Mário Fernandez

Novidade de Vida – Causa e Efeito

“E não só isso, mas nós mesmos, que temos os primeiros frutos do Espírito, gememos interiormente, esperando ansiosamente nossa adoção como filhos, a redenção do nosso corpo” (Romanos 8:23)

A clássica pergunta é “quem veio primeiro o ovo ou a galinha?” mas neste versículo me deparei com uma situação diferente: os frutos vêm primeiro ou os gemidos interiores? Tenho visto gente bem intencionada que não cresce na vida espiritual que me dediquei a pensar ao menos um tempinho sobre isso. O que me intriga é: adianta gemer sem ter frutos?

Os frutos são produzidos, eles não são recebidos. O que Deus nos dá são dons e com eles produzimos frutos. Então a sequência correta e adequada deveria ser arrependimento->mudança de vida->santificação crescente->frutos espirituais->gemidos interiores. Mas afinal, que gemidos são estes?

Uma vida renovada tem um toque de esquisitice que só pode vir do Reino de Deus mesmo. Viver aqui sem pressa de ir embora mas ansiando a ida para o local e estado definitivo junto ao Pai; buscar o interesse dos perdidos enquanto eles estão atolados no lamaçal de uma vida destruída; viver para Cristo, afinal não sou eu mais quem vive mas Ele em mim; negar a si mesmo; ficar por último para ser o primeiro; dar para receber.

Se olharmos para estes critérios, a vida de um servo de Deus nesse mundo, levando seu Senhor a sério, é uma vida muito sem sentido para os padrões deste mundo. Mas para quem foi alcançado e nasceu de novo tudo faz sentido, afinal a certeza da condenação à morte e da salvação em Jesus Cristo dá sentido a tudo. Não significa que fica fácil, mas tem sentido.

Agora, meu querido leitor, pense comigo: quando olhamos para o mundo em que vivemos com conflitos, decepções e desapontamentos, enfermidades, maldade crescente, iniquidade por todo lado, injustiças em profusão, dificuldades de toda sorte, dias realmente difíceis., dá vontade gemer para que tudo isso acabe de uma vez e venham os tempos de alívio, refrigério, adoração.

Se no nosso interior não existir um gemido de ansiedade, de angústia, de desejo ardente pelo fim de tudo isso, uma vontade difícil de fazer tudo isso ficar para trás – ouso dizer que tem algo errado conosco. Não é possível alguém nascido de novo no Espírito gostar desse mundo nas condições em que está.

Ao nos apercebermos desse gemido, ou da falta dele, nós poderemos e deveremos agir em favor do cumprimento de todas as coisas para que possamos desfrutar daquilo que é eterno, agradável e verdadeiro – o Reino de Deus na Glória Eterna. Foi de lá que viemos e é para lá que devemos voltar.

Se sua alma geme por um mundo bizarro e se esfarelando em pecado; ou se sua alma geme por uma eternidade com o Senhor sem essa maracutaia toda que está aí; ou se sua alma geme para que mais e mais pessoas se juntem a este Reino – então está no caminho certo.

Se te falta isso, como eu vi que em mim faltava, te convido a investir literalmente toda sua vida fazendo com que esse gemido brote interiormente de forma espontânea a partir de atitudes de santidade, de uso de dons, de servir ao Corpo de Cristo.

“Senhor, me perdoa pelos momentos em que não tenho ansiado pelo cumprimento de Tudo. Ajuda-me a viver do modo que o Senhor deseja e com isso sentir desejo intenso pelo que é Eterno.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Novidade de Vida – Saber Que Não Sabe

“Ao encontrar o homem de Deus no monte, ela se abraçou aos seus pés. Geazi veio para afastá-la, mas o homem de Deus lhe disse: ‘Deixe-a em paz! Ela está muito angustiada, mas o Senhor nada me revelou e escondeu de mim a razão de sua angústia'” (2 Reis 4:27-28)

Elias e Eliseu são dois personagens cuja vida me impressiona e a quem eu admiro muito. Esta cena na vida de Eliseu demonstra ao mesmo tempo dependência de Deus, humildade, bom senso, praticidade, espírito de liderança e discernimento. Mas, principalmente, me chama a atenção um fato nas entrelinhas – Eliseu poderia dizer o que ele pensava ou imaginava, mas preferiu apenas dizer que Deus nada lhe revelou. Isso, meus queridos, é sinal de temor de Deus e zelo pela Sua Palavra.

