Mário Fernandez

Fontes de Vida

“Depois disto, o homem me fez voltar à entrada do templo, e eis que saíam águas de debaixo do limiar do templo, para o oriente; porque a face da casa dava para o oriente, e as águas vinham de baixo, do lado direito da casa, do lado sul do altar.” (Ezequiel 47:1 ARA)

Deus é a fonte de toda vida, em todas as suas formas e expressões, a qualquer tempo e em qualquer intensidade. Falou em vida, a fonte é o Deus Eterno Todo-Poderoso, Aquele que vive para sempre. Entre muitos outros, este texto nos mostra isso.

Templo é uma figura para habitação de Deus, tanto no Antigo Testamento como no Novo. No Antigo a figura era um prédio e no Novo é o nosso corpo físico. Rio é fluir de águas, que em toda Bíblia é figura para vida e para o Espírito de Deus (que por vezes também é figurado por fogo). Aliás, fogo e água são muito relacionados em outros sentidos e aplicações. Neste texto, o rio que proporciona vida até o Mar Morto vem de debaixo do limiar do templo.

Isso nos leva a pensar que a vida de Deus flui da Sua presença. Se no Novo Testamento o templo de Deus é nosso corpo, como diz 1 Coríntios 6, o que devemos deduzir? Deverão acaso fluir rios de água de vida de debaixo de nós. SIIIIIIIIIM!!

Ao termos conosco o Espírito Santo, somos o templo de onde flui vida para um mundo perdido, sem vida, condenado a morrer. Somos nós que estamos aqui como baldes de água num deserto, cumprindo papel de semente de Deus neste mundo árido e sem vida. Temos de assumir nosso papel de anunciadores do Reino de Deus, especialmente no sentido de deixar fluir o rio de Deus na sociedade, na família, nas empresas, nas escolas, nos condomínios, nos bairros, nas estradas, nos shoppings, no comércio de rua, nas favelas e nas mansões, nos carrões e nos ônibus. Nossas atitudes, nossas palavras e nossas vidas são a bica por onde este rio deverá fluir.

Se falamos de vida, semeamos vida. Se perdemos tempo falando deste mundo, enterramos o rio. Se vivemos em retidão e santidade, anunciamos o rio. Se profetizamos, anunciamos cura, impomos a mãos, oramos, expulsamos demônios – não estamos fazendo nada mais do que aquilo que deveríamos fazer, afinal estes sinais seguem aos que creem. E nós? Vamos crer e fluir com o rio ou apenas ficar lendo e escrevendo?

“Senhor, ensina-me a ser fonte de água de vida.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Senhorio

“Foi precisamente para esse fim que Cristo morreu e ressurgiu: para ser Senhor tanto de mortos como de vivos.” (Romanos 14:9 ARA)

Eu amo textos com a clareza deste versículo. Podemos teorizar nas mais fundamentadas veias da teologia, mas nunca teremos uma resposta melhor nem mais clara que a dada pela Palavra de Deus, a Biblia. Tudo que Jesus fez em sua vida terrena apontou para a cruz e a cruz apontou para a ressurreição. E tudo isso tinha um único propósito: ser Senhor de todos.

Ser Senhor significa ser DONO de mortos e vivos. Dono faz o que quiser, usa quando quiser, não deve satisfação às suas posses.

Mas e quanto a salvação pela remissão dos nossos pecados? Foi para ser Senhor. Mas e a justificação? E quanto a derrotar principados e potestades? E levar sobre si toda nossa maldição? E para sermos um como Ele e o Pai são um? E quanto a nos dar o Espírito Santo? E a respeito de tomar para Si as chaves da morte? Tudo isso foi para ser Senhor.

Nada disso tem qualquer valor se não for para Jesus se assenhorar de todos nós, no sentido mais amplo e profundo possível. Tudo isso é verdade, aliás maravilhosamente verdadeiro. Tudo isso é útil para nossa vida, em todos os sentidos. E não mencionei tudo, há muito mais. Mas não vamos confundir O QUE com PORQUE. O que a cruz e a ressurreição proporcionam ocuparia algumas páginas. Mas o motivo era um só: ser Senhor de mortos e vivos.

Talvez nós pudéssemos olhar para a cruz e para o Senhor Jesus Cristo de uma forma diferente. Deveríamos, até, considerar que o Seu ato de amor por nós, foi um ato pensado, planejado. Fazia parte de um plano para ser Senhor. Todos os grandes imperadores e conquistadores fizeram ao contrário: mataram a muitos para serem reconhecidos e assumirem reinos, impérios e conquistas. Jesus fez o contrário: deu Sua própria vida por um Reino que, no fundo, já era Dele.

