Mário Fernandez

Protegendo a Infância – Igualdade

“Disse o pai: ‘Meu filho, você está sempre comigo, e tudo o que tenho é seu.'” (Lucas 15:31)

Uma das maiores fontes de trauma na infância é ser tratado de forma discriminada por seus pais ou familiares. Muitas vezes pensamos no que é mal tratado, mas o excessivamente bajulado também fica traumatizado. Tratar as crianças com igualdade, se bem entendido e praticado, vai abençoar e proteger seu crescimento.

Eu era obeso na infância, então eu conheço de perto o que hoje se chama “bulling”. Meus pais nunca me trataram diferentemente de meus irmãos, e isso amenizou muito do que vivi na sociedade, principalmente na escola. Mas nas famílias em que um é tratado com distinção, a infância fica prejudicada.

O pai de Lucas 15 refere-se ao seu filho mais velho dizendo que ele sempre estava com ele, o que me parece claro ser sinômino de “desde a infância”. Se o filho mais moço tinha menos juízo ou era menos grato pelo que seu pai lhe deu, não foi por ser tratado de forma diferente. Ele levou sua parte na herança, mas ao mais velho o pai disse que tudo que tinha era dele. Não havia diferença, não havia distinção. Funcionou um pouco melhor para um do que para o outro? Talvez, mas as pessoas são livres em suas decisões, a despeito das consequências.

Precisamos abençoar nossos filhos indistintamente, e ouso dizer, sejam eles biológicos ou não. Temos que igualmente abençoar, ensinar, discipular, orar com eles, orar por eles, interceder, ofertar, alimentar, acariciar, motivar, defender, orientar… Tudo que fizermos precisa ser equilibrado.

Ainda que seja impossível torná-los seres humanos idênticos, quando falamos de igualdade falamos de equilíbrio. Um pode vir a ser advogado e outro médico, mas tiveram as mesmas condições. Um pode se tornar prefeito e outro não avançar além de um cargo de auxiliar, mas tiveram as mesmas condições. Para proteger a infância, precisamos investir e nos esforçar para oferecer no minimo, o equivalente – para não falar diretamente em igualdade, que seria o ideal.

“Senhor, preciso ser justo e equilibrado no tratar com as crianças. Me orienta e me ajuda a agir de maneira adequada, sem favoritismos entre meus filhos, netos, discípulos…”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Protegendo a Infância – Intimidade

“E, porque vocês são filhos, Deus enviou o Espírito de seu Filho aos seus corações, o qual clama: ‘Aba, Pai’.” (Galatas 4:6)

Uma das coisas que mais me intriga na forma como Deus se relaciona conosco, entre tantas outras, é justamente o fato Dele nos dar liberdade para sermos íntimos. Não falo de perder o respeito ou de abusar, mas de termos liberdade e o direito de chamá-lo de ‘Aba’ que seria bem traduzido hoje como papai, paizinho, papi – um sentido carinhoso de pai. Isso, segundo o versículo acima, apenas pelo fato de sermos filhos e não escravos.

Se Deus trata assim conosco, por que ainda vemos pais terrenos exigindo de seus filhos um tratamento formal e quase militar-hierárquico? Será que isso é a única forma de respeito que podemos esperar? O que isso ensina sobre Deus para nossos filhos e herdeiros espirituais?

Se queremos proteger a infância dos pequenos, precisamos lhes mostrar que intimidade combina com respeito e é perfeitamente compatível com um relacionamento organizado. Nossos pequenos ficam desprotegidos ao pensar que a única forma de relacionamento é via formalismo. Por quê? Simples: por que é natural para o coração humano buscar intimidade, e se o pai não der (sinceramente) alguma meretriz ou traficante dará. Daí se explica a perda de alguns na adolescência e juventude.

Se queremos proteger nossos pequenos, temos de olhar para eles como seres completos, ainda que em formação. Tudo de um ser humano adulto está ali, mas em amadurecimento. Uma criança que desconhece a intimidade nunca será um adulto equilibrado, pois como ele poderá ver Deus como Pai, sem ver Deus nos seus pais?

Se queremos proteger a infância, é na infância que devemos semear a intimidade familiar que germinará na intimidade com Deus. Isso semeará saúde para a vida adulta. Isso semeará uma nova geração que tratará melhor ainda seus pequenos.

