Luis Antonio Luize

A Fé Começa em Casa – Quem é que Manda Aqui?

“Que o Senhor os abençoe e os guarde.” (Números 6:24)

Temos vivido uma grande crise em várias áreas, mas principalmente na família, que chamamos “Crise de Autoridade”.

Os conceitos modernos de educação têm procurado corrigir os problemas de criação que tivemos através da entrega de poder e autoridade dos pais aos filhos.

Explico. Muitos adultos que tiveram sérios problemas de criação na sua geração, entenderam que o melhor caminho para resolver isto seria ajudando e protegendo as crianças dando-lhes mais poder.

A partir de então os filhos não são somente ouvidos mas suas opiniões são respeitadas além do que se deve. Chegamos ao cúmulo de ter leis que impedem que os pais repreendam seus filhos quando necessário, e isto com a desculpa de que os pais estão maltratando seus filhos.

A Palavra de Deus nos pede que sejamos pessoas amorosas, não somente com nossos filhos, mas com todas as pessoas à nossa volta. Os filhos, por sua vez, devem respeitar e obedecer aos pais.

Problemas acontecem quando os pais têm situações não resolvidas do seu passado e transferem aos seus filhos, gerando discórdias e desentendimentos de várias formas.

Nós, como pais, devemos ir em busca do coração de nossos filhos e abençoá-los para que possam obter vitória nas suas vidas e, como filhos, devemos nos aproximar de nossos pais e com respeito ouvir suas opiniões sobre nossas decisões, obtendo sua bênção.

Quando Telma e eu estávamos para iniciar nosso namoro, ela foi em busca da bênção do seu pai. Naquela manhã quente de fevereiro de 1984 estavam caminhando em direção ao trabalho, pois ambos trabalhavam na mesma empresa.

— Pai – disse a Telma. Eu preciso falar uma coisa. Estou namorando aquele rapaz, filho do pastor, que o senhor conhece. Mas estes dias um outro rapaz me procurou e disse que quer namorar comigo.

— E o que você lhe respondeu? Perguntou ele.

— Falei que estava namorando, que ele precisava esperar eu terminar com o outro e que iria namorar somente se o senhor deixar.

— E o que ele respondeu minha filha?

— Disse que ia esperar eu fazer isto.

— Eu te abençôo minha filha! Respondeu seu Tiago prontamente.

— Mas pai – disse a Telma – eu vou parar de namorar com um e começar com o outro em seguida.

Seu Tiago parou de caminhar, olhou para ela, colocou sua mão grande e pesada sobre sua cabeça e ali mesmo, no meio da rua orou abençoando a Telma.

Havia todo um contexto em relação ao nosso namoro, que posso escrever numa outra oportunidade, mas o importante aqui é que o namoro iniciou com a filha indo até o pai, diminuindo a distância e obtendo a bênção deste.

Muitas vezes são os pais que vão ao encontro de seus filhos, pois vêem que estão com dificuldades de se encontrarem.

Conheço um casal que teve o namoro abençoado pelos pais antes mesmo de se conhecerem. O caso foi assim: havia uma moça grávida de um rapaz que a desonrou e desrespeitou de maneira que ficou impossível manterem um relacionamento. Restou à moça cuidar de sua filha e trabalhar para poder dar sustento à ela, enquanto o rapaz se perdia pelo mundo.

Ela começou a trabalhar num escritório de contabilidade. O dono do escritório gostou do serviço da moça e via virtudes nela e seu esforço por sua filha. Ajudava ela como podia, e acabou por ajudá-la com um serviço extra para que pudesse ter um pouco mais para pagar todas as suas despesas. Ela trabalhava o dia todo no escritório e a noite pegava sua filha, ia para casa, fazia as lições com ela, o jantar, colocava para dormir e depois ia até duas três da manhã fazendo o serviço extra.

No dia do aniversário dela, o dono do escritório foi até sua casa dar-lhe um presente, uma blusa. Ao chegar na frente da casa encontrou o pai da moça e falou com ele.

— Boa tarde seu João, vim trazer um presente para sua filha, mas antes de entregar quero perguntar algo para o senhor.

— Boa tarde seu Antonio, pode dizer.