E tudo isso, meu amigo e meu irmão, foi causa de gente como você. Gente como eu. Gente como nós. É muito amor.

“Pai, é comovente perceber que Teu amor por mim vai além de palavras e ações superficiais. Mas não posso fugir de entender que o objetivo claramente era de ser Senhor. Ensina-me a praticar o reconhecimento do Teu senhorio sobre minha vida.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Injustiça

“Que diremos, pois? Há injustiça da parte de Deus? De modo nenhum!” (Romanos 9:14 ARA)

Poucos admitem, mas muitos julgam Deus como injusto, e me refiro a pessoas que se dizem cristãos e estão dentro de igrejas. Parece radical, mas é a verdade. Vejamos.

É justo reclamarmos que nossa liderança é incompetente ou desonesta, que não assume suas incumbências ou que não faz juz a seus cargos? Pode ser que sim, pode ser que não. Se for verdade, temos um impasse. Ou Deus errou ao escolhê-los ou eles não fazem juz ao seu chamado. Não há injustiça da parte de Deus, então o erro está aqui embaixo.

Uns tem mais sucesso nos negócios do que outros, mesmo trabalhando com a mesma intensidade. Uns tem boa saúde mesmo sem muito cuidado e outros com todo esmero padecem de problemas. Uns enfrentam problemas familiares terríveis e são um doce de pessoa; já para outros, mesmo sendo meio displicentes, tudo corre bem. Deus é injusto com alguns? De modo algum.

O texto, poucos versos antes, diz que Deus amou a uns e aborreceu a outros. O nome disso não é injustiça e sim soberania: Deus pode fazer o que quiser no momento que quiser e nem por isso será injusto. Mas não se iluda, isso não é dogma ou crendice. O que acontece é que nem sempre Deus vai justificar seus motivos, suas razões, por seus próprios sensos ou critérios. Seja por não termos capacidade de compreender ou simplesmente por Ele não querer nos revelar, há sempre algum motivo maior.

Injustiça é algo que se pratica intencionalmente de forma a não dar a alguém o que lhe é devido. Se você achar que merece algo que lhe é devido e Deus nega-se a dar-lhe, então sim Deus é injusto. Mas eu não creio que isso exista porque não creio que mereçamos nada além da morte e o inferno. Nascemos em pecado e nos desenvolvemos no pecado. Recebemos algo que não merecemos sim, mas noutro sentido. Temos acesso a uma salvação que jamais alcançaríamos por mérito.

Neste sentido, Deus não praticou justiça: praticou misericórdia. Aleluia!

“Pai, que bom que posso confiar no teu juízo que será sempre perfeito. Ensina-me a enxergar tua justiça pela ótica correta para ser abençoado por Ti.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Igualdade

“suprindo a vossa abundância, no presente, a falta daqueles, de modo que a abundância daqueles venha a suprir a vossa falta, e, assim, haja igualdade, como está escrito: O que muito colheu não teve demais; e o que pouco, não teve falta.” (2 Coríntios 8:14,15 ARA)

Quando falamos em igualdade pensamos em direitos iguais, oportunidades iguais, recursos iguais e assim por diante. Lendo este texto me deparei com o termo e resolvi estudá-lo melhor no idioma original. Seu significado na verdade é “equivalência” ou “proporcionalidade”. Isso afetou minha percepção a respeito de igualdade.

Eu ter dois carros e meu vizinho não ter nenhum pode ser igualdade. Se ele trabalhasse tanto quanto eu e há tanto tempo quanto eu, poupasse como eu, provavelmente também teria. Talvez não – mas o importante é que teria a oportunidade. Mas nosso foco não é nesse mundo nem nas coisas deste mundo.

O texto fala em suprimento básico, portanto material, especialmente em alimento e agasalho. É nítido, basta ler. Mas o espiritual não se distancia em nada. O alimento a que eu tenho acesso todos têm, desde que semeiem e colham como eu. Qualquer pessoa da Terra que se disponha a orar o quanto eu oro e estudar a Palavra quanto eu, encontrarão no mínimo as mesmas riquezas e serão tão abençoadas quanto eu. Talvez não tenham dom para escrever, mas poderão ter outros dons que eu não tenho – equivalentes aos olhos de Deus e portanto, em igualdade.

