Mário Fernandez

Intercessor

“E sucedia que, tendo decorrido o turno de dias de seus banquetes, enviava Jó e os santificava; e, levantando-se de madrugada, oferecia holocaustos segundo o número de todos eles; pois dizia Jó: Talvez meus filhos tenham pecado, e blasfemado de Deus no seu coração. Assim o fazia Jó continuamente.” (Jó 1:5)

O coração de um intercessor é um coração inquieto, creia-me. É incessante o desejo de buscar a Deus em favor daqueles que amamos, mesmo em momentos onde um certo “egoísmo” se justificaria. Se todos em casa estão doentes, o pai intercessor ora mais pelos seus do que por si mesmo. Se há escassez de pão o intercessor busca sustento para os demais. Se há tribulação, o intercessor clama pelo bem-estar dos amados. Ser um intercessor é colocar-se intencionalmente por último na fila.

Seja através de um ministério formal, como algumas igrejas e comunidades têm estabelecido, seja apenas no coração daqueles a quem o Pai chamou – os intercessores têm um papel muito importante na obra de Deus. Eu não imagino como a obra de Deus teria caminhado por mais de 20 séculos sem gente cujos joelhos ficam mais dobrados do que esticados, cuja petição supera o interesse próprio ou cujo coração se importa menos consigo do que com os demais. São os interecessores lubrificando as engrenagens.

Lembro-me de uma história de uma senhora muito simples que sentava-se no fundo todos os cultos e nunca falava nada. Quando o seu pastor chegou na glória, pensando ser o “grande homem”, o Senhor lhe informou que havia alguém maior que ele. Adivinha quem era? Era aquela mesma senhora que orava por ele.

Sem intercessores eu me sinto realmente nú, seja para pregar a Palavra ou para qualquer outra coisa. Não saio de casa sem destacar um guerreiro para minha cobertura, não vou pregar sem algum interecessor para me abençoar. E sou, frequentemente, cobertura para outros no papel de intercessor. Obviamente, meus filhos e minha esposa são meus alvos prioritários de oração, em seguida meu pastor e meu discipulador.

Não é preciso ser um super-homem, basta ter vontade e coração para interceder. O resto cabe ao Espírito Santo, como foi com Jó – mesmo na dúvida, oferecendo sacrifícios pela vida de seus filhos.

“Senhor, eu amo a Tua Palavra e o Teu Reino, mas sei que o mundo jaz no maligno e preciso de cobertura. Obrigado por aqueles que intercedem por mim e pela oportunidade de inteceder por outros.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Caminho

“para que o Senhor teu Deus nos ensine o caminho por onde havemos de andar e aquilo que havemos de fazer.” (Jeremias 42:3)

Acho fascinante que em diversos momentos pessoas de outros povos e crenças recorrem a um homem de Deus para pedir direção – invariavelmente é direção. Quando é uma cura, um favor de outra espécie, pouca é a clareza sobre ser de Deus, afinal vem-se ao profeta como se fosse ele o autor da façanha.

Com isso tenho aprendido e entendido que o Senhor é mais reconhecido quando se busca direção, como se as pessoas tivessem uma ilusão de que outro ser humano pode sim ter poderes para uma cura, por exemplo, mas não teria para uma palavra de direção e sabedoria – isso teria de ser de Deus. Ledo engano, todo poder e toda autoridade são Dele e não de homem algum, mas nem todos compreendem isso.

Quando “estranhos” buscam direção de Deus, temos que nos focar em que Ele e somente Ele seja glorificado. Seja uma profecia, uma palavra de revelação, um ensino, uma palavra bíblica. Seja uma cura, um milagre, um prodígio ou um sinal. Seja o que for, toda honra e toda glória pertencem ao Único que vive para sempre, e não a mim ou a qualquer outro. Devemos aprender que há, como neste exemplo, pessoas de outras crenças e que servem a outros deuses mas que mesmo assim buscam direção no Deus Eterno.

Não é no sentido pejorativo ou depreciativo que falamos em “estranhos” mas sim no sentido de que inegavelmente a Bíblia traz uma distinção entre o povo de Deus e os demais povos, especialmente no Antigo Testamento. No Novo, igualmente, há uma distinção entre os que creem e os que não creem. Em todos os casos, aprendemos que são alvo do amor e misericórdia de Deus.

Eu considero honroso pedir ajuda quando se necessita, e pessoalmente me sinto muito necessitado. Raramente faço qualquer coisa sozinho, sempre estou em equipe ou em grupo. Frequentemente peço ajuda, peço apoio. Sendo assim entre pessoas, muito mais ainda com Deus.

