Mário Fernandez

Cruz – Exemplo

“E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim.” (Mateus 10:38)

Eu fico admirado com a simplicidade dos ensinos de Jesus em meio a profundidade do que Ele ensina. Alguns nunca se aperceberam que esse versículo está bastante antes da crucificação, tanto cronologicamente quanto textualmente. Para nós que podemos ler a história toda em qualquer uma de suas partes, é compreensível, mas pense como algum ouvinte contemporâneo, vivendo no século I e andando por Israel. Isso afeta o senso de percepção, e certamente afeta o que Jesus quis dizer.

Cruz hoje tem sentido de peso a ser carregado, pois temos essa imagem bíblica. Para a época era simplesmente uma condenação, uma sentença de morte por crimes cometidos, e em tempo, crimes políticos pois os religiosos eram punidos por apedrejamento. Não tem portanto um sentido para época de pecado como temos hoje. Que sentido fazia dizer isso se Ele não estava sendo crucificado ainda, nem se sabia que o seria?

Comecei falando em simplicidade, portanto vamos à ela. Olhando como na época, a frase deve ter soado como “quem não quiser colocar sua vida em risco não pode andar comigo”. É como se Ele dissesse a um capitalista convicto “sou comunista, se quiser me seguir seja comunista”. Ou o contrário, não importa a ideologia, o fato é que ninguém voluntariamente e naturalmente procura pela morte estando em são consciência. É coisa sobrenatural, ou é coisa de louco. Ou ambos. Mas Ele nos pediu exatamente isso.

Para nós hoje, a cruz é sinônimo de renúncia da própria vida, como foi na época desta fala. O que outrora era literal e físico, hoje é literal e pelo menos ainda, nosso país, menos físico. Renunciamos vontade, emoção, satisfação, o chamado “direito” de estar certo – tudo pela vontade de agradar e servir Àquele que deu a sua vida por nós.

Se cruz para alguns de nós hoje representa abnegação ou sofrimento, renúncia ou rejeição, desprezo ou fardo – imagine na época. Ainda mais… Se não entendermos o recado da cruz naquilo que nos afeta diretamente e na prática cotidiana. Eu temo, sinceramente, que tenhamos igrejas cada vez mais cheias de pessoas mas cada vez mais vazias do Espírito Santo.

Tome sua cruz, abra mão de sua vontade, abra mão de seus “direitos” diante de Deus e renda-se diante Daquele que pagou o preço do nosso sacrifício físico. Se eu morrer não posso desfrutar da herança, Ele fez isso por mim. Devo isso a Ele. Cruz como sinal de morte para Ele e vida para mim, mas minha vida para Ele. Chega de evangelho aguado e temperado com tudo menos com o sal da Palavra de Deus. Vamos viver para glorificar a Jesus em tudo que fazemos, ao rir ou chorar, ao trabalhar ou descansar, ao ir ou voltar. Cada sorriso conta, cada palavra conta, cada gesto importa. Sejamos praticantes da vida. Vivamos para Ele.

“Senhor, obrigado pela simplicidade de um recado tão profundo. Me ajuda a entender como é prático andar Contigo e viver para Ti. Me fortalece nos desafios do dia para honrar a Cruz.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Cruz – Sinais

“Trazemos sempre em nosso corpo o morrer de Jesus, para que a vida de Jesus também seja revelada em nosso corpo.” (2 Coríntios 4:10)

Eu tenho ouvido, nesses meus quase 30 anos de evangelho, diversos apelos para entregar a vida a Jesus. Tenho ouvido inúmeros apelos para missões, chamados para dar a vida em favor do evangelho. Conversei com dezenas de missionários que arriscaram, e ainda arriscam, suas vidas em favor da salvação dos perdidos. Participei de várias iniciativas que com sacrifício e dedicação enviaram homens e mulheres mundo afora, alguns para nunca mais voltar.

Mas este versículo tomou cor e cheiro diferente. Para mim, o apelo aqui é para, não necessariamente morrer por Jesus, mas para viver para Ele. A pergunta que ainda ecoa dentro da minha alma é: se é para entregar a vida para Jesus, que diferença faz viver ou morrer, desde que seja para Ele?