Nenhum de nós é especial se todos nós formos especiais e assim é diante do Pai. Eu acordo mais cedo para orar e me sinto envergonhado de dizer que não consigo fazer isso todos os dias. As pessoas que conheço que fazem isso mais intensamente do que eu tem mais intimidade com Deus. É simples: plantar e colher. Eu reparto um pouco do que recebo, pois repartir tudo é impraticável. Recebo de outros que repartem comigo. A abundância de uns supre a carência de outros. Isso é que é igualdade no Reino de Deus. O resto, são coisas deste mundo.

“Amado Deus, é maravilhoso te conhecer e ser conhecido por Ti. Fortalece-me para que eu esteja entre os que tem para repartir e não entre os que ficam buscando em escassez.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Consistência

“Jesus, porém, voltou-se e, fitando os seus discípulos, repreendeu a Pedro e disse: Arreda, Satanás! Porque não cogitas das coisas de Deus, e sim das dos homens.” (Marcos 8:33 ARA)

Eu já devo ter escrito algumas meditações sobre liderança, mas o lado do liderado sempre precisa de incentivo. Pedro foi um importante instrumento de Deus após a ressurreição de Jesus, isso não há como negar. Mas seus momentos anteriores à cruz foram sempre muito intensos e tumultuados. Chamou-me a atenção algo neste episódio: Pedro não deixou de andar com Jesus depois disso. E foi uma palavra muito dura.

Quantos de nós, gente como eu e você, se dói quando ouve palavras duras? Quantas vezes nós desisitimos e pulamos do barco por muito, sejamos sinceros, muito menos do que isso? Será que nossos líderes estão tão longe de Jesus que suas palavras quando duras nos machucam mais do que estas diririgadas a Pedro? Talvez sim, talvez não. Mas eu tenho certeza de uma coisa: quero imitar o melhor, não o pior.

O pior para mim não é referência. Os que desistem não são referência, os que murmuram também não, os que tratam mal seus liderados não são e eu não quero imitá-los. Quero ser imitador de Jesus, o melhor dos melhores. Quero ser imitador de Paulo, reflexo do melhor. Quero aprender com o que é bom, como topo e não como o sub-solo. Eu não admiro os perdedores ou desistentes, especialmente no mundo espiritual. Vou pra Glória Eterna com o Pai, sou herdeiro junto com Cristo. Quero me referenciar nisso – o melhor.

Meu irmão, meu amigo, temos de parar com o dodói. Se me dizem uma palavra dura que não mereço ouvir, aleluia. Se me agradarem e motivarem, aleluia. Preciso ser maduro para isso e me referenciar no melhor. Quem me maltrata não é o melhor, Deus tratará com ele.

“Pai, ajuda-me a ser forte no momento do confronto para não desistir e focar em Ti. Ensina-me a lidar com os que não me tratam bem, para meu crescimento.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Recuperar Ânimo

“Davi muito se angustiou, pois o povo falava de apedrejá-lo, porque todos estavam em amargura, cada um por causa de seus filhos e de suas filhas; porém Davi se reanimou no SENHOR, seu Deus.” (1 Samuel 30:6 ARA)

O povo, quando fica nervoso, faz coisas que depois se arrepende. Falavam em apedrejar Davi. Claro que ele estava angustiado, nada mais natural, mas aí apareceu sua ligação profunda com o Senhor. Davi se recupera buscando ânimo em Deus. Isso é atitude de quem conhece ao Deus verdadeiro, que o ama, que prefere fazer certo do que encarar sozinho.

Esse talvez seja um dos grandes problemas de nossos dias, pois cada vez menos pessoas buscam ânimo no Senhor. Eu não sou contra os psicólogos, terapeutas, conselheiros e afins. Aliás, defendo o exercício honesto de suas profissões como algo de elevado valor para a sociedade. Mas muita gente não precisaria estar em tratamento se estivesse em santidade. Se buscasse a face do Deus vivo não precisaria buscar ajuda clínica.

Obviamente cada caso é um caso e não se deve generalizar, mas uma coisa é certa e vale para todo mundo: Deus é fonte de refrigério, de socorro e de ânimo. Nele qualquer um de nós encontra uma fonte para se reanimar. Assim como foi com Davi, Deus tem interesse em ser com todos nós, com qualquer um de nós.

Eu vivo dias difíceis e vivo dias maravilhoso, deliciosos. A diferença não é a presença ou ausência de Deus e sim as circunstâncias ao meu redor. Assim como Davi nesse episódio, meu ânimo e minha angústia são afetados pelo que está ao meu redor. Mas nada afeta minha confiança em Deus, seja para mais ou para menos. Isso não pode acontecer. Confio em Deus pelo que Ele é, não pelo que acontece ao meu redor.

Davi se reanimou no Senhor diante de um povo que queria apedrejá-lo, e talvez até com razão. Não importava a situação. Sejamos assim também.

