Vinicios Torres

Como crescer espiritualmente

Li algum tempo atrás, em algum lugar (se alguém tiver a referência pode me mandar) uma dica de A.W.Pink:

“Nos meus primeiros anos eu assiduamente segui este triplo caminho:

  • Em primeiro lugar, eu lia toda a Bíblia três vezes por ano (oito capítulos do Antigo Testamento, e dois do Novo Testamento diariamente). Eu constantemente perseverei nisso durante dez anos, a fim de me familiarizar com o conteúdo, que só pode ser alcançado por meio de consecutivas leituras.
  • Em segundo lugar, eu estudei uma porção da Bíblia a cada semana, concentrando-me por dez minutos (ou mais) todo dia na mesma passagem, pensando na ordem dela, na ligação entre cada afirmação, buscando uma definição dos termos importantes, olhando todas as referências marginais, procurando seu significado típico.
  • Terceiro, eu meditei sobre um versículo a cada dia, escrevendo-o sobre um pedaço de papel na parte da manhã, memorizando-o, consultando-o em alguns momentos ao longo do dia; pensando separadamente em cada palavra, pedindo a Deus para revelar para mim o seu significado espiritual e para escrevê-la no meu coração. O versículo era o meu alimento para aquele dia. Meditação é para a leitura como a mastigação é para o comer.

Quanto mais alguém seguir o método acima mais deve ser capaz de dizer:

“A tua palavra é lâmpada que ilumina os meus passos e luz que clareia o meu caminho” (Salmo 119:105)

Vinicios Torres

Mário Fernandez

Honrar

“Tratai todos com honra, amai os irmãos, temei a Deus, honrai o rei.” (1 Pedro 2:17 ARA)

Volto ao tema para finalizar o que tenho em mente e no coração. Honrar ao rei foi mencionado em separado, quase de forma redundante. Tudo que a Bíblia repete me parece ser para reafirmar ou para confirmar, sendo que neste caso parece ser um reforço intencional com algum motivo.

O rei representa a autoridade terrena estabelecida para governar o povo. No Brasil não temos reis mas temos autoridades equivalentes que são os presidentes. Como fazemos para honrar uma autoridade como esta? E mais: como ter estima e consideração em meio a tanta polêmica? Vivemos uma divisão, há os prós e os contras, defendendo e malhando o mesmo fato com a mesma intensidade.

A Bíblia não manda ser sujeito somente às autoridades boas, mas a todas. Devemos honrar reconhecendo aquilo que consideramos bom ou positivo para o país, ainda que não seja o melhor para nós individualmente. Temos liberdade para comentar o que não nos agrada, mas temos de cuidar com a murmuração e maldições – desnecessários. Temos de usar a liberdade para dizer “não simpatizo com este governo, mas reconheço que esta medida foi boa”. Poucos fazem isso, mas é necessário entender que é um princípio bíblico.

Talvez por isso vivamos um tempo de filhos desobedientes e sociedade desordenada, relapsa e com serviços cada vez mais mal prestados. O povo de Deus deixa de lado a honra e a sociedade percebe, o reflexo imediato é uma geração que não liga. Não creio ser só um problema político ou educacional, mas de pais que não ensinam sobre honra. O que é bom precisa ser reconhecido, para que se adquira o direito de falar do que não considera bom.

Se começarmos no meio do povo de Deus, toda sociedade verá reflexo. Não defendo partido, não tenho vínculo com eles, mas não agrido ou critico nenhum. São homens e mulheres de carne e osso que erram e acertam.

Quem saberá honrar ao Rei dos Reis invisível e eterno, sem horar ao rei visível?

“Pai, nem tudo é facil para eu entender e a Tua sabendoria me faz falta. Ensina-me a ser, fazer e dizer que é necessário para honrar o rei, em obediência a Ti.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Honrar

“Tratai todos com honra, amai os irmãos, temei a Deus, honrai o rei.” (1 Pedro 2:17 ARA)

É duro de admitir, mas é mais fácil honrar a Deus do que às pessoas ao nosso redor. Precisamos aprender mais sobre honra e aprender a identificar ao nosso redor quem são as pessoas a quem devemos honrar.

Honrar, no conceito de um de meus mestres, é a soma de reconhecimento + investimento. Certamente não é a única definição possível, mas me agrada pensar que tenha dois ingredientes tão importantes e tão profundos compondo algo dado para nossa edificação. É claro, não podemos nos furtar de comentar que honra pressupõe algum mérito, o que talvez explique nossa dificuldade em honrar às pessoas – temos dificuldade de ver nelas o que merece ser honrado.