A diferença que faz é o testemunho, é o impacto, é a marca, é o sinal, é A diferença. Eu vejo uma conexão poderosa deste versículo no “em nosso corpo” com Jesus dizendo “toma tua cruz”. O elo que une tudo é a cruz. O toque de sentido em tudo é a cruz. O que nos diferencia dos demais escravos é que quem nos comprou o fez para liberdade e não para escravidão. Servimos por amor e por gratidão, não pelo preço em si que foi pago, embora este seja muito elevado.

A vida de Jesus precisa ser revelada em nosso corpo e isso nos ajuda a entender por que vivemos dias tão conturbados. A prostituição, a idolatria da beleza, as impurezas, os descuidos com o corpo, enfim todo tipo de mancha que colocamos em nossa vida ofusca a vida de Jesus em nosso corpo. Temos de evidenciar um Cristo vivo e não uma lembrança distante de um nazareno qualquer, filho de carpinteiro. O morrer de Jesus em nosso corpo é sinal de santidade = separação deste mundo. Lutamos contra tentações e até mesmo provocações, diariamente. Não temos como escapar de ser tentados, mas podemos parar de procurar e principalmente podemos resistir para não cair.

Eu gosto de ser prático em todas as coisas, neste caso também. Ter no corpo as marcas não é tatuagem, não é cicatriz, não é feiura nem beleza – é usar o corpo para perambular pelo planeta Terra de modo diferenciado, que evidencia a presença do Senhor com atitudes, com gestos, com sinais visíveis, com respostas amorosas, com negação ao pecado e aos desejos da carne.

Se não for para viver assim, independente do ofício que sustente nossa vida, então realmente morrer é a próxima opção dessa lista. Invariavelmente, os grandes referenciais do cristianismo entenderam isso ao longo do tempo e da história. Agora é a nossa vez e o nosso tempo. E é um desafio e tanto.

“Senhor, me ajuda a manter o foco em Ti e na Tua vida em mim. O que não quero é perder o foco. Obrigado por me ensinar a viver Contigo pela Tua Palavra.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Cruz – Humilhação

“e cancelou a escrita de dívida, que consistia em ordenanças, e que nos era contrária. Ele a removeu, pregando-a na cruz, e, tendo despojado os poderes e as autoridades, fez deles um espetáculo público, triunfando sobre eles na cruz.” (Colossenses 2:14-15)

Quando associamos cruz (sacrifício de Jesus) com a palavra humilhação, imediatamente nos vêm à mente a humilhação que Jesus sofreu sendo condenado à morte apesar de ser inocente. Tudo absolutamente correto e verdadeiro. Mas este texto nos mostra que houve uma humilhação ainda maior, ainda mais ampla, de caráter eterno e espiritual. Principados e potestades, poderes e autoridades, demônios e demoninhos – foram todos derrotados e publicamente humilhados. Na tradução que optei por usar nesta meditação fala em espetáculo público, outras falam em escárnio, uma outra fala em ridículo.

Eu estou pouco me importando com os sentimentos ou com o mal estar que isso possa ter causado no inferno, pois não me cabe nem julgá-los muito menos bancar o psicólogo de espíritos. Não sou do ramo. O que interessa a mim e a qualquer um que quiser levar Deus a sério é que esta humilhação nos livra de sermos humilhados pelo inferno, nos delega direito de filhos e co-herdeiros, nos posiciona em um estado e lugar que jamais poderíamos alcançar por nosso mérito pessoal.

Ainda que haja alguns movimentos a serem feitos, mas inegavelmente temos de ter convicção de que sabemos onde tudo isso vai terminar. A questão crucial é entendermos nosso papel, nossa posição e nossa herança.

O despojo do inferno é nosso, somos herdeiros com Cristo e foi pela cruz, por meio daquele grande sacrifício, que chegamos a uma condição que não merecemos. A cruz foi, entre outras coisas, o símbolo da nossa conquista diante de principados e potestades. Eu imagino (expediente meu) que Jesus os humilhou em nosso favor, decretando a inferioridade deles em relação a qualquer um que seja com Ele co-herdeiro do Reino de Deus, que seja um adorador em Espírito e em Verdade, de todos quantos receberam e atenderam ao chamado do Pai, de todos os que agora renascidos receberam o poder de serem chamados Filhos.

