Mário Fernandez

Juízo

“Meus irmãos, não vos torneis, muitos de vós, mestres, sabendo que havemos de receber maior juízo.” (Tiago 3:1 ARA)

É de ficar horrorizado ao ver a quantidade e o tipo das encrencas que tantos pastores têm se metido. Não que isso seja novidade, deve ter acontecido sempre, mas é adultério, fraude, manipulação, desfalque, intrigas e outras coisas mais. Alguns são muito jovens e isso poderia ser um motivo, devido ao despreparo.

O fato é que este verso nos dá alerta sério e consistente para a liderança eclesiástica. Quem quiser ser mestre, o que aqui simbolicamente representa todo tipo de líder, deve estar preparado para ser julgado com mais rigor. Como devemos entender isso?

É relativamente simples. Todo mundo pagará por seus pecados e colherá seus frutos, como em uma horta de morangos. Só que os morangos dos líderes crescerão mais. Se um homem mentir, ao ser descoberto será embaraçoso, mas se for um mestre, isso será um escândalo. A margem para errar é menor e a punição mais severa. É preciso estar ciente disso.

Para quem é líder, ou mestre, mais do que um alerta e uma fonte de temor, isso deve ser a inspiração para uma vida exemplar em santidade, na qual o Senhor seja glorificado e não seja necessário ter qualquer constrangimento. Não se pode pensar duas vezes antes de fazer alguma burrada; terá de ser 10 vezes.

Para quem é liderado, ou não é mestre, Deus continuará sendo juiz e o julgamento um realidade. Mas cabe lembrar que se seu problema é com algum dos mestres, acima de sua causa está o Todo Poderoso, que fará justiça e com severidade. Nunca imagine que “nada vai acontecer com ele” porque vai. Mas cuide-se também, pois amanhã poderá ser sua vez.

Carecemos sim de uma liderança mais preparada, mais santificada, mais dedicada ao Senhor. Mas de onde virão, se não do seio de um povo santificado, que ensina bem seus filhos e planta vidas retas?

“Pai, ensina-me a entender que não sou eu o juiz, que não me cabe julgar. Prepara-me para ser mestre, se assim for a Tua vontade. Prepara-me para ser liderado. Quero priorizar Teu Reino.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Unidos Somos Mais

“Rogo-vos, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que faleis todos a mesma coisa e que não haja entre vós divisões; antes, sejais inteiramente unidos, na mesma disposição mental e no mesmo parecer.” (1 Coríntios 1:10 RA)

Eu não sei se os cristãos têm idéia de quem são. Este texto poderia ser um arraso no inferno se levado a sério. Se conseguíssemos, por um único dia, ser inteiramente unidos na mesma disposição, seria o fim.

O país mais populoso atualmente é a China com algo em torno de 1,5 bilhão de pessoas. Se todos eles se unirem, será o maior povo da Terra? Não, a igreja é maior, se olharmos em todas as suas expressões, denominações, estilos, formas e jeitos. Há mais do que isso de cristãos espalhados no mundo. O maior exército é menor que a igreja. O país mais rico tem menos recursos do que a soma das riquezas de todos os cristãos.

Mesmo não falando o mesmo idioma, não tendo os mesmos gostos culinários, não expressando a mesma cultura, sem ter a aparência uniforme, ainda que absolutamente diferentes uns dos outros – somos unidos por Cristo de uma forma sobrenatural e tudo isso deixa de ter importância. Se nos unirmos, somos maioria em qualquer sentido. Como fazer isso, eu não sei.

Num contexto mais restrito, nós em nossas igrejas locais podemos alcançar um bom nível de unidade. Podemos encontrar uma unidade que vai expressar, em escala menor, a unidade do Reino de Deus em sua totalidade. Podemos atingir uma tal sintonia que chame a atenção de um mundo que jaz no maligno. Obviamente, há um preço a ser pago. Minha opinião, meus gostos e meus desejos precisam ficar em segundo plano.

Hoje é um bom dia para começarmos essa caminhada.

“Amado Pai, talvez não saibamos nem por onde começar, mas queremos conseguir unidade. Ensina-nos a caminhar de forma que o Seu propósito seja atingido.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Recebendo Ajuda

“penso em fazê-lo quando em viagem para a Espanha, pois espero que, de passagem, estarei convosco e que para lá seja por vós encaminhado, depois de haver primeiro desfrutado um pouco a vossa companhia.” (Romanos 15:24 ARA)

Paulo fala aos romanos com grande alegria por poder visitá-los, mas deixa claro que gostaria de ajuda para seguir à Espanha. Mais do que simplesmente uma visita para rever amigos, Paulo pretendia receber apoio.

