Mário Fernandez

Gratidão

“Dou graças ao meu Deus por tudo que recordo de vós,” (Filipenses 1:3 ARA)

Uma das coisas que nunca me esqueço na faculdade de teologia era o professor de grego dizendo “quando a Bíblia diz tudo significa, pasmem, TUDO”. Tudo indica sem excessão, sem deixar nada de fora. Não há o que interpretar, não há margem de erro. É simplesmente tudo, daquilo que está sendo dito.

Meditemos então no seguinte: Paulo disse aos irmãos em Filipos que dava graças a Deus por TUDO que se lembrava deles. Tudo bem que Paulo era certamente muito generoso com seus discípulos, mas temos de concordar que ser grato por todas as memórias é um desafio muito além das possibilidades da maioria de nós. É claro, isso pensando em termos naturais e dentro de uma realidade que conhecemos de igreja, de relacionamentos e de ministérios. Mas Paulo, que por um lado era excepcional, por outro lado também não era filho de cristão, não se converteu jovem e não teve Jesus como seu mestre, tendo de aprender de outros.

Meu querido, eu e você precisamos aprender com Paulo neste ensino. Devemos ter gratidão a Deus pelas boas memórias por que elas nos trazem esperança e nos alegram. Mas também precisamos ser gratos pelas lembranças menos nobres, tristes e amargas, pois nelas somos aperfeiçoados e ficamos alertas para os erros que cometemos. Isso é maturidade.

Por outro lado, como irmãos em fé, cabe a nós fazer com que nossos líderes tenham de nós as melhores recordações possíveis, sempre dando graças a Deus a nosso respeito – sem esforço ou dificuldade. Acertar é mais difícil que errar, assim como fazer bem feito dá mais trabalho que fazer de qualquer jeito. Mas não podemos ser egoístas nem imediatistas. Olhemos para o alvo a ser alcançado. Pensemos que, no Reino de Deus, as coisas são invertidas e o que parece que não compensa é o que mais recompensa. Vamos semear boas memórias aos nossos líderes e cultivar gratidão pelas recordações de nossos liderados.

“Senhor, alegra-me ter recordações daqueles que o Senhor me confiou. Quero aprender a semear alegria e gratidão na memória dos meus líderes.”

Mário Fernandez

Vinicios Torres

Orando Sem Cessar

“Orai sem cessar.” (1 Tessalonicenses 5:17 ARA)

Recentemente passei por algumas situações que me provocaram bastantes dificuldades. Enquanto cria que Deus está no controle de todas as coisas e tem seus propósitos seguia tentando fazer a minha parte lutando com todas as forças que podia para superar as dificuldades.

Em um dia particularmente difícil desabei a lamentar com Deus a situação e a questionar por que parecia que Ele não fazia nada. Quando consegui ficar quieto tempo suficiente para acalmar o coração senti Deus me perguntar: “Quando você orou sobre isso? É a primeira vez que você traz esse problema para mim.”

É impressionante pensar que a gente pode orar todos os dias e ainda assim não falar sobre algumas coisas com Deus. Na maioria das vezes caímos na rotina de repetir as mesmas orações automatizadas: “Senhor, obrigado pelo alimento, perdoa os nossos pecados, dá-nos uma boa noite. Amém.”

Ao perceber que realmente tinha entrado em um “piloto automático” com Deus, mudei de atitude e passei a orar especificamente pelo problema que mais me afligia. Comecei a trazer diante de Deus as pessoas envolvidas e a pedir que Ele as abençoasse e tratasse com elas naquilo que eu não tinha como fazer. Também me abri para a possibilidade de que eu tivesse que mudar para que a dificuldade se resolvesse. Como era de se esperar as duas coisas aconteceram, tanto a situação se modificou como eu mesmo mudei algumas atitudes.

Após isso comecei a perceber como a gente deixa de levar a Deus muitos aspectos da nossa vida.

  • Deixamos de orar diariamente por nossos filhos, não apenas para que Deus os proteja, mas também que lhes perdoe os pecados que porventura cometam e os restaure (Jó 1:5);
  • Deixamos de orar pelo nosso trabalho, para que não nos falte sustento, pelos nossos colegas, pelos nossos superiores;
  • Deixamos de orar pelo nosso bairro ou cidade, para que tenhamos paz e prosperidade (Jr 29:7);
  • Deixamos de orar pelas autoridades da nossa cidade, estado, país, para que vivamos em paz e segurança (1 Tm 2:2);

Ouvi uma frase há algum tempo: “quem não controla é controlado”. Se você não exerce sobre você mesmo o controle de entregar a Deus TODAS as questões da sua vida, alguém exercerá o controle delas e nem sempre será em seu benefício.