Falta muito disso em todos nós nesses dias em que vivemos, nos quais as pessoas querem ter a razão mesmo quando estão erradas e não apenas desvalorizam a Palavra de Deus como trabalham contra seus princípios. O próprio texto se refere a Elias como o homem de Deus, o que nos sugere que qualquer “chute” que ele quisesse dar seria bem-vindo de qualquer maneira – ele tinha autoridade.

Uma vida renovada por Jesus Cristo, a vida de uma pessoa que quer viver em novidade de vida, precisa ser assim marcada. Eu me arrependo de todas as vezes que tomei decisões passivas mesmo com “aquela voz” me dizendo que era o caminho errado. Por vezes aceitei entrar em situações que eu estava vendo que iam na direção errada. Outras vezes simplesmente decidi apressadamente e depois me arrependi. Eu preciso aprender esta lição urgentemente em minha vida. Se Deus não falou nada não devo ser eu que tenho a resposta, afinal quem sou eu?

Nas situações práticas do cotidiano, seria muito apropriado nós aprendermos a dar um passo para trás, mesmo que com isso perdêssemos algumas oportunidades ou alguns “lucros” a fim de nunca ir contra o que Deus deseja. Se Eliseu não sabia o que Deus queria fazer na vida daquela mulher, tendo em si porção dobrada do Espírito de Elias, imagine a quantidade de burradas que eu e você cometemos simplesmente na pressa. Leia com cuidado estes capítulos da Bíblia e veja o tanto de revelação e de profecia que estavam na vida de Eliseu.

O desafio para cada um de nós é pisar no freio e declarar explicitamente: “Deus ainda não me falou nada, preciso de mais tempo para orar e buscar Sua Face”. Não somos mal-intencionados, mas erramos ao apressar as decisões. Temos de reconhecer, em prol da renovação da nossa mente, quando não sabemos. Há poucos dias convidei uma pessoa para algo perfeitamente lícito e adequado, mas ele se recusou pois, ao orar, não sentiu paz. Me abençoou e me ligou a este versículo. Deus tenha misericórdia de nós, os apressadinhos.

“Senhor, me perdoe pelas vezes que tenho agido sem saber nada da Tua parte, sem ter revelação e sem ouvir a Tua voz. Fortalece-me para eu agir melhor.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Novidade de Vida – Presenteado e Agradecido

“Descobri também que poder comer, beber e ser recompensado pelo seu trabalho, é um presente de Deus.” (Eclesiastes 3:13)

Eu tenho um perfil e uma herança cultural familiar de ser workaholic – o que trocando em miúdos significa que eu trabalho demais, exagero ou simplesmente não paro quando deveria. Em um acontecimento recente, que me levou a parar por um tempinho, percebi o quanto estava agindo errado e tive de me reavaliar. Mas isso me trouxe uma constatação igualmente triste.

A maioria das pessoas que conheço e convivo, não apenas na cidade onde eu moro mas também nos demais locais por onde ando, se destaca justamente pelo contrário. A bênção de trabalhar foi trocada pela comodidade de ter uma rendinha qualquer, um bolsa-qualquer-coisa ou simplesmente uma letargia econômica absurda. Trabalhar e ser recompensado, diz o versículo, é presente de Deus, é benção, é dádiva.

O meio termo saudável e abençoado é estabelecer uma carga de trabalho compatível com sua capacidade e vigor, dentro de suas aptidões e (se for o caso) formação/estudo de um modo tal que sobre tempo e energia para comer e beber como resultado desse trabalho. É preciso colocar o trabalho no seu devido lugar, tanto eu como os do extremo oposto.

Atentemos ao que a Bíblia nos ensina sobre isso de modo bem tranquilo e veremos que não é preciso nem uma pesquisa muito profunda para vermos que trabalhar é preciso, é necessário, é bênção, é uma recomendação bíblica, mas pode se tornar uma maldição. Como sempre, equilíbrio é essencial.