A lógica é simples: por um colega ou vizinho nós até nos esforçamos; por um amigo nós nos dedicamos; por um parente nós nos empenhamos. Mas pelos filhos nós damos a vida. Deus Pai fez exatamente isso, dando a vida de nosso irmão mais velho em nosso favor, sendo Eles (o Pai e o Filho) UM.

Tenhamos em mente que não precisamos nos intimidar, não precisamos nos assustar nem nos encolher. Sim, eu sei, o diabo é poderoso – mas o Pai é TODO PODEROSO.

“Senhor, obrigado por lutar por mim e humilhar os inimigos em meu favor, fazendo assim de mim um co-herdeiro. Jamais serei merecedor por mim mesmo, mas tomo posse da minha posição de filho recebido em Ti por Jesus. Muito obrigado.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Cruz – Fiança

“e cancelou a escrita de dívida, que consistia em ordenanças, e que nos era contrária. Ele a removeu, pregando-a na cruz, e, tendo despojado os poderes e as autoridades, fez deles um espetáculo público, triunfando sobre eles na cruz.” (Colossenses 2:14-15)

Eu moro de aluguel há muitos anos, e sei bem certinho o que é um fiador. Já fui fiador também. Fiador é aquele que, se tudo der excepcionalmente certo, não ganha nada. Qualquer coisa que der errado, por simples que seja, ele perde. Não tem qualquer ganho previsto ou vantagem, é quase um desaforo. Assim fez Jesus por nós naquela Cruz, sendo nosso fiador de uma dívida impagável, que custaria nossa morte e nos condenaria ao inferno.

Ter um fiador só faz diferença quando não podemos pagar a conta, pois se tudo corre dentro da normalidade o fiador é dispensável. Louvo a Deus por homens e mulheres que assinaram por mim nos tempos em que precisei deles, mas me alegro mais ainda de nunca ter colocado nenhum deles em enrosco financeiro ou cadastral, para Glória de Deus. Se as contas estão em dia o fiador simplesmente consta presente mas não comparece. Mas, e o que dizer do débito do nosso pecado diante do Pai? Era, é e sempre será impagável – sem fiador, é processo perdido.

Sem entender estes conceitos a mensagem da cruz pode passar simplesmente como algo simbólico ou meramente histórico. De fato, para alguns pensadores e estudiosos a crucificação de Jesus não passou de um fato contemporâneo ao seu contexto histórico. Não desmereço suas opiniões, respeito-as, mas acho que vai mais além. O fato está na morte expiatória e não em dois pedaços de pau em forma de cruz; está na humilhação e não no formato; está no ato de fiança e não na “morte” em si. Fato: sem morte não haveria pagamento da fiança pois este é o preço, mas não confundamos as coisas pois se houvesse outra forma, outro preço, outra maneira – quem daria seu único Filho por fiador de uma humanidade inteira?

Notemos que não podemos tirar os olhos da cruz, pois ela é o símbolo máximo e suficiente dessa quitação de dívida. Como simbologia, nada pode superar sua simplicidade, sua eficiência, sua objetividade, sua representatividade. Foi assim que Deus quis… Se Jesus fosse morto pelos nossos pecados apedrejado (condenação comum na época para crimes religiosos), o que teríamos para nos referenciar? Um túmulo vazio? Um corpo ressurreto? Uma pilha de pedras? Não importa, temos a cruz.

Sendo nossa carta-fiança, Jesus foi suficiente, foi o bastante. Portanto, tendo em mente que jamais em qualquer tempo, nem que qualquer modo, poderíamos quitar essa dívida de pecado contra o amor do Pai. Só com um fiador. E o fiador, meu querido leitor, quis fazer do jeito que fez – pela cruz.

“Senhor, obrigado por providenciar uma forma de quitar minha divida pois eu por mim mesmo jamais poderia fazê-lo. Me ensina a valorizar esse tão grande sacrifício em meu favor.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Cruz – Sabedoria

“Mas falamos a sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória; A qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se a conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da glória.” (1 Coríntios 2:7,8)

Duas coisas me chamaram muito a atenção numa recente releitura deste texto. Primeiro o fato de que a sabedoria de Deus é ou está oculta em mistério; segundo que se os poderosos/governantes deste mundo a conhecessem não teriam crucificado ao Senhor da Glória, Jesus O Filho de Deus.