Eu tenho visto igrejas fecharem, missionários voltarem para sua origem e também projetos sendo cancelados. Eu não sei ao certo o motivo disso, afinal é um tempo em que vejo um crescimento tão sólido e tão consistente em diversas frentes, igrejas, projetos – é uma dualidade. Na igreja onde congrego estamos fazendo batismos a cada 3 meses e com quase uma centana de pessoas por vez. Outras crescem muito mais.

Talvez, e estou apenas supondo, seja por que Paulo deixou claro o que estava fazendo, o porquê de estar fazendo, pra onde iria depois, o que faria lá, suas motivações, seus alvos e objetivos. Os argumentos eram claros e deixavam expresso que o evangelho estava sendo pregado e que, da mesma forma e com a mesma paixão com que os romanos haviam sido alcançados, os espanhóis também seriam.

Hoje os tempos são complicados, parece que todo mundo tem seu próprio projeto e acaba que tendo muita gente para ser ajudada. Ao mesmo tempo, fica nítido que o evangelho avança num lado e recua no outro. Me parece faltar foco e concentração. Sinto falta de clareza e de objetividade. Fico até triste quando escuto um jovem motivado a ser missionário dizendo “quero pregar a todo mundo”. É meio demais só para ele, a meu ver, mas enquanto ele não se der conta disso… Isso não é alvo, é uma linha geral, então não é projeto.

Se todos nós sabemos para onde queremos ir, o que pretendemos fazer lá, nossos motivos – tudo fica mais fácil e se torna um projeto “apoiável”. Isso vale para os que vão, para os que sustentam e para os que oram.

“Senhor, é muito mais fácil falar do que fazer, mas te peço ajuda para ver com clareza a expansão do Teu Reino neste mundo. Ajuda-me a apoiar projetos que fazem o que eu não faria e ser o que eles não são.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Soberba

“Porque o Dia do SENHOR dos Exércitos será contra todo soberbo e altivo e contra todo aquele que se exalta, para que seja abatido;” (Isaías 2:12 ARA)

No meu convívio diário tenho contato com mais pessoas incrédulas do que cristãs. Na igreja, obviamente, a realidade é diferente; são mais cristãos do que incrédulos. O que é comum, infelizmente, é o percentual de pessoas que tem de si mesmas um conceito superior ao que deveria, ou mesmo acima do que corresponde à verdade.

Independentemente do seu conceito ou entendimento sobre o Dia do Senhor, acredite no que este texto diz com total clareza: o Senhor é contra todo aquele que se exalta. Eu tive um chefe, anos atrás, que nunca me deixou me expôr diante de clientes. Sempre que algum atrito surgia, ele dizia “não advogue em causa própria”. Isso me ensinou, pela boca daquele homem, a não arriscar ter diante de um cliente uma atitude que me fizesse parecer “o cara” para defender uma posição. O Senhor é contra esta atitude.

A humildade é elogiada e estimulada em toda Bíblia, pois é uma virtude do Reino de Deus. Podemos ser competentes, isso é ótimo. Podemos e devemos ser honestos e honrar nossos compromissos. Nossa formação acadêmica, nossos estudos e nossa cultura devem ser nossos aliados. Mas isso não deve, não pode, ser nossa bandeira ou nossa marca registrada. Simplicidade e conceito próprio abaixo do que deve são vantagens.

O grande problema é que nunca conheci ninguém que fosse um pouquinho altivo. Esse caminho não tem volta e o controle não existe. Ao trilhar o caminho da soberba, quando perceber foi longe demais. Tenhamos a disposição de demonstrar, com atitudes e resultados, quem somos e do que somos capazes. Que nosso conceito público seja formado pelos outros e não por nós mesmos.