— Eu quero saber se o senhor abençoa o namoro do meu filho com a sua filha.

— O senhor está falando daquele seu filho que trabalha no escritório com o senhor? Ele é bem mais velho que minha filha.

— Não seu João, é um outro filho que eu tenho que o senhor não conhece.

— Ele é um bom moço? Perguntou seu João.

— Ainda não seu João, mas vai ser.

Aquele rapaz, um tipo empreendedor, estava trabalhando com um restaurante numa cidade turística distante dali, obtendo resultado em seu negócio, mas distante de Deus. O pai estava orando por ele e sabia que aquela moça tinha todas as qualidades necessárias para seu filho, mesmo que ela ainda não conhecesse a Cristo.

— Se o senhor está dizendo eu acredito e abençôo o namoro deles.

Assim, eles foram abençoados e algum tempo depois o rapaz sentiu o desejo de vender seus negócios naquela cidade e veio ajudar o pai no escritório, conheceu a moça e depois de várias situações vieram a namorar sem a influência dos pais, mas já com sua bênção. Conheceram Jesus, casaram-se, tiveram mais dois filhos e vivem em aliança e na Graça de Deus.

A oração dos pais pelos filhos possui um poder e autoridade que muitos desconhecem, mas que quando praticada, seus efeitos mudam vidas e gerações.

“Pai celestial, desejo me aproximar de meus pais e obter sua bênção sobre minha vida e minha família. Da mesma maneira, desejo ir em busca do coração de meus filhos e proclamar bênção e vitórias sobre cada um deles. Peço teu auxílio para que seja bem sucedido nisto. Amém!”

Luis Antonio Luize

Mário Fernandez

Novidade de vida – Liberdade

“O vento sopra onde quer. Você o escuta, mas não pode dizer de onde vem nem para onde vai. Assim acontece com todos os nascidos do Espírito” (João 3:8-9)

Quando olhamos para um dia de grande ventania, podemos perceber o movimento das folhas, das árvores, dos postes e, muitas vezes, de coisas voando. Mas ninguém vê o vento propriamente. Assim é o Espírito de Deus bem como os que nasceram Dele.

Em nossos dias vivemos um tanto de “crer-para-ver” que vai contra tudo isso. Estou convicto de que isso corta ou limita nossa liberdade de andar no sobrenatural de Deus, e digo isso com grande temor no meu coração diante do Pai. Por quê? Por que tenho poucas oportunidades de glorificar a Deus na minha geração e no meu tempo, sem chamar a atenção para mim, sem ser notado, ser ser percebido. Para eu pregar a palavra me colocam um microfone na mão e reúnem gente sentada me olhando. Para orar por um enfermo, todos se afastam e prestam atenção em minhas palavras. Para eu adorar a Deus convencionaram que devo cantar e minha voz é ouvida por todos. Para eu ser reconhecido como homem de Deus tenho de fazer chover e trovejar, rajar e ranger.

Se meu ministério for silencioso como uma oração dolorida por um enfermo, ou uma intercessão calada por um líder abatido, ou um choro solidário por uma mãe sofrendo, ou simplesmente eu me recolher para intimidade com Deus… eu não estou trabalhando, não estou sendo espiritual. Como ouvi estes dias eu estava “só orando”. Meu amado, não caiamos nessa armadilha e sofisma do inferno. O silêncio também é de Deus.

Ser discreto como um cozinheiro nos afasta da fama do garçom que é visto por todos e recebe os elogios. Como o vento invisível, temos de aprender a nos posicionar e principalmente a reconhecer os calados e inexpressivos aos olhos. Tenho convivido com pessoas que passam noites em claro orando por nosso pastor presidente, pois sabem da luta que ele enfrenta, mas este nem ao menos sabe seu nome. Tenho conversado com pessoas que esperam o culto terminar e todos saírem para limpar o banheiro, para que não se saiba que foram eles que o fizeram. Tenho sabido de pessoas que têm ofertado na conta bancária da igreja de forma anônima para não ser identificado e reconhecido. A estes, minha admiração e respeito redobrado. Como o vento, cumprem seu papel sem serem vistos.