Muitas pessoas custam a entender a mensagem da cruz, ou resistem a crer nela, ou talvez se neguem a aceitá-la. Cruz é mensagem de sacrifício, de submissão, de obediência. A cruz era desnecessária para Jesus e não O mudou em nada, não o melhorou, não o edificou. Jesus não precisava ir para cruz para ser o Rei dos Reis e Senhor dos Senhores. A cruz era necessária para mim, me mudou, me melhorou e me edificou – bem como a todos aqueles a quem ela alcançou. A cruz tão somente revelou a Jesus como Rei dos Reis e Senhor dos Senhores e quem precisa entender isso sou eu, não Ele.

Quando falamos de sabedoria de Deus não estamos falando de habilidade ou conhecimento humano, científico, artístico, poético, matemático, criativo – não, estamos falando de algo sobrenatural que em muito supera qualquer perspectiva humana e natural. Esta sabedoria se revelou de certa forma na cruz, pois a cruz nos mostra o quanto a humanidade não compreende os propósitos do coração de Deus com sua própria sabedoria. Somente a sabedoria de Deus revela o próprio Deus.

A mensagem da cruz não é uma mensagem sem sentido, ainda que não tenha lógica um justo morrer pelos injustos. Mas, como o texto diz, oculta em mistério, a sabedoria de Deus revela a Jesus como Seu Filho. Simples dedução: quem não a tem quer matá-lo, quem a tem quer servi-lo. A mensagem da cruz é uma mensagem para os que entendem o que Deus quer e não necessariamente para os que sabem o que querem. Fico intrigado ao ver o quanto as pessoas questionam a cruz, o ato de matar o Filho de Deus, mesmo as razões que levaram a isso – enquanto que o fato central é a natureza de Jesus, o que de fato é algo único e transformador para todos os que crerem.

A cruz não é uma mensagem, ela traz uma mensagem. Ela não é um recado, ela é um mensageiro. Ela não é um ensino, ela nos ensina. Ela não é a salvação, ela revela o Salvador. Cruz sozinha não tem sentido, cruz precisa de revelação.

Nosso desafio é buscar a Deus de todo coração, com sinceridade e disso obter revelação e sabedoria Dele, para entender o sentido verdadeiro e profundo da cruz. Isso sim, vai mudar nossa vida.


“Senhor, obrigado por me mostrar na Tua Palavra que o Senhor se importa em desvendar Teus mistérios. O que não entendo e não conheço não precisa me limitar. Ensina-me a Tua sabedoria.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Cruz – Glória

“mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo.” (Gálatas 6:14)

Mas afinal de contas, o que é glória? O que é gloriar-se?

Os dicionários que consultei falam em brilho, esplendor, alguns falam em virtude reconhecida, outros falam em renome, dignidade. Talvez um bom resumo disso seja que glória é qualquer coisa que me faça sentir destacado ou reconhecido. Seja o que faz de mim diferenciado dos demais. Poderíamos dizer que é o que coloca em patamar diferenciado, elevado, acima.

Usando de um português quase tosco de tão simples, podemos dizer que gloriar-se é sinônimo de “se achar”, seja isso merecido ou não, pois todas as referências que encontrei são claras ao dizer que a glória é inerente e independente de mérito. Por exemplo, um rei tem glória real independente de merecer ser rei ou não – ele pode ser simplesmente um herdeiro que nunca fez nada para merecer estar ali, mas está de qualquer forma.

Olha só que coisa maravilhosa – se eu tenho motivo para “me achar” é na cruz, onde fui crucificado para esse mundo por meio de Jesus de Nazaré, o Cristo de Deus. Só posso me orgulhar, brilhar, me exaltar, daquilo que nem sou eu que sou, mas Ele que fez. É maluco como tudo do Reino de Deus, mas funciona.