“Senhor, eu faço questão absoluta de encontrar em Ti meu socorro e minha direção, não apenas no desespero mas em todos os momentos. Ensina-me a depender de Ti e Te glorificar quando buscado por outras pessoas.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Casamento

“Assim deu Jesus início aos seus sinais em Caná da Galileia, e manifestou a sua glória; e os seus discípulos creram nele.” (João 2:11)

Curiosamente Jesus fez seu primeiro sinal (milagre) em um casamento. Mesmo não querendo forçar a barra a respeito, temos de admitir que oportunidades haviam para que fosse em outras situações, por exemplo no templo ou em qualquer outra festividade mais “espiritual”.

Mas é justamente nisso que creio estar a chave do entendimento do fato: o casamento é sim um ato espiritual, ainda que alguns discordem. A união de um homem e uma mulher foi idealizada por Deus no jardim do Éden e abençoado como forma de propagação da espécie humana pelo planeta. Foi criado pelo Senhor para que homem e mulher se complementassem como pessoas, mesmo sem ter filhos. Foi a forma que Deus decidiu que os seres humanos se relacionariam na mais profunda intimidade, e não me refiro apenas ao relacionamento físico. Deus criou o casamento, quer gostemos dele ou não.

Jesus frequentava casamentos, isso fica patente. Seus pais frequentavam casamentos. Milagres aconteceram em casamentos nos dias do Senhor Jesus encarnado. O que podemos concluir sobriamente é que o casamento não é algo do Antigo Testamento, não é algo que Deus deixou de lado, não é algo para ser negligenciado ou esquecido. Mais do que nunca em nossos dias é lugar de milagre, como foi naqueles dias de João 2. O milagre pode ser na festa ou depois dela, mas nossos casamentos carecem de milagres.

Mas o que me parecer ser o ponto chave é que poucos se importam ou se apercebem de que o milagre vem com a presença de Jesus. Sem ele no casamento, seja na festa ou depois dela, os milagres serão apenas histórias.

Quem sabe não seja este o momento de você, de fato e não só de palavras, colocar Jesus no seu casamento? Talvez você seja solteiro e nunca tenha pensado nisso, então inclua no plano. Talvez você tenha passado da idade de pensar nisso, mas ainda é tempo pelo menos de ajudar os mais jovens. Sempre é tempo de milagre, desde que Jesus esteja convidado e presente.

“Senhor, eu não compreendo algumas coisas sobre o casamento, mas com toda certeza eu preciso de Jesus no meu relacionamento conjugal. Eu quero que Ele seja o convidado de honra diariamente. Ajuda-me a colocar isso em prática.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Oração

“E, quando estiverdes orando, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai, para que vosso Pai celestial vos perdoe as vossas ofensas.” (Marcos 11:25 ARA)

Percebi algo neste versículo que quero compartilhar: a oração não é para tentar mudar a Deus, mas para mudar a nós. O texto foi apenas um gatilho para algo que Deus quis me ensinar: Ele não é modificado por minha oração, eu é que sou. Posso pedir o que quiser, clamar pelo que quiser, e Ele tem promessas reveladas na Bíblia que vão se cumprir, assim como posso confiar no Seu sustento e visitação, mas Ele não muda. Quando nossas orações são atendidas é por que foram ao encontro dos princípios que Ele mesmo estabeleceu. Mas Seu caráter e Sua essência não mudam.

Interessante que ao meditar sobre isso só agora percebo que é errado orar por algumas coisas. Pensei em alguns exemplos simples de entender: a conversão do diabo (já está dito de sua ruína); perguntar para Deus se Ele quer alguém salvo (já revelou que quer todos salvos); pedir que Deus ame alguém (Ele é amor).

Igualmente, isso me ensinou a orar melhor sobre alguns assuntos, especialmente quando se trata de algo que envolve atitudes práticas de minha parte. Adianta orar para emagrecer se não me exercito e continuo comendo feito louco? Adianta pedir para minha célula crescer se eu não evangelizar? Aidanta pedir perdão por algo que não estou nem tentando abandonar?

A oração é para mudar algo em mim. Ela até pode influenciar o que Deus fará, pois temos exemplos bíblicos disso, como no caso de Jó, Moisés, Daniel, Jonas e outros. Mas Seu caráter e Sua opinião a respeito das coisas não vai mudar. Ele pode até fazer algo diferente, mas não vai negar Sua Palavra nem quebrar promessas.