Eu sei que a turma do marketing vai dizer que é preciso vender sua própria imagem, mas todo mundo prefere contratar um competente humilde, a contratar um gênio insuportável. Além disso, o Reino de Deus tem seu próprio marketing…

“Pai, ajuda-me a ser mais humilde do que sou, menos altivo do que sou. Faz-me perceber quando ajo de forma inadequada para que eu possa melhorar.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Problema e Responsabilidade

“Vendo Moisés que o povo estava desenfreado, pois Arão o deixara à solta para vergonha no meio dos seus inimigos, pôs-se em pé à entrada do arraial e disse: Quem é do SENHOR venha até mim. Então, se ajuntaram a ele todos os filhos de Levi,” (Êxodo 32:25-26 ARA)

Que Moisés foi um líder exemplar, não é preciso que eu argumente. Como ele fez isso, sempre merece reflexão. Este texto nos dá um exemplo disso, quando Moisés retorna do alto do monte, depois de um grande encontro com Deus, encontra o povo corrompido adorando a um bezerro de ouro. Mesmo tendo intercedido pelo povo, fico imaginando o quanto este líder se sentiu frustrado tendo aquela situação para lidar.

Primeiro, o pivô da crise foi Arão, seu irmão, que cedendo à pressão do povo fundiu o bezerro. Depois, para ser bem franco, Moisés não teve nada a ver com o bezerro. Não mandou fazer, não ajudou, não contribuiu com ouro, nem concordou, nem liberou. Mas fizeram e agora o problema estava estabelecido. Nem por isso Moisés fugiu ou deixou o povo à mercê da condenação.

Um líder de excelência precisa ter esta visão. Mesmo não sendo sua culpa, os problemas que afetam o grupo que lidera são de sua responsabilidade. Alguém precisa tomar a frente e corrigir o problema da forma que seja necessária. Moisés fez isso.

Note: temos poucos líderes neste nível em nossos dias, é verdade. Nos dias de Moisés também era assim, lembre-se da história dele. Não haveria por acaso algum do povo que pudesse ocupar este lugar? Talvez. Mas o fato é que foi Moisés que ocupou, como talvez seja você agora numa posição de tomar decisões corretivas para problemas que você não criou. Talvez seja você no papel de apoiar seu líder nesse processo, como fizeram os filhos de Levi. Deus sabe. O importante é não fugir da raia. O problema pode não ser do líder, mas a responsabilidade é.

“Deus amado, liderar não é fácil como parece. Eu quero ser um líder de excelência e assumir minhas responsabilidades, assim como dar suporte aos meus líderes em suas atribuições. Fortalece-me.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Livres da Condenação

“Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida.” (João 5:24 ARA)

Em praticamente todas as religiões existe o conceito de salvação, exceto em algumas filosofias em que não se crê algo para ser salvo. Isso, baseado no entendimento de que o ser humano é bom e não precisa ser salvo.

O Cristianismo discorda. O ser humano é pecador, motivo para este mundo estar no estado em que está, repleto de guerras, fome, doenças, ecossistema deteriorado, desigualdades, miséria e tantas outras coisas. Mesmo se não crêssemos no inferno (mas cremos) seria necessário que algo ou alguém nos salvasse – de nós mesmos em nossa natureza destrutiva.

Jesus Cristo disse, neste versículo narrado por João, que a condenação de um juízo pode ser evitada, bastando para isso ouvir o que Ele disse e crendo, não Nele, nem no que Ele disse ou fez, mas Naquele que o enviou. É lindo isso e tão simples que talvez por isso mesmo muitos não consigam crer. Teria de ser algo complicado, penitente, longo, seletivo, sei lá. Mas aleluia, não é. Eu não teria conseguido se fosse mais difícil do que é. Basta crer, basta ouvir e crer.

Nada sutil, ainda há o fato do verbo estar no presente. Quem ouve (tempo presente) tem a vida (tempo presente). Isso nos ensina que basta crermos agora para termos assegurada a vida agora. Não precisamos esperar o fim da vida para descobrir se deu certo, se funcionou. Já temos tudo que precisamos para ter certeza da vida eterna aqui. É bem verdade que o verbo no tempo presente também sugere um ato contínuo, algo a ser praticado de forma ininterrupta. Ou seja, devemos crer continuamente na Palavra de Deus, temos de manter uma postura e um estilo de vida, por assim dizer, crédulo.

