidade de substituir (ou suplantar) o titular e mostrar o seu jogo.

Portanto, não há conotação negativa no nome de Jacó. Na verdade, o seu nome instigou-o a pensar que poderia ter participação nas bênçãos sobre as quais ouvia seu avô e seu pai falarem, que por costume da época eram reservadas ao primeiro filho nascido, o primogênito.

Que ele enganou seu irmão Esaú e roubou a sua primogenitura.

Esse conceito também é bastante difundido, e entra aqui o fator que a gente olha para um fato e analisa conforme a nossa escala de valores e não na escala de valores das personagens dentro do seu contexto histórico. Leia a história com cuidado e veja que, em nenhum momento, Jacó ludibria seu irmão. Esaú pediu a comida que ele havia feito e ele ofereceu um negócio. Esaú aceitou o negócio e, no momento, saiu satisfeito. Pense um pouco, eles moravam todos juntos, se Esaú se incomodasse com o negócio bastava ir conversar com a mãe e pedir comida a ela. Mas a Bíblia diz que Esaú “desprezou” (Gn 25:34) o seu direito de primogenitura, ou seja, ele não dava valor, não se importava.

Posteriormente, ao revelar ao pai que havia negociado a primogenitura, Esaú diz: “Não é com razão que se chama ele Jacó (suplantador)? Pois já duas vezes me “suplantou” (Gn 27:36). Algumas versões traduzem “duas vezes me enganou” mas a raiz da palavra traduzida como “enganou” é a mesma do nome Jacó, e a frase significa que Esaú reconheceu que Jacó o suplantou, conquistando o direito de tomar o seu lugar. E lembre-se, nesta frase, quem está falando é uma pessoa amargurada, explicando assim o tom negativo da tradução.

Que ele fugiu do irmão.

Esaú amargurou-se por ter sido “suplantado” pelo irmão. Se você pensar bem, é a reação natural de alguém que reconhece que cometeu um grande erro na vida. Pessoas amarguradas ficam remoendo seus erros e, conforme o seu temperamento, imaginando formas de vingança. Com Esaú foi assim e sua mãe ficou sabendo que ele andava falando que se vingaria.

Rebeca, consciente que as bênçãos das promessas de Deus para Abraão e Isaque recairiam agora sobre Jacó, não quer que seu filho cometa o mesmo erro que Esaú já cometera de tomar mulheres de Canaã para esposas (Gn 26:35,35). É dela a ideia de convencer Isaque a liberar Jacó para buscar uma esposa entre os seus parentes. Isaque aprova a ideia e abençoa Jacó para esta empreitada.

É verdade que Jacó sai sabendo que seu irmão está com raiva dele e, segundo a história, volta muitos anos depois ainda temente da amargura do irmão. Mas Jacó não saiu fugido, nem às pressas. Saiu com a bênção de seu pai para a empreitada e sabendo que um dia voltaria para tomar posse da herança da primogenitura que ele conquistara.


Depois que você “ajusta as lentes” tirando as ideias preconcebidas, ao olhar o texto novamente uma nova história emerge. Algumas coisas que pareciam contraditórias, passam a se encaixar. Por exemplo, você entende como Deus podia falar com e abençoar Jacó. Antes, para mim, não fazia sentido isso acontecer com um cara ruim. Mas ruim, na verdade, era apenas o meu conceito dele.

Mário Fernandez

Procrastinação

Conversava poucos dias atrás com um amigo de longa data (coisa de 20 anos ou mais) quando tocamos neste assunto, referindo-se a uma situação envolvendo outro irmão em fé. Sempre fica para depois, sempre tem algo a dizer, o resultado demora.

Jesus não ficou enrolando para ir para a cruz em meu lugar, não retardou seu sofrimento, não remarcou o tempo de tentação no deserto, não disse para esperar quando sua missão deveria começar, não esperou pelo próximo batismo. E nem mesmo para o traidor ensinou a protelar – vai e faz depressa.

Estamos nos primeiros dias de mais um ano e vejo milhares de pessoas fazendo planos e mudando coisas em suas vidas. Me pergunto o motivo disso, mas não encontro. É puramente psicológico, coisa de clima de virada de ano. Deus nos tem chamado diariamente, sua misericórdia se renova a cada manhã, devemos tomar nossa cruz a cada dia, basta a cada dia o seu mal, devemos renovar a mente de forma constante e por aí vai. Por que esperar o ano virar?

