Mário Fernandez

Novidade de vida – Liberdade

“O vento sopra onde quer. Você o escuta, mas não pode dizer de onde vem nem para onde vai. Assim acontece com todos os nascidos do Espírito” (João 3:8-9)

Quando olhamos para um dia de grande ventania, podemos perceber o movimento das folhas, das árvores, dos postes e, muitas vezes, de coisas voando. Mas ninguém vê o vento propriamente. Assim é o Espírito de Deus bem como os que nasceram Dele.

Em nossos dias vivemos um tanto de “crer-para-ver” que vai contra tudo isso. Estou convicto de que isso corta ou limita nossa liberdade de andar no sobrenatural de Deus, e digo isso com grande temor no meu coração diante do Pai. Por quê? Por que tenho poucas oportunidades de glorificar a Deus na minha geração e no meu tempo, sem chamar a atenção para mim, sem ser notado, ser ser percebido. Para eu pregar a palavra me colocam um microfone na mão e reúnem gente sentada me olhando. Para orar por um enfermo, todos se afastam e prestam atenção em minhas palavras. Para eu adorar a Deus convencionaram que devo cantar e minha voz é ouvida por todos. Para eu ser reconhecido como homem de Deus tenho de fazer chover e trovejar, rajar e ranger.

Se meu ministério for silencioso como uma oração dolorida por um enfermo, ou uma intercessão calada por um líder abatido, ou um choro solidário por uma mãe sofrendo, ou simplesmente eu me recolher para intimidade com Deus… eu não estou trabalhando, não estou sendo espiritual. Como ouvi estes dias eu estava “só orando”. Meu amado, não caiamos nessa armadilha e sofisma do inferno. O silêncio também é de Deus.

Ser discreto como um cozinheiro nos afasta da fama do garçom que é visto por todos e recebe os elogios. Como o vento invisível, temos de aprender a nos posicionar e principalmente a reconhecer os calados e inexpressivos aos olhos. Tenho convivido com pessoas que passam noites em claro orando por nosso pastor presidente, pois sabem da luta que ele enfrenta, mas este nem ao menos sabe seu nome. Tenho conversado com pessoas que esperam o culto terminar e todos saírem para limpar o banheiro, para que não se saiba que foram eles que o fizeram. Tenho sabido de pessoas que têm ofertado na conta bancária da igreja de forma anônima para não ser identificado e reconhecido. A estes, minha admiração e respeito redobrado. Como o vento, cumprem seu papel sem serem vistos.

Todos precisam ser assim? Talvez não, alguns acabarão se destacando. Deus só age assim? Não, certamente. Mas para vivermos em novidade de vida precisamos de muito muito equilíbrio e isso inclui fazer coisas que jamais serão reveladas ou identificadas, salvo por Aquele que sabe e conhece todas as coisas.

Que Deus nos conduza a aumentar nossa ‘cota’ de servir ao Reino e mover no sobrenatural de Deus, guiados por Seu Espírito Santo, ainda que nunca sendo vistos ou reconhecidos – para que o verdadeiro vento seja notado.

“Senhor, me ensina a caminhar contigo de tal forma que Tu sejas visto e eu apenas demonstre Tua glória e Teu Espírito, mesmo que eu nem seja notado. Toda honra seja a Ti.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Novidade de Vida – Responsabilidade da Herança

“E, se vocês são de Cristo, são descendência de Abraão e herdeiros segundo a promessa.” (Gálatas 3:29)

Eu ouvi uma palavra muito motivadora sobre ser herdeiro das bênçãos de Abraão e confesso que, de fato, me fez muito bem. Mas esta mente pensadora que o Senhor me concedeu me levou ao outro lado da moeda. Pense comigo: para ser herdeiro da fortuna, temos de herdar junto as responsabilidades da fortuna!

Abraão recebeu promessa e Deus fez pacto/aliança com ele. Prometeu a ele um filho na velhice, nações herdeiras, terras, multidão como estrelas do céu e areia da praia, nome perpetuado…

Mas medite comigo nas responsabilidades de ser o pai da fé. Imagine ter de desenvolver uma fé que manteria seu nome e sua fama por mais de 4.000 anos. Imagine sair da sua casa, do arredor dos seus parentes para sei lá onde. Imagine acreditar que vai ter um filho depois dos 90 anos. Imagine ser circuncidado aos 99 anos de idade. Imagine peregrinar pelo deserto só por causa de uma ordem vinda do céu. Medite comigo na responsabilidade de ser um ascendente do Salvador, Rei dos Reis e Senhor dos Senhores – Jesus é descendente de Abraão.