Reconhecimento é verbalizar a gratidão, a valorização, a consideração e o respeito por algo que alguém é ou fez. Tem porções de elogio, de incentivo, de movitação, mas principalmente de exposição – no sentido de deixar público e claro que foi percebido o fator reconhecido. Isso já é um desafio para nós, pois a bem de não bajularmos às pessoas nem inflarmos indevidamente os seus egos, acabamos exagerando e nos tonando meio secos. Eu preciso melhorar nisso, creio não ser o único.

A essência deste ensino é profunda demais para uma devocional como esta, mas levanta um questionamento interessante: será que não estamos murmurando demais e por isso mesmo não honramos os que estão ao nosso redor? Será que não estamos deixando passar despercebido algo que para nós é sem importância mas que para quem fez ou tornou-se é grande?

E agora, será que ao deixar de honrar as pessoas sou desobediente, negligente? Será que por causa disso honro menos a Deus, que os criou?

“Pai, nem tudo é facil para eu entender e a Tua sabendoria me faz falta. Ensina-me a ser, fazer e dizer que é necessário para honrar as pessoas ao meu redor, em obediência a Ti.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Recurso

“Vejam isso os aflitos e se alegrem; quanto a vós outros que buscais a Deus, que o vosso coração reviva.” (Salmos 69:32 ARA)

Eu estou vivendo uma fase na minha vida em que o Senhor tem me feito perceber Seu cuidado comigo de forma muito saliente. Eu tenho algumas dúvidas se o cuidado Dele aumentou comigo ou apenas eu que estou percebendo mais, mas isso não importa. O que importa é que como diz este salmo, o coração dos que buscam a Deus revive em alegria e em esperança.

O privilégio de servir a Deus me leva a querer servir mais ainda. A garantia que tenho de que dará tudo certo é a fé, mais nada, mas não significa que é pouco. Passo por um momento que alguns anos atrás seria desesperador, mas está completamente sob controle, tranquilo e sereno. Meu coração revive na presença do Todo Poderoso, a quem busco como nunca busquei e a quem adoro como nunca adorei. Mérito meu? NENHUM.

O Senhor tem feito de mim um homem íntimo Dele, não por esforço ou mérito meu. Não por ter vontade disso, ainda que seja verdade, mas por que Ele quer fazer alguma coisa que não é próprio da superficialidade. Há tanta gente que precisa entender o Reino de Deus, que precisa olhar ao redor e saber da maldade do mundo em que vivemos e decidir por uma vida diferente. Reagir ao invés de se entristecer, participar de algo ao invés de se isolar.

O medo e vergonha faz as pessoas solitárias, mesmo que estejam no meio de uma multidão no shopping center. No Reino de Deus não tem disso, somos irmãos e estamos na casa do Pai. Não tem motivo para vergonha ou timidez. Claro, não somos perfeitos, erramos, assustamos, falhamos. Mas ainda assim a igreja é o melhor lugar desse mundo para se estar e para se fazer parte, até mesmo por que as opções são todas piores.

Quanto mais busco a Deus, mais me fortaleço, mais me animo e mais quero buscar. É viciante. Alguns não gostam dessa palavra, mas eu não tenho preconceito. O que é bom também pode viciar, eu creio.

“Pai, me sinto tão bem Contigo que tenho vontade de não sair mais de diante de Ti. Mas algo precisa ser feito por este mundo perdido e preciso da Tua vida em mim. Obrigado.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Desperdício

“Estando ele em Betânia, reclinado à mesa, em casa de Simão, o leproso, veio uma mulher trazendo um vaso de alabastro com preciosíssimo perfume de nardo puro; e, quebrando o alabastro, derramou o bálsamo sobre a cabeça de Jesus.” (Marcos 14:3 ARA)

Fico curioso com algumas coisas. Os versículos seguintes descrevem a murmuração de alguns dos presentes com o desperdício de um perfume caro. Mas ninguém se dispôs a dar nada aos pobres para “ensinar uma lição” àquela mulher. Para falar havia disposição, para fazer nem tanto.