“Senhor, me ajuda e me ensina a ser intimo de Ti e semear isso na vida dos pequeninos a quem tenho acesso, sejam meus filhos ou não.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Orando Como Convém – Limpeza

“Grande número dos que tinham praticado ocultismo reuniram seus livros e os queimaram publicamente. Calculado o valor total, este chegou a cinqüenta mil dracmas.” (Atos 19:19)

Quando li este texto, Deus me levou a meditar em algo que me havia passado desapercebido até agora. Esses homens queimaram livros que valiam muito dinheiro, pois entenderam que isso não podia mais fazer parte de suas vidas. Por que, sendo muito sincero, nós temos pena ou vacilamos para “queimar” alguns pensamentos que nada nos custam?

Se queremos aprender a orar de forma mais profunda e intensa diante de Deus, temos de dar o braço a torcer – somos muito apegados ao que cremos, ao que praticamos, ao que já deu certo para nós. Ficamos viciados em pensar que “em time que está ganhando não se mexe” e não paramos para pensar que os que perderam estão mexendo no time. Se temos práticas, conhecimentos, crenças, traumas, entendimentos, opiniões – não importa o que seja – que não deveríamos mais manter, temos de ter a coragem desses irmãos e meter fogo.

Queimar nos fala de purificação com fogo, ou seja, o que não é duradouro vira cinza. Se no meio destes “livros” restar algo de ouro ou qualquer outro metal precioso, não há o que temer. Mas o que é pura palha e papel, vai sumir. Queimar nos fala de destruir de forma irreversível, pois vira cinza e fumaça. Queimar nos fala de abrir mão de forma definitiva. O versículo fala de práticas de ocultismo, mas eu sinceramente creio que isso se aplique a todo e qualquer “livro” que tenhamos em nossa mente.

Para que nossa mente não seja nosso maior inimigo quando queremos orar como convém, precisamos abrir mão do que cremos e pensamos, quando não for compatível com o que Deus nos ensina na Bíblia. Se o que temos é de Deus, vai permanecer, então oraremos cada vez mais e melhor, como convém.

“Senhor, me ajuda livar minha mente de ensinos, pensamentos e desejos que tirem o foco de Ti e do Teu Reino. Quero aprender a orar mais e melhor.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Protegendo a Infância – Reino

“Mas Jesus chamou a si as crianças e disse: ‘Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam; pois o Reino de Deus pertence aos que são semelhantes a elas.'” (Lucas 18:16)

Uma das maneiras mais importantes para preservar e proteger a infância de uma criança é direcioná-la nos caminhos do Senhor. Primeiro, por que isso definirá seu futuro e, se tudo correr bem, sua eternidade. Segundo, por que no Reino de Deus criança tem privilégios especiais de criança. Terceiro, por que quem entende minimamente o Reino de Deus saberá como deixar uma criança ser o que ela de fato é: criança.

Todo tipo de abuso é gerador de problemas e muitas vezes de traumas e danos muito complicados de curar, mesmo ao longo do tempo. Devemos considerar como um comportamento abusivo privar uma criança de ser levada aos pés do Senhor? Alguns consideram que cada pessoa deve ter liberdade para escolher seus próprios caminhos espirituais. Eu pessoalmente não creio assim, pois no meu entendimento as promessas de Deus se cumprem quando cumprimos a nossa parte e nitidamente, sem sombra de dúvida, Jesus disse que o Reino pertence aos semelhantes aos pequeninos.

Para que uma criança seja ensinada a andar com o Senhor é preciso que seus pais, seus familiares, também o façam para poder mostrar mais do que falar. Ao criar nossas crianças no meio do povo de Deus, estamos protegendo-as debaixo da potente mão de Deus, para que o próprio Deus os proteja na fase adulta. Se privarmos uma criança de aprender do Senhor na infância, na fase adulta será espetacularmente mais dificil.

Proteger é livrar de perigos, ameaças, tormentos. Proteger é preservar. Proteger é dar cuidado. Tudo isso cabe completa e perfeitamente no conceito de andar com Deus. Olhemos para nossos pequenos como pedras preciosas e delicadas que precisam de cuidado.