Cabe a nós constantemente clamar a Deus que “seja feita a Tua vontade na terra assim como ela é feita no céu”.

Vinicios Torres

Mário Fernandez

Santuário

“Entretanto, não habita o Altíssimo em casas feitas por mãos humanas; como diz o profeta:” (Atos 7:48 ARA)

Alguns ainda chamam o local de reunião da igreja de igreja, mesmo professando que a igreja não é o prédio mas sim as pessoas. Alguns ainda chamam o prédio de templo e de casa de Deus, mesmo professando este texto como verdadeiro. Não estou criticando, mas levantando uma reflexão.

Deus não habita em prédio algum, mas em nossos corações através do Seu Espírito. Precisamos perceber que isso é tremendo, pois não nos despedimos de Deus no final do culto com algo do tipo “até mais Senhor, eu vou para casa e o Senhor fica, pois mora aqui”. Não, mil vezes não. Ele vai conosco e com cada um de nós, o que é mais tremendo ainda. Ele não vem para casa comigo ou com meu pastor, ou meus colegas de ministério, mas com TODOS.

Além de ser muito lindo, isso nos dá uma responsabilidade tremenda. Imagine-se num emprego de motorista particular. Dão-lhe para dirigir um carro que custa um milhão de dólares e, como se não bastasse, a bordo o homem mais importante do planeta. Imaginou? Deu frio na barriga? Pois é muito, mas muito mais sério que isso. Se fosse só isso seria bem fácil.

Ao invés de um carro de um milhão, você tem seu corpo para dirigir por aí – e a Bíblia ensina que os piores pecados são cometidos com ele. Não bastasse, o homem mais importante da Terra é um trapo de imundície diante do Espírito Daquele que vive para sempre, criador de todas as coisas e absolutamente Todo-Poderoso. Esse é você, meu irmão – motorista do Espírito Santo de Deus.

O Altíssimo habita aí dentro de você. Podemos fazer prédios bonitos, espaçosos e confortáveis, não há nada errado nisso. Mas Deus não tem nada com isso – nenhum prédio que façamos vai impressioná-lo. O que precisamos é edificar vidas e almas retas, robustas, restauradas, adornadas. Cuide do seu corpo como se não fosse seu, por que na verdade não é mesmo, e terá de prestar contas de todos os estragos. Cuide do verdadeiro tabernáculo – VOCÊ.

“Senhor, quero aprender a ter temor e cuidado das Tuas coisas, especialmente pelo meu corpo. Ajuda-me para que eu não cometa falhas neste cuidado.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Mãos Santas

“Quero, portanto, que os varões orem em todo lugar, levantando mãos santas, sem ira e sem animosidade.” (1 Timóteo 2:8 ARA)

Mãos são elementos fundamentais para desempenharmos nossas tarefas, expressarmos nossos sentimentos, declararmos alguma coisa sem palavras. As mãos sem palavras ofendem, acusam, rejeitam, magoam, machucam, ferem, quebram e derrubam. Mas também acariciam, elogiam, incentivam, valorizam, adoram, acolhem, consolam, levam cura.

As mãos podem ser benção ou maldição, sem dúvida. A mesma mão que abraça pode apunhalar. Se Paulo orientou os irmãos sob o cuidado de Timóteo que levantessem mãos santas, é por que isso é possível e deve ser feito. Mãos santas são mãos separadas do pecado, imaculadas, limpas de sangue e de sujeira do pecado.

Paulo aqui só relatou textualmente duas características de mãos santas, mas certamente isso não encerra o assunto. Sem ira aponta para mãos que não são usadas contra seus irmãos, seus familiares, seus vizinhos, seus colegas. Mãos que não expressam violência. Sem animosidade é um complemento quase poético, pois fala de ódio e agressão.

Mãos santas são aquelas que não roubam, não agridem, não rejeitam pessoas. São mãos que recebem o necessário cuidado para que no momento de orar e serem levantadas ao Senhor, estejam prontas. Mãos santas são aquelas que não precisam ser preparadas para a adoração, pois estão sempre prontas, sempre limpas, sempre arrumadas.

Podemos ter mãos santas sim, desde que desejemos isso e paguemos o preço de não sujá-las.