Perguntemo-nos o seguinte: essa mulher era rica? Será que vendeu seu patrimônio para comprar o perfume? Ou era uma herança? Ou ela era perfumista? No texto paralelo de Lucas 7 diz que ela era “pecadora” e os murmuradores de plantão questionaram inclusive que se Jesus fosse profeta saberia de sua vida. Olhando para o contexto da época, isso me cheira a prostituição. Será que no fundo aqueles homens não estavam com inveja, por ela ter acesso a um perfume tão caro? Ou será que eram “clientes” do estabelecimento onde esta pecadora prestava seus “serviços”?

Tudo isso é conjectura, mas há algo de real e muito sério nisso: é mais fácil chamar de desperdício do que admirar. É mais fácil murmurar do que incentivar. É mais fácil criticar do que dar exemplo. Penso que a repreensão do Senhor para aqueles homens vale para nossos dias, quando olhamos para algo que nos parece desperdício mas que na verdade não é da nossa conta. Os mega-templos, os pastores com jatos particulares, as excursões caras e dispendiosas, enfim tudo que não é problema meu, prefiro não comentar. Basta não participar, não é necessário censurar.

Temos a tendência de olhar como quem foi chamado para juiz, mas não somos juízes. O maior castigo dos safados é o anonimato em solidão. Desperdício realmente é perder tempo reparando nas obras alheias com gente indo pro inferno tão perto de nós. Eu quero mudar de atitude e te convido a vir comigo.

“Pai, não quero ser o crítico de plantão e muito menos murmurador da turma. Se algo está errado não quero participar, mas por outro lado, quer ser exemplo e referência. Ajuda-me a ser correto.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Foco e Gratidão

“Nenhum soldado em serviço se envolve em negócios desta vida, porque o seu objetivo é satisfazer àquele que o arregimentou.” (2 Timóteo 2:4 ARA)

Esta é uma mensagem de gratidão. Cerca de 14 anos atrás um amigo precioso a quem amo, me convidou a escrever uma meia dúzia de devocionais, pois o autor anterior havia declinado. O projeto começava a dar sinais de vigor com lá seus mais de 100 assinantes recebendo devocionais três vezes por semana.

Esta é exatamente, de minha assinatura, a devocional número 1.000, o que é um feito razoável. Sinto-me privilegiado por ter alcançado esta marca, mas realmente não me sinto um conquistador. Sinto-me um soldado em plena marcha, servindo a meus concidadãos do Reino de Deus. Que toda honra e toda glória, todo reconhecimento e gratidão sejam direcionados ao verdadeiro autor destas meditações – o Deus Todo Poderoso, o Senhor dos Exércitos.

Como um soldado focado em satisfazer o comandante, minha oração é que pelo menos um único dos nossos quase 70.000 leitores seja tocado pela Palavra de Deus a cada devocional. Minha oração é que o fluir da Palavra siga crescendo para mais e mais conservos. Se o Senhor assim o permitir, queremos alcançar ainda mais pessoas e desenrolar mais e mais dos rolos de sabedoria do Senhor.

Minha gratidão a Deus pelo chamado e aos leitores pela oportunidade. Tenho sido ricamente abençoado recebendo primeiro para repassar depois. Quero incentivá-lo, se você pelo menos uma vez ou outra foi abençoado por uma devocional desta fonte, dedique uma fração de seu tempo não para me agradecer, mas para orar ao Senhor que nos conceda mais graça, mais misericórdia, mais revelação e principalmente mais de Sua Presença.

Não temos ganho financeiro com isso, não temos nenhum reconhecimento público com isso, e é assim que queremos que continue. Mas a recompensa celestial e o retorno espiritual são absolutamente abundantes e mais do que suficientes.

A você, leitor, de hoje ou de muitos anos, minha gratidão.

“Deus querido, obrigado por que o Senhor faz o que ninguém poderia fazer. Obrigado por me usar para levar a Tua Palavra para estas pessoas, que me abençoam lendo e comentando.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Efêmeros

“Pois toda carne é como a erva, e toda a sua glória, como a flor da erva; seca-se a erva, e cai a sua flor;” (1 Pedro 1:24 ARA)

Quando eu tinha a idade que os meus filhos têm hoje, entre 12 e 15 anos, eu olhava para um homem de 30 anos e pensava “ele é um velho”. Um homem de 50 anos me despertava pena, pois eu pensava “logo vai morrer, é muito velho”. Alguém com mais de 70 anos me deixava intrigado como ainda estava andando.