Como sinal de novidade de vida, devemos demonstrar a gratidão pelo que o Senhor nos tem dado, inclusive o trabalho. Sou grato por que o que como é resultado de trabalho dado pelo Senhor. Sou grato por que o que bebo é resultado de trabalho dado pelo Senhor. Comer e beber é o mínimo, até mesmo em termos de sobrevivência, por isso uma vida renovada tem gratidão por que sobrevive por conta da bênção de Deus.

Igualmente não é errado acumular patrimônio e ter os objetos (lícitos é claro) que sejam comprados como resultado de seu trabalho. Não é a maior prioridade mas é presente de Deus e merece gratidão.

Vamos olhar para o trabalho e para sua recompensa como algo de Deus e para nós. Gratidão por Ele nos ter dado, sabedoria para usar o que Ele nos dá, equilíbrio para viver como Ele deseja, moderação para desfrutar da recompensa Dele.

É um desafio, meu querido, que temo a maioria de nós não vai conseguir. Mas eu vou tentar.

“Senhor, me perdoa pelo desequilíbrio no meu esforço de trabalhar, seja para mais ou para menos. Ensina-me e me acalma para que eu seja o trabalhador que o Senhor espera de mim.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Novidade de Vida – Espirito Diferente

“o Espírito da verdade. O mundo não pode recebê-lo, porque não o vê nem o conhece. Mas vocês o conhecem, pois ele vive com vocês e estará em vocês.” (João 14:17 )

Uma expressão popular muito usada é “o espírito da coisa” – eu nem sei qual é a coisa, mas se a coisa tem espírito é por que não é qualquer coisa. Quando alguém está dominado ou possuído por um demônio o termo bíblico é justamente “espírito imundo”. Esse versículo nos fala de um Espírito diferente, que não encaixa nesse mundo, não pode ser recebido por ele, nem pode ser visto por ele e nem é conhecido dele.

Estou convicto na minha meditação de que há alguma espécie de compatibilidade espiritual necessária, não apenas por conta deste versículo como de outros tantos, inclusive me levando a crer numa forte relação entre isso e alguns eventos do tipo causa-e-efeito. Pensemos juntos nesse tema com bastante calma.

Quando eu ando bem com Deus, me dedico mais a orar e meditar nas Escrituras, a me afastar das tentações e me esforçar por santidade, eu ajo de uma forma. Quando me descuido, me pego agindo de outra forma e preciso corrigir o curso. Já o mundo não o pode receber e por isso caminha a passos largos no que se pode simplesmente resumir como “de mal a pior”. Ou seja, posso compreender e deduzir que o Espírito é a causa que traz ou promove os efeitos. Aqui, meu querido leitor, temos de colocar nosso ponto.

Uma vida renovada, com novidade focada em Cristo, é uma vida regida e dirigida pelo Espírito de Cristo, não tem como ser de outra forma. E sendo assim, só pode produzir os efeitos em atos e reações que sejam no padrão de Cristo. Temos portanto mais do que um desafio uma obrigação de agir e reagir de modo apropriado.

Não podemos mais admitir que entre nós, servos do Altíssimo, haja os que murmuram (como estilo de conversa), os que mentem (da forma que for), os que burlam as regras (todas elas), os que menosprezam os pobres e desprotegidos, os que são indiferentes às missões, os que não sentem nada pelos perdidos, os que falam o que não convém ouvir, os que são avarentos, os que …

Não creio que seja questão de juízo mas sim de definição – se eu quero ir para o norte não tem sentido caminhar para o sul. Se quero ser como Cristo só posso fazer uma coisa: a mesma que ele faria na minha situação. Simples não é mesmo? Mas nada fácil de ser executado no mundo em que vivemos. Somente tendo uma mente renovada e habitada (para não dizer dominada) pelo Espírito que o mundo nem pode receber.

Sejamos nós os que buscam intensamente uma vida diferente, que evidencia Aquele que está conosco e habita em nós. Sejamos nós os primeiros (tomara mesmo) a começar mudança de atitudes e reações pelas pequenas iniquidades, para vencer talvez de pouco em pouco até alcançar um patamar mais “impressionante”. Ou isso, ou continuaremos sendo confundidos com os que perambulam por este imenso planeta apenas respirando e sem conhecer tal Espírito da Verdade.