Eu pessoalmente fico muito feliz com isso. Seria muito ruim para mim não ter certeza de estar no caminho certo…

“Pai, ensina-me a agir de forma que minha vida reflita o tanto que creio em Ti. Dá-me as forças necessárias para crer e viver de forma coerente. Se não serei condenado, nada tenho a temer.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Esforço Sem Medida

“E, não achando por onde introduzi-lo por causa da multidão, subindo ao eirado, o desceram no leito, por entre os ladrilhos, para o meio, diante de Jesus.” (Lucas 5:19 ARA)

Frequentemente escuto que tudo na vida tem limite, embora eu ache este conceito meio polêmico. Quebrar os paradigmas diante de nós é algo que custa um esforço grande, especialmente do nosso ego. Mas para os amigos deste paralítico, parece que este limite virtualmente não existia. O homem estava no leito, precisava ir a Jesus, não tinha como chegar. Vamos por cima.

Fico pensando que cena seria: no meio de um culto de domingo, aquele pregador famoso pregando, quando de repente se escuta um barulho no telhado e uma cama descendo por umas cordas. Primeiro ia ser uma correria para todos os lados possíveis, pois o povo hoje em dia é muito mais apavorado. Já ia pensar em ataque terrorista, bomba, avião caindo, qualquer coisa. Segundo, o pregador ia dar aquela parada estratégia e de duas uma: ou ia continuar como se nada tivesse acontecido ou gritaria “corre pessoal”.

Com Jesus não foi assim. A Bíblia não relata nenhuma histeria, nenhuma confusão, apenas Jesus olhando para o tamanho da fé daquelas pessoas e perdoando o paralítico. O tumulto foi entre os fariseus e escribas, pois Jesus primeiro lhe perdoou os pecados e só depois de argumentar com eles é que o curou. Tudo indica que o culto continuou…

Aliás, apenas a título de curiosidade, o texto diz que o paralítico imediatamente tomou seu leito e foi para casa, nem ficou para o restante do culto. E para completar, não menciona que alguém o tenha censurado.

O foco aqui é simples: seus amigos se esforçaram por ele a ponto de arrebentar um telhado e descê-lo. Você tem amigos assim? Você é um amigo assim? Por que amigos assim são cada vez mais raros?

São tempos difíceis, mas algo pode (e precisa) ser feito enquanto ainda podemos.

“Pai, ensina-me a ser dedicado a meus amigos a ponto de me importar e me esforçar por eles.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Ajuda Faz Diferença

“Vieram, então, uns homens trazendo em um leito um paralítico; e procuravam introduzi-lo e pô-lo diante de Jesus.” (Lucas 5:18 ARA)

A primeira coisa que chama a atenção neste episódio é justamente o fato de que este paralítico era paralítico. Se de nascimento ou não, neste momento não importa. O fato é que estava num leito e tudo indica que não tinha condições de levantar-se. Habitualmente os escritores bíblicos destacam quando é uma criança ou um menino, portanto é razoável imaginar, ainda que não seja explícito, que era adulto. Mas, o que não é suposição é que este paralítico tinha amigos.

Viver sozinho não é bom para o ser humano. Se este paralítico não tivesse amigos teria morrido no leito sem experimentar a cura que Jesus tinha para ele. Se eram seus familiares ou não, eram pessoas que se importavam com ele a ponto de carregá-lo. Era pelo fato de ter quem se importasse com ele que foi levado a Jesus, e ao ler o texto percebemos claramente, com muito esforço. O verbo “procuravam” que aparece no texto indica um ato contínuo e traz o conceito de esforço. Ou seja, seus amigos se esforçavam continuamente para estar diante de Jesus.

Ser ajudado não é humilhante, é abençoador. Ajudar é muito mais bênção, pois como Jesus mesmo disse “melhor coisa é dar do que receber” e isso se aplica à ajuda. Mas ser ajudado pode fazer toda diferença, muitas vezes entre salvação e perdição, vida e morte.

Não há dúvida que ao vivermos em comunidade dentro das igrejas, temos muito leito para carregar. São enfermos do corpo, da alma, das emoções, dos relacionamentos, das finanças e assim por diante. Tembém pode ser que precisemos ser carregados em alguma situação. O importante é estarmos prontos e dispostos a nos importar com as pessoas ao ponto de carregá-las.

Eu ouso dizer que não precisa esperar ficar paralítico para aprender a lição. Ser ajudado é consequência de ter quem se importe. Para chegar a isso, nós teremos de nos importar com os outros primeiros. Semeadura…

“Senhor, ensina-me a me importar com as pessoas a ponto de carrega-las. Ajuda-me para que eu não precise ser carregado, mas se precisar, ter a humildade de receber ajuda.”

Mário Fernandez