Todos precisam ser assim? Talvez não, alguns acabarão se destacando. Deus só age assim? Não, certamente. Mas para vivermos em novidade de vida precisamos de muito muito equilíbrio e isso inclui fazer coisas que jamais serão reveladas ou identificadas, salvo por Aquele que sabe e conhece todas as coisas.

Que Deus nos conduza a aumentar nossa ‘cota’ de servir ao Reino e mover no sobrenatural de Deus, guiados por Seu Espírito Santo, ainda que nunca sendo vistos ou reconhecidos – para que o verdadeiro vento seja notado.

“Senhor, me ensina a caminhar contigo de tal forma que Tu sejas visto e eu apenas demonstre Tua glória e Teu Espírito, mesmo que eu nem seja notado. Toda honra seja a Ti.”

Mário Fernandez

Luis Antonio Luize

A Fé Começa em Casa – Ir Além

“Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra.” (Atos 1:8)

Pelos registros que dispomos esta foi a última orientação dada por Jesus antes de subir aos céus. É interessante notar a progressão da atividade proposta por Jesus. Ele diz “ser-me-eis testemunhas tanto em … como em … e até”.

Aí está uma revelação poderosa do Senhor Jesus a nós. Jerusalém (tanto em) representa o que está mais próximo e ligado ao judaísmo e àqueles novos cristãos sendo formados. A Judeia e Samaria (como em) representava os povos judeus miscigenados, misturados pelos reis que haviam vencido Israel nas inúmeras batalhas, mas que não deixava de representar seu país como um todo, enquanto os confins da terra (e até) significando o mundo todo, qualquer pessoa, raça e credo.

Portanto, um cristão, deverá dar testemunho vivo de Cristo na sua família e igreja (tanto em), somente depois pode ser testemunho para seu estado e país (como em) e em seguida para as nações do mundo (e até).

Jesus está nos falando a respeito de integridade, pois pede para sermos a mesma pessoa em todos estes lugares para chegarmos a ir além.

Normalmente as pessoas vivem uma vida emocional pobre em suas casas, mas então se vestem de uma máscara e saem por ai mostrando-se superiores aos demais, falando de santidade mas sem vida com Deus. Desejando ir além, mas com sua vida construída sobre pilares que não podem sustentar os desafios que se apresentam diariamente.

O crescimento pessoal é progressivo e dinâmico, não podemos obtê-lo instantaneamente e nem parar achando que já obtivemos tudo que precisamos. É preciso construí-lo a cada momento e oportunidade que surgirem.

Também é assim na família. Não temos como pular degraus no relacionamento familiar e acreditar que teremos vitória. Nossa família precisa ser fundamentada na rocha que é Cristo e vivermos de acordo com a sua Palavra para o casamento.

Muitas vezes, quando nos pedem aconselhamento conjugal, numa breve análise da situação nos deparamos com cônjuges que desejam ter vitória na vida conjugal, mas que não estão dispostos a fazer o que a Palavra pede, tal como: fidelidade em aliança; viver em acordo e harmonia; ter comunhão com o cônjuge, com os filhos e com os demais familiares, e viver em novidade de vida, alegre pelo que Deus lhe concedeu.

Assemelha-se a uma pessoa ferida que apenas a cobre sem tratar. Isto me lembra da situação que minha mãe conta de um acidente que eles tiveram. Devia ser aproximadamente o ano de 1958. Meu pai e minha mãe estavam casados há alguns anos e minha irmã mais velha estava com uns 2 aninhos.

Papai tinha uma charanga, na época um carrão, e saiu com a família, muito alegre. Entretanto, um outro veículo se chocou com eles causando um acidente. Os carros daquela época eram muito fortes mas pouco seguros para os passageiros.

O vidro se quebrou e provocou muitos cortes. Minha irmã perdeu a ponta de um dos dedos da mão, algo que a incomodava, pois não conseguia alcançar as notas necessárias no piano com aquele dedo.

Mas meu pai ficou muito machucado na sua mão direita. Todos os tendões da parte de cima da mão foram cortados pelos cacos de vidro e seus dedos ficaram caídos. Ao chegar ao hospital o médico queria limpar o machucado e engessar sua mão.