Se somos de Cristo, somos assim também descendentes de Abraão e portanto herdeiros dele segundo a promessa. Entender os direitos que temos no Reino de Deus é legal, é importante, é motivador, é tudo de bom. Mas não nos isenta de nossa responsabilidade como herdeiros. Gosto de comparar as coisas do Reino com coisas terrenas mais fáceis de compreender, como Jesus fez (ainda que minha habilidade não se compare com a Dele). Pensemos na herança de Abraão não como uma conta bancária que basta ir ao banco e desfrutar. Pensemos como uma empresa lucrativa e próspera, muito rentável mas que, para continuar, precisa ser presidida. Ser herdeiro de uma fortuna é uma coisa, de um empreendimento ou negócio é outra.

Nada disso vai mudar o conceito de Deus a nosso respeito, mas vai mudar o nosso conceito diante de nós mesmos e diante das pessoas que nos rodeiam. Quando pedi fé ao Senhor, Ele me levou ao vale do impossível e apenas me disse “agora se vira”. Se ainda estou vivo, se ainda caminho por essa Terra de Jeová, é por que estou conseguindo me virar. Não tem sido dias fáceis em praticamente todas as áreas. Mas vencer a prova é fazer a minha parte para que a fé de Abraão se expresse em minha vida.

A grande virada, meu querido leitor, que denota o quanto nossa vida está renovada no Senhor, é cumprir a responsabilidade mesmo não tendo clareza da grandiosidade da herança. A mim pouco importa o que o Senhor tem para mim – é mais do que mereço, certamente.

Junte-se a mim no desafio de levar Deus a sério a tal ponto que tenhamos a missão de obedecê-lo acima do interesse de desfrutar do que Ele tem para mim.

“Senhor, quero cumprir meu papel e meu chamado na minha geração, independente do que o Senhor tenha para mim. A minha fé está a Teu serviço para Te glorificar. Fortalece-me para eu ser encontrado apropriado e digno para Te honrar.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Novidade de Vida – Exemplo

“Obedeçam-lhes e façam tudo o que eles lhes dizem. Mas não façam o que eles fazem, pois não praticam o que pregam.” (Mateus 23:3)

Os fariseus dos dias de Jesus na Terra eram os religiosos, os líderes eclesiásticos, os obreiros – enfim, aquilo que hoje conhecemos como liderança religiosa. É um paralelo, obviamente, pois eles viviam pela Lei Mosaica e nós vivemos na direção do Espírito movidos pela graça. Mas é um paralelo válido, pois Jesus assim se referiu a eles. Mas note, por mais que legalmente eles fossem as pessoas certas, soubessem as palavras certas, tivessem o ensino certo, conhecessem o Deus certo, não tinham, porém, o caráter correto e por isso suas atitudes não deviam ser imitadas.

Interessante que muitas vezes, nos nossos dias, ficamos rotulando pessoas pela roupa que usam, pelas tatuagens que têm, pelas atitudes erradas, pelas manias feias… Falo por mim, pois eu me pego julgando as pessoas assim, embora eu saiba claramente que não sou juiz de ninguém. Isso é um erro, pois Jesus deixou claro que seus ouvintes deveriam obedecer aqueles líderes da época, embora não deveriam imitar suas práticas. Curioso isso. Me ensinaram que devo dar crédito a quem tem moral para falar o que fala, quem dá bom exemplo, quem tem respaldo e respeito para estar à frente. Mas me questiono agora se isso não é um engano ou uma meia verdade, pois aqui foi palavra do Senhor.

É nadar contra correnteza, mas estou disposto a mudar meu pensamento e focar no ensino e não no ensinador. Se eu tiver discernimento para saber que é de Deus, pouco importa o nível de imperfeição do comunicador, afinal de contas totalmente perfeito só houve um e foi parar numa cruz! Não estou arregimentando uma legião de seguidores dos picaretas, por favor. Não vou andar um passo atrás de alguém a quem eu não respeite, mas por favor vamos deixar o julgamento para Deus. Vamos ter novidade de vida suficiente dentro de nós para separar as coisas e quando formos expostos a um ensino (como foi o exemplo deste versículo) julguemos a palavra e o ensino, não o ministrador.