Talvez suas mãos sejam grandes ou, como as minhas, um pouco menores. Talvez sejam mãos fortes e calejadas pelo trabalho pesado, ou talvez delicadas e macias como a de quem só trabalha com algo mais leve. Talvez sejam mãos sedosas e bem cuidadas, ou seja ásperas e sofridas pela falta de cuidado. Nada disso importa. Importa é que tenhamos mãos santas, sejam elas grandes ou pequenas, fortes ou fracas, jovens ou cansadas.

“Pai, minhas mãos são para Teu louvor e Tua adoração. Ajuda-me a santificar minhas mãos para encontrar lugar diante de Ti em oração.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Homem Chora

“Davi e os seus homens vieram à cidade, e ei-la queimada, e suas mulheres, seus filhos e suas filhas eram levados cativos. Então, Davi e o povo que se achava com ele ergueram a voz e choraram, até não terem mais forças para chorar.” (1 Samuel 30:3-4 ARA)

Eu cresci com meus pais dizendo “homem não chora”. Ainda eventualmente escuto isso, da boca de alguns que creem nisso com sinceridade, que o papel do homem é ser ‘machão’, não demonstrar fraqueza, não se expôr, não parecer que se emociona. Bobagem.

Não consigo pensar em um personagem guerreiro e conquistador mais eficiente na Bíblia do que Davi. Foi um rei conquistador, derrotou inúmeros inimigos, foi implacável com alguns. Se um sujeito com um perfil destes chora, eu e você estamos a salvo, podemos chorar com total liberdade.

Se o motivo for bom, meu irmão, chore e não tenha nenhuma dose de vergonha disso. E se acha que estou exagerando, lhe convido a conhecer a igreja onde congrego, especialmente num retiro de homens, onde a gente chora mais do que as mulheres. Se o motivo for bom, meu irmão, chore pra valer.

Leia o texto e veja o motivo de Davi e seus homens terem chorado até ficarem sem forças. Eu choro só de imaginar a cena, e eles a viveram. Deus nos fez com emoções, isso vem Dele. Não significa que devamos parar o que estamos fazendo para ficar chorando pelos cantos, seja um homem um ou uma mulher. Mas com certeza esconder seus sentimentos em nome de uma aparência durona que não condiz com o coração, é algo que não faz bem para a alma, em vez disso corrói o coração e gera mágoas.

Não se deixe levar por mentiras semeadas na sociedade para ridicularizar as pessoas. Demonstre seus sentimentos de forma autêntica, genuína, e seja você mesmo. Se não chora, ok não chore. Mas se quiser chorar, encontre um ombro e solte o rio que está em você, antes que ele afogue seu coração.

“Pai, em nome de Jesus eu quero expressar sentimentos verdadeiros, sejam para mais ou para menos, para bom ou para ruim. Ajuda-me a quebrar o preconceito e ter um coração cheio de emoções sadias.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

A Espada

“Então, Simão Pedro puxou da espada que trazia e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita; e o nome do servo era Malco.” (João 18:10 ARA)

Estou na fase de encontrar curiosidades nos textos bíblicos. De onde será que Pedro tirou aquela espada? O sujeito andava com Jesus, para que serviria uma espada? Se fosse Simão, o zelote, a gente poderia entender, mas Simão Pedro era pescador. Eu nunca vi ninguém pescando com espada.

Os historiadores divergem, apontam situações pitorescas e saídas culturalmente válidas para a época. Minha reflexão é mais básica: alguém ali tinha uma espada e não era Judas Iscariotes – claro, ele vinha com o outro grupo. Meu irmão, tem gente armada na sua igreja?

Talvez não literalmente armado com revólver ou faca, mas na minha tem gente armada sim. Tem gente armada com línguas afiadas que dilaceram corações, relacionamentos e a boa fama. Tem gente armada com uma aspereza de trato que consome os irmãos como se fosse lixa. Tem gente que vem armado com escudos e defesas impenetráveis e ninguém consegue aproximar-se. Tem gente que vem armado com um spray congelante que não tem adoração que derreta. Tem gente que vem para a igreja com uma arma terrível, nuclear, chamada espírito crítico – nada serve, nada é bom, ninguém acerta nada.

É uma mera ilustração, mas cortar a orelha de um soldado é algo relativamente trivial num contexto como este, como trivial é vermos um irmão falando mal de outro. Mas nem por isso não dói ou não sangra. Meu querido, entenda uma coisa: sempre dói mais em quem apanha do que em quem bate. Não vá armado para a igreja e nem pense em usar as armas dos outros. A única coisa que consigo imaginar pior do que um pessimista, é alguém que pegou o pessimismo do vizinho. Ou pior do que um reclamão, só os que reclamam por causa dos que estão reclamando.