Repare que aquela dieta vai começar depois das festas, a troca do carro no início do ano, a pintura da parede, a mudança de hábito ou de atitude, até mesmo o propósito de orar mais.

Povo de Deus não precisa disso, precisa é de atitude e de assumir um estilo de vida de renovação, de novidade de vida, de simplicidade no viver e no agir, sem ficar protelando. Me permita uma reflexão: qual o melhor dia para um infarto? Ou para bater o carro? Ou para perder um ente querido? Se para estas coisas a resposta é que “nunca” é uma data boa, você pensa como eu.

Coisa boa não tem hora ruim e coisa ruim não tem hora boa. Busque a Deus hoje, ore hoje, leia a Bíblia hoje, peça perdão hoje, perdoe hoje, cante louvores hoje, muda de atitude hoje. Não precisa ser imediatista, pense no futuro, mas comece hoje. Não marque outra data que não seja hoje. Afinal, Aquele que diz “eis que estou à porta” não nos revela suas datas, podemos não poder contar com o amanhã ou com o ano vindouro.

Se hoje ouvir a minha voz, não endureça teu coração.

Vinicios Torres

Como Achar o que Perdeu

Você já perdeu algo importante e ficou ansioso até que conseguiu encontrar?

  • Já perdeu os óculos justamente na hora que mais precisava?
  • Um documento importante que é a chave para resolver um problema urgente?
  • Esqueceu onde colocou o dinheiro que tirou do banco ontem?
  • Perdeu o prazo de pagamento de uma conta porque perdeu-a entre a bagunça da sua casa?

Todas essas são situações mundanas que acontecem naturalmente para aqueles que não se organizam ou fazem as coisas de maneira corrida ou distraída.

Se você mantiver uma vida desordenada será mais fácil perder as coisas. A sua vida, matrimônio, família, relacionamentos serão afetados se você tiver uma vida sem ordem. Ao manter uma vida em desordem o caos será inevitável, é apenas uma questão de tempo.

Muitos levam a vida espiritual no mesmo ritmo: bagunçado, sem ordem, sem disciplina.

Será que podemos perder algo espiritual por causa da falta de ordem em nossa vida?

Pode ter certeza que sim.

  • Quantas oportunidades de bênçãos podemos ter perdido justamente por não estarmos preparados para responder ao chamado de Deus no momento certo?
  • Quantas pessoas perderam a chance de ver a presença de Deus em nós porque não estávamos em comunhão com Ele?
  • Quantos deixaram de receber a libertação por não estarmos atentos às suas necessidades pois estávamos distraídos com as preocupações que a nossa bagunça provocou?

Jesus usa a mulher da parábola para nos mostrar o que fazer:

  1. Acenda a luz.

Traga claridade para a sua casa, para a sua vida, acenda a luz! O salmista nos diz “Lâmpada para o meus pés é a tua palavra e luz para os meus caminhos” (Salmo 119:105). Para saber o que está bagunçado na sua vida contraste-a com a Palavra de Deus. Ela revelará o que não está de acordo com o padrão de Deus e dará direção para o que deve ser feito.

  1. Limpe a casa.

Coloque as coisas no devido lugar. Organize os documentos em pastas apropriadas. Jogue fora o que não precisa mais, tire o entulho para fora e deixe a casa limpa. Na vida espiritual o conceito é o mesmo: perdoe, reconcilie-se, restitua, deixe de fazer aquilo que não é para fazer, pare de falar o que não edifica. Rompa os laços que tenha feito com mal e com os ímpios.

Em vez de uma casa/vida desordenada, que abre brechas para perder valores e bênçãos, submeta-se a Deus através de aprender a sua palavra e praticar a santidade no dia a dia.

“Senhor, ajuda-me a limpar a minha casa e vida conforme a direção da tua santa palavra.”

Vinicios Torres

Luis Antonio Luize

Jesus Nasceu

“Ela dará à luz um filho, e você deverá dar-lhe o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados.” (Mateus 1:21)

O nascimento de Jesus foi amplamente anunciado pelos profetas e até mesmo os magos do oriente sabiam a Seu respeito, ao ponto de viajarem para encontrá-lo e adorá-lo.