Isso me faz aprender algumas coisas: às vezes o vaso imperfeito terá um recado perfeito; o vaso não estraga o ensino; não devo me contaminar com o pecado do fariseu; devo obedecer se for de Deus independente do vaso…

Meus queridos, tem versículos que parecem que não estavam lá até ontem, esse talvez seja um deles. Minha meditação pessoal agora é: estarei eu sendo usado por Deus em determinadas circunstâncias, apesar de minhas atitudes não serem imitáveis? Sou eu referência? Sirvo de exemplo no que ensino?

Quero dissipar a polêmica: se o vaso for irrepreensível o recado será recebido com mais facilidade e essa repreensão de Jesus não se aplicará. Assim quero chegar a viver, assim quero estar diante do meu Deus. Só há polêmica quando há divisão… Se o recado e o mensageiro forem compatíveis não tem polêmica.

Deus nos abençoe.

“Senhor, me permita crescer diante de Ti para me tornar um exemplo, ainda que imperfeito, para que Tua Palavra seja aceita e Teu nome glorificado.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Novidade de Vida – Condição

“Cada um fique na vocação em que foi chamado. Foste chamado sendo servo? não te dê cuidado; e, se ainda podes ser livre, aproveita a ocasião.” (1Corintios 7:20,21)

Este texto me fala fortemente sobra uma insatisfação que observo nas pessoas da minha geração. Parece que um quer a condição do outro e o outro quer ainda outra, ou seja, ninguém está grato o suficiente com a vida que tem para ser satisfeito com ela. Eu reconheço que estou contaminado com isso e por este motivo estou atento ao cenário e aos fatos.

Veja que isso não é um chamado ao comodismo ou à alienação, pelo contrário, é um aceno de reconhecimento pelo que temos de Deus recebido e, principalmente, um entendimento claro de que se estamos neste ponto foi o Senhor que nos trouxe até aqui. Se daqui vamos prosseguir, temos uma recomendação bíblica que não é uma ordem, mas é uma orientação – se podes ser livre, aproveita. Devemos ter a consciência de avaliar quem somos diante da sociedade e da comunidade onde vivemos. Eu estou numa fase da minha vida em que voltei a viajar muito e por isso falo com muita gente. Imagine se eu decidir deixar de ser bênção por que não estou em casa.

O principal recado que este versículo me passa talvez seja menos saliente e passe desapercebido a uma leitura menos cuidadosa. Independente da condição em que vivermos, como diz o texto, “servo” ou “livre” – temos uma vocação. O texto fala em permanecer sendo uma bênção e desempenhando seus dons para cumprir seu chamado de Deus, sua vocação, seus talentos: glorificando a Deus em tudo, onde quer que esteja e como quer que seja a condição – servo ou livre, na linguagem de Paulo.

Até poderíamos discorrer sobre a interpretação contemporânea do sentido de ser livre ou servo, mas isso não é nosso foco. Mas, claramente, são duas condições sociais e são opostas. Seja qual for a minha, devo permanecer na vocação em que fui chamado. É interessante o contraponto, pois na dinâmica deste mundo eu preciso e devo crescer, progredir, evoluir, desenvolver, ir além. No Reino de Deus, se eu atingir o que me foi proposto já fiz o sobrenatural e portanto fui além do que naturalmente poderia ter feito – é o limite desde o começo – e por isso mesmo é muito razoável permanecer na mesma vocação que fui chamado. Me faz entender que a satisfação de Deus comigo não é no está estabelecida no meu chamado, que nunca é pequeno.

Se não estou indo pelo caminho errado neste entendimento, a mim caberá ser uma bênção dentro do que Deus me chamou, esteja eu na melhor das condições ou na pior delas. Sem isso, temo que minha vida renovada comece a dar sinais de falta de renovação. Andar em novidade de vida precisa incluir, eu creio, um tanto de gratidão que me coloca no meu lugar e me faz saber que o que passei veio do Senhor e para onde vou também é por Ele, ou seja: sou Dele, devo tudo a Ele.

Tomemos conosco a consciência da vocação que temos e tenhamos em nós mesmos um sentimento mais comedido em relação ao rumo que estamos dando para as coisas. Temos um alvo a cumprir até que venha o Senhor. É nele que devemos mirar e dar todo nosso foco.