Acho que tomei consciência do que significa “não sabemos orar como convém”…

“Senhor, eu sei que Tu me amas e deseja o melhor para meu aperfeiçoamento e edificação. Ensina-me a orar melhor e a trabalhar melhor naquilo que eu oro.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Como Leão

“Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar;” (1 Pedro 5:8 ARA)

Para a glória de Deus um irmão me alertou para um detalhe deste texto que eu não tinha me detido. O adversário anda “como” leão ao derredor, ele não “é” um leão. O verdadeiro leão é Jesus Cristo de Nazaré, o Leão da Tribo de Judá, como diz Apocalipse 5:5.

Como sempre, nosso adversário perito em enganos e imitações de baixa qualidade, se coloca num papel que não lhe pertence. Ao dar uma olhada nas Escrituras, vemos que, na grande maioria das vezes o leão, é usado com símbolo de poder, de força, de domínio, ainda que algumas vezes como devorador (como foi com Daniel). Nenhum destes bons atributos pode ser dado ao diabo, que nada mais é do que um ser derrotado e cujo sentença já foi decretada. Não significa que devamos ignorar sua existência ou influência, mas sim colocá-lo no devido papel: é um adversário forte, nada mais do que isso.

Aos que atentam para o mundo ao seu entorno, como é meu caso, facilmente se percebe a presença de um rugido devorador. São obcenidades, tentações, gambiarras, trambiques, picaretagens e por aí adiante, tentando sempre nos afastar do verdadeiro propósito de nossas vidas que é amar e glorificar ao Deus Eterno, Imortal e Maravilhoso. Quando nos dedicamos demais a alguma coisa, quando amamos demais algo deste mundo, quando nos empolgamos demais com algo passageiro, estamos nos aproximando curiosamente para ouvir esse rugido. Devemos resistir.

Por mais difícil que possa parecer, devemos notar que as promessas de Deus vão se cumprir e as do inimigo são todas falsas. O imediatismo leva muitos de nós para o buraco, mas pode ser evitado com uma vida controlada pelo Espírito de Deus.

Este falso leão tem devorado a muitos, infelizmente, mas ele é uma serpente e não um leão. Vamos tratá-lo como tal.

“Senhor eu não quero menosprezar um adversário tão poderoso, mas também não vou superestimá-lo. Ensina-me a viver de tal modo que eu não caia nas ciladas do diabo.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Melhor

“Ora, de um e outro lado, estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor.” (Filipenses 1:23 ARA)

Precisamos entender este mundo não é ideal; é um mundo real, onde as coisas dão errado, mesmo que tentemos tudo da melhor maneira. É um mundo onde, mesmo fazendo tudo certo, nem tudo dá certo o tempo todo. Alguns dias atrás conversava com um leitor abençoado do Ichtus sobre este assunto e fiquei com isso na cabeça. É claro que do lado de lá é melhor. Não precisa nem fazer muita força para concordar, afinal de contas esse mundo aqui tem tanta coisa ruim que não é tão difícil de imaginar algo melhor.

Mas eu queria ir além e pensar no que vai “deixar saudade” (peço uma licença poética neste sentido, pois creio que não sentiremos literalmente saudade de nada). Quero usar como uma medida de quanto nós amamos este mundo, na esperança de que isso nos ajude a sermos mais livres. Analisemos então o seguinte: vamos sentir saudade de cartão de crédito? Ou de jogar futebol? Ou de ir a um show? Ou de ir ao shopping? E de comer?

Meu querido, se eu for sincero diante de Deus, o que me liga a este mundo não é ganhar dinheiro ou ter bens. Quem me conhece sabe disso. Mas quando falar em comida, fazer festa, dar risada, conviver com amigos, escrever devocional… Fica um friozinho na barriga que diagnostica meu amor e apego a este mundo. Do que acho que sentirei falta?

Eu sinceramente creio que ao chegar lá não sentiremos falta de nada, mas ao olhar daqui o apego aparece. Quando surge um ‘mas’ no pensamento é por que tem raízes para serem removidas. Misericórdia, acabo de pensar que posso ser só eu com esse tipo de sentimento. Me perdoe se você leitor não tem disso, mas então neste caso ore por mim. Ou vamos orar juntos…

Nosso desafio, meu querido, é ir além e deixar para trás todo apego, todo ‘mas’, tudo que é tipo de raiz deste mundo.