Passaram-se os anos e, hoje com mais de 40 invernos, meu pensamento amadureceu e mudou muito, mas algo Deus me fez perceber. Eu sou exatamente aquilo que eu observava nos homens de 40 anos, quando eu tinha meus 14. Eu via barrigas, cabelos brancos, algumas rugas, em uma rampa decrescente de vigor, como que murchando lentamente. Acho que não sou o único…

No sentido inverso vem nosso ser imaterial, com alma e espírito em aperfeiçoamento contínuo, clamando por uma carroceria que suporte mais impactos para poder fazer mais. Como sempre, a Palavra de Deus estava certa e eu errado. Não sou velho como pensava que eram os homens de 40 anos, mas sem dúvida a erva começa a secar. Isso pode desanimar a algums, mas não a mim.

Isso me faz focar no que realmente é importante, pois perdi muito tempo com coisas sem nenhum valor. Me faz também lembrar que meu destino é eterno e minha caminhada é passageira. Me faz perceber coisas que valem a pena. Vejo o valor das verdadeiras amizades, com pessoas que, como eu, estão caminhando, uns no vigor dos 18 anos e outros mais adiantados no secar da erva. Vejo o valor de aprender a Palavra de Deus e gastar tempo na Sua Presença. Vejo o quanto me renova e me fortalece investir no Reino de Deus e não neste mundo. Tenho gratidão pelo privilégio de chegar ao ponto de ver a erva começar a secar, mas entender que ainda tem muito chão pela frente até que caia a flor. Tenho gratidão pela alegria dos bons momentos e pelo ensino dos momentos difíceis.

Viverei ainda muitos anos para glória do Senhor, mas jamais voltarei a ser jovem como fui um dia. Sou grato por isso.

“Pai, obrigado pelo dom da vida que traz consigo essa dinâmica de um dia envelhecer por fora. Tua Presença me anima e me renova. Obrigado por me dar vida e me receber em Teu Reino.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Humildade

“Porque, se alguém julga ser alguma coisa, não sendo nada, a si mesmo se engana.” (Gálatas 6:3 ARA)

Estou impressionado com a capacidade de algumas pessoas elogiarem, motivarem, enaltecerem e engrandecerem – a si mesmas, como se fossem o centro do universo. Quem ouve, em parte pensa que se fala de uma instituição de caridade ou de algum virtuoso grupo de sábios e entendidos que dominam determinado assunto. Engano, trata-se de um arrogante falando de si. Não cita nomes nem deixa pista de quem seja, mas creia-me é um ser humano.

Fico olhando para Jesus Cristo e vejo o contrário, pois sendo Ele tudo que é, nunca reclamou isso para si. Meu querido leitor, nenhum de nós é absolutamente NADA a não ser objeto do amor de Deus, nosso Pai. Se tirar isso, não servimos nem para adubo, nem para poeira de beira de estrada. Se somos alguma coisa é por causa do amor de Deus e nada mais, com tudo que isso implica.

Mas a figura que inspirou esta meditação não é assim. Fala de si como quem fala de outro, enaltece até os defeitos como os mais belos defeitos que alguém possa ter. Imagino que ao levantar olha-se no espelho, cedo pela manhã, e deve dizer (imagino) “quão grande és tu. quão formoso és, tal como outro não há. não há outro como tu nem em cima no céu nem embaixo na terra. exaltado seja o teu nome. louvado sejas tu. os reis dos povos se prostrarão ante a ti. Curvemo-nos todos diante de ti.”

Pareceu exagero teatral? Pode ser. Mas será que eu e você não temos uma pitadinha disso de vez em quando? Mesmo nas mais nobres ações podem aparecer atitudes menos virtuosas. Posso ter orgulho do que preguei, das curas daqueles pelos quem orei, até daquilo que escrevo aqui. Minha carne pede por isso. Mas se eu não me vigiar, entrando por este caminho, serei eu na frente do espelho dizendo a mim o que deveria dizer a Deus. Cuidado, quem pensa de si mais do que convem se engana. Com a graça de Deus tenho conhecido e convivido com homens que me inspiram neste sentido. Conversei com um pastor de 20.000 pessoas e quase que o confundo com um dos diáconos, de tão simples que ele era. Me inspirou.

Cuidado e prudência, meu querido, para não ser engando por si mesmo.

“Senhor, misericórdia. Não quero pensar de mim absolutamente nada a não ser que Teu amor é tudo para mim e Tua graça melhor que a vida. Mais do que isso, livra-me.”

Mário Fernandez