“Senhor, me ajuda a entender que minha vocação e viver para ela, pois isso é o que vai me dar sentido. Preciso de Tua Divina ajuda em mim para que não me desvie em embaraços.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Novidade de Vida – Sabedoria

“Minha mensagem e minha pregação não consistiram de palavras persuasivas de sabedoria, mas consistiram de demonstração do poder do Espírito,” (1Corintios 2:4)

Eu tive o privilégio de poder estudar um pouco, fazer faculdade, na verdade estudei mais do que meus pais tiveram oportunidade. Valorizo o aprendizado, amo o ensino e sou realmente interessado em que as pessoas deixem de lado a alienação e a ignorância. Ainda assim, tenho profundo respeito por pessoas sábias mas iletradas, daquele tipo que não estudou mas sabe das coisas, mesmo que fale “nóis vai e nóis foi” mas dão o seu recado. Quando se trata de um recado de Deus, especialmente, eu não troco a sabedoria pela elegância e retórica nem por um segundo.

O apóstolo Paulo escreveu exatamente neste sentido. Sendo ele um homem muito estudado para sua época, comparável aos nossos doutores e pós-doutores de hoje, não foi este o caminho que optou para pregar. Sua linha foi de demonstrar o poder do Espírito Santo pois cria que a mensagem era espiritual e portanto nada poderia ser mais apropriado.

Eu creio sinceramente que andar em novidade de vida com Deus não é emburrecer, nem se alienar, muito menos viver estagnado. Renovar a mente faz parte de renovar a vida. Mas não se troca o poder de Deus pelo entendimento de Deus. Não se troca uma demonstração clara do que Deus quer fazer por um discurso bonito. Esse, talvez. seja o ponto pois podemos ter como Paulo um bom entendimento e decidir usá-lo com sabedoria.

Já fui muito criticado na minha vida por me dedicar tanto à igreja, ou “religião” como alguns entendem, por que no conceito deles isso seria para pessoas sem opção de fazer nada melhor, ou para um povinho ignorante como ouvi certa vez. Sempre houve iletrados na sociedade, dentro e fora dos grupos eclesiásticos. Glória a Deus por serem alcançados. Sempre há alguns como Paulo, mestres, e digo igualmente Glória a Deus. O que não podemos é encobrir as maravilhas de Deus com nossa sabedoria, nosso discurso, nossa tentativa de persuasão.

Convido-te a se juntar a mim num esforço voluntário de equilibrar, de maneira bíblica e correta, a sabedoria com a expressão manifesta do poder de Deus. Isso, eu sei, move corações e glorifica nosso Pai.

“Senhor, não me permita perder o rumo das Tuas maravilhas por causa de intelectualidade ou falsa sabedoria. Ensina-me a viver como se dependesse de Ti para tudo, pois isso é a mais pura verdade.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Novidade de Vida – Armas

“As armas com as quais lutamos não são humanas; pelo contrário, são poderosas em Deus para destruir fortalezas.” (2 Coríntios 10:4)

Eu nunca dei um único tiro na minha vida, não saio para caçar, não servi às forças armadas, não gosto de luta nem de violência. Meu perfil pessoal é mais pacato, mais urbano e mais sossegado. Pescaria em pesque-pague para mim é esporte radical, mais ou menos no mesmo patamar que jogo de xadrez – radical no meu limite. Ainda assim, sei reconhecer uma batalha e conheço bem o conceito de armamento e de combate.

Reconheço por exemplo que minha força física é uma arma. Embora passado dos 45 anos, tenho boa saúde e boa condição física, portanto sou capaz de algumas coisas. Reconheço que a capacidade de argumentação é uma arma, veja que nossos líderes políticos e sociais a usam com maestria. Reconheço também que dinheiro é uma arma poderosa, basta ver o que se consegue por pressão financeira. Reconheço o conhecimento/ciência como uma arma poderosa, afinal de contas quem sabe acaba em algum momento dominando ou subjugando quem não sabe. Reconheço que influência é uma das armas mais poderosas do nosso tempo, tanto é fato que basta conhecer as pessoas certos nos lugares certos que as coisas acontecem. Mas acima de tudo, reconheço que todas estas são armas humanas.