Minha mãe apesar de abalada emocionalmente, não estava machucada, e discutiu com a enfermeira e exigiu que o médico fizesse a sutura dos tendões e somente depois de curada desta ferida que colocasse o gesso.

Resultado, a mão do meu pai foi restaurada e ele brincava que tinha mais força nesta mão porque os tendões haviam sido encurtados. Com esta mão ele pôde trazer o sustento para nossa casa, pois trabalhou em cartório durante muitas décadas e digitava todos os dias com aquela mão, fruto da luta vitoriosa pela restauração.

Muita gente escuta o conselho de pessoas que acreditam que podem ajudá-las mas cujo fim será a morte. Mas aqueles que desejam ter vitória lutam por aquilo que é de valor em suas vidas e passam a ser testemunhas vivas do agir e do mover de Deus na família (tanto em), na igreja, no trabalho (assim como) e em todos os lugares aonde vai o respeitam (e até).

“Pai celestial, que eu possa ser uma testemunha viva do teu mover em minha vida e que a minha família seja restaurada. Faz de mim uma pessoa vitoriosa, para isto coloca em meu coração o desejo de lutar por mim, pelos meus e pela família. Amém!”

Luis Antonio Luize

Mário Fernandez

Novidade de Vida – Responsabilidade da Herança

“E, se vocês são de Cristo, são descendência de Abraão e herdeiros segundo a promessa.” (Gálatas 3:29)

Eu ouvi uma palavra muito motivadora sobre ser herdeiro das bênçãos de Abraão e confesso que, de fato, me fez muito bem. Mas esta mente pensadora que o Senhor me concedeu me levou ao outro lado da moeda. Pense comigo: para ser herdeiro da fortuna, temos de herdar junto as responsabilidades da fortuna!

Abraão recebeu promessa e Deus fez pacto/aliança com ele. Prometeu a ele um filho na velhice, nações herdeiras, terras, multidão como estrelas do céu e areia da praia, nome perpetuado…

Mas medite comigo nas responsabilidades de ser o pai da fé. Imagine ter de desenvolver uma fé que manteria seu nome e sua fama por mais de 4.000 anos. Imagine sair da sua casa, do arredor dos seus parentes para sei lá onde. Imagine acreditar que vai ter um filho depois dos 90 anos. Imagine ser circuncidado aos 99 anos de idade. Imagine peregrinar pelo deserto só por causa de uma ordem vinda do céu. Medite comigo na responsabilidade de ser um ascendente do Salvador, Rei dos Reis e Senhor dos Senhores – Jesus é descendente de Abraão.

Se somos de Cristo, somos assim também descendentes de Abraão e portanto herdeiros dele segundo a promessa. Entender os direitos que temos no Reino de Deus é legal, é importante, é motivador, é tudo de bom. Mas não nos isenta de nossa responsabilidade como herdeiros. Gosto de comparar as coisas do Reino com coisas terrenas mais fáceis de compreender, como Jesus fez (ainda que minha habilidade não se compare com a Dele). Pensemos na herança de Abraão não como uma conta bancária que basta ir ao banco e desfrutar. Pensemos como uma empresa lucrativa e próspera, muito rentável mas que, para continuar, precisa ser presidida. Ser herdeiro de uma fortuna é uma coisa, de um empreendimento ou negócio é outra.

Nada disso vai mudar o conceito de Deus a nosso respeito, mas vai mudar o nosso conceito diante de nós mesmos e diante das pessoas que nos rodeiam. Quando pedi fé ao Senhor, Ele me levou ao vale do impossível e apenas me disse “agora se vira”. Se ainda estou vivo, se ainda caminho por essa Terra de Jeová, é por que estou conseguindo me virar. Não tem sido dias fáceis em praticamente todas as áreas. Mas vencer a prova é fazer a minha parte para que a fé de Abraão se expresse em minha vida.

A grande virada, meu querido leitor, que denota o quanto nossa vida está renovada no Senhor, é cumprir a responsabilidade mesmo não tendo clareza da grandiosidade da herança. A mim pouco importa o que o Senhor tem para mim – é mais do que mereço, certamente.

Junte-se a mim no desafio de levar Deus a sério a tal ponto que tenhamos a missão de obedecê-lo acima do interesse de desfrutar do que Ele tem para mim.