Se mais de nós entendêssemos isso certamente o mundo seria outro, pois o tempo que gastamos nos combatendo, divergindo, discutindo, tentando estar certos… esse tempo todo poderíamos estar adorando, compartilhando nossa fé, olhando para o alvo, nos aperfeiçoando, crucificando nossa carne. A cruz tem um papel de nos colocar em nosso devido lugar, nos dando toda glória e honra que nos são devidos – nenhuma. Isso mesmo, nenhuma glória, nenhuma honra, nada de nada. A Jesus Cristo pertence toda glória, toda honra e toda exaltação possível.

Note que o papel da cruz na vida prática de um cristão vai além do que se poderia chamar de teologia. Não é uma questão de estudo, de entendimento, de compreensão, é apenas uma questão de sujeição. Eu devia ter morrido, Jesus morreu no meu lugar. Eu morro para o mundo, o mundo morre para mim. Cruz. Lugar de morte, lugar de sacrifício, lugar de entrega. Na prática é assim, eu não posso “me achar” por que não mereço, não tenho brilho ou glória nenhuma. Longe de mim gloriar-me, a não ser na cruz. Longe de mim achar que sou algo, exceto pelo que aconteceu naquela cruz. Longe de mim ter brilho ou destaque.

Ouvi uma frase anos atrás dizendo “

. Tente contar as estrelas do céu num dia ensolarado e entenderá. Jesus é o Sol da Justiça, no Reino Dele não precisa mais luz que isso. Se glória é brilho, só podemos refletir o brilho Dele. Glória de crente é cruz. Brilho de servo de Deus é reflexo. Espelho tem que andar limpo para refletir, o resto é tudo periférico.

“Senhor, obrigado por aquela cruz e por me inserir nela de modo substitutivo. Eu fico maravilhado com Teu amor por mim, com a liberdade que tenho para Te servir. Me ensina a morrer para mundo.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Cruz – Crucificação

“mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo.” (Gálatas 6:14)

Eu já li esse versículo uma centena de vezes. Mas ele nunca tinha saltado aos meus olhos desta forma, admito. A cruz de Cristo serviu para, pasme, crucificar.

Às vezes a gente complica coisas que são tão simples, tão singelas, tão elementares. Não há o que dizer, não há argumentos, não há filosofia ou pensamento secundário. Pela cruz somos crucificados. Paulo escreveu isso aos irmãos Gálatas com tanta clareza e simplicidade que me envergonho de não ter percebido antes.

Pense comigo: era necessário morrer para apagar o meu pecado diante do Pai. Aliás, era uma lista de pecados que pesavam contra mim cujo preço era a morte. Jesus de Nazaré encarou a bronca, foi para a cruz no meu lugar. Portanto, o mundo está crucificado para mim e eu para ele. Ou seja, pela cruz eu sou crucificado. Simples assim.

O que eu preciso é apenas olhar para esse mundo, suas tentações, seus apelos, seus chamados, suas alegrias, seus convites – e dizer não, pois ele está crucificado para mim. Se eu morri naquela cruz juntamente com Cristo, não tem mais o que negociar. Não preciso pensar nem argumentar. Meu ego, minha vontade, minhas opiniões, meus desejos, minhas paixões… tudo foi crucificado pois pertencem a este mundo.

O que talvez muitas pessoas custem a compreender, ou se neguem a aceitar, é que a cruz não é um troca da morte de um pela vida de outro. Leia atentamente o livro de Levítico e veja que a justiça de Deus é baseada em equilíbrio: Vide “olho por olho, dente por dente”. Portanto, a morte de Jesus na cruz é morte na cruz para mim e para você. A única troca é que Jesus precisou morrer fisicamente naquela cruz para ressuscitar glorificado, enquanto que nós morremos naquela cruz para este mundo e não fisicamente. Morre nosso ego, não nossa biologia. A seu tempo, obviamente, nosso corpo também morrerá.

O mais lindo disso tudo é que eu posso aceitar isso ou não, mas a minha decisão não mudará os fatos. Jesus morreu por mim e o que “devo” a Ele é estar crucificado para esse mundo. É um sacrifício diferente, mas não deixa de ser um sacrifício.