Este versículo nos fala pela boca do apóstolo Paulo que temos outros tipos de armas, estas que podem destruir fortalezas por que são poderosas em Deus. Será que todos nós as reconhecemos? Será que damos o seu devido valor? Será que as utilizamos quando devido ou nos acovardamos atrás de nosso próprio recurso? Será que não estamos trocando estas armas por armas humanas?

Um homem de vida renovada precisa se armar e muito bem, mas com as armas poderosas em Deus. Não consigo pensar em nada mais poderoso que a oração como arma de batalha, de defesa e de ataque. A santidade na vida é uma poderosa arma de defesa. A Palavra de Deus é espada – arma de ataque. Temos toda instrução de uma armadura em Efésios – são mais armas.

Mas meu foco de meditação é no fato justamente colateral – a natureza destas armas é “pouco inspiradora” para um homem natural balizado pela razão e pelo que os olhos podem ver. As referidas fortalezas não se destroem a tiros ou pancadas, nem se compram com reais ou dólares, nem se movem por favores. Se não entendermos que fortalezas são estas, pouco ou nada saberemos na hora de combater.

Meu querido leitor, quero convidá-lo a meditar nas fortalezas que se colocam diante de sua vida e se perguntar, com sinceridade de coração: será que eu compro isso com meu dinheiro, derrubo com as minhas mãos ou consigo alguém que remova para mim? Mas meu desafio é mais profundo e mais complicado. Mesmo a resposta íntima sendo SIM, te desafio a optar pelas armas poderosas em Deus e não por algum dos seus próprios recursos.

“Senhor, me perdoa pela incapacidade de compreender o que me cerca. Me ajuda a encarar minha vida como sendo Tua e portanto para eu usar as Tuas armas contra todas as fortalezas.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Novidade de Vida – Fé

“Então Jesus lhe disse: ‘Porque me viu, você creu? Felizes os que não viram e creram'” (João 20:29)

Um dos aspectos que eu considero mais interessante da fé é o “crer para ver” – afinal ver para crer não é fé, pois esta se trata do firme fundamento justamente do que não se vê. Mas esse texto me chama a atenção com uma coisa pouco saliente, que é o fato de que Jesus não condenou Tomé pela falta de fé, pelo contrário, apenas abençoou os demais que creram sem ver. Por este caminho que eu gostaria de caminhar nessa meditação.

No tempo em que vivemos eu fico chocado de ver as propagandas de determinados grupos, principalmente na TV, dizendo “venha ver os milagres” ou “venha provar de Deus” ou coisas semelhantes que nitidamente passam uma mensagem do tipo “veja”. Não sou contra milagre, nem prosperidade, nem cura, nem libertação – não sou contra o que creio ser de Deus e portanto não sou contra ver o que Deus faz. Mas pensemos juntos: se a chamada fosse “venha crendo sem ver nada e talvez veja” será que as multidões se amontoariam? Será que os prédios seriam assim grandes? Sirvo em igreja grande com milhares de pessoas, não critico isso. Apenas quero refletir no que está sendo dito e pregado.

Sendo bem idealista, quase extremista, a chamada da igreja deveria ser “venha e aproxime-se de Deus por que Ele é bom”. Ponto final. Se Ele te curar curou, se te prosperar prosperou e se não te der mais nada Ele te salvou, estamos todos no lucro. Isso seria uma prova forte e suficiente para cumprir o “crer para ver”.

Uma vida em novidade precisa ser norteada por fé e não por vista ou fatos. Novidade de vida é fazer sem ver, é pilotar o avião de olhos fechados em noite escura, é correr primeiro para depois perguntar para onde. Se Deus manda a gente obedece e é só isso, não tem muito mais para fazer. Os dias em que vivemos são de muito mais cinza do que branco, ou seja, as coisas tendem a não ser pretas nem brancas. Os homens não são mais tão homens, os valentes são meio valentes, os honestos são quase honestos. Com fé isso não funciona, uma fé cinzenta produz uma vida cinzenta diante de um Deus reluzente sem nada de trevas.

Precisamos resgatar uma fé que mostra a presença do Deus Todo Poderoso em nossas vidas, sem desfocar de uma fé, que não precisa de provas por que ela é a prova, saliente em uma vida continuamente renovada pelo Espírito Santo. Deus seja louvado, só isso. Se for de Deus eu creio, só isso. Se foi Deus que fez, aleluia, só isso. Se tiver “me mostre” se referindo a qualquer coisa de Deus, é passo na direção errada. Podemos e devemos resgatar a nossa conduta de fé, anunciando a um mundo cinzento que preto é preto e branco é branco.