“Senhor, não me permita ser apenas mais uma na multidão, provavelmente solitário em meio a tantas pessoas. Me ajuda a pensar e agir diferente, um pequeno passo de cada vez.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Novidade de Vida – Postura Vitoriosa

“Ao vencedor darei o direito de sentar-se comigo em meu trono, assim como eu também venci e sentei-me com meu Pai em seu trono.” (Apocalipse 3:21)

Que este versículo é lindo e tem uma promessa maravilhosa todo mundo concorda. Já ouvi dezenas de pregações falando de como vai ser bom ser um vencedor. Mas meu viez é outro: o que estou fazendo hoje para ser um vencedor no Reino de Deus?

Esta pergunta pode ser feita de outras maneiras. Pensemos em pelo que viveremos e pelo que morreremos. Pensemos em qual nossa motivação. Quais nossas prioridades. Qual nosso verdadeiro mote. Qual é o preço que estamos pagando hoje pelo amanhã que desejamos, qual é nosso real empenho no futuro glorioso.

Não podemos é viver aqui por estes escassos menos de 100 anos como se isso fosse a eternidade, pois não é. O vencedor não é o que chegar vitorioso no último minuto, isso é uma mentira do inferno. O vencedor é aquele que trilhou um caminho para chegar ao final como vitorioso. É com esforço, dedicação, empenho, preço, e sem querer usar clichê, com sangue-suor-lágrimas.

Novidade de vida é descobrir que o futuro não é agora mas se escreve agora. Serei mais magro se hoje comer menos; serei forte se hoje me exercitar mais; serei santo se eu orar mais hoje – serei vencedor se hoje me portar como vencedor. Mas afinal, na prática, como é ser um vencedor?

Vencedor é alguém que mais ou menos anda por estes caminhos:

  • Sem preguiça
  • Orar mais do que mandam
  • Não desiste
  • Se dedica ao que valoriza
  • Confia no Senhor mais do que no seu braço
  • Medita na Palavra de Deus diariamente
  • Supera as tentações
  • Sabe dizer não quando deve
  • Sustenta suas decisões
  • Obedece voluntariamente

E poderíamos nos prolongar muito ainda, mas o foco é simples: seja um vencedor amanhã (na eternidade) vivendo como vencedor hoje, custe isso muito ou pouco. Se isso fosse impossível para nós, meros mortais, não estaria prometido na Palavra de Deus. Se fosse inédito o versículo não mencionaria a vitória de Jesus abrindo precedente. Se não fosse para mim e para você, nem estaria na Bíblia. Despertemos para uma novidade de vida em vitória, sem triunfalismo barato, sem decisões ignorantes, sem desespero e sem materialismo insano. Ser vencedor também é ser coerente.

E me permita um comentário absolutamente pessoal: eu nunca me sinto vencedor quando murmuro. Basta eu resmungar que azeda meu dia. Vou repetir aqui o que tenho orado diariamente, para que fique sabido no céu, na terra e no inferno: a minha prioridade é adorar a Deus independentemente das circunstâncias. Vivo dias dolorosos mas continuo repetindo isso. Só assim serei vencedor.

“Senhor, seria bem mais fácil se não existissem as lutas, mas também não teria vitórias. Ensina-me a ter atitude adequada de vencedor, uma postura que Te agrade. Preciso da Tua graça para isso.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Novidade de Vida – Chamado

“Ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, com o fim de preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado” (Efésios 4:11-12)

Novidade de vida é entender seu chamado, seu dom, seu ministério e se enquadrar no Reino de Deus. Afirmo isso com base no texto acima, com base na observação da vida de pessoas que admiro no Reino, mas principalmente com o entendimento de que se foi o Senhor que nos salvou e Ele designou (versículo acima) com uma finalidade – tudo isso é Dele, eu sou Dele, o Reino é Dele. Que sentido há numa figueira se não for para produzir figos? Ou num profeta se não for profetizar? Ou num filho se não for para honrar seu Pai? Lembremos que fomos adotados pelo Pai…

Considero impraticável estar a serviço do Rei sem ter uma atribuição, pois isso feriria o que considero mais básico no conceito de servir. Como posso estar a serviço sem fazer nada? Ou seja, eu querer me intitular salvo, servo de Deus, crente, cristão, ou qualque outro termo que se empregue, terá de significar que eu pertenço a Deus e portanto devo a Ele minha vida. Novidade de vida em Cristo é entender isso e colocar isso no topo da lista das prioridades da vida.