“Senhor, quero olhar para os pequeninos como o Senhor olha, dando a eles o cuidado e a proteção do Teu arraial. Me ajuda a tratar das crianças como o Senhor deseja.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Orando Como Convém – Continuidade

“Dou graças a Deus, a quem sirvo com a consciência limpa, como o serviram os meus antepassados, ao lembrar-me constantemente de você noite e dia em minhas orações.” (2Timoteo 1:3)

Como eu acho lindo ter uma história para contar, não só para alegrar seus filhos e amigos, mas para edificar. Acho belo haver conquistas no Senhor que permitem que nos assentemos e compartilhemos tantas maravilhas. Servir a Deus de consciência limpa, como disse Paulo, já seria algo maravilhoso. Agora imagine fazê-lo tal como foi feito pelos anteriores ou antepassados.

Dar continuidade é algo que exige de nós desprendimento pois muitas vezes sufoca nosso sucesso aparente. Mas isso é superado e talvez até esquecido se não fazemos isso para nosso deleite e para nossa glória. Se tem EU no centro de todas as frases, tendemos a sufocar o dEUs que deveria ser glorificado. Se tem Deus a mais no centro das frases, é inspirador observar e aprender com quem fez primeiro do que eu, não para copiar mas para aprender. Por quê? Por que não importa o que eu quero ou desejo, importa que Ele seja glorificado.

Dias atrás participei de um treinamento e a pessoa falando de missões dizia que temos sido, muitas vezes, missionários com foco errado. Estamos tão focados nos perdidos que esquecemos muitas vezes que o que importa é levar a glória de Deus aos perdidos. Talvez por isso algumas iniciativas do passado deram tão certo e outras tão em nada. Se aprendemos com os erros e acertos do passado podemos dar um resultado melhor para Deus.

Sirvamos ao nosso Deus de forma tranquila, de consciência limpa, aprendendo com os que vieram antes de nós. No lugar do desprezo pela história, vamos aprender com quem deu certo – e com quem deu errado. Eu não acredito que a história nos deixe herança sem atentarmos a ela e ao que ela nos ensina – pois a herança da história é somente aprendizado.

“Senhor, me ajuda a aprender com os que vieram antes de mim para que eu legitimamente glorifique o teu nome. Faz com que, na minha vida, Te glorificar seja sinônimo de vida e serviço a Ti.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Frutos do Espírito – Santidade

“Se continuarmos a pecar deliberadamente depois que recebemos o conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados,” (Hebreus 10:26)

O maior e mais notório fruto que um homem ou mulher de Deus pode produzir de maneira visível é a santidade pessoal. Ainda que alguns considerem a santidade como algo interior e invisível é preciso destacar que há um aspecto que pode ser exteriorizado e portanto tornar-se visível. É nisso que quero meditar contigo a seguir.

Não vou tentar estabelecer regras e doutrinas aqui, mas simplesmente entender o que podemos fazer para frutificar. Deixar de pecar deliberadamente, é o ato de dizer “NÃO” quando tem vontade de fazer algo que não deveria. Ou dizer “SIM” diante de algo que a vontade não quer fazer mas que é necessário. Até mesmo fazer o que nunca havia feito antes mas que sabidamente deveria fazer – apenas por ser o certo e não por dar algum resultado.

Quando assumimos essa atitude e entendemos que isso é fruto e resultado da santidade, não precisamos olhar para o invisível pois podemos facilmente ver os frutos. Não encontrei nenhum versículo bíblico que diga “se tu me amas profetize” ou mesmo “se tu me amas fale de mim para todo mundo”. Mas encontrei vários com “se tu me amas cuida das minhas ovelhas” ou “apascenta meus cordeirinhos”. O nosso amor pelo Pai deve se expressar nas vidas que ganhamos e cuidamos para Ele. Mas isso não nos isenta de andarmos em retidão de caráter e fugindo do pecado deliberado.

Não devemos cair no engano de achar que algum resultado visível, ou fruto, substituirá outro. Há uma distância entre o que cremos, ou falamos que cremos, e o que praticamos. Essa distância pode ser grande ou pequena mas sempre existe. Pode ser minúscula, mas existe. Ela revela muito sobre nós e sobre nossos frutos.

O desafio diante de nós é viver em santidade interior que produza os frutros espirituais que possam ser vistos exteriormente. Do contrário, meu querido(a), é nadar cachoeira acima.

“Senhor, me capacita para que possa eu viver longe daquilo que sei que não devo fazer ou viver. Enche meu coração de desejo por Tua presença para eu dar frutos que Te agradam.”