Só o Senhor é Deus e só Jesus é o Filho Unigênito do Pai.

“Senhor, me perdoe por me deixar contaminar pela coisa indefinida que esse mundo se tornou. Me ajuda a ter posicionamento claro do que sou e do que creio em Ti. Todo louvor seja a Ti.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Novidade de Vide – Cordeiro e Leão

“Depois ouvi todas as criaturas existentes no céu, na terra, debaixo da terra e no mar, e tudo o que neles há, que diziam: ‘Àquele que está assentado no trono e ao Cordeiro sejam o louvor, a honra, a glória e o poder, para todo o sempre! ‘” (Apocalipse 5:13-14)

No versículo 5 deste mesmo capítulo Jesus é chamado de Leão da Tribo de Judá. Ali ele recebe a prerrogativa de abrir os selos. Neste verso 13 Ele é chamado de Cordeiro e recebe adoração. Cada figura tem seu simbolismo, seu significado, suas características, e quero meditar no fato de que o mesmo Jesus teve diferentes papéis e a nós cabe adorá-lo.

Uma vida de Cordeiro levou-o a um Reino onde Ele é o Leão, por mais que na Sua vida terrena Ele tenha feito muita coisa digna de um leão. Mas nasceu humildemente, viveu de maneira simples, seu ministério foi na maior simplicidade, morreu como ovelha muda cumprindo a profecia. Por que será que nós humanos, que deveríamos ser seus imitadores, vivemos de forma tão complicada?

A vida de um Cordeiro não é exatamente fácil. Ouve ordens, segue direções, tem limites, não tem voz ativa – tudo se resume a esperar o momento oportuno para cumprir seu papel. E a vida de um imitador, o que é?

Uma pessoa que anda em novidade de vida precisa focar em ser o que foi chamado por Deus para ser. Se Jesus tivesse invertido os papéis e decidisse viver como Leão não teria morrido naquela cruz e a estas horas a festa estaria sendo no inferno, mas aleluia, não foi o que Ele fez! Meu querido, nós temos um papel a cumprir na nossa vida e não é apenas uma profissão, uma família, uma congregação, um ministério. Tudo isso são coisas importantes, lícitas e necessárias. Mas não são a nossa vida, apenas fazem parte dela. Não incentivo ninguém a largar tudo que está fazendo simplesmente para ficar só adorando e pregando a Palavra de Deus, só deve fazer isso se o próprio Deus mandá-lo e isso será uma questão pessoal, não serei eu a opinar. MAS tenhamos cuidado com nosso foco. Os dias passam rapidamente e quando nos apercebemos já ficamos velhos, cansados e desorientados.

O maior sinal que podemos dar de uma vida renovada é demonstrar em nosso caráter os traços do caráter de Cristo – caráter de Cordeiro. Quer herdar uma vida de Leão? Pois invista em viver como Cordeiro. É outro daqueles mistérios do Reino de Deus que parecem invertidos – perder a vida para ganhar, o último será primeiro, dar para receber, crer primeiro para ver depois.

Se tivermos oportunidade de escolher, devemos decidir por moldar nosso caráter e produzir frutos por que é disso que se trata. Não seremos adorados por aqueles seres viventes citados em Apocalipse – aliás, leia de novo o verso 13 e verá que estamos no meio deles adorando pois ali estão todas as criaturas, o que penso que nos inclui. Mas podemos desfrutar de Sua Eterna Presença e prestar essa adoração interminável, pois ELE é merecedor dela e de muito mais. Sou grato a Deus por me permitir viver dia após dia, por acordar ao lado da minha esposa quando não estou viajando, de poder ter dois filhos, de ter amigos. Serei eu grato apenas do que quero ser; ou devo eu ser grato por tudo que Ele me deu? Vida que reflete o caráter de Cristo é vida de Cordeiro. Que assim seja.

“Senhor, não me permita desviar do Teu foco para minha vida com coisas deste mundo. Eu quero aprender a viver como o Senhor deseja, pois meu ego não deseja uma vida de cordeiro.”

Mário Fernandez