Vamos nos desarmar? De quebra, Jesus não vai precisar ficar colando orelha cortada.

“Senhor, ajuda-me a ser mais inofensivo e menos armado. Como Pedro, quero me transformar em uma benção para todas as gerações. Ensina-me a ser assim.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Obras das Trevas

“Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor,” (Colossenses 1:13 ARA)

Em toda a Bíblia as trevas são símbolo do mal, das dificuldades, da agonia, da falta de visão, da condenação e assim por diante. Este versículo apresenta o império das trevas como símbolo de todo poder do maligno. Mas algo diferente me chamou a atenção.

Conversando com um amado irmão, atentamos que a maioria dos crimes são cometidos de noite, ou seja, em trevas. Os arrombamentos, assaltos, homicídios, estupros, adultérios, pichações, até mesmo muitas das fraudes são, em sua maioria, cometidos na calada da noite. Será mera coincidência? Não creio.

Não vou cometer o exagero de querer insinuar que haja algum tipo de pressão espiritual para que os criminosos ajam mais durante a noite. Na minha forma pragmática de entender as coisas, é uma questão bastante prática: nas trevas nossos atos são menos visíveis e aumenta no coração pecador do ser humano a esperança de passar despercebido e sair ileso de um ato ilegal. O que talvez muitos não se apercebam, é que para Deus trevas e luz são a mesma coisa e portanto não adianta se esconder do Todo Poderoso.

Assim agimos muitos de nós, muitas vezes. Com vergonha de falar algumas palavras na frente de um pastor, mas não na frente de um Deus que tudo vê. Pecamos como se não pudéssemos ser nunca pegos. Isso, meu amado leitor, é puramente um ambiente de trevas. Seja ele momentâneo ou duradouro, singular ou habitual, muito ou pouco pesaroso ao coração – é pecado, é treva e é falta de luz. Cedo ou tarde prestaremos contas ao Juiz e Ele nos cobrará cada ato.

Temos de nos lembrar que toda vez que praticamos um ato de treva nos identificamos com um império com o qual não devemos mais ter qualquer relação. Temos de lutar contra as trevas, contra o mundo e contra nossa carne – é quase covardia. Mas na força do Nosso Deus, o Todo Poderoso El Shaddai, nada é impossível. Podemos vencer, nem que seja de pouco em pouco até sermos dia perfeito, em perfeita luz.

“Deus querido, eu quero realmente me dedicar a investir em luz e não em trevas. Ensina-me a andar cada vez menos identificado com este império ao qual eu não pertenço mais, para glória do Teu Nome.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

História de Vida

“Servindo ao Senhor com toda a humildade, e com muitas lágrimas e tentações, que pelas ciladas dos judeus me sobrevieram;” (Atos 20:19 ARA)

É muito curioso observar jovens vocacionados dando seus primeiros passo na caminhada do seu ministério. Já estive nesta posição e me lembro da ansiedade, do desejo quase desenfreado de servir a Cristo – e certamente de muitas das trapalhadas também. Um líder, em qualquer esfera, precisa primeiro escrever uma história para depois poder desfrutar dela. No meio cristão e eclesiástico também não é diferente.

O apóstolo Paulo também seguiu esta caminhada, primeiramente como judeu perseguidor de cristãos e posteriormente como grande evangelista e mestre no Reino de Deus. Ninguém é melhor do que ninguém, especialmente em se tratando de servir a Deus, mas é preciso reconhecer que a máxima de “ferramenta certa para o serviço certo”, se aplica também aos líderes cristãos. Os jovens e os menos experientes podem e devem servir, mas sempre lembrando que seu treinamento está mais atrás, não abaixo, daqueles que os precedem. Igualmente, aqueles que acumulam mais experiência, não devem vender seu direito por um prato de lentilhas como fez Esaú. O fato de ter mais experiência não nos torna melhores ou superiores, mas apenas um pouco mais adiantados na caminhada. O valor da humildade e do coração de servo devem ser preservados e na minha opinião, mais aguçados com o passar dos anos.

É entristecedor ver iniciantes ao ministério não tendo oportunidade de se desenvolverem, mas é igualmente ruim de ver pessoas mais experientes tendo soberba por conta de seus feitos passados. Paulo escreveu uma história por onde passou, mas avalie e olhe como ele termina sua fala no verso 24. Este deve ser nossa inclinação de alma e coração.

O que passar disso, realmente, não edifica.

“Pai, ensina-me a crescer na Tua Presença alcançando experiência mas mantendo a humildade e sujeição a Ti.”

Mário Fernandez