“Pai amado, que maravilha não precisar olhar ao meu redor para saber se posso confiar em Ti. Me ensina a ser mais confiante e mais motivado por Ti.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Quem é o Dono?

“E, na verdade, tenho também por perda todas as [coisas,] pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas e as considero como esterco, para que possa ganhar a Cristo” (Filipenses 3:8 ARC)

Eu já devo ter lido este texto dezenas de vezes ao longo de todos os anos que ando com Cristo. Mas somente em um tempo muito recente, algo me chamou a atenção como nunca antes. O fato de Paulo reputar por perda tudo que tinha antes, demonstra que para ele o Senhor de fato não era ele mesmo. Explico.

Algumas pessoas conduzem suas vidas como se fossem seus próprios donos, o que nunca é verdade. Enquanto condenados em uma vida de pecado, ainda que sendo objeto do amor de Deus estão sob domínio do mal. Tendo sido resgatados, Cristo deve passar a ser o Senhor (dono). Em outras palavras, não se trata de “ter a Jesus” como alguns costumam dizer, mas ser tido por Ele, o dono é Ele. Então quem tem a quem?

Talvez pela falta de compreensão deste aspecto de senhorio tenhamos tantos atritos e desentendimentos entre nós, que deveríamos agir como irmãos em tudo – no pensar, no proceder, no priorizar e, especialmente, no reagir. Não sou dono de minha opinião, pois tenho um Senhor e a Ele sirvo. Ele nos ordena a tolerância e a ninguém pensar de si mesmo além do que convém, tendo os outros como superiores.

Talvez, também por isso, tenhamos ainda um mundo tão dividido entre os que se dedicam ao serviço do Reino e os que não, ainda que membros de uma igreja. Há na Terra um grupo (menor) de dedicados e empenhados em fazer diferença neste mundo que jaz no maligno. Há outro grupo (maior), que simplesmente converte oxigênio em gás carbônico ao respirar e mais nada. Nosso dono não espera de nós mediocridade, não viveremos neste mundo para sempre. Não levamos nada desta vida.

Vamos nos entregar ao Senhor para que Ele governe nossas vidas e vejamos o que acontece.

“Senhor, me ajuda a ter foco das tuas coisas nesta vida, fazendo o que quer eu me dedique a fazer. Fortalece-me para não desviar do Teu propósito.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Atitude de Fé

“Então, lhes disse: Lançai a rede à direita do barco e achareis. Assim fizeram e já não podiam puxar a rede, tão grande era a quantidade de peixes.” (João 21:6 ARA)

A obediência destes pescadores chama a atenção, principalmente considerando que eram pescadores experientes e não haviam reconhecido a Jesus naquele momento. Vigiar as nossas fraquezas é prudente e recomendável. Mas vigiar onde somos fortes (ou experientes) é um ato de fé.

Se você meu leitor for apenas um pouco parecido comigo, vai entender do que estou falando. Ouvir novamente aquela palavra sobre aquele mesmo assunto, que a gente se acha tão maduro. Receber conselho outra vez, sobre algo que nunca caímos. Ter de escutar a mesma história com a mesma ilustração pela milésima vez, da mesma pessoa, pelos mesmos motivos. Receber ordens novamente, para fazer tudo de novo, depois de tanto tempo.

São meros exemplos que eu tolero com dificuldade ou nem tolero. Minha paciência tem limite. Mas a de Deus não. E os pescadores aqui foram abençoados por terem tido esse tipo de paciência. Imagine, pescador a vida inteira, pescando no mesmo lugar, depois de uma noite sem resultado, dando o maior duro – simplesmente lançar a rede de novo só por que um sujeito mandou. Lembre-se: só se aperceberam de que era Jesus bem depois.

O nosso ego é um inimigo considerável, não devemos menosprezá-lo. Eu critiquei no passado um pastor por seu posicionamento, hoje eu o imito – já pedi perdão. Mas tenho aprendido que essa falta de fé custa um lote de peixes na vida da gente. Se gostamos do barco vazio, amém, mas vamos admitir isso. Não adianta reclamar sem estar disposto a enchê-lo.

Na prática, o que podemos fazer é encarar tudo que nos parece absurdo como ato de fé. O que não for compatível com a fé, pulemos fora de imediato. Obviamente, para qualquer um dos dois casos, arcaremos com as consequências.

“Senhor, não quero perder de ser abençoado por teimosia ou falta de fé. Ensina-me a distinguir a Tua voz para ser obediente voluntária e imediatamente.”

Mário Fernandez