“Senhor, quero cumprir meu papel e meu chamado na minha geração, independente do que o Senhor tenha para mim. A minha fé está a Teu serviço para Te glorificar. Fortalece-me para eu ser encontrado apropriado e digno para Te honrar.”

Mário Fernandez

Luis Antonio Luize

A Fé Começa em Casa – Transmitindo Bênçãos

“São coisas que ouvimos e aprendemos, coisas que os nossos antepassados nos contaram. Não as esconderemos dos nossos filhos, mas falaremos aos nossos descendentes a respeito do poder de Deus, o Senhor, dos seus feitos poderosos e das coisas maravilhosas que ele fez.” (Salmo 78:3,4)

Somos formados no seio da família e produtos dela. A identidade de cada um nós é formada pelos aspectos físicos, espirituais e emocionais do contexto familiar. Inicialmente nos formamos no útero de nossas mães e, posteriormente, somos moldados pelo contexto familiar para sermos o que somos quando adultos. Neste processo alteramos algumas coisas que percebemos em nossa criação que não nos agradam e outras ficam inalteradas.

A herança física é muito simples de compreender pois, normalmente, nossos filhos se parecem conosco. Não é raro escutar alguém dizer:

— É a cara do pai!

— Tem o mesmo rostinho da mãe!

— A boca é tua e os olhos são meus! Dizem os casais românticos.

De qualquer forma, nosso aspecto físico, assim como nosso idioma, nossa nacionalidade e quem somos são heranças físicas recebidas de nossos pais.

Nossa capacidade moral e de estabelecer relacionamentos também é recebida no lar. Algumas famílias possuem muita facilidade em se relacionar com os familiares e com as pessoas ao derredor, enquanto outras possuem dificuldade.

O interessante é que raramente nasce no seio de uma família alguém muito diferente em relação ao comportamento praticado por ela. Quando isso acontece, pelo convívio, logo aprende a comportar-se como a sua família e torna-se mais ou menos comunicativo, conforme o caso.

É na família que desenvolvemos os primeiros contatos e recebemos a capacidade de iniciar e nutrir relacionamentos. Construímos esta capacidade sobre a confiança que por sua vez se apoia na integridade.

Quando temos dificuldade crônica de realização pessoal, frequentemente deve haver algum problema no relacionamento com os pais.

Vejamos o exemplo de Jacó. Ele foi preterido pelo pai e apoiado pela mãe. A mãe o orientou a mentir para seu pai e assim ele fez. Depois o orientou a fugir de seu irmão e ele novamente seguiu o conselho dela. Jacó passou muitos anos tentando descobrir qual era sua identidade e objetivo de vida, vagando por terras distantes de sua casa.

Somente quando foi em busca de restauração de seu relacionamento familiar é que recebeu a bênção e a cura para suas emoções e prosperou. Sua história mudou completamente a partir deste momento.

O terceiro ponto importante que recebemos no lar é a herança espiritual. Esta herança determina quem somos em Deus. Muitas famílias não possuem um histórico espiritual, ou o possuem de forma deturpada.

Quando nós falhamos em entregar esta herança aos nossos filhos poderemos gerar feridas em seus corações que podem levam a inferioridade ou superioridade, que são extremos de um mesmo problema.

Ao participar da Escola Bíblica Dominical, por exemplo, e levarmos nossos filhos, estamos transmitindo a eles o nosso legado pessoal e proporcionando a oportunidade para que possam experimentar a Cristo e segui-lo por conhecê-lo e não por ouvir falar.

Existe um ditado popular que diz: a primeira geração gera riqueza, a segunda geração usufrui e a terceira geração a destrói. Quando examinamos famílias cujos pais geraram grandes impérios econômicos, frequentemente descobrimos que seus filhos e/ou netos já destruíram o legado deixado.

Isto ocorre porque não foram capazes de deixar a eles a herança que mais importa. Esta herança não é financeira, mas sim comportamental e espiritual.

Os pais vieram de famílias sem recursos e aprenderam a poupar, os filhos foram criados com menos austeridade e os netos já nem sabiam o que era lhes faltar algo.