“Senhor, é mais fácil falar do que agir e se não for pela Tua misericórdia sei que serei consumido. Ajuda-me a entender como me livrar do apego à este mundo, especialmente naquilo que não é errado. Preciso de Ti.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Objetivo Claro

“a fim de viverdes de modo digno do Senhor, para o seu inteiro agrado, frutificando em toda boa obra e crescendo no pleno conhecimento de Deus;” (Colossenses 1:10 ARA)

Esse assunto de viver de modo coerente, ou digno, está me perseguindo já faz uns dias. Este verso em particular é assustador quando diz “para o seu inteiro agrado” pois ele aponta para a anulação de nossa vontade individual, no sentido de fazer o que eu quero em vez daquilo que Deus quer. Obviamente temos outros textos bíblicos que ensinam a mesma coisa e não precisamos duvidar deste princípio. Mas, e quanto ao colocar em prática?

Na hora de viver desse modo tudo fica mais difícil. Deus nos fez com vontade própria e nos fez diferentes uns dos outros. Podemos ter similares, mas nunca somos idênticos. Eu quero uma coisa, meu irmão criado na mesma casa quer outra, minha esposa ainda outra e meus filhos que são geneticamente 50% “eu”… adivinhe…

Nossa vontade não pode ser nosso inimigo, devemos nos valer dela para agradar a Deus. É uma escolha contínua que devemos fazer, diariamente, o tempo todo, usando nossa vontade para escolher agradar a Deus. Isso compreende o que fazer e o que não fazer, inclui desejar o que Deus deseja e está expresso na Bíblia, inclui também abrir mão daquilo que é contrário.

Se levarmos isso a sério, supriremos melhor aos necessitados, teremos compaixão e misericórdia dos que se perdem e não vamos nos cansar de ir atrás dos que não querem saber de Deus. Seremos muito parecidos com Jesus, não como andarilhos em terras israelenses, mas no caráter e na missão de vida. Servir a Deus dá sentido para a vida, ainda que alguns achem que isso seja para pastores e missionários. Frutificar em toda boa obra e crescer no pleno conhecimento de Deus é o que vem em seguida, nos capacitando para viver de modo digno. É um ciclo fechado, positivo, autoalimentado.

Tenho certeza que podemos olhar para nosso cotidiano e escolher coisas que podemos fazer para agradar a Deus.

“Senhor, eu quero Te agradar em tudo que faço e deixo de fazer, mas isso não é meu natural. Preciso da Tua intervenção sobrenatural para conseguir.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Comportamento

“exortamos, consolamos e admoestamos, para viverdes por modo digno de Deus, que vos chama para o seu reino e glória.” (1 Ts 2:12 ARA)

Eu estava discipulando uma pessoa recentemente e tive que dizer umas verdades duras de ouvir, ainda que também sejam duras de dizer. Mas se queremos realmente viver por modo digno de Cristo e Seu Reino, precisamos ir além de tudo o que vemos ao nosso redor. Falei com o maior amor que pude, mas eram verdades duras, embaladas em palavras amorosas.

O foco da conversa era uma crise emocional, que segundo a pessoa estava “resolvida por dentro”. Queria me convencer com palavras que tinha tratado com Deus e que estava tudo bem. Meu questionamento e minha meditação é a seguinte: o viver, o praticar, o comportamento, as coisas práticas, o proceder – confirmam que esta coisa “está resolvida por dentro”? Ou terá sido somente mais um episódio emocionalmente lamentável que não produziu aprendizado?

Vivemos dias em que as pessoas esqueceram (ou nem sabiam) que aprendizado é sinônimo de mudança, de transformação, e não mero acúmulo de conhecimentos ou de informações. Se você diz que aprendeu algo mas isso não mudou em nada sua mente ou sua vida, que aprendizado foi este?

Inacreditavelmente as pessoas dizem uma coisa e vivem outra como se fosse isso normal. É cantar “eu escolho Deus” mas não dizer não para uma tentação simples como comer demais. É dizer “não vivo sem ti” mas perder a hora do culto por um programa na tv. É pedir ajuda em oração e não fazer absolutamente nada pra mudar a situação. E o pior de tudo, é se dizer cristão sem investir nada para ser imitador de Cristo.

Precisamos viver de modo digno do Reino de quem nos chamou e isso se faz na prática. É mais do que uma lista de “não” – eu não fumo, eu não bebo, eu não roubo. É uma lista de “sim” – eu ajo diferente, eu falo a verdade, eu vivo em santidade.

A pancada é forte, mas sem ela a gente não sai do lugar.

“Senhor, na base da brincadeira ou sem empenho eu sei que não vou crescer espiritualmente. Ensina-me a olhar para a vida e saber o que fazer para viver de modo digno do Teu chamado.”

Mário Fernandez