É muito bom estudar, praticar esporte, trabalhar, prosperar, namorar, tirar férias, tudo isso é lícito e bom. Mas temos um dever a cumprir no Reino, seja como apóstolo, profeta, evangelista, pastor ou mestre. Todos devem produzir algo frutífero para o Senhor. Talvez a dificuldade seja de se encontrar e se conhecer e não de se amoldar.

Eu tenho tido o privilégio de discipular alguns jovens com idade para serem meus filhos e tentado ajudar a entender seu chamado. Não admito que alguém diga que não serve para nada ou não se presta a nada – não existe um cristão “normal” só existem os que servem. O normal é servir! Tenho recomendado que busque primeiro de tudo entender o que significa cada um destes atributos que Deus designou, mas depois de se conhecerem intimamente o suficiente para olhar e se ver em algum papel. Não o Mário que tem que encaixar no dom, é o dom que tem que funcionar no Mário.

Seja qual for a estrutura eclesiástica que estejamos vinculados, Deus está certamente acima disso. Nem todos assumirão posições notórias, alguns serão heróis anônimos, mas nem por isso menos valorosos no exército celestial.

Meu querido leitor, encontre-se no Reino. Sua história e suas limitações pouco ou nada importarm, o que importa é seu caminho daqui para frente. Decida servir e sirva. Conheço pessoas que andam a pé por que não podem pagar pelo ônibus e chegam na reunião de oração antes do que eu. Conheço analfabetos que nunca leram a Bíblia e conhecem das Escrituras mais do que alguns tão VIP. Já vi gente sem as duas pernas ganhando gente para Jesus como eu nunca farei.

Vergonha ou incentivo? Você decide.

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Novidade de Vida – Desamargar

“Cuidem que ninguém se exclua da graça de Deus. Que nenhuma raiz de amargura brote e cause perturbação, contaminando a muitos.” (Hebreus 12:15)

Nessas minhas andanças pelo mundão do Nosso Deus, tenho encontrado e conhecido gente de tantos tipos diferentes. Ao ler este versículo fiquei contando quantos destes tais são amargurados. E destes amargurados quantos realmente desfrutam da graça de Deus. E destes que desfrutam da graça de Deus, mesmo amargurados, quantos são saudáveis. Foi moleza, zerou a conta!

Meu ponto aqui é simples: amargura perturba como o texto diz, com isso a pessoa se priva, se exclui, se afasta, se distancia – da graça de Deus. Li pelo menos 8 diferentes traduções da Bíblia para este versículo em 3 idiomas diferentes e em todas é a pessoa que se afasta da graça e não a graça que lhe é retirada…

E isso faz adoecer invariavelmente, seja no corpo ou na alma ou nos dois. Conto nos dedos alguma pessoa com câncer que não tenha uma mágoa encravada na alma. Gastrite, depressão, insônia… Não estou dizendo que basta a graça de Deus para nunca ficarmos doentes (minha Bíblia tem o livro de Jó), mas seguramente há doenças que vêm desse amargor.

Ser uma pessoa de vida renovada por Cristo e em Cristo leva a ser uma pessoa sem mágoa e sem amargor, obviamente de maneira gradual e progressiva. Quanto mais transformado e renovado menos amargo, isso sim eu afirmo. Seja o motivo do amargor justo ou injusto, seja grave ou seja leve, seja material ou emocional, seja o que for – não podemos permitir que isso crie raízes e brote criando perturbação.

Notemos ainda que, por mais que a pessoa se afaste da graça de Deus (problema individual), temos a contaminação de outros (problema coletivo). Não podemos nos enganar pensando que um problema de raiz de amargura será problema unicamente do “amargo”. Temos de levar em conta SEMPRE que o Reino de Deus é tomado por interações e tudo afeta todo mundo. Se todos nós nos importássemos com os perdidos na mesma intensidade o mundo teria sido ganho? Depende. Se todos nós orássemos igualmente, onde estaríamos? Depende. E se todos nós fossemos curados de nossos amargores e azedumes? Não depende não…

Estou seguro e convicto de que o Senhor tem mais para nós quando o assunto é amadurecer Nele em termos de amargura. Eu posso melhorar e crescer, você também pode, todos nós podemos – e precisamos.