Ao reunir a família e contarmos nossas histórias, estamos proporcionando que eles passem a conhecer um pouco do que vivemos e assimilem parte do que vivenciamos, moldando seu caráter e comportamento.

Estar presente e participar dos acontecimentos familiares traz firmeza e define a identidade de nossos filhos. Vejam o exemplo de Jesus. Quando ele foi batizado, Deus Pai e Deus Espírito Santo estavam presentes lá.

O Espírito Santo compareceu na forma de uma pomba branca que pousou sobre Ele, enquanto Deus Pai falou de forma audível que se agradava do ato do seu Filho, confirmando a paternidade, o ato de Jesus e que era filho legítimo.

Não por acaso, logo em seguida, Jesus é tentado pelo Diabo exatamente a respeito de sua identidade: “se és o filho de Deus”. Este tipo de questionamento não abalou Jesus, não nos abala e também não abalará nossos filhos aos quais transmitimos nossa herança.

“Pai celestial, gera em nós um coração grato pelo teu mover em favor de nossa família. Restaura nossa herança comportamental, física e espiritual. Que possamos transmitir aos nossos filhos e netos tudo de bom que temos recebido de Ti. Amém!”

Luis Antonio Luize

Mário Fernandez

Novidade de Vida – Exemplo

“Obedeçam-lhes e façam tudo o que eles lhes dizem. Mas não façam o que eles fazem, pois não praticam o que pregam.” (Mateus 23:3)

Os fariseus dos dias de Jesus na Terra eram os religiosos, os líderes eclesiásticos, os obreiros – enfim, aquilo que hoje conhecemos como liderança religiosa. É um paralelo, obviamente, pois eles viviam pela Lei Mosaica e nós vivemos na direção do Espírito movidos pela graça. Mas é um paralelo válido, pois Jesus assim se referiu a eles. Mas note, por mais que legalmente eles fossem as pessoas certas, soubessem as palavras certas, tivessem o ensino certo, conhecessem o Deus certo, não tinham, porém, o caráter correto e por isso suas atitudes não deviam ser imitadas.

Interessante que muitas vezes, nos nossos dias, ficamos rotulando pessoas pela roupa que usam, pelas tatuagens que têm, pelas atitudes erradas, pelas manias feias… Falo por mim, pois eu me pego julgando as pessoas assim, embora eu saiba claramente que não sou juiz de ninguém. Isso é um erro, pois Jesus deixou claro que seus ouvintes deveriam obedecer aqueles líderes da época, embora não deveriam imitar suas práticas. Curioso isso. Me ensinaram que devo dar crédito a quem tem moral para falar o que fala, quem dá bom exemplo, quem tem respaldo e respeito para estar à frente. Mas me questiono agora se isso não é um engano ou uma meia verdade, pois aqui foi palavra do Senhor.

É nadar contra correnteza, mas estou disposto a mudar meu pensamento e focar no ensino e não no ensinador. Se eu tiver discernimento para saber que é de Deus, pouco importa o nível de imperfeição do comunicador, afinal de contas totalmente perfeito só houve um e foi parar numa cruz! Não estou arregimentando uma legião de seguidores dos picaretas, por favor. Não vou andar um passo atrás de alguém a quem eu não respeite, mas por favor vamos deixar o julgamento para Deus. Vamos ter novidade de vida suficiente dentro de nós para separar as coisas e quando formos expostos a um ensino (como foi o exemplo deste versículo) julguemos a palavra e o ensino, não o ministrador.

Isso me faz aprender algumas coisas: às vezes o vaso imperfeito terá um recado perfeito; o vaso não estraga o ensino; não devo me contaminar com o pecado do fariseu; devo obedecer se for de Deus independente do vaso…

Meus queridos, tem versículos que parecem que não estavam lá até ontem, esse talvez seja um deles. Minha meditação pessoal agora é: estarei eu sendo usado por Deus em determinadas circunstâncias, apesar de minhas atitudes não serem imitáveis? Sou eu referência? Sirvo de exemplo no que ensino?

Quero dissipar a polêmica: se o vaso for irrepreensível o recado será recebido com mais facilidade e essa repreensão de Jesus não se aplicará. Assim quero chegar a viver, assim quero estar diante do meu Deus. Só há polêmica quando há divisão… Se o recado e o mensageiro forem compatíveis não tem polêmica.