Dias atrás eu conversava com um cliente em sua empresa, um homem bem sucedido financeiramente com seus 73 anos de idade. Ele me disse “eu passei dos 70 estou no lucro”. Eu retruquei “eu passei dos 19, estou no lucro”. A estranheza dele me permitiu explicar que me converti aos 19 anos, quando fui crucificado para este mundo. Eu trabalho para ter sustento, não é o que dá sentido para minha vida. Se sou engenheiro, médico, jardineiro, motorista, bancário, pastor – é apenas um trabalho. A minha vida tem sentido naquela cruz, onde fui sentenciado a morrer para este mundo e viver eternamente no Reino de Deus.

Simples, completamente simples. Um morreu por mim, eu morro para o mundo, o mundo morre para mim. Chame como quiser. É simples.

“Senhor, ajuda-me a compreender a simplicidade de focar minha vida em Ti e no Teu Reino. Crucificar minha vontade e minhas opiniões é doloroso mas é menos do que Jesus fez por mim.”

Mário Fernandez

Mário Fernandez

Cruz – Reconciliação

“Se quando éramos inimigos de Deus fomos reconciliados com ele mediante a morte de seu Filho, quanto mais agora, tendo sido reconciliados, seremos salvos por sua vida!” (Romanos 5:10)

Quem nunca teve uma briga, uma ruptura de relacionamento, um desentendimento, uma ofensa ou até mesmo uma mágoa daquelas que pesava nos ombros? Eu poderia escrever um livro somente dessas mazelas humanas. Mas, nada se compara ao meu pecado ofendendo o coração de Deus, o que, além de me manter longe Dele o tempo todo, me sentenciava ao inferno. Mas agora, pelo que ocorreu na cruz, sou reconciliado. Isso significa duas coisas simples, decisivas, bem separadas: eu estava lascado E não estou mais. Um relacionamento estava quebrado e foi consertado.

Quem foi que fez tamanha besteira que me colocasse em inimizade com o Pai, o único com o qual importa andar de bem? Foi o diabo? Foi o mundo? Foram meus pais? Foi Adão? Nada, fui eu mesmo. Nasci em pecado e escolhi andar nele, até de tanto sentir saudade de mim o Senhor Deus Todo Poderoso mandou um recado irresistível do tipo “filho, volta pra casa, estou te esperando”. E eu atendi, assim como milhões e milhões de outros o fizeram. Lamentavelmente tantos outros ainda não, mas me foge ao controle. Enquanto eu não assumir a culpa dos meus erros, não tratar pecado como pecado e não me arrepender, a cruz fica sem sentido.

Entender a reconciliação dada na cruz é entender o que é ser inimigo de Deus e não gostar de ficar nessa situação. Note que coisa fascinante o versículo acima nos ensina: somos salvos por sua vida. Por que não por sua morte? Simples –

Os profetas da história da humanidade se foram e nunca mais voltaram. O único que voltou da morte é o meu amigo pessoal e irmão mais velho, primogênito do meu Pai e amado da minha alma, Jesus de Nazaré.

Na cruz Jesus conquistou o direito de fazer o que quiser, pois já tinha dado cabo da Lei Mosaica cumprindo cabalmente os mandamentos, faltava vencer o último inimigo – a morte. Ele poderia ter escolhido qualquer coisa, era a vitória mais vitoriosa possível. Escolheu por amor a mim, escolheu pagar meu preço, escolheu me salvar por sua vida. Uma vida nova, sobrenatural, glorificada, depois da morte do corpo limitado.

Agora me responda um coisa: se Deus nos der o direito de fazer o que quiser e pagar pelo que quiser, quem de nós vai escolher pagar por um inimigo? Mistério da cruz, do amor Dele, do Reino onde tudo é invertido.

Temos de aprender a agradecer sobremodo pois esta reconciliação estava fora do nosso alcance. Era impossível e impraticável nós irmos para qualquer lugar em termos de amizade com Deus sendo Dele seus inimigos. Só pela cruz. Só pelo sacrifício. Sejamos gratos e manifestemos nossa gratidão.

“Senhor, muito obrigado pois agora posso Te chamar de amigo, de Pai, de Senhor. Antes éramos inimigos mas isso foi resolvido e agora, reconciliado, estou salvo da condenação. Obrigado”

Mário Fernandez