A atitude prática necessária é examinar o coração, como uma criança que lambe um sorvete para ver o gosto. Se amargar que seja um milímetro, não resta outro caminho que não seja correr para resolver, e isso se faz pedindo e liberando perdão. Ainda que alguns consertos não possam mais ser feitos (pessoas que morreram por exemplo) nós temos de ir ao limite do nosso alcance.

Isso vai nos descontaminar e como renascidos em Cristo seremos uma fonte a menos de perturbação para este mundo que, para dizer o mínimo, jaz no maligno e está perturbado.

“Senhor, não permita que eu me iluda ou seja enganado pelo meu próprio coração menosprezando o que é um perdão. Fortalece-me para fazer o necessário e não o que me for agradável.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Novidade de Vida – Partilhar

“O que está sendo instruído na palavra partilhe todas as coisas boas com quem o instrui.” (Gálatas 6:6)

Quanto mais eu trabalho com pessoas mais me impressiono como gratidão e reconhecimento para com os atos de outrem é algo pouco usual. A maioria das pessoas, pelo menos aquelas com quem convivo, resiste a agradecer e resiste a reconhecer quando alguém fez algo melhor do que ele mesmo faria. Penso que isso pode ajudar a explicar a dificuldade que alguns cristãos contemporâneos têm para louvar a Deus de maneira autêntica e profunda.

O versículo citado mostra um tipo de gratidão com muito mais do que palavras, com atitudes de partilhar. É como ter um mestre e partilhar suas conquistas com ele. Parece mais coisa de samurai de filme do que de cristão, mas não é. Ao encontrar alguém disposto a me ajudar e me instruir, devo com ele compartilhar minhas conquistas, vitórias, alegrias e progressos. Essa figura pode ser um amigo próximo, um professor de escola bíblica, um pastor, um líder de célula e mesmo os familiares (pai, avô, irmão mais velho, primo, etc).

No contexto da igreja em que convivo esse papel é ocupado pela figura do discipulador, que é alguém designado para me acompanhar, auxiliar, aconselhar, direcionar, interceder e também, por que não, me instruir. Costumamos dizer que o discipulador tem uma única missão “ser um facilitador para que o discípulo chegue onde Deus o quer no tempo de Deus”. É lindo, só não é fácil.

Uma vida marcada por novidades em Cristo precisa ser, e é, uma vida diferente da maioria do que se pode rotular de normal. No mundo dos negócios eu posso omitir gratidão, mas no Reino de Deus não.

Como posso partilhar todas as coisas boas com quem me instrui? Vejo algumas formas bem patentes, além de simplesmente falar do que está indo bem. Posso repartir com ele o que aprendi e talvez ele não saiba, posso repartir com ele os frutos do meu trabalho, posso elogiá-lo e reputar ao seu ensino o meu sucesso, posso levá-lo junto numa viagem, posso levá-lo a participar de momentos de honra para mim, posso indicá-lo para outras pessoas, posso reconhecer em público sua contribuição para meu sucesso, devo orar por ele e COM ele, posso até mesmo comprar algum presente para ele.

Na verdade, nada disso tem o menor sentido, seja o ato que for, se não for o reflexo de um sentimento de gratidão externado. Eu creio, no meu coração, que por falta dessa atitude temos menos mestres do que poderíamos ter. Isso eu acho lindo no Reino de Deus: não basta fazer a coisa certa, do jeito certo, no tempo certo, para a pessoa certa – se eu não fizer pelos motivos certos e com o sentimento certo, perde o valor.

As pessoas só vão perceber diferença no povo de Deus, para melhor, quando nós demonstrarmos uma novidade de vida refletida em nossos atos que são motivados pelo amor. Amar um mestre é também repartir com ele nossas coisas boas.

“Senhor, não permita que eu omita a gratidão para com aqueles que tem servido de mestre para minha vida. Me ensina a derramar gratidão sobre a vida deles para com isso ser grato a Ti. “

Mário Fernandez