Deus nos abençoe.

“Senhor, me permita crescer diante de Ti para me tornar um exemplo, ainda que imperfeito, para que Tua Palavra seja aceita e Teu nome glorificado.”

Mário Fernandez

Luis Antonio Luize

A Fé Começa em Casa – Reconciliação

“Tudo isso é feito por Deus, o qual, por meio de Cristo, nos transforma de inimigos em amigos dele. E Deus nos deu a tarefa de fazer com que os outros também sejam amigos dele” (2 Coríntios 5:18)

Um coração machucado e ferido gera competição e orgulho. A ferida passa a ficar explícita através de uma postura arrogante e competitiva que busca contrabalançar a insegurança interna. Estas feridas podem ser poderosa fonte de inspiração e trabalho, apesar de serem uma motivação errada.

Na Palavra de Deus nós vemos o caso de Jefté (Juízes 12), que era um guerreiro valente e corajoso, mas seu passado era muito ruim. Ele era filho de uma prostituta e foi deserdado pelo pai a pedido dos seus meio-irmãos.

Jefté tinha uma ferida muito grande dentro de si, a ponto de fazer muitas exigências quando foi chamado para guerrear em nome de Israel. A sua ferida produziu uma força extraordinária, pois dizia a si mesmo que venceria a todo custo para provar a todos de que era digno e capaz.

Outras pessoas, devido às feridas, sentem-se extremamente inferiores aos demais, sentindo-se incapazes de vencer, devido ao “peso” de suas dores.

Superioridade e inferioridade podem ser dois extremos da mesma situação, a chamada compensação da ferida.

Nós sempre procuramos compensar nossas dores em vez de tratarmos as nossas dores. Aí está a razão de tantos males que padecemos e o motivo pelo qual nossa casa e família muitas vezes sofrem tanto. É pelo simples fato de que não perdoamos e não vamos a Deus pedir perdão para termos nossa paz restabelecida.

O orgulho é a casca que cobre esta ferida não curada. Para seguir a vida, precisamos competir com os demais para que nossa balança emocional se equilibre.

Alguns gostam de sentirem-se prediletos, superiores, donos da verdade e do mover de Deus, o melhor nisto e naquilo. A competição levará à divisão como um efeito colateral do seu uso indiscriminado.

Assim é que aparecem os filhos pródigos que sacrificam toda sua herança numa síndrome de maioridade e maturidade que levam a uma vida independente.

Nosso orgulho nos leva a sacrificar a submissão a nossos pais e líderes espirituais e nos tornamos órfãos, sem identidade e sem destino. Outros crescem um pouco e se acham melhores que seus líderes e através de um processo doloroso de críticas e discordâncias vão embora e tentam reiniciar suas vidas. Quem assim faz repete o que Lúcifer fez lá nos céus.

Quando os pais estão na situação que descrevemos, há uma necessidade do marido e/ou da esposa de serem melhores do que o outro, é a competição gerada pelas feridas que carregam em seus corações.

Os filhos ficam assistindo esta situação e aprendendo com elas, num processo de propagação da ferida para a próxima geração.

Estes cônjuges muitas vezes não possuem bom relacionamento com seus familiares e acham que estão gerando uma família unida, falando de unidade mas agindo com competição e orgulho. Quando seus filhos crescem, tenderão a mostrar que são melhores que seus pais, pois competirão com estes.

Certo filho, nesta situação, passou a agir com rebeldia e despertar a fúria em seus pais, por destratá-los e agir com desacato e desrespeito. Na verdade sua atitude refletia seu desespero em se sentir amado e inserido no contexto familiar.

Depois de algum tempo, seu pai, desejando consertar a situação foi conversar com ele que estava de saída no momento em que era esperado que ficasse em família. A conversa foi ficando quente e sentimentos começaram a ser despertados de ambos os lados. O pai pensou que não restava outra opção senão dar um tapa no rosto do seu filho, tamanho o desacato e desrespeito.

Mas sua esposa estava observando a situação e orando por eles. Finalmente o pai conseguiu ouvir a voz de Deus que falava com ele para que não agisse com violência mas com humildade e perdão.