Vinicios Torres

Mário Fernandez

Frutos do Espírito – Reações

“Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Contra essas coisas não há lei.” (Gálatas 5:22-23)

Dos frutos que são apresentados textualmente neste versículo tão conhecido, gosto de entender que alguns nos qualificam para agir, enquanto outros nos ajudam a reagir. Note que paciência, amabilidade, mansidão e domínio próprio tem muito mais a ver com reagir do que com agir. Quando falo em reagir falo naquele momento espontâneo, imprevisto e sem tempo de preparo.

Olhando por este prisma, não precisamos, nem devemos, estabelecer uma doutrina, mas podemos meditar em como nos comportamos. Se reagirmos de maneira paciente, demonstraremos o fruto do Espírito, por exemplo. No nosso cotidiano, haja paciência. É preciso exercitar paciência para agir, mas muito mais necessário para reagir.

Talvez o mais saliente de todos os frutos seja o domínio próprio, que se faltar nos faz presenciar cenas de explosão emocional, gritaria, agressividade, palavras pesadas ou coisas piores. Quanto dissabor, quanto amargor, quanta mágoa semeada, quanta encrenca, quanto perdão para ser buscado depois. Poderia ser evitado cultivando um fruto espiritual que nos capacita a reagir.

Produzir fruto é algo que implica em investir, semear, adubar, regar, cuidar, espantar predadores e tudo mais. É assim numa árvore, é assim no nosso espiritual. Temos de desenvolver estes frutos mesmo que isso nos custe algo. Os frutos que chamo de reação são aqueles evidenciados na hora de reagir, sem ensaio – eles precisam estar prontos para serem usados.

Eu tenho convicção de que se todo homem temente a Deus se esforçar pode desenvolver estes dons independentemente de seu temperamento natural, que, obviamente, precisa ser respeitado e vai influenciar no quanto ele terá manifestação de uma reação mansa e amável. Para alguns é moleza. Para outros, misericórdia. Mas todos podem conseguir, eu creio nisso.

“Senhor, obrigado por me ensinar que preciso ser Teu para agir mas também para reagir. Ensina-me e fortalece-me para que eu reaja de maneira que Te glorifique em todas as situações.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Orando Como Convém – Morte

“Digo-lhes verdadeiramente que, se o grão de trigo não cair na terra e não morrer, continuará ele só. Mas se morrer, dará muito fruto.” (João 12:24)

O amor pela própria vida parece não ser prioridade no Reino de Deus, principalmente quando se trata do sobrenatural. Mas eu gostaria de meditar nessa “morte” de um ponto de vista menos físico, por que não dizer, menos óbvio.

Será que é nosso corpo que precisa morrer, todas as vezes? Claro, morreremos. Mas muito mais do que isso, quem deve morrer é minha opinião, minha vontade, meu ego, meus desejos, minha carne – enfim minha natureza terrena, como Paulo falou em Colossenses 3:5.

O grão de trigo é uma semente e me ensina que se eu deixar morrer minha opinião ela produzirá frutos no Reino, do contrário só ela permanecerá ali. Mas preciso admitir e confessar que isso é mais do que difícil. Tomara que seja somente para mim, mas quando tenho de abrir mão de minha opinião em prol de algo do Reino, principalmente naquelas situações em que tanto faz do meu jeito ou do outro… Quando não se trata de certo e errado mas de adequado ou de estilo… Meu Deus, misericórdia.

Quando eu aprender a orar assim, certamente minhas orações produzirão frutos, num vocabulário no qual o “eu quero” e o “me dá” serão substituídos por “se Tu queres” e “nos dê, por favor”. O agradecer e o pedir na oração são influenciados pelo que eu quero e pelos meus desejos. Eu não costumo agradecer pelo que não pedi, mas se tem uma coisa que acho que nunca agradeci na vida foi por algo ao contrário do que pedi, seja em essência ou estilo. Sou naturalmente incapaz disso.

Quando eu aprender a orar pedindo a morte para as “sementes de trigo” da minha vida, serei sobrenaturalmente frutífero. Só preciso descobrir de onde tirar coragem pra fazer isso, pois sei claramente o que precisa ser feito…

“Senhor, agradeço Tua bondade me ensinando a orar de maneira melhor e produzindo frutos espirituais. Me fortalece naquilo que sei que preciso fazer mas não consigo.”

Mário Fernandez