O mundo aguardava a chegada do Príncipe da Paz. O povo Judeu estava ansioso pela chegada do Messias, o Redentor de Israel, Aquele que tiraria toda a dor e implantaria um Reino de Justiça e Paz.

Este Messias lutou a favor dos oprimidos e menos favorecidos, como por exemplo a mulher cananeia à beira do poço, a adúltera, os cegos, os coxos, os paralíticos, os leprosos e muitos outros.

Um olhar de amor e compaixão aos excluídos pelo mundo, que ou não reuniam as condições necessárias aos olhos mundanos ou então não dispunham da saúde necessária, ou ainda, não compartilhavam dos mesmos valores dos religiosos da época.

Como um rio que flui na direção do oceano, assim o mundo segue uma ordem, e como os gravetos ficam à margem do rio, assim também o mundo coloca de lado muitas pessoas que não preenchem os seus requisitos.

Num mundo em que competir e vencer é a principal motivação, todos que tropeçam são colocados de lado. O Messias, Jesus, o Cristo, o Filho de Deus, veio para todo aquele que necessita, levando Seu amor e compaixão.

A Palavra de Deus diz que no final dos tempos o amor esfriaria no coração de muitos, e o pragmatismo deste nosso mundo atual precisa deixar de lado o amor para que possa vencer.

— Por que vou olhar para o necessitado ao lado e estender a mão a ele, se preciso entregar o meu trabalho que irá me conduzir à uma promoção ou a ganhar minha participação nos resultados anuais da companhia?

— Deixa isto para quem tem tempo! Pensa o executivo e a mulher de negócios.

— Hoje há muitos necessitados diante da atual situação econômica, mas como minha condição de vida mudou, fiquei mais apertado, então também não vou ajudar, assim posso manter minha “qualidade” de vida. Pensa um outro tanto de pessoas.

Estes pensamentos e atitudes esfriam o amor em nossos corações e entramos numa roda viva que parece sugar nosso tempo, energias e disposição.

É para pessoas como estas que Jesus veio ao mundo, para colocar o amor em seu coração e mudar sua forma de pensar e agir.

Quando este ciclo de comportamento entra no casamento, então já não são uma só carne como diz a Palavra, mas sim dois, um homem e uma mulher em seu estado natural, diferentes entre si, com anseios e desejos que diferem desde geneticamente até emocionalmente.

Nas bodas de Caná da Galileia, talvez ocorresse o primeiro problema conjugal daquele novo casal, pois acabara o vinho da festa, e o vinho parecia ser uma responsabilidade do noivo pelo que tudo indica.

— Eu disse para você que era melhor comprarmos mais alguns odres de vinho, que estes não seriam suficientes! Diz a jovem esposa.

— Mas dava, é que o clima ficou propício para beberem vinho e dai furou nossa previsão, e além disto veio mais gente que o esperado. Diz o marido.

Todos os ingredientes para um grande problema estavam estabelecidos. Quando Jesus fez aquele milagre e transformou água num ótimo vinho, salvou a festa e um casamento.

Quando nós permitirmos que Jesus entre nas situações da nossa vida profissional, emocional e matrimonial, Ele faz algo excelente e saímos da situação muito melhores, renovados e nos sentindo muito bem.

Que neste Natal, a data que convencionamos comemorar Seu nascimento, você possa trocar presentes com todos a quem ama, mas sobretudo, estender sua mão a quem lhe machucou, assim você vai quebrar este ciclo, e o amor de Cristo estará presente em seu coração, na sua casa, na sua família e nos seus relacionamentos.

PARA EXERCITAR COM MINHA FAMÍLIA

  • Tenho amado meu cônjuge, filhos e familiares?
  • O que posso fazer para demonstrar o amor de Cristo a quem me cerca?

“Pai celestial, perdoe-me por todas as vezes em que o amor de Cristo foi sufocado pelos problemas e situações do dia-a-dia. Quero deixar aos pés da cruz tudo o que me machucou neste ano, para que neste Natal Seu amor preencha meu coração e o faça transbordar de amor, compreensão e carinho por quem está próximo de mim. Amém!”

Luis Antonio Luize