Através da intercessão, o pai nem chegou a levantar sua mão contra o filho, mas pediu perdão a ele por ter despertado nele sentimentos de rejeição e falta de amor.

A conversa tomou outro rumo e terminaram abraçados, orando um pelo outro em prantos.

O amor e a humildade quebram todo o orgulho e competição, gerando reconciliação, unidade e comunhão.

“Pai celestial, cura minhas feridas e dores. Desejo ser reconciliado contigo por intermédio de Cristo Jesus. Que eu também seja um reconciliador de gerações. Te peço que venha trazer paz ao meu lar e à minha família para que a comunhão e o amor estejam presentes em nossa vida. Amém!”

Luis Antonio Luize

Mário Fernandez

Novidade de Vida – Condição

“Cada um fique na vocação em que foi chamado. Foste chamado sendo servo? não te dê cuidado; e, se ainda podes ser livre, aproveita a ocasião.” (1Corintios 7:20,21)

Este texto me fala fortemente sobra uma insatisfação que observo nas pessoas da minha geração. Parece que um quer a condição do outro e o outro quer ainda outra, ou seja, ninguém está grato o suficiente com a vida que tem para ser satisfeito com ela. Eu reconheço que estou contaminado com isso e por este motivo estou atento ao cenário e aos fatos.

Veja que isso não é um chamado ao comodismo ou à alienação, pelo contrário, é um aceno de reconhecimento pelo que temos de Deus recebido e, principalmente, um entendimento claro de que se estamos neste ponto foi o Senhor que nos trouxe até aqui. Se daqui vamos prosseguir, temos uma recomendação bíblica que não é uma ordem, mas é uma orientação – se podes ser livre, aproveita. Devemos ter a consciência de avaliar quem somos diante da sociedade e da comunidade onde vivemos. Eu estou numa fase da minha vida em que voltei a viajar muito e por isso falo com muita gente. Imagine se eu decidir deixar de ser bênção por que não estou em casa.

O principal recado que este versículo me passa talvez seja menos saliente e passe desapercebido a uma leitura menos cuidadosa. Independente da condição em que vivermos, como diz o texto, “servo” ou “livre” – temos uma vocação. O texto fala em permanecer sendo uma bênção e desempenhando seus dons para cumprir seu chamado de Deus, sua vocação, seus talentos: glorificando a Deus em tudo, onde quer que esteja e como quer que seja a condição – servo ou livre, na linguagem de Paulo.

Até poderíamos discorrer sobre a interpretação contemporânea do sentido de ser livre ou servo, mas isso não é nosso foco. Mas, claramente, são duas condições sociais e são opostas. Seja qual for a minha, devo permanecer na vocação em que fui chamado. É interessante o contraponto, pois na dinâmica deste mundo eu preciso e devo crescer, progredir, evoluir, desenvolver, ir além. No Reino de Deus, se eu atingir o que me foi proposto já fiz o sobrenatural e portanto fui além do que naturalmente poderia ter feito – é o limite desde o começo – e por isso mesmo é muito razoável permanecer na mesma vocação que fui chamado. Me faz entender que a satisfação de Deus comigo não é no está estabelecida no meu chamado, que nunca é pequeno.

Se não estou indo pelo caminho errado neste entendimento, a mim caberá ser uma bênção dentro do que Deus me chamou, esteja eu na melhor das condições ou na pior delas. Sem isso, temo que minha vida renovada comece a dar sinais de falta de renovação. Andar em novidade de vida precisa incluir, eu creio, um tanto de gratidão que me coloca no meu lugar e me faz saber que o que passei veio do Senhor e para onde vou também é por Ele, ou seja: sou Dele, devo tudo a Ele.

Tomemos conosco a consciência da vocação que temos e tenhamos em nós mesmos um sentimento mais comedido em relação ao rumo que estamos dando para as coisas. Temos um alvo a cumprir até que venha o Senhor. É nele que devemos mirar e dar todo nosso foco.

“Senhor, me ajuda a entender que minha vocação e viver para ela, pois isso é o que vai me dar sentido. Preciso de Tua Divina ajuda em mim para que não me desvie em embaraços.